ACERCA DA DECISÃO DA CONVENÇÃO GERAL DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS

 

—–Original Message—–

From: Márcia

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Sent: sexta-feira, 7 de novembro de 2003 19:45

Subject: Ouriel de Jesus

 

 

 

Querido pastor Caio,

 

 

 

Tenho visitado seu site com certa regularidade ultimamente. Suas palavras têm me ajudado a crescer na graça e no conhecimento de Cristo. Admiro a maneira como você responde às cartas dos irmãos sempre com amor, sem preconceitos ou pré-julgamentos. Você diz o que pensa de maneira clara e objetiva. Sua audácia, muitas vezes, me surpreende. Por todas essas coisas, sou grata a Deus por ter encontrado essa fonte espiritual de vida no ciberespaço.

 

Bem… pastor. Toda essa introdução é para que você entenda que as coisas que vou dizer a seguir não contêm crítica (no sentido pejorativo), mas são palavras “ditas” com muito amor e todo o respeito e admiração que tenho por você.

 

Li na sessão “news” do seu site uma matéria sobre o Pastor Ouriel de Jesus e o avivamento em Boston. Antes, já tinha lido duras críticas que você fez ao movimento naquela igreja.

 

Pastor, respeito muito a sua opinião e sua autoridade espiritual. No entanto, creio que estão sendo cometidos alguns equívocos no que se refere a esse caso específico.

 

Já estive em Boston por duas vezes. Conheci pessoalmente o Pr. Ouriel de Jesus. Ao contrário do texto publicado pela CGAD, o pastor Ouriel não é um homem arrogante ou herege. Não há idolatria a anjos naquele lugar. Ao contrário, todo o louvor e adoração é ministrada ao Senhor Jesus. Nunca vi o pastor Ouriel tratar o livro publicado recentemente como uma nova Bíblia. Em Boston, a Palavra do Senhor é pregada, respeitada e tida como única revelação dada por Deus.

 

Não existe essa balela de sentir o peso para se certificar do recebimento da capa de Elias…

 

Eu mesma pude esclarecer muitas dúvidas quanto ao avivamento em Boston. O pastor Ouriel, com muita boa vontade, respondeu minhas perguntas.

 

Não estou aqui como advogada de ninguém. Eles não precisam disso. Jesus advoga por seu povo.

 

Você mesmo sabe, pastor, que os homens são cruéis quando as pessoas não se submetem às suas regrinhas de conduta religiosa. E o pastor Ouriel é livre para servir a Jesus e conduzir seu rebanho aos pés do Senhor na Palavra e não em regras puramente humanas.

 

Há muita especulação, muito disse-me-disse e muita inveja dos peixes grandes…

 

Gostaria muito que você pudesse conversar com o pastor Ouriel pessoalmente e compreendesse a simplicidade que existe naquele homem e seu amor e busca intensa por Jesus.

 

Decidi escrever esse e-mail para que você pudesse ver o “outro lado”. Como “quase” jornalista aprendi que o princípio da imparcialidade começa ao se ouvir os dois lados. Tenho aprendido com você a não julgar, ser mais compreensiva, amar a Jesus e, principalmente, separar a religiosidade cristã do verdadeiro exercício da fé. Sinto que o pastor Ouriel e os demais irmãos de Boston merecem esse mesmo tratamento cristão.

 

Obrigada por ler esse texto. Espero que você tenha vislumbrado nas entrelinhas todo o zelo que eu procurei manifestar em cada palavra. Te conheço virtualmente. Mas, amo você de verdade.

 

Em Cristo,

 

Márcia

 

___________________________________

 

Resposta:

 

 

 

Amada Márcia: Paz!

 

 

 

Antes de tudo, devo dizer que fiquei grato pela sua carta, e pelo modo limpo, claro e objetivo com o qual você a escreveu e se expressou.

 

Também gostaria de dizer que nos textos que eu escrevo — e alguns são duros, mesmo!— nunca menciono o nome de pessoas. Você sempre me vê discutindo conteúdos ou, no máximo, menciono o nome do “movimento”, mas nunca faço menção ao nome próprio de qualquer indivíduo ligado a qualquer movimento.

 

A questão é: por quê?

 

Primeiro, porque sei que por trás de cada indivíduo existe um pai, uma mãe, uma esposa ou marido, existem filhos e amigos. Portanto, detesto deixar a “pessoa” numa situação desconfortável vendo “seu nome” tratado em qualquer que seja a questão pública.

 

Segundo, porque apenas me interesso pelos “conteúdos”, não pelos indivíduos em questão, como questão. Muitas vezes não conheço os indivíduos — na maioria das vezes conheço! — e, mesmo quando os conheço, faço questão de deixar claro que não se trata de nenhum ataque pessoal.

 

Sempre separei as pessoas dos movimentos que elas incitam, propagam, representam ou estimulam. E isto não é de hoje. Sempre me comportei assim, até mesmo quando representei a AEVB — como seu presidente — naquela histórica confrontação dos métodos e conteúdos praticados, em nome de Jesus, pela IURD (91-95).

 

Terceiro, porque já tive meu nome mencionado de maneira leviana e covarde tantas vezes, que por experiência própria sei o mal que isto causa.

