AMÉLIA ERA OU NÃO ERA MULHER DE VERDADE?


 


 
—–Original Message—–

From: Amélia era ou não era mulher de verdade?

To: [email protected]

Subject: E o que você me diz da mulher de Provérbios 31?

 

 

 

Gosto muito de visitar seu site, ler suas mensagens. Se morasse no Rio de Janeiro certamente freqüentaria o Café com Graça. Deve ser um espaço elegante, moderno.

 

Ah! li uma das curiosidades do Café: “A mulher de quarenta”— e achei muito pertinente. Ainda não li nada que o senhor tenha escrito sobre a mulher de Provérbios 31: 10 a 31. Tens alguma coisa sobre ela? Se tiver alguma coisa pode me mandar.

 

Deus abençoe seu ministério. Obrigada.

 

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Resposta:

 

 

 

Minha querida irmã: Paz!

 

 

 

Que pena que você não mora aqui! O Café realmente é um lugar agradável, e está ficando cada vez mais. Mas o grande charme por lá é o da Graça. Aliás, Charme e Graça são a mesma coisa. Carys, carisma, dom, graça — expressam a mesma coisa.

 

Quanto à mulher de Provérbios 31, já escrevi sobre ela num livreto intitulado “A Mulher no Projeto do Reino de Deus”. Ei-la aqui descrita:

As palavras do rei Lemuel, rei de Massá, que lhe ensinou sua mãe.

Que te direi, filho meu? E que te direi, ó filho do meu ventre? E que te direi, ó filho dos meus votos? Não dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos às que destroem os reis.

Mulher virtuosa, quem a pode achar? Pois o seu valor muito excede ao de jóias preciosas. O coração do seu marido confia nela, e não lhe haverá falta de lucro. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.

Ela busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com as mãos. É como os navios do negociante; de longe traz o seu pão. E quando ainda está escuro, ela se levanta, e dá mantimento à sua casa, e a tarefa às suas servas.

Considera um campo, e compra-o; planta uma vinha com o fruto de suas mãos. Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços. Prova e vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite. Estende as mãos ao fuso, e as suas mãos pegam na roca. Abre a mão para o pobre; sim, ao necessitado estende as suas mãos.

Não tem medo da neve pela sua família; pois todos os da sua casa estão vestidos de escarlate. Faz para si cobertas; de linho fino e de púrpura é o seu vestido. Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta entre os anciãos da terra. Faz vestidos de linho, e vende-os, e entrega cintas aos mercadores.

A força e a dignidade são os seus vestidos; e não teme o futuro. Abre a sua boca com sabedoria, e o ensino da benevolência está na sua língua. Olha pelo governo de sua casa, e não come o pão da preguiça.

Levantam-se seus filhos, e lhe chamam bem-aventurada, como também seu marido, que a louva, dizendo: Muitas mulheres têm procedido virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas.

Enganosa é a beleza, e vã é a formosura; mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as suas obras.

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Hoje em dia a Mulher de Provérbios 31 não é mais novidade como ser “executivo”. Ela trabalha em muitos lugares. Algumas lavam roupa e sustentam a casa. Outras chegam até a ser “Presidentes” e “CEOs” de grandes companhias.

 

Ora, com isso digo que “aquela mulher de Provérbios 31” não é mais novidade na capacidade de “empreender”, de prover e de exercer autonomamente o seu trabalho, sem dar explicações. Há milhares de mulheres empreendedoras entre nós. Além disso, a tendência do mercado é crescer com as mulheres.

 

Elas são melhores até no pós-divórcio. Em geral homens divorciados tendem a se dar mal. Caem em depressão, não sabem como cuidar de si mesmos, perdem o emprego, viciam-se em remédios para dormir, tornam-se bêbados, etc. Ou seja: Não sabem cuidar de dois mundos tão díspares: o da casa e o do trabalho — sem falar na gestão familiar e nos amigos. Normalmente somente uma outra mulher organiza a vida desse “infeliz”.

 

O mesmo não se pode dizer das mulheres. Quando elas já estão acostumadas a trabalhar fora e separam-se, em geral até crescem em suas potencialidades. Elas, na maior parte das vezes, conseguem dar conta de todos os mundos. Vão bem da cozinha ao trabalho. E no caminho ainda fazem mil outras provisões familiares.

 

Então, o que digo? Que estamos avançando e que as mulheres foram, afinal, reconhecidas e atingiram o seu “máximo”, ou estão chegando lá?

 

O que estou dizendo? Que os homens entenderam e abriram um lugar de liberdade para as mulheres, e que já era e é das mulheres?

 

Bem, de fato, nem uma coisa nem outra, e, num certo sentido, ambas as coisas. No que diz respeito aos homens, na verdade, acho que a maioria “engole” o fato, mas nem sempre o digere bem.

 

No que diz respeito às mulheres, penso que a mais preciosa de todas as virtudes expressa em Provérbios 31, e que também é aquela que dá “eixo” para tudo o mais — tornando-a “virtuosa” — é que “aquela mulher” faz aquilo tudo, tem toda aquela liberdade de movimento, faz sua própria agenda, lida com homens mercadores, compra, vende, prospera, dá conta da casa e dos filhos, e trabalha até a noite — mas nada disso aproveita sem uma única declaração: “e o coração de seu marido confia nela”.

 

Nem ela é ainda nada sem o que lhe dizem os seus próprios filhos: Levantam-se seus filhos, e lhe chamam bem-aventurada, como também seu marido, que a louva, dizendo: Muitas mulheres têm procedido virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas. É aí que está sua grande virtude. Não está no que ela faz; está em quem ela é!

 

Ela reúne charme, beleza, criatividade, capacidade produtiva, coragem para empreender e generosidade com os pobres, a um caráter impoluto. Charme, Criatividade e Caráter!

 

Ou seja: aquele marido não teme quando os homens se levantam ao verem-no chegar. Ele não se sente “inseguro”. Ninguém diz: Aí vem o marido da fulana! — com cochichos maldosos. Todos sabem quem ela é. Por isso é que ela vai tão longe

 

O que hoje eu mais sinto falta no atual movimento de expressão e libertação da mulher — nada mais justo, nem mais digno e nem tampouco mais bíblico; afinal, em Cristo não é homem, nem mulher —, é dessa “síntese”.

 

E nisso não há culpa para as mulheres. Os homens deram as “referências” do que seja “sucesso”, inclusive no que tange ao exercício do poder e do como usar dele. As mulheres seguiram, em boa parte, o modelo. Então, muitas vezes, a liberdade de ação e o sucesso feminino ainda se servem dos referenciais adoecidos dados pelos homens.

 

Assim, quando os homens reclamam, reclamam de si mesmos, e estão bebendo a água que sujaram. A mulher, todavia, precisa aprender a exercer sua liberdade sem o referencial machista, que é o feminismo.

 

Quando isto acontece surge um ser grandioso, lindo, insuplantável. De fato, como diz Paulo, surge aquela que é a “glória do homem”: a mulher!

 

E se vejo bem, glória é expressão do melhor. Assim, o melhor do “homem” aparece na plenitude da verdadeira mulher!

 

 

 

Um beijão,

 

 

 

Caio

 

Escrita e respondida em 2003.