—– Original Message —–
From: 40 ANOS: DEPRESSÃO E SEM PRAZER SEXUAL
To: [email protected]
Sent: Tuesday, October 03, 2006 1:28 PM
Subject: Mulher de 40 anos com depressão e sem prazer sexual
Estimado Caio!
Desejos de saúde e paz!
Sou pastor há pouco mais de 05 anos e com pouca experiência. Recentemente em meu gabinete uma mulher veio para um aconselhamento e me disse que tem depressão há muitos anos e por isso toma medicamentos fortíssimos (fluxetina-80 mg). Automaticamente isso lhe tira o desejo sexual, e ela está preocupada com o marido, pois o mesmo sente vontade de transar e ela só faz para cumprir um determinado papel. Pergunto-lhe: O que dizer a ela? Se parar com o remédio volta à depressão. Já procurei algo semelhante na sessão cartas, mas não encontrei. Se puder me ajudar; ou melhor: ajudá-la com suas palavras; agradeço de coração.
Um forte abraço
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Resposta:
Amado amigo: Graça e Paz!
Na vida atendendo pessoas, frequentemente o sentimento mais esmagador é o de impotência. De modo que senti você, pois me senti em você.
O que ela deve fazer é procurar um psiquiatra com urgência, explicar a situação, e pedir um antidepressivo menos agressivo à libido. Isto porque todo antidepressivo, com algumas exceções, atacam a libido, por vezes apenas diminuindo-a, mas algumas vezes esvaziando-a.
O psiquiatra saberá como encontrar essa droga que dê a ela o amparo químico imediato, enquanto ele retoma a atividade sexual, que, aliás, é essencial na própria restauração do humor existencial, que é o que caracteriza a libertação do estado de tristeza crônica.
Entretanto, após ir ao psiquiatra, que a ela dará apenas um paliativo, ela precisará pesquisar a fonte da depressão — e ver se é de natureza psicológica (nesse caso ela precisará de um terapeuta), químico-orgânica (nesse caso ela precisa de um endocrinologista e ou um bom profissional de medicina orto-molecular), ou neurológica (nesse caso ela buscará um neurologista).
Digo isto porque a depressão tem muitas causas. E elas podem ser isoladas ou combinadas. Daí ser sempre bom fazer-se uma analise multidisciplinar e multi-especializada.
Enquanto isto, diga a ela para não se sentir fingida por não estar “com essa vontade toda de transar”. Pois se ela ama o marido, proporcionar prazer a ele, é prazer de alma para ela, mesmo que ela não alcance orgasmos.
O problema é se ela não o ama. Aí, então, tal estado é possivelmente o maior provocador da própria depressão, ou um de seus maiores agravadores.
Mas se ela ama o marido, todo carinho, todo beijo, todo afeto, todo toque, todo prazer que se proporciona ao outro, e todo amor manifesto, é algo feito da mais profunda sexualidade; e é maior que o próprio estado de libido juvenil; posto que este (o desejo) é maravilhoso, mas um dia diminuirá bastante; e será feliz nesta hora não quem é ‘filho da libido’ apenas, mas do amor que se doa e se entrega.
Assim, se ela o ama — que não fique neurótica com a falta de desejo de sair “subindo na árvore do prazer”; mas que se alegre em ser propiciadora de alegria ao homem que ela ama. E isto sem neurose de mulher objeto, que tem que gerar a excitação de um harém no seu homem, pois, do contrário, o maridão pula a cerca.
A melhor coisa nessa hora é descansar. Ela não tem que fingir. Mas o amor faz participar. O mais, o próprio amor faz. Mas se ele, o amor, não estiver lá; nada suscitará desejo onde não há.
Um grande e forte abraço!
Nele, que nos ensina caminhos simples,
Caio