Achei Você…
Nome: Tiago
Mensagem: Hoje eu descobri um tesouro.
Eu sempre costumo dizer quão abstratos são os meios pelos quais a informática trabalha. Concretos são sós os seus fins.
Corporações internacionais, bancos, bolsas de valor, sistemas financeiros inteiros confiam em sinais eletromagnéticos invisíveis, em eletroímãs ínfimos cravados em discos metálicos que se transformam em correntes elétricas que vão para um negocinho que têm bilhões de pequenos transistores, que se “fecham”… que se “abrem”… sem parar, frenéticos, fazem isso bilhões de vezes por segundo! E convencionamos chamar isso tudo de contas matemáticas!
Humm… contas matemáticas até bem pouco tempo atrás eram sinônimo de lousa e carteiras de salas de aula… Mas isso eu já sabia, tenho só 25 anos e estou acostumado a isso tudo, mesmo não conseguindo visualizar pra valer o que é que realmente está acontecendo. Os olhinhos da minha filhinha de 4 anos no monitor refletem muito mais naturalidade que os meus. Então onde está o tesouro que eu descobri? Já, já eu conto…
Eu nasci em um lar cristão já de gerações. Fui presbiteriano desde a fecundação até os dezesseis anos. Da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Acostumei a acordar cedo no domingo, participar de escola bíblica de férias, a fazer classe de catecúmenos, mesmo achando arrepiante esse nome (e não podia nem sonhar em falar isso no colégio de freiras que eu estudava, ia virar gozação, eles só ouviam o termo “catequese” e já achavam feio, imagina se eu falasse o meu!…), já fui pra “salinha” por causa de bagunça na escola dominical, fiz profissão de fé, et coetera, et coetera… Tudo que tive direito.
Era filho de presbítero que viajava pra reuniões de Supremo Concílio. Uau! Que nomaço eu achava aquilo!
Hoje eles são pastores (é, minha mãe também – demorei a acostumar com a idéia) da Comunidade Evangélica Apostólica Sara Nossa Terra, numa cidade no sudoeste de Minas Gerais, igreja esta que eles ajudaram significamente a fundar lá.
Mas quando era presbiteriano ouvia sempre um nome… Várias vezes, muitas vezes… Esse nome era Caio Fábio. Ainda não era pontocom. Mas eu era jovem e não queria muito saber disso, não me interessava muito por isso. Não sabia o que estava perdendo… Era um mito. Não há como fugir dessa palavra. Impossível…
Depois que nós saímos da igreja presbiteriana, comecei a fazer faculdade e me tornei muito amigo de uma pessoa que entrou nessa igreja depois de mim. Ele me emprestou uma fita de uma pregação sua feita na primeira metade dos anos 90, sobre José do Egito, simplesmente contando sua história, e no final dizendo que o local onde nós estamos e muitas vezes não aceitamos, achamos ruim demais, é o melhor lugar, porque é o lugar onde Deus nos colocou.
Que unção, chorei como se tivesse 5 anos… Naquele momento me veio à tona anos e anos que deixei de ler seus livros que meu pai tem até hoje (e agora vou lê-los), de ver suas pregações na televisão, de valorizá-lo como todos os adultos da minha época faziam.
Na mesma época também me veio tudo que já tinha passado e, engraçado, senti uma tristeza enorme porque tinha um sentimento de perda enorme, muito grande mesmo, como que dizendo pra mim mesmo: Tiago, infelizmente é só isso que você tem, não dá pra ter mais, você não vai ter mais, ele já foi massacrado demais porque falou mal do presidente, da Universal, porque se separou, acabou…
Fiquei triste mesmo, queria perpetuar aquele sentimento (eu estava assistindo sozinho em casa), mas acreditava ser impossível.
Mas hoje eu encontrei um tesouro. Já dá pra ter uma idéia, não dá? Mas já, já eu conto o que é o tesouro.
