ESTOU MORRENDO COM SAUDADES DE DEUS

—–Original Message—– From: ESTOU MORRENDO COM SAUDADES DE DEUS Sent: quarta-feira, 26 de novembro de 2003 16:00 To: [email protected] Subject: AS CONFUSÕES DA IGREJA ROUBARAM A MINHA FÉ Mensagem: Olá, pastor Caio, Tudo bem?! Sou evangélico há mais de dez anos, porém já faz uns quatro anos que não congrego em nenhuma igreja. Sinto-me vazio. Sinto saudade da comunhão, sinto saudade do meu Deus. Antes de me afastar da igreja, eu era um seminarista, porém me vi abandonado e até ignorado pela minha liderança que só tinha olhos para o prédio, para a estrutura, para o que os outros falavam deles… Essa igreja era fruto de um “racha” que houve, e depois de diversos problemas larguei a igreja, o seminário e fui trabalhar. Hoje eu me sinto só, sem ter com quem conversar, sinto necessidade de ser pastoreado. Sinto-me profundamente necessitado de Deus, de restabelecer a comunhão com Ele, de voltar a dirigir louvores a Ele, mas eu confesso que fiz, e tenho feito tantas coisas erradas desde então, que não consigo me ver e nem me sentir perdoado para recomeçar. Como o aconchego dos braços do Senhor me faz falta. Quando li sobre o Café com Graça, de repente, me vi novamente no lugar de onde eu nunca devia ter saído, em meio ao povo que se chama pelo Seu Nome. Mas infelizmente o Café fica no Rio e eu continuo buscando o lugar onde possa, outra vez, me sentir parte do Seu povo. Percorri um caminho sem volta, pelo menos fisicamente, pois estou terminalmente doente, conseqüência dos meu pecados, com certeza. Uma tristeza muito profunda me ocupa hoje. Estou de mãos atadas, dependente de remédios para permanecer vivo mais algum tempo. Eu queria tanto me sentir perdoado, mesmo sabendo que eu tenho que crer no perdão e não nos sentimentos. Queria voltar a compartilhar dos sonhos de Deus, quem sabe terminar o seminário e ser aquilo para o que Deus me separou um dia, um missionário. Por que fui tão fraco? Porque fui tanto inseguro, inconstante, infiel a Deus???? Por que sou uma pessoa tão miserável, tão indigna, incapaz de estar diante de Deus?? Meu Deus, Jesus Cristo, que saudade!!!! Pastor obrigado pela oportunidade que me deu de desabafar um pouco. Que o Senhor Jesus o abençoe e lhe retribua infinitamente. Caso o irmão tenha algum tempo e puder ler e escrever-me algo, lhe serei muito grato. Paulo (pequeno, pouco, insuficiente – este é o significado do meu nome – como o pastor deve saber.) ************************************ Resposta: Paulo, meu irmão: estão perdoados todos os teus pecados! Minha palavra a você é Palavra de Vida: Feliz é aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto pela graça de Deus. Feliz é o ser humano a quem o Senhor não atribui a iniqüidade, e em cujo espírito Deus não vê a deliberação da maldade. Sei disso por experiência própria, pois, enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu incessante bramido interior o dia todo. Silenciei, mas minha alma bramiu. Calei-me, meu espírito, todavia, não cessou de gemer. O silêncio não era a confissão que meu ser demandava fazer. Assim, sentia a Tua mão pesando sobre mim o tempo todo, meu apetite desapareceu, minha alegria de viver desvaneceu, meu humor perdeu o húmus e o chão de minha alma secou como a caatinga. Até que… Sim! Tu sabes… Abri as comportas do ser, tirei o selo de minha boca e falei a verdade que Tu sabias: confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri! Ah! Quando decidi falar, esperava ser esmagado pela Tua mão. Assim mesmo eu disse a mim mesmo: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões… Que lindo susto tive com a Tua infinita misericórdia, pois, ao invés de me esmagares como a um inconveniente inseto, Tu perdoaste a culpa do meu pecado. Pecado era, Tu é que me absolveste de toda culpa quando com verdade falei-te o que em mim eu sabia ser verdade, mesmo contra mim. Desse modo Tu conquistas a piedade para o coração daquele que Ti ofendeu ou ao próximo. Pois, sendo Tu cheio de graça, todo aquele é piedoso orará a Ti, a tempo de Te poder achar… Além disso, quando o dilúvio se lhe abater sobre a vida e os rios das correntes do ódio e da destruição vierem sobre ele com o rancor das pororocas ressentidas…sim, quando trasbordarem as muitas águas não cobrirão a sua alma. Tu és o meu esconderijo. Preservas-me da angústia. De alegres cânticos de livramento me cercas. Assim Te ouço dizer-me: Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; aconselhar-te-ei, tendo-te sob a minha vista. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio; de outra forma não se sujeitarão. E ouvindo assim a Tua voz, aprendi que o ímpio tem muitas dores, mas aquele que confia no Senhor, a misericórdia o cerca. Por isto digo a todo aquele que me desejar ouvir: Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós, justificados; e cantai de júbilo, todos vós que tendes o coração lavado pela graça do perdão. O que foi escrito, para nós foi escrito. Para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança! Leia um pouco mais a Palavra comigo: Os salmos têm a expressão “minha alma recusa consolar-se”. Quando eu era mais jovem achava que isso era uma certa birra da alma e que, de fato, a expressão se vinculava apenas aos momentos em que algo ruim acontece e, por conta disso, a alma cumpria seu luto enquanto a mente tentava impedi-la de sofrer tudo. Hoje sei que não é assim. Existe mesmo um estado em que a alma não aceita nenhum consolo. Nem o consolo da razão, nem o das percepções dos consoladores e nem mesmo a lógica favorável dos fatos que se somam em seu favor. A alma recusa consolar-se… A alma tem vontade própria…é voluntariosa. O mecanismo interior pode variar muito a fim de que esse estado seja mantido. Pode ir da auto-piedade à consciência de perdas que fogem aos sentidos da razão ou da lógica da consolação. Pode ir da auto-imposta ignorância à vinculação da alma a alguma forma de culpa imperdoável para o individuo que se assume mau-humor por não gostar dos resultados da existência…ainda que sejam melhores—simplesmente porque a alma tem significações que até o coração desconhece. É quando se deixar consolar parece significar uma traição do ser a um bem que só ele conhece, ao mesmo tempo em que também não tem nem conhecimento lógico de sua existência ou coragem de confessar, no caso de ficar sabendo a causa. Assim, não se sabe o que é porque se ignora, mas ignora-se porque não se quer saber o que é, visto que não se teria naquele momento coragem de admitir. Assim, a alma se encurrala entre a certeza latente e ignorância patente e não tem coragem de buscar conseguir nem chamar pelo nome aquilo que a está matando de carência. Desse modo, o que é latente continua latente e o que é patente—a falta de coragem—continua presente, encurralando o coração no direito de sentir aquela dor, ou de senti-la como direito. Essa impossibilidade de consolação vicia a alma. Se a pessoa não perceber isso em tempo, muitas vezes instala-se um mau humor crônico no ser. Então o indivíduo instaura tal estado definitivamente. Agora o mal sem causa continua sem causa, mas achou uma não causalidade que tem nome—disfarça melhor a sombra—e o apelido dessa angustia passa a ser, nesse caso, mau-humor. Mau-humor é mau-humor. Diz-se: Ele é mau-humorado!—e ponto. Parece que está tudo explicado. A genética e as constituições do DNA da psique parecem assimilar como bode expiatório toda a responsabilidade—e uma vez que se dá nome parece que o bicho se sociabiliza. Na sociedade há lugar para o mau-humorado—pode até mesmo virar graça e humor para os outros—, mas não há lugar para o que “recusa consolar-se”. Muita gente boa de Deus já conheceu esse estado de auto-recusa da alma ante a possibilidade de consolo. Na minha maneira de ver há um tempo em que toda tentativa de consolação faz mal. Há uma estação de recusa de consolação que é sadia—melhor é chamar de luto. Mas quando o estado se cronifica, então começa a se instalar no ser não um mau-humor (mau-humor ainda é um bicho domável e aceita negociar), mas um a-humor: uma atitude de quem perdeu a luz da vida e que mesmo na escuridão não deseja ver, pois, nada muda: o escuro e o claro viram a mesma coisa: a pessoa perdeu o interesse em saber, ver, conhecer, experimentar, se surpreender… Até para se deixar surpreender você precisa ter uma certa predisposição. Aliás, uma das boas maneiras de avaliar o estado de um ser que “recusa consolar-se” é