 

Quarto, porque já possuí Revista e uma Rede de Televisão e nunca deixei que as notícias que tivessem caráter pessoal — tipo: o cantor tal foi flagrado tendo uma relação homossexual no banheiro da casa de um pastor da Assembléia de Deus; um entre centenas de exemplos mais fortes que tenho para dar — fossem veiculadas, mas apenas as que se ativessem ao que era de interesse público, e não privado.

 

Bem, feita esta introdução, quero dizer o seguinte:

 

1. O texto não foi escrito por mim, mas por uma comissão das Assembléias de Deus. Daí eu o ter “colado” em “News”, como faço com tudo aquilo que julgo ser de interesse público. Se o texto fosse uma “fofoca pessoal”— como as centenas que recebo aqui e que me contam histórias do arco da velha, de líderes conhecidos que têm casos extraconjugais, ou coisa do gênero —, minha tecla de Delete teria funcionado mais uma vez, como sempre; pois nem de responder, eu me dou o trabalho.

 

2. O texto da CGAD não é em nada diferente daquilo que eu vejo na televisão, nos programas que ele exibe na CNT, nos fins de tarde. Portanto, não estou falando das boas intenções do pastor Ouriel, mas das manifestações de loucura coletiva, heresia, manipulação grupal, e distorção da Palavra; sem falar no aquário de doenças mentais no qual aquilo ali se tornou — e está disponível a quem quer que tenha um mínimo de discernimento.

 

Portanto, não se trata de analisar nada mais profundo, pois aquilo que está exposto na televisão é pura loucura e doença mental.

 

3. Tenho uma pessoa que trabalha comigo e que serviu “inside” aquele ministério, por cerca de quatro anos; e que dá testemunho das mesmas coisas de que o texto da CGAD também fala.

 

Por isso, minha amada irmã, não me tome como um Bulldog defensor da fé e nem como alguém que trabalha contra a liberdade de quem quer que seja. A mim não faria mal se ele esquecesse o nome de Jesus, pregasse em seu próprio nome, criasse uma nova seita e propagasse o que ele desejasse. Minha discórdia quanto ao conteúdo seria total, mas meu respeito pelo direito de expressão seria absoluto.

 

O que nunca tolerei — nem quase morto! — foi ver pessoas usando o nome de Jesus a fim de pregar invenções pessoais, doutrinas de homens, e conteúdos enlouquecedores e pervertedores da fé no puro e genuíno Evangelho de Jesus.

 

Ora, não estou aqui de “porteiro” de nada, mas não tenho como negar que, apesar de minha total relatividade pessoal, sei que a Palavra do Evangelho que prego é verdade. E, disso, até os meus inimigos e detratores têm certeza. Desafio-os, TODOS JUNTOS, em qualquer lugar ou fórum — no qual participarei sozinho —, para que sustentem qualquer argumento de que prego heresias contra a fé no Evangelho de Cristo.

 

Eles podem dizer até que não gostam de mim, que não me perdoam por um dia ter me divorciado, por ter tido meu nome envolvido num escândalo político, por ser independente em relação a não reconhecer neles qualquer papel medianeiro no ministério que Deus me deu, etc…

 

O que eles, todavia, não podem fazer, em minha presença nem individualmente, e nem reunidos todos eles contra mim, é me convencer de que a Palavra que prego não é simplesmente o Evangelho da Graça de Deus em Jesus Cristo. O mesmo Evangelho que Paulo e os demais apóstolos de Nosso Senhor nos legaram.

 

Portanto, não me entenda mal. Não julgo e jamais julgarei pessoas. Mas quem faz algo público tem que viver com as conseqüências da publicidade da coisa que publicou. No meu caso, separo aquilo que é de interesse público daquilo que diz respeito ao privado — apago o privado, e trato daquilo que é público, mas apenas como conteúdo, e nem mesmo os nomes dos protagonistas em menciono.

 

Além do que, este site, por exemplo, é público. E aqui escrevo muitas coisas. E seria ingenuidade minha pensar que somente aqueles que concordam comigo o lêem. Ao contrário, eu sei que meus detratores o freqüentam todos os dias, de preferência quando ninguém esteja vendo; e, muitos, mesmo não gostando de mim, vêm aqui buscar idéias para as suas próprias pregações.

 

Mas também sei que ficam coando mosquitos a fim de terem do que me acusar. A questão é que eles sabem que sei o que digo e falo; e que falo apenas porque creio; e que o que creio é aquilo que eles não têm coragem de me enfrentar a fim de me convencerem do contrário, pois é a Palavra do Evangelho.

 

Com isso, desejo apenas ter esclarecido não somente a sua questão, mas meu modo de ser em relação àquilo que é público e o que é privado.

 

Portanto, não me tome como um Xerife Zangado. Mas que “aquilo” que o pastor Ouriel mostra na televisão é maluquice, minha amada, não tenha duvida: é maluquice sim!

 

Um beijão carinhoso.

 

 

 

 

 

Nele,

 

 

 

Caio

 

7 de novembro de 2003

 

Copacabana

 

RJ