AMAZÔNIA USA: TÁ FICANDO MAIS NA CARA


AMAZÔNIA USA: TÁ FICANDO MAIS NA CARA

 

O Jornal O Globo de hoje, dia 11 de novembro de 2003, trouxe a seguinte chamada:

ARGENTINA APÓIA INTEGRAÇÃO MILITAR PROPOSTA POR DIRCEU

O Texto fala da preocupação acerca da ocupação Americana da Amazônia.

Há 10 anos que venho me preocupando com isto.

Escrevi e dei entrevistas no passado sobre o assunto.

Mês passado, em Manaus, escrevi o texto que segue.

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Cenário de Desesperança


Não sou especialista em nada. Mas tenho o dever de consciência de dizer o que vejo como temor diante dos meus olhos.

Meu temor não é “técnico”, mas muito mais do que isto. Ele nasce de uma “visão” que me tem tirado o sono faz algum tempo.

No texto “O Pó da Terra e o Pós Guerra” fiz várias afirmações sobre o que aconteceria no “pós guerra” no Iraque, e, tristemente, vejo que aquelas advertências—que não se limitavam ao “caso Belzebush & Saddanás—, estão se cumprindo, e sei que infelizmente se cumprirão.

Minhas razões são minhas.
Quem desejar levar a sério, leve.
Quem não desejar, assista.
Quem puder “ajudar”, atrapalhe o processo…

Há um cenário sendo desenhado lentamente diante de nós. Sua construção é antiga, porém seus contornos começam agora a se deixar vislumbrar com muita rapidez.

Primeiro vem a questão da hegemonia política americana, e isto bem conforme o padrão “fenomenológico” descrito no Apocalipse.

O Cavalo Branco sempre “puxa” as desgraças que se seguem. É o poder de quem vem “vencendo e para vencer” que trás a reboque as demais calamidades.

As vitórias e a hegemonia da América podem significar “alívios” para alguns que estão longe demais das áreas de conflito, porém jamais trarão nada além de males maiores.

As últimas guerras americanas são as batalhas de agendas ocultas, onde se apresenta um “álibi” para a invasão, e que escondem os verdadeiros interesses.

Eles são politicamente corretos. Essa é a lei dos novos donos da Terra.

Ora, essa minha afirmação não é anti-americana, porém é absolutamente contrária à “agenda” de interesses da America-Política, e que tem poderes mais “autônomos” do que qualquer “democracia” da terra.

A megalomania do “Destino Manifesto”, que foi a animadora cristã ideológica das ações expansionistas americanas desde há muito, ganharam outra face e outra “confissão”, mas expressam o mesmo sentimento de supremacia humana sobre o resta da espécie.

O Cavalo Branco, chega sempre com o pretexto da Paz, tem o poder de “vencer”, mas o saldo é sempre Vermelho, Baio e Preto: guerra, fome e morte.

A agenda econômica, como sempre, é a ambição que se esconde sob as declarações políticas da guerra. No nosso caso, as inibições para que os “interesses” se voltem contra nós precisam ser muito bem “fabricadas”. E estão sendo, calma e lentamente urdidas. Só não vê quem não quer ver.
A América Latina, mais precisamente o Continente Sul Americano, não só é o quintal, mas o mais rico quintal que a América poderia desejar e precisar possuir no planeta.

A Colômbia já é o sétimo maior fornecedor de petróleo dos Estados Unidos, o maior fornecedor de cocaína, e participa da Amazônia—o chão mais rico da Terra.

Se os Estados Unidos fossem donos da Colômbia nós não teríamos a guerra contra o pó, mas a industrialização dele. Parece loucura, mas não é. Não há riquezas que nenhuma grande Babilônia não encontrem um “meio legal” de explorar.

Eles fazem as leis da Terra!

O ilegal pertence sempre ao “outro”, nunca a “eles”.

A questão Colômbia demandará uma “solução”. E não será uma solução caseira. O poder que fornece recursos para combater a guerrilha das Farc, associada ao narcotráfico, é também aquele que vende armas—algumas vindas da antiga União Soviética e de países europeus, e até de Israel, mas também boa parte do recurso bélico que está nas mãos do braço militar do narcotráfico, as Farc, vem de Miami e outras “praças” de venda dentro dos Estados Unidos. Nada novo.

