PAULO E A LIBERDADE DE DEUS…
Meus irmãos, eu, Paulo, declaro que no que diz respeito aos meus compatriotas, os judeus, que o bom desejo do meu coração e a minha súplica a Deus em favor deles é para sua salvação.
Porque eu mesmo tenho que dar o testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém sem nenhum entendimento.
Ora, isto se tornou assim por uma simples razão, a saber: eles, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua justiça própria, não se sujeitaram à justiça de Deus: Cristo!
Portanto, enquanto não tomarem essa decisão em fé—digo: de desistirem de ter justiça própria—, não compreenderão que o fim da lei é Cristo, para a justifica de todo aquele que crê.
Ora, é a Lei que anula apropria Lei como caminho de salvação!
Isto porque Moisés escreveu que o homem que pratica a justiça que vem da Lei viverá por ela. Nesse caso, a salvação se daria pela posibilidade de alguém conseguir obedecer toda a Lei, a subjetiva e a objetiva. Até onde me aconsta esse homem ainda não existiu.
Mas é o próprio Moisés, em uma outra passagem, quem afirma que a justiça que vem da fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu? (isto é, como para trazer do alto a Cristo, e fazê-lo Encarnar-se entre nós); ou ainda: Quem descerá ao abismo? (isto é, para fazer subir a Cristo dentre os mortos, dando alguma contribuição para a ressurreição).
De fato, a pergunta então é: que diz então?
Ora, diz-se o seguinte:
A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos.
Não há álibis e nem desculpa.
A Palavra está mais próxima do que nunca. Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo; pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.
E quando é assim, a própria Escritura confirma, quando diz: Ninguém que nele crê será confundido.
Aqui acaba-se também toda arrogância espiritual. Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor é de todos, e rico para com todos os que o invocam.
E isto é assim porque a Palavra de Deus assim testifica: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue? e como pregarão, se não forem enviados?
Assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!
Ora, será que agora Deus ficou na mão do homem e de sua disposição de levar a Boa Nova aos homens?
Não! afinal, nem todos deram ouvidos ao evangelho; pois, Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à nossa mensagem?
Assim a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo. Mas Deus não está preso nem mesmo dentro da Escritura. Ele é livre para para falar de Si mesmo. Ele fala coerentemente com aquilo que Ele revelou de Si mesmo, conforme a Escritura, porém, Ele permite interpretar a Si mesmo para quem quer que seja.
Mas eu pergunto: Porventura, tendo ficado limitado pelos humores dos que deveriam pregar a Boa Nova e não a pregam como tal, significa dizer que Deus ficou sem testemunho?
Não ouviram?
Não lhes chegou aos ouvidos do coração a palavra do testemunho?
Sim, por certo que Ele não ficou sem testemunho!
Porque está escrito:
Por toda a terra se fez ouvir a Voz dele, e as Suas palavras até os confins do mundo.
Assim, o próprio salmo 19 testifica que nos silêncios das noites e sob o testemunho de céus estrelado, Deus fala com os homens em todos os lugares.
Deus fala mesmo quando os homens não abrem a boca ou não estão ouvindo com os ouvidos sensoriais alguma voz.
Mas pergunto ainda: Porventura Israel não o soube disso?
É claro que soube.
Isto porque primeiro vem Moisés e diz:
Eu vos porei em ciúmes com um povo que não é povo, com um povo insensato vos provocarei à ira.
E Isaías ousou dizer, concluindo acerca de Israel, que “o povo de Deus” soube que Deus era livre, mas que tentou a “proteger” a revelação; e não entendeu até o dia de hoje que Deus também dizia:
Fui achado pelos que não me buscavam, manifestei-me aos que por mim não perguntavam.
Quanto a Israel, porém, diz:
Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.
Infelizmente é assim:
Os que detém a revelação ficam donos de Letras, mas nunca herdam a verdadeira vida acerca do que já está escrito.
Desse modo, conclui-se que Pregar a Boa Nova é um privilégio. Ma o grande jubilo é associarmos a nossa voz a toda a Criação. Desse modo, a Palavra de Deus não está “togada”, e sua informação não está disponível como “direito legal”.
Nesse caso, em anunciando-se as Boas Novas, participa-se apenas da Total Liberdade de Deus de se revelar a quem quer, e como Aquele que simplesmente fala, e trás pra si mesmo os filhos que vivem em “terras distantes” da geografia da religião.
Caio, em livre parceria com o irmão Paulo