DIZEM QUE SOFRO DE COMPLEXO DE INFERIORIDADE
—–Original Message—– From: DIZEM QUE SOFRO DE COMPLEXO DE INFERIORIDADE Sent: quinta-feira, 27 de novembro de 2003 21:53 To: [email protected] Subject: BAIXA AUTO-ESTIMA Mensagem: Caro pastor Caio, É um imenso prazer entrar diariamente no seu site e também divulgá-lo. Tem sido um bálsamo para a minha vida, pois trabalho a 103 km fora da costa, numa Plataforma, e o seu site tem sido canal de benção. Tenho tido oportunidade de desfrutar de uma comunhão com o irmão ainda que seja de uma maneira virtual. Legal! Caio, eu tenho tido sede de estar com Deus e de falar Dele para as pessoas. Este desejo é tão intenso que sinto necessidade de falar de Jesus diariamente. Pastor, eu sou aquele sujeito que deseja realizar um seminário, mas tenho limitações geográficas; e política interna da igreja atrapalha, pois para ser um seminarista de minha denominação preciso da indicação do pastor da igreja. Pertenço a uma igreja muito histórica. Como não disponho de tempo regular para freqüentar um seminário, gostaria de receber algumas orientações prática em relação a pregação, já que você mesmo já testemunhou que foi auto-didata, ou coisa semelhante. Que tipo de método de estudo enriquece um pregador? Pastor Caio, deixe eu abrir o meu coração para você. Creio e tenho plena consciência que eu não fui chamado para ser um pastor diretamente de uma igreja. Meu chamado desde a minha infância foi para pregar e ensinar as Sagradas Escrituras. Disso não tenho dúvidas. Mas alguns dilemas me trazem insegurança. Gostaria de compartilhar com você. Fui filho adotivo aos cinco anos. isto em 1978. Literalmente fomos abandonados, eu e minha única irmã genética. Minha mãe me teve com dezesseis anos, ainda uma menina. Meu pai era um militar cruel. Eu pessoalmente presenciei diversas agressões físicas por parte dele; atos de torturas como queimá-la com a ponta do cigarro aceso; choques elétrico; isto não é fantasia da minha mente; eu vi. Não suportando os maus tratos lembro-me do dia que ela foi embora. Era tarde de domingo, programa Sílvio Santos…meu pai estava dormindo, e ela me deu um beijo na testa, e me disse:”Um dia eu volto para te buscar”. Agora imagine quando o meu pai acordou? Pegou a arma e foi atrás dela… Nesta etapa da vida o mundo deu uma reviravolta…até que nos fomos adotados por outra família, da qual só tenho gratidão. O meu pai foi embora e reconstruiu a sua vida bem longe de nós; e desse novo matrimônio gerou dois filhos. Tenho consciência que fui um adolescente muito rebelde e agressivo; porém um belo dia conheci a Graça salvadora de Jesus Cristo em 1991. Foi um dos dias mais belos da minha vida. Naquele mesmo ano fui em busca do paradeiro da minha mãe. E com bons contatos de parentes e amigos não foi difícil de encontrá-la. Caio, acredite eu fui adotado por uma família que morava num bairro e minha mãe morava logo ao lado. Que ironia! Treze anos morando em um bairro próximo. E eu imaginava que ela pudesse estar muito distante! Foi um encontro especial. Poder revê-la com saúde… Fiquei compadecido pelas necessidades dela, e resolvi apoiá-la… os meses se passaram…e ela me convidou para morar com ela. Resolvi aceitar o convite. No inicio foi legal, não tive problemas pessoais com ela; mas para minha frustração um dia ela me pediu para eu ir embora. Sabe por que? Porque eu era a “cara”…a voz, o jeito, tudo do meu pai; e ela não suportava. Ela disse que estava ficando difícil para ela suportar o “clone”, pelo menos fisicamente. A minha família de criação entendeu que eu não precisava mais voltar, pois escolhi viver com a minha mãe genética. O meu mundo desabou, mas Deus fortaleceu a minha vida e eu não abandonei a fé por causa da graça de Jesus que me fez forte. Enfim…os anos se passaram, superei muitas dificuldades com a ajuda de Deus, e de alguns amigos que eu considero como “anjos” de Deus em alguns momentos da minha vida. Hoje sou casado há nove anos, tenho uma esposa, mulher e amiga. Deus me deu uma filhotinha linda que fará cinco aninhos. Graças a Ele tenho minha vida organizada e modesta… enfim, estamos lutando, lutando e lutando. O desejo do meu coração é fazer conhecida a bondade de Deus através de Jesus. Eu lhe expliquei tudo isso de uma maneira resumida para lhe fazer algumas perguntas que se você se dispuser a responder me ajudar muito: Algumas pessoas dizem que eu tenho problemas com rejeição. Sinceramente não percebo. Amo a minha família. Tenho um bom relacionamento com ela. A minha mulher acha que eu tenho complexo de inferioridade. Enfim…se tenho problemas nestas áreas não consigo perceber. Uma vez procurei a ajuda de uma psicóloga, mas no final parecia que eu que estava ajudando-a. Falar com o pastor da igreja nem sonhando….