E TEM ANJO MULHER?

——- Mensagem Original ——– De: E TEM ANJO MULHER? Para: “[email protected]” Assunto: Me tire uma Duvida!!! Data: 15/11/03 Olá Rev… Como passas? Ontem ouvi um estudo sobre anjos. E no meu ser eu não aceitei a explicação. O fato é que mencionaram que os anjos podem vir em forma de mulher também. Apesar de não terem sexo…mas é na Bíblia associam os anjos mais com a masculinidade.. eu perguntei qual era o versículo que dizia que os anjos se apresentavam como mulher…e me deram este versículo de Zacarias 5:9… eu não concordei, eu disse que este versículo não tinha nada a ver com anjos… Mas como eu não sou Pastora, ( segundo as normas da igreja), pois o que fiz foi Faculdade de Teologia e não concluí… então minha palavra fica sem mérito. Mas eu falei que ia perguntar a quem sabia, e a quem não tem somente o nome de Pastor, tem conhecimento, e conhecimento com vida… referindo-me ao reverendo; e disse que depois eu levaria a reposta pra eles… Sei que no site fala dos anjos, mas gostaria q o Rev me respondesse neste contexto de Zacarias, se aqui são anjos mesmo, ou somente uma visão que o anjo estava dando a Zacarias… Estamos sempre aqui online… Receba nosso carinho… ************************* Resposta: Minha amada amiga: Paz e Proteção! Fico muito feliz e, ao mesmo tempo, imensamente preocupado que os teólogos do lugar fiquem com ciúmes de mim… De fato, na acepção da palavra, eu sou um leigo. Não sou “leigo” na Palavra, mas cabe bem a mim a palavra leigo. Na Palavra, não há “leigos”—com a conotação que o termo ganhou; ou seja: aquilo que designa o rebanho do clero—, pois todos são leigos, incluindo o clero, visto que são “povo” (esse é o sentido bíblico do termo: povo), visto que não há tais categorizações entre o povo de Deus, aos olhos de Deus. O texto de Zacarias diz assim: Então saiu o anjo, que falava comigo, e me disse: Levanta agora os teus olhos, e vê que é isto que sai. Eu perguntei: Que é isto? Respondeu ele: Isto é um efa que sai. E disse mais: Esta é a iniqüidade em toda a terra. E eis que foi levantada a tampa de chumbo, e uma mulher estava sentada no meio do efa. Prosseguiu o anjo: Esta é a impiedade. E ele a lançou dentro do efa, e pôs sobre a boca deste o peso de chumbo. Então levantei os meus olhos e olhei, e eis que vinham avançando duas mulheres com o vento nas suas asas, pois tinham asas como as da cegonha; e levantaram o efa entre a terra e o céu. Perguntei ao anjo que falava comigo: Para onde levam elas o efa? Respondeu-me ele: Para lhe edificarem uma casa na terra de Sinar; e, quando a casa for preparada, o efa será colocado ali no seu lugar. De fato esta é a primeira vez que criaturas vinculadas ao mundo espiritual aparecem, positivamente, expressando o gênero feminino no Velho Testamento. Então levantei os meus olhos e olhei, e eis que vinham avançando duas mulheres com o vento nas suas asas, pois tinham asas como as da cegonha; e levantaram o efa entre a terra e o céu. Antes de tudo vamos entender as imagens. Um efa equivalia a uma medida que poderia ir de 22 a 50 quilos. Era um barril de medir farinha. Portanto, o que se viu foi um barril, com uma tampa de chumbo, e dentro dele uma mulher sentada. A visão representava a “iniqüidade de toda a terra”. O papel das “mulheres” que voavam com asas como de cegonha era levar o Efa com a mulher dentro dele, entre o céu e a terra, até Babilônia, ou seja: até a terra de Sinear. A iniqüidade aprendida em Babilônia deveria ficar em Babilônia, e não ser transportada para Israel. O povo vivera e se aculturara com os deuses e costumes de Babilônia; agora era hora de deixar em Babilônia a iniqüidade de Babilônia. O Reino da subjetividade impera na passagem. Uma mulher não caberia dentro de um barril de efa. Portanto, tudo é simbólico e subjetivo. As “medidas”—simbolizada pelo efa—de Babilônia ficariam em Babilônia. Lá era o seu lugar. Na Bíblia há muitas formas usadas a fim de representar o mundo espiritual. Há objetos de estranha aparência, como em Ezequiel. Há seres “Bola” e com olhos para todos os lados, para dentro e para fora, como no Apocalipse. E há representações do mal que se servem de bestas, dragões, e até de híbridos formado de muitos seres, como é o caso em Apocalipse 9: 1-12—incluindo o fato que aquele ser também tem cabelos como de mulher. Portanto, não creio que o significado do texto tenha nada a ver com qualquer tentativa de nos dar uma anatomia dos anjos, nem tampouco estabelecer neles a variedade de gêneros; até porque esse não é o caso. A mulher de dentro do efa dá cara à maldade que será removida. E as duas mulheres que a carregam entre o céu e a terra, fazem-no sob o levar do vento (rúah), que sempre se associa ao Espírito de Deus. Portanto, pode-se entender também: A iniqüidade será levada nas asas do Espírito. Ou seja: a Graça de Deus levará a iniqüidade para onde ela tem que ficar (10,11). Uma habitação seria ali estabelecida para aquela realidade espiritual, e lá ela ficaria; pois lá era o seu devido lugar. O espírito da visão é um só: Deus é cheio de Graça; Ele removerá a iniqüidade e a colocará no lugar de seu próprio juízo; pois Ele é soberano; e Ele mesmo é quem limpa toda a iniqüidade. Respondendo a sua pergunta especifica: 1. O espírito do texto nada tem a ver com designação de gênero e nem de anatomia angelical. 2. Toda a visão se dá no reino da subjetividade e das simbolizações. 3. O fato de uma mulher está assentada dentro do barril de comida—de trigo—deveria nos sugerir que os pecados aprendidos em Babilônia haviam se tornado essenciais, como o trigo; e compulsivos, como o instinto de um homem por uma mulher. 4. O fato de duas mulheres levarem nas asas do vento (rúah) a iniqüidade representada por uma mulher sentada dentro do barril de efa, mostra um equilíbrio simbólico: a imagem da mulher tanto serve para o bem quanto para o mal; assim como é o caso da imagem do homem. 5. Não é boa coisa tratar as imagens de seres celestiais na Bíblia como tendo valor anatômico, pois, sua literalização nos impediria de ver as simbolizações, e nos mergulharia num mundo estético que tem pouco valor ao espírito da mensagem. 6. No Apocalipse também há duas mulheres: Babilônia, a Grande Meretriz; e a Mulher que dá a luz ao filho que há de reger as nações; a mesma que é salva da fúria do mal, e escondida por Deus até ao tempo próprio. Portanto, o Apocalipse usa duas imagens de mulher para significar coisas diametralmente opostas. 7. Para mim os anjos pertençam a uma dimensão na qual nossas designações de “gênero”, como masculino e feminino, de fato, não cabem. Eles não se reproduzem, nem se casam e nem se dão em casamento, mas podem “abandonar o seu estado original”…e são capazes de seguir “após outra carne”—conforme Judas e II Pedro, sem falar em Gênesis 6: 1-10. 8. Quase todas as manifestações de anjos na Bíblia são profundamente “aculturadas”. São anjos que se vestem como homens e conforme os tempos e épocas em questão. 9. Deus é livre para eleger as simbolizações que melhor venham a se adequar àquilo que Ele pretende comunicar. 10. Na minha maneira de ver a aparência dos anjos é mais uma questão de “comunicação com o meio histórico-cultural” que qualquer tentativa de nos dar um “retrato” deles. A Bíblia não é um livro de aparências, mas de representações. Eu, pelo menos, quando leio o Apocalipse, não imagino que a Nova Jerusalém é um Retângulo Cósmico. Para mim cada coisa ali carrega uma representação de uma realidade que só pode ser “apreendida” se expressa com símbolos. Espero ter sido de algum valor esta minha singela explicação. Receba meu beijo. Nele, Caio