Em meio a isto tudo está a Amazônia, com seu ecossistema independente e de proporções inimagináveis, com suas riquezas inexploradas e abandonadas, e sua biodiversidade extraordinariamente imensurável.

Hoje em dia, mesmo pessoas “gente boa” no mundo das explorações americanas, já admitem que a Amazônia não pode ser de ninguém, pois, seus “donos” não têm sido “ninguém” na intenção de preservá-la.

Isto tudo sem falar num dos maiores bens desse novo milênio: a água.

Ora, a fim de pavimentar esse caminho de dominação estimula-se o “pretexto”—e os países em questão são fartos no oferecimento de “pretextos”—, mas também tem-se que ter uma “doutrina” que justifique as ações.

Protestantes não fazem nada sem uma “doutrina”.

De um tempo para cá os Estados Unidos vêm falando na tal “soberania efetiva”, que pode ser traduzida como um conceito internacional de Reforma Agrária.

O principio da Reforma Agrária se fundamenta no da “soberania efetiva”. Um “proprietário” que não cuida, não ocupa e não beneficia a terra que possui legalmente, poderá perdê-la a fim de os que não têm, mas se propõe a cuidar daquele recurso, possam ter seu lugar, seu chão e desenvolver aquilo que está abandonado.

Pois é aquilo que um país soberano pode decidir praticar dentro de suas “fronteiras”, justamente a coisa que os Estados Unidos, como Estado Soberano da Terra, está desejoso de fazer com seu imenso e abandonado quintal, cujos desleixados donos, já demonstraram, efetivamente, não ter capacidade de realizar nade de bom com o que possuem por direito, mas não de fato: a exploração, a preservação, a proteção, e a utilização dos recursos das preciosas áreas abandonadas e vilipendiadas das riquezas amazônicas.

Somente uma nação que considere o mundo o seu quintal pode propor uma “doutrina” como a da Soberania Efetiva.

O fato é que as crianças americanas já vêm sendo “doutrinadas” acerca disso faz quase uma década. Eu mesmo vi mapas do mundo onde a Amazônia é indicada como “zona de preservação internacional”. E, apesar da “grita” brasileira à época, nada mudou; ao contrário, a catequese interna aumentou.

Uma ação de efetivação do principio da Soberania Efetiva precisa de álibis muito fortes, apesar da ONU ter virado apenas Cruz Vermelha.

Por isso, há razões de natureza estratégica que estão em pleno processo de implementação pelo Estado Soberano da Terra.

O caos social no qual nós vivemos—digo: nós e nossos vizinhos amazônicos—, é um prato cheio para uma “ação de solidariedade” americana, assim como já demonstraram estarem acostumados a fazer.

Nas últimas duas década já realizaram algumas dezenas de “missões de solidariedade”, e em diversos países do mundo, sendo que “Vamos Libertar o Povo Iraquiano” foi seu último grito libertário a ser ouvido mais recentemente.

Entre nós o caos social e econômico haverá de oferecer o primeiro bom pretexto estratégico. Segue-se a isso o “perigo global” da associação do narcotráfico, com a guerrilha colombiana e, ainda, com o terrorismo islâmico.

Foz do Iguaçu, no Brasil, já é o terceiro ponto de observação de possíveis ações de lavagem de dinheiro, treinamento filosófico e descanso para terroristas islâmicos, “conforme a CIA”.

Faz dez anos que venho dizendo isto. Depois de muitas visitas a Bangu I, e após uma longa conversa com Marcinho VP, hoje morto, percebi que inevitavelmente os traficantes pé-de-chinelo do Rio ainda se aliariam aos Barões da Droga da Colômbia.

Beira Mar é o primeiro grande atacadista produzido nas favelas do Rio. E ele é apenas mais um pé-de-chinelo, se comparado aos verdadeiros e grandes Barões que andam de deputado, senador, juiz, e magistrados, tanto no Brasil quanto em outros países vizinhos.