é gente boa, mas os problemas em gabinete…no dia seguinte ele comenta nas esquinas da cidade. Realmente percebo que algumas coisas aqui dentro de mim precisam se ajustar. Como dificuldade em conviver em família (parentes), fazer muitos amigos… Também não sei se essas opiniões a meu respeito de mim são reais, ou um jugo que querem colocar nas minhas costas. Não confio nessas curas interiores vendidas por ai. Como regressão ou coisa semelhante. Gostaria de entender o que é rejeição e complexo de inferioridade. Qual a cura para estes males. E se tem a alguma influência em minha vida. Quais? Um abraço do seu irmão em Cristo que muito lhe admira, e sempre orou a Deus por sua vida. Saiba que aqui onde moro existe um irmão orando por você. Breve estarei levando uma caravana de jovens lá no Café com Graça. Será um dia de sábado. OK? Vou ficar vigiando a agenda: no dia que você for pregar, a galera vai gostar. Um forte abração do seu irmão que realmente um dia deseja lhe dar um abraço pessoalmente. ________________________________________________________ Resposta: Amigo querido: Aba, Pai! Em relação à primeira parta—ministério—acho que você não deveria se afligir. Leia a Palavra, compre bons livros de suporte técnico-histórico-cultural da Bíblia, e consulte-os. No mais, aproveite as oportunidades pessoais, e coletivas—sem ser chato. Quanto às formalidades da ordenação, saiba uma coisa: se você carregar o dom de Deus eles mesmo irão buscar você e pedir para que você ou estude ou seja ordenado. Não esquente a cabeça com isto. Faça o seu trabalho. Com reação à sua história e aos “diagnósticos” que têm feito de você, tenho a dizer o seguinte: 1. Você pode ser, sim, um cara que olha para si mesmo abaixo do que convém. Mas pode também ser que você seja assim mesmo, precisando apenas amadurecer, e ficar mais seguro de si. Nesse último caso, devo também admitir que rola um preconceito: “crianças adotadas têm auto-imagem baixa”—dizem. Burrice! 2. Se você é alguém que vê a si mesmo abaixo do que convém, então, meu amado, sua cura está em ver-se na Graça de Deus como uma história de amor, e que está longe de estar acabada, e cuja finalidade-destino é ser um andarilho no chão deste Planeta Caído a fim de conhecer a Deus no tempo, e em meio às ambigüidades da vida na terra. Então, sem medo, ponha a cara para fora…tudo é trabalho de Deus dentro…é dentro onde Ele está esculpindo a maravilha. 3. Tenho uma filha adotiva. Adotei-a quando tinha 3 meses. Hoje ela tem vinte anos. E o único problema que ela não tem é de baixa auto-estima. Mas tenho um filho natural que de vez em quando luta com esse sentimento. Veja: pode acontecer a qualquer um. Portanto, um problema a menos para quem eventualmente luta com o sentimento de baixa estima é eliminar esses “álibis”, tipo: Sou adotado; ou: Papai era um bêbado; ou: Cresci sem atenção; ou ainda: Mamãe era uma mulher sem afeto—Parar com isto é fundamental para que olhemos a nós mesmos sem “peninha”. 4. Quase todo individuo que sofre de baixa auto-estima anda de mãos dadas com uma horrível auto-piedade. Aqui o bicho pega. O cara tem pena de si mesmo, e, por isso, acha-se cada vez menor, e, portanto, mais digno de penas, e, assim, cada vez menor, e, dessa forma, cada vez mais digno de pena…. 5. A cura para a baixa auto-estima é a construção de senso de responsabilidade pessoal. Uma pessoa que possui senso de responsabilidade pessoal não sofre nunca de baixa auto-estima. É preciso se estimar em alguma coisa para assumir responsabilidade. 6. O excesso de responsabilidade pode levar à neurose, mas sem um senso sadio de responsabilidade ninguém é curado da baixa auto-estima. Um ser responsável não aceita desculpas que justifiquem sua falta de coragem para viver e enfrentar as coisas. 7. É na coragem o lugar onde o ser mergulha, depois que assumiu senso de responsabilidade. Coragem para olhar para frente e dizer: Vou honrar pai e mãe fazendo meus pais serem muito melhores em mim. E não apenas isto: serei corajoso porque minha existência na terra é uma missão para a Glória de Deus, e para o forjamento de um homem em mim, e que é segundo Cristo, e que se renova na imagem de Deus. Este é você! Abrace-se e caminhe! Nele, que nos adotou, Caio 27/11/2003