—–Original Message—–
From: FLÁVIO
Sent: sexta-feira, 22 de agosto de 2003
To: [email protected]
Subject: Sexo Anal!
Mensagem:
Caro pastor Caio,
Estive lendo algumas orientações suas acerca da prática sexual anal e oral. Concordo em parte com o que vc escreve. Por exemplo: penso, como vc, que dentro de um quarto o casal decide o que ele julga válido ou não.
Sobre o sexo oral eu não tenho grande desconforto por não ver na sua prática nada que possa se contrapor ao mesmo. Contudo, em se tratando do sexo anal, eu gostaria de contribuir com uma análise de natureza fisiológica.
Não existe em nenhum compêndio de anatomia humana a atribuição para o ânus de o mesmo ser um órgão de funcionamento sexual. Sua estrutura interna dotada de válvulas não colaboram com a penetração, pois são estruturas internas de retenção quando contraídas, e de expulsão quando relaxadas. Logo, me parece que um relacionamento anal é no mínimo agressivo à natureza orgânica e isso nada tem a ver com Rm. 1.26 conforme vc já discorreu com tanta propriedade.
Eu penso que a relação sexual anal, além de traumática, agressiva e intensamente algésica, traz desconfortos para o casal além de outros tipos de dificuldades. Conta um amigo meu, médico, que ele presenciou quando de um plantão em um Pronto Socorro em nossa Cidade, a chegada de um casal literalmente conectado pela via anal. A mulher havia travado involuntariamente o pênis do seu companheiro e precisaram tomar um relaxante muscular para poderem se desvencilhar.
Sendo assim, penso que questões como essas podem ajudar alguns casais a refletirem sobre a melhor decisão a tomar no que tange à liberdade deles no trato da questão sexual. Por razões como essas que eu levantei e por viver na perspectiva do que eu acredito, eu sou contra a prática sexual anal.
Na paz do Imolado e Ressurreto,
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Resposta:
Flávio, meu amigo:
Acho que há elementos de natureza higiênica que também precisam ser levados em consideração.
Minha tese aqui é simples. A pergunta sobre sexo anal me soa, quando feita, como algo que carregue “impureza” espiritual, ou “moral”. Pra mim é como carne de porco. Não deve comer quem não gosta do sabor. Mas se alguém gosta, então, prepare bem, e coma sem dúvida.
A maioria dos casais que “perguntam” é porque “fazem” sempre, porém nunca deixam de carregar Rm 1: 26 como “lubrificante”. Trava mesmo! Nesse caso, dói como queimadura de pimenta malagueta; não no corpo, mas na alma.
Mas há infinitamente mais gente fazendo do que perguntando. E os que perguntam, o fazem não para decidir se fazem ou não, mas apenas na esperança de poderem fazer em paz.
O fato é simples: há pessoas que jamais sentiram ou sentirão conforto físico no sexo anal. Encontro mulheres que adorariam agradar a seus maridos com uma “oferta” dessas. Mas, simplesmente, não relaxam; não descontraem nunca. Nesses casos, acho que um marido com um mínimo de bom senso, jamais deveria conduzir as coisas nessa “direção”.
De um outro lado, ouço muitas outras mulheres contarem de como não apenas fazem, mas como também desenvolveram suficiente “relaxamento” anal, que permite a elas, inclusive, não praticarem apenas para “agradar ao marido”, mas, sobretudo, para agradar a si mesmas. Gostam e sentem muito prazer também.
E a maioria sensata usa preservativo e lubrificante a fim de realizar o ato.
Certos homens muito “avantajados” deveriam antes olhar para si mesmos e ver que a presença deles “ali” jamais poderá significar conforto pra ninguém, nem mesmo para a mulher gosta de “receber”.
Enfim, o que penso é o que já disse: Cada um veja como faz; e o que faz — se o fizer — faça-o com higiene, cuidado, bom senso, consideração pelo desejo ou não do outro e pela consciência de liberdade e conforto para ambos.
E mais: se todas as vezes que acontecer for um desconforto para a mulher — raramente o é para o homem —, que não se insista em tal prática; afinal, alguém está gemendo não de prazer, mas de dor. E não é bom que as coisas sejam assim!
Sentir muita dor por falta de “relaxamento” na intimidade não é também incomum até mesmo em relações sexuais “normais”. Há mulheres que sofrem de excesso de contração vaginal, o que dificulta sempre a penetração.
O que sinceramente acho, é que quem sabe fazer relaxar e sabe o jeito das coisas, não apenas tem o que gosta, mas só continuará a desejar ter se vir que o outro está apreciando muito também. Se for bom apenas para um, não deve ser praticado por dois. Afinal, os dois estão ali para que seja bom e prazeroso para ambos.
Gostei muito de você. E, sobretudo, gostei de seu jeito limpo de colocar as coisas.
Um abração,
Caio