UM HOMEM QUE SABIA O QUE TINHA VALOR NA VIDA



Paulo era um ser arrogante…antes.

Por isto ele se tornou tão humildemente confiante.

Ele não tinha nenhum problema para entender nada.

O problema dele era se fazer entender—Pedro que o diga e nós também.

Sua maior angustia histórica foi não ter andado com Jesus—nascido fora de tempo—e ter entendido a mensagem melhor que os demais.
Homem nenhum me ensinou—dizia ele.

Foi-me dado por revelação do Senhor—garantia ele.

Ele cria que a Revelação era Cristo.

Cria que a Palavra se encarnara.

Em Jesus tudo subsistia!

Daí ter relido todo o Velho Testamento—que ele conhecia como poucos—com olhos diferentes.

Paulo lia a Escritura a partir de Jesus. Não Jesus a partir da Escritura.

Seu encontro com Jesus na estrada e as revelações subseqüentes o fizeram entrar num plano de intimidade com Deus em fé, que os demais não possuíam com aquela consciência.

Os outros tinham visto tudo e não tinham ainda enxergado o tanto que Paulo via.

Paulo era a prova de que a Revelação era livre.

Negar isto para ele seria como negar a sua própria história.

A sua eleição para ser quem era, tornara-se algo tão forte que ele se trata como Deus trata a Jeremias—quanto àquele que me escolheu ainda no ventre de minha mãe—, e fala disso sem pensar nos antigos como gente com quem Deus tratava diferente.

Para ele era uma só fé.

Abraão e nós éramos irmãos.

A ruptura era apenas porque os judeus perseguiam a fé.

Do contrário, não haveria necessidade de uma dilaceração na continuidade histórica.

O que ele não aceitava—e dizia que essa era a gloria dos gentios em seu ministério—era que os judeus oprimissem os gentios com seus legalismos, cerimonialismos e sacralização cultural.

A circuncisão, para ele, era no coração…

A Graça era favor imerecido.

Todos pecaram igualmente.

Sem Jesus não haveria nenhuma forma de salvação.

A obediência a Deus teria que ser fruto do amor grato.

Com orações e gratidão a vida toda ficava limpa para ele.
Paulo podia tudo.

Só não fazia o que fazia mal a ele e ou ao próximo.

Tudo era licito para ele.

Os demônios haviam sido esvaziados de seu poder pela cruz de Jesus.

O escrito de dívidas que havia contra todos tinha sido encravado na Cruz.

Dons eram ótimos, mas nada havia a ser comparado ao amor.

A vitória contra a carne só aconteceria se a alma se pacificasse no amor de Cristo e se inclinasse para o Espírito da Graça.

Condenação para quem está em Cristo?

Nenhuma!

Medo?

De quê?

A Morte é vossa!—diria ele.

Medo de viver?

O viver é Cristo!—garantia ele.

Absurdo?

Que absurdos?

Coisas incompreensíveis?

Quais?

Todas as coisas cooperam para o bem…

Uma receita de poder?

Algum segredo?

Não!

O Espírito é quem sabe das coisas. Ele intercede pelos santos.

A Natureza? Tinha valor para ele?

Ora, ele ouvia os gemidos da criação!

Anela pela reconciliação de tudo e todos em Cristo.

O fato é que Paulo tinha nas referências dos Universais nos quais cria e chamava de Evangelho da Graça a escopo ilimitado de sua visão da vida–seus aplicativos é que limitavam ao momento e aos costumes históricos. O que era simbolizador de uma consciência boa para com Deus, ele deixava ficar, não importando a forma; se, todavia, o Universal tivesse uma intercessão negativa com a cultura, o Princípio Universal jamais seria negociado.

Daí ele ser alguém em constante processo de aculturação, fazendo-se de sábios para com os sábios e de tolo para com os estultos–tudo para ganhar alguns para Cristo.

Mas o fato é que ele via muito mais distante do que dava para admitir por qualquer de seus contemporâneos.

Já era um problema para ele incluir os gentios que cressem na Palavra na Oliveira Histórica da Graça, quanto mais afirmar que um dia todas as coisas se reconciliariam com Deus?


Caio




(Procure os textos relacionados ao que eu disse.
Está tudo nas cartas dele…em Atos e Pedro também)