Um autor que é muito singelo para mim é Rubem Alves, talvez por ser mineiro, talvez porque meu pai fala muito dele para mim, eu sempre fui curioso a respeito dele. Obviamente também porque eu era presbiteriano. Claro, não podia deixar de ser. Mas esse eu nunca ouvi falar na igreja. Mesmo dizendo que o crente tem que ser um ipê. Lindo! Ouvi na escola… Tinha que estudar porque caía no vestibular, porque era literário, bom de serviço, valorizado…
Recentemente comprei um livrinho dele intitulado “Coisas do Amor”. Espetacular, simplesmente humanitário, austero, sincero, real. Mas Rubem Alves é infantil, e é isso que eu adoro! Ele não é infantil no sentido de inexperiência, de ser pequeno, sem conteúdo; ele é enorme em sinceridade, em derrubar barreiras entre ele e o leitor, entre ele e o mundo. Valoriza o que ninguém percebe, o pequeno, o simplório, o simples, o real. Um desprotecionismo cativante, parece que você está indo para “dentro dele”. Mergulhando em Rubem Alves! Dá vontade de pegá-lo no colo como uma criança.
Até o site dele te convida a entrar em sua casa, mas atenção! Ele te adverte de que você tem que tomar cuidado ao fazer isso! Só ele mesmo! É maravilhosamente gostoso ler o trabalho dele.
Mas só hoje eu descobri um tesouro, um site, um endereço eletrônico. Trouxe-me de novo sentimentos perdidos, concretos. Bits e bytes que “correram” por cabos, fibras óticas, centrais telefônicas, que se codificaram, que se refletiram no meu monitor, coisas abstratas que produziram frutos concretos, e me mostraram que o que eu achava que estava perdido porque não se encaixava no perfil pré-estabelecido do que entendemos, na verdade está mais próximo do que eu imaginei.
“Baixei” o site inteirinho, inteirinho, tudo, tudinho mesmo, e estou lendo e devorando como comida. Escrevi uma mensagenzinha pequena e fui respondido! Meu Deus, quando eu vi aquilo nem acreditei! O Caio Fábio me respondeu! Aquele mesmo que eu vi seis metros acima de mim no palco do sambódromo do Rio na Operação André quando era criança! O mesmo que escreveu aquele monte de livros que tem lá na casa do meu pai! O mesmo que eu via na televisão! Mas o melhor de tudo, o que me falou naquela pregação lá em casa, sozinho, numa fita de vídeo e provocou em mim o resbalar do Espírito Santo de Deus.
Hoje eu vi um Caio Fábio que ainda está aqui, que me fez esvair o sentimento de perda de uma pessoa que não existia mais, mas que existe! Existe! E fala comigo, de perto, por meios modernos, que senta na frente de um computador e deixa uma mensagem no meu! Que tem micro que “dá pau”, que é meio que um webmaster (mesmo que um “webjunior”)!…
Que é secretário de si mesmo, que assiste filmes de romance tranqüilo e acha gostoso, que se sente cansado, que quer dormir… Que é como eu. Que merece e carece do amor de Deus como eu.
Hoje me senti bem, como se tivesse ganhado um tesouro… Graças a Deus pelo conhecimento dado aos homens, pela internet, por fazer as pessoas ficarem próximas assim…
Prezado Caio Fábio, hoje eu o vi como alguém que não é uma imagem na televisão, um autor de livros, um superpresbiteriano, um mito! Hoje eu o vi como um Rubem Alves, um sábio, um brincalhão das palavras, uma pessoa que valoriza coisas pequenas, importantes, que não podem ficar pra trás, que necessitam ser percebidas, que carecem de atenção. Hoje eu pude, mesmo que pouco, perceber um homem que é vivo…
Gostaria muito Pastor, de apertar sua mão… se Deus assim o quiser ainda o farei. Quero sentir que a sua temperatura é igual a minha, que você não é imaginário. Graças a Deus pela sua existência, porque gerações inteiras vão parar no céu por causa do seu trabalho e da sua compreensão. “Porque agora vivemos, se estais firmes no Senhor.” I Ts. 3:8
Tiago
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Resposta:
Tiago… Tiago…
Você quase me mata do coração. Fiquei fibrilante de alegria. Não deixe eu perder você de site.
Aqui ainda não é de “vista”, mas em breve será também.
Enquanto você não pega na minha mão… pode pegar em minha alma…tá todinha aí…sem medo de ser.
Ah! Como amo encontrar irmãos como você!
Um beijão virtualmente concreto pra você.
Seu irmão,
Caio