BIG BROTHER E AS NOVAS DOENÇAS DA ALMA
—–Original Message—–
From: BIG BROTHER E AS NOVAS DOENÇAS DA ALMA
Sent: quinta-feira, 18 de março de 2004 11:47
To: [email protected]
Subject: OS DEMÔNIOS DA ANGUSTIA
Mensagem:
Querido Caio, você tem significado para mim.
Gostaria de saber o que vc pensa a respeito desses aspectos.
Há algum tempo algumas coisas têm me incomodado e dentre elas, o que se segue abaixo.
Estive refletindo e talvez também tenha viajado ou “escorregado na maionese”, mas é o que penso.
Estou convencido de que deve existir um fascínio muito grande em viajar nas telenovelas e nos reality shows. Não o mesmo fascínio que nos impulsionam a assistir aos filmes de dramas e sofrimentos repetidas vezes.
Alimentamos nossa memória toda vez que assistimos a uma história sobre o holocausto, por exemplo. Temos a necessidade de lembrar todo aquele horror de maneira a não ficarmos anestesiados com o passar do tempo?
Quanto a despender tempo vendo as relações humanas sobre uma ótica altamente estereotipada das telenovelas, acredito que vemos muitas vezes nos personagens, comportamentos que sabemos deveriam ser nossos, ou melhor, poderiam ser nossos.
Porém nem todos externam tais comportamentos em virtude da força reprimida que habita em algum lugar (corpo, alma…).
Há até pessoas que torcem para que as vinganças e traições aconteçam, para que o golpe seja realmente aplicado.
Não quero aqui ser inconveniente e afirmar que esse fascínio é incompreensível, ou que seja “pecado” assistir a novelas ou filmes.
Só não esperem que eu concorde com as pessoas que perdem seu precioso tempo, assistindo as telenovelas e BBB(s) da vida.
As relações no campo real valem mais que um choro por uma ficção.
Dê uma olhada para alguém que está perto… Será que você pode esquecer a sua novela para escutar ou ficar em silêncio com alguém que tem a imagem e semelhança de Deus (Aquele que não faz da vida um faz de conta) ?
Um abraço, meu Pastor
Kailon Meirk
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Resposta:
Meu amado irmão: Paz!
Não tenho o que lhe dizer sobre o assunto, pois concordo com o que você disse, especialmente no que concerne ao Big Brother.
Quanto às novelas, de fato a maioria vê porque a vida é uma droga. E quem gosta de miséria é intelectual, como diria o Joãozinho Trinta.
Prova disso é pobre só gosta de ver novelas com gente rica e muito bonita.
Novela de pobre pode granjear muita audiência entre os intelectuais, mas as populações pobres têm o Reality Shows “dos vera”, rolando ao lado deles todos os dias. Assim, para as populações de baixa renda, tanto uma coisa quanto a outra são escapes, visto que o mundo deles nunca é virtual.
Mas o Big Brother é muita feiúra.
A realidade passa longe daquela casa de palhaços performáticos.
Não consigo ver nem por segundos.
Até o Bial ficou com a cara daquela enfermidade televisiva.
Minha especulação negativa é a seguinte: será que um dia haverá de ser diversão ser Visto Pelo Grande Irmão?
Um dia haverá um cara, à frente de um sistema, que Olhará a todos.
Pode até ser que alguns se candidatem a carregar um transmissor no pulso ou na testa a fim de ficarem no ar o dia todo, 24 horas por dia.
Pode ser que aquilo que a gente percebe como “controle”, na leitura do Apocalipse, comece como diversão e segurança contra violência. Uma vez que a tecnologia se popularize, os demais serviços chegam com a devida sutileza, até que todos estejam “dentro da gaiola virtual”.
O que hoje já decorre desse ensaio já tem muitas variáveis, tanto sociais, como psicológicas, e espirituais.
A mente está se condicionando a não mais ver o Real na vida, mas sim pela via de seu estelionato performatizado: os Reality Shows.
Novas disfunções e distúrbios psicológicos nascerão daí.
Assim como muitos distúrbios já nasceram do uso sexualmente obsessivo, compulsivo ou aditivo que a Internet pode propiciar.
O Apocalipse, no cap. 9, nos informa acerca de uma invasão de demônios que haverá na terra, e que serão multifacetados.
Carregam em si aquilo que se associa ao mais grotesco, e também ao que pode se relacionar ao mais sedutor e fascinante: os cabelos de uma mulher.
Mas o resultado é que o veneno desses seres espirituais, que não estão disponíveis aos sentidos humanos, faz a alma desejar ardentemente a morte, mas sem o poder de realizá-la.
As pessoas querem morrer, mas não conseguem da termo à vida.
Então, a existência vira puro desespero.
Aliás, o pior desespero.
Sim, trata-se daquele desespero dos que conheceram algo pior do que a morte: a existência como angustia.
Quando a pior coisa que se conhece na vida é a morte, quer-se viver; mas quando a pior coisa que se conhece na existência é a vida, nesse dia, quer-se muito morrer.
O que está acontecendo é que o planeta está cada vez mais possesso de pulsões de morte, e elas, haverão de buscar alívio em tudo, especialmente em todas as formas de evasão da realidade.
O próximo passo é que os homens desmaiarão de terror pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo.
O Big Brother de hoje é o pirulito o Big Brother de amanhã.
Hoje a gente ri dos palhaços.
Um dia os palhaços seremos todos nós.
Fico com meus bichos no Discovery e no National.
Até os extintos Dinossauros são mais reais que os atores do Big Brother.
Receba meu abraço.
Caio