verificar se ele ainda responde a surpresas súbitas. Se “responder”, pode sair do estado a qualquer momento—especialmente se não encherem a paciência da pessoa com a tirania da consolação. Mas se a pessoa de fato se tornou não surpreendível, então a coisa está ficando feia. Nesse caso, é melhor tratar a situação não como uma estação da alma, mas como uma determinação de fixar residência naquele buraco. E aí a pessoa precisa ser acordada a fim de começar a ver que seu direito ao estado daquele sentir acabou. Virou doença. Não tem mais desculpas. Não há mais cumplicidades. A insistência na manutenção do estado inviabiliza a existência e impede o convívio humano e social. Houve, de fato, uma perda de significados existenciais mais profundos que os observadores podem entender ou admitir. Mas é o dolorido quem tem que ficar sabendo que é isto, mesmo que ele ainda não saiba o que é isto ou o que isto é. Mas toda libertação começa e termina na Verdade. Quando nossas significações existenciais se perdem, a única maneira de retomá-las é na presença Daquele que é o único que pode re-significar as coisas em nós. “Eu, porém, olharei para o Senhor”—como disse Miquéias em meio à total desesperança. Agora, meu amigo, fica uma palavra final. Chegou a hora de você levantar. Creia no que segue escrito. É Palavra de Deus para você! Não sei qual é a sua doença terminal. Sei, todavia, que ela não tem mais o poder de matar você. Paulo, você é de Jesus. Aposto todas as minhas fichas nisto! CREIA E TOME POSSE PELA FÉ! DEUS É FIEL E NÃO MUDA! VOCÊ SABE QUE EU SEI O QUE ESTOU FALANDO! “Tortuoso é o caminho do homem carregado de culpa, mas reto o proceder do honesto´. Pv 21: 8 Pecar é humano, mas permanecer em estado contínuo de tortuosidade produz um estado de culpa que os humanos não suportam por muito tempo. Mesmo que seja aquela culpa que não se trata como tal, mas que o praticante sabe que é culpa. Seja culpa sabida e sentida como culpa, ou apenas a culpa interpretada como tal pela esperteza do praticante que esconde seus atos—o resultado final é sempre o mesmo: os caminhos se tornam tortuosos. Para encobrir o ilícito, anteparos, álibis, pretextos, desculpas, encontros inexistentes, falsos compromissos, estórias, desvios súbitos de rota, encontro com amigos desaparecidos, falsificação, distração—precisam ser inventados para que o que pratica a coisa desonesta possa escapar com ela. Só que se trata de um interminável processo de construção de um mundo paralelo, inexistente aos sentidos de terceiros, mas necessariamente “real” para o contador de estória. E mentirá tanto que poderá acabar se convencendo que sua estória é uma história. As conseqüências são as seguintes: 1. Seu senso de realidade se alterará. Com o passar do tempo a mentira se instala como programação natural e o ser inicia um processo de mistura entre o real e o imaginário, e adoece. 2. Os caminhos tornam-se tortuosos. Uma vez que alguém se vicie nessa pratica não haverá jamais a possibilidade de que tal pessoa faça qualquer coisa reta, à menos que se arrependa e se deixe reeducar. Do contrário, todas as tentativas de fazer o que é reto esbarram no seguinte: a execução da nova vereda reta passará, inevitavelmente, pela vereda tortuosa—e poucos têm coragem de se auto-denunciar no que é tortuoso a fim de iniciar a pratica do que é reto. Assim, muitas coisas já não cridas como espertezas, continuam sendo praticadas pelo medo que o praticante tem de vir a ser descoberto como um estelionatário da realidade por tanto tempo. Desse modo, a culpa faz a manutenção da vereda tortuosa. É obvio que se alguém puder concertar caminhos tortuosos sem precisar escrever um livro, melhor será. Afinal, esse é um mundo que não vive de verdade, mas de aparências. E os juízes humanos são implacáveis. Bem, sei que você conhece a Jesus. Acaba aqui esse tempo de exílio. Se conseguir, procure uma igreja simples e razoável. Comece a freqüentar. Leia a Palavra todos os dias. Visite o site. Me escreva. Vou dar atenção total a você! Se puder, venha ao Encontro da Irmandade Virtual que está anunciado aqui no site. Será em sampa, portanto, bem perto de você. Levante a cabeça! Vejo você lá. Nele, de quem somos indesviáveis, Caio