ESTOU SEM SABER O QUE FAZER DE MINHA ALMA E DE MEU AMOR
—–Original Message—–
From: Estou sem saber o que fazer da minha alma e do meu amor
To: [email protected]
Subject: POR MISERICÓRDIA UMA ORIENTAÇÃO.
Prezado e querido Pastor Caio Fabio:
Paz e misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo!
Gostaria de obter uma orientação para o meu caso, que consome a minha alma a todo instante.
A minha historia é longa mas vou resumi-la.
Casei muito cedo, e por mais de 25 anos, fui fiel a minha esposa. Mas percebi que com o passar do tempo, que meu amor esfriou…
Percebi que tinha sentimentos de respeito e pura amizade pela minha esposa, apenas isso.
Um determinado dia acabei me envolvendo com outra pessoa, bem mais jovem, e me senti
Valorizado como homem (o ego inchou); e passei a viver um novo amor, que não revelei a ninguém.
Resultado: me separei, mas não oficialmente.
Tenho muito amor aos meus filhos (todos adultos); e até penso em sacrificar meu sentimento de amor, a fim de voltar a viver com a minha
Mulher—por quem não tenho amor e nem desejo, mas apenas muito respeito—apenas por causa da família.
Eles não sabem de nada, mas, evidentemente, desconfiam.
Eu fico pensando se valeria a pena… Eu viveria infeliz por dentro (pois eu nunca contaria o ocorrido; acho que ofenderia muito a família),e também teria a frustração de deixar alguém a quem amo e que me faz muito feliz…
Sei que preciso resolver isto logo…ou será melhor eu ficar sozinho, pois, assim estaria pagando o meu erro com
a solidão…sem contar a pressão da família, com os comentários e o ti-ti-ti “normal” de fofocas…aí você passa a ser visto como um crápula, um canalha, um egoísta, um mentiroso, um adultero, etc.
Por outro lado eu penso que tenho o direito e chance de ser feliz, tendo o prazer de ainda viver, lutar, etc…Ou seja: de prosseguir a minha vida com alguém que eu amo e me ama também.
A pessoa com quem estou é maravilhosa e me completa, me faz feliz.
Me ajude.
Me dê uma luz.
Estou sem saber o que fazer da minha alma e do meu amor.
Em Cristo,
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Querido amigo: Paz!
Desculpe a demora na resposta. Espero que minha opinião ainda tenha alguma utilidade.
Infelizmente essa é uma decisão solitária.
Não posso ajudar você a decidir.
Posso apenas ajudar você a dizer o que não vale a pena, ou, quem sabe, o que vale a pena.
Dependendo da idade, uma separação em busca de algo que nos mata quando não existe, pode ainda valer a pena.
Creio que até aos 50 anos uma decisão dessas—se for verdadeira, e não apenas uma dissimulação—, pode realizar algum bem, especialmente se os filhos já são adultos.
Sei que é horrível você estar casado com quem ama como amiga e parente, mas não como mulher. O individuo se sente “traindo”, adulterando contra sua própria alma, que demanda dele sempre a verdade.
Mas também sei que muita gente se arrepende quando dá vazão à “pulsão” pensando que está caminhando na direção do amor.
Na hora da carência tudo fica muito parecido.
Se você já tem mais de 55 anos—e aqui estou sendo apenas estatístico—, pode ser que você se separe, tenha um tempo de muito prazer e alegria, encontre um rejuvenescimento de alma, e, depois, quando for viver junto com a amante como nova mulher, você mergulhe na rotina, e pense:
Meu Deus! Rotina por rotina, na outra, pelo menos, eu já tinha a minha rotina; e agora estou tendo que me adaptar a uma “outra rotina” Apenas mudei meus problemas de endereço.
Veja que estou sendo muito “prático”.
O que de fato observo é que casamentos completamente incompatíveis vão mal até a morte. Nem mesmo a velhice acalma tais seres. E há muita gente que teria que ter a coragem de dizer para si mesma que não está dentro de um casamento, mas numa torcida permanente pelo falecimento do outro, a fim de ficar “livre” sem ter que dar satisfação a ninguém.
Há muito homicídio psicológico em casamentos assim.
Ora, esse não é o seu caso.
Seu caso eu conheço intimamente, pois foi assim que me senti muito tempo: amando a quem eu não sabia amar como a pessoa queria, pois desejava ser amada de uma outra forma, que eu não encontrava em mim para entregar.
Sei que viver assim é um inferno, mesmo que na aparência tudo esteja muito bem. E mais: sei que esse “mal” só dá em gente boa. Homens sem coração não estão nem aí para a questão!
Há, todavia, algo que você terá que pesar muito bem.
Quem ama a família, como parece ser o seu caso, muitas vezes não suporta as conseqüências da decisão, mesmo quando a toma por amor.
A pressão é muito grande sobre a “pessoa” que se torna o “pivô da separação”—mesmo que você a proteja das pressões—, sofrerá eterna segregação e será vítima de todos os preconceitos dentro de sua família.
Provavelmente você não sobreviva aos boicotes da família.
Você, de súbito, sentirá e pensará o seguinte:
Puxa! Vivi para eles a vida toda, e agora eles não me reconhecem mais…
Algumas poucas vezes essa “fase” passa rápido, e a família, logo depois, “enxerga” o que houve sem passionalidades. Mas tudo depende de como a “esposa deixada” tratar os filhos, a si mesma, aos amigos e a você.
Se ela for generosa e sentir sua própria dor com dignidade—sem esquecer de quem você é—, tudo pode voltar ao normal.
Mas se ela for vingativa e manipuladora, meu amigo, tenho a dizer que você conhecerá o “inferno já nesta terra”.
Portanto, como disse, essa é uma decisão solitária.
Tenho apenas mais umas poucas coisas a acrescentar.
Não assuma nenhuma forma de “purgatório”; ou seja: não diga “vou ficar só para me punir”. Não é verdade, não funciona e faz mal, muito mal.
Não pense em felicidade como “direito”. Essa foi a palavra que você usou. Felicidade nunca é um direito. Ela é apenas uma possibilidade. E sempre será uma possibilidade que se instalará como “potencial”, nunca como estado permanente.
Não precisa sair por aí contando nada a ninguém. Numa hora dessas não dá para contar com quase ninguém, por isso não adianta contar para ninguém. Poucos são os amigos de verdade que podem ouvir, entender, aconselhar, não julgar, e não serem solidários nem com a idiotice e nem com o romantismo, sempre presentes nessa hora.
Portanto, escreva, que, se me for possível, tentarei sempre ser útil.
No mais, muita calma e muita Paz para poder andar até a paz.
Somente a Paz que vem da Graça de Deus (Rm 5:1-3), pode nos ajudar a passar pela “tribulação” sem perder a cabeça.
Receba meu abraço.
Nele,
Caio