É fundamental para os “invasores” que a associação desses inimigos—o narcotráfico-a guerrilha e o terrorismo islâmico—se consolide entre nós e à nossa volta; especialmente na Amazônia. Se eles não se “politizassem” seriam politizados, pois é conveniente ao agressor que assim seja.

Vejo como messiânica e ingênua a iniciativa brasileira de promover um “encontro oficial” das Farc com a ONU em território brasileiro. Trata-se de um país que não possui, do ponto de vista real, a tal Soberania Efetiva, chamando para a conversa uma guerrilha-narcotrafizada e uma ONU que só tem ônus político, e não possui bônus político para pressionar mais nada.

A ONU é uma ONG!

No meio disso tudo, mais um vez, veremos o galinho oferecendo a oportunidade para o lobo chegar bem às portas do galinheiro desprotegido.

A estratégia americana é criminalizar tudo o que eles desejam possuir. Prova disso é que a Holanda liberou oficialmente o consumo da maconha e não houve nenhum grita americana acerca do assunto. Faça a Colômbia ou faça o Brasil isto, e ver-se-á a movimentação americana em franco processo de ameaça.

Para os Xerifes do Mundo há de se promulgar muitas leis a fim de que haja muitos pretextos acumulados para uma intervenção.

Então, o que acontecerá?

As leis de criminalização aumentarão o caos regional. O problema Colombiano será extensivo ao Brasil—especialmente à Amazônia. E o discurso burro das “autoridades locais” nos levará aos braços da Besta.

Haveria alguma saída?

Ora, o que aqui direi soará como uma “heresia” para as mentezinhas nervosas. Mas o que direi a seguir nada tem a ver com meu desejo e minha visão do que seja bom. Trata-se apenas de uma desesperada afirmação, e que escolhe não entre o bom e ótimo, mas apenas entre o pavoroso e o indescritivelmente mal que se mostram inevitáveis.

Na minha opinião o Governo Brasileiro deveria tomar para si a questão das drogas, descriminalizá-las, e suprir os consumidores, como faz o governo holandês.

E por que?

Porque é dessa “criminalização” que surgem todos esses monstros invencíveis, e que são os mesmos que servem de “pretextos acumulado” para o mal maior que vem aí.

O Mal vem do Norte, como na Bíblia!

Descriminalizar vai implicar num grande desmonte do monstro que se alimenta da “lei”: a polícia corrupta, os guerrilheiros mercenários, os narcotraficantes insensíveis, o terrorismo que gosta da desgraça; e um aparato policial e militar caríssimo de “repressão” e que anda de mãos dadas com aquilo que se divulga combater, e nem pode e nem deseja combater, pois é de tais “criminosos” que provêm sua real lucratividade nos negócios.

Todos os estudiosos do assunto sabem que o que estou dizendo é verdade, mas a maioria não o diz por preferir ser “politicamente correta” que politicamente honesta.

É muito melhor lidar com essa questão na farmácia do que na “boca”, como guerra na selva.

Isto porque o aparato de repressão é mais nefasto que aquilo que ele declara desejar combater.

O “monstro sempre se alimenta da lei”. E é a lei faz crescer e fortalecer esse tipo de transgressão compulsiva.

E os “agentes” utilizados para o combate da transgressão são os responsáveis pelo crescimento desse bicho, pois acabam se alimentando dele, e se tornam co-dependentes em escala indescritível.

A Brasil precisa ocupar a Amazônia enquanto ela é nossa. E essa ocupação precisa ser prioridade no Governo. Há necessidade de que nossas Forças Armadas sejam deslocadas para as fronteiras—afinal, o que elas fazem em nossos quartéis?—, e precisa haver um grande investimento cientifico em ações de pesquisa e em ocupação limpa e ecologicamente consciente de toda a região.

A ocupação produtiva da Amazônia nos dará soberania efetiva e nos salvará da Reforma Agrária que os Estados Unidos se preparam para fazer em nossas terras.

Conclusão: sem essa visão a Amazônia será “internacionalmente americana” em no máximo 15 anos, e o Brasil perderá sua soberania.

Caio
Escrito em 2003