MEUS PROBLEMAS: INSEGURANÇA E PORNOGRAFIA

Não sei se conseguirei ser breve no que vou escrever, mas vou me esforçar….

Conheci Jesus em 1994 num grupo de oração.Só passei a congregar numa “igreja” em 1998.. Meu primeiro ano de convertido foi o mais feliz de toda minha vida até hoje.

De lá para cá minha alegria foi diminuindo, diminuindo….. Minha relação com Jesus foi se esfriando a cada dia e assim tenho vivido até hoje.

Sinceramente, olho para os dias em que vivia sem Jesus e talvez eu era mais alegre naquela época do que hoje. Tenho pedido a Ele que mude essa situação mas ainda não vi solução.

Sou casado agora. Hoje, ainda faço parte do ministério de louvor. Sei que tenho um chamado d’Ele mas minha vida está travada. Sei que preciso de cura de Deus em algumas (senão muitas) áreas da minha vida (acho que não cabe neste email).

Estou muito triste pois me sinto totalmente perdido e sem forças para levantar.

Sei que não estou sendo muito específico, mas só estou querendo desabafar um pouco e pedir uma oração, uma palavra. (Engraçado, nunca fui de ficar pedindo oração…)

Talvez eu possa escrever mais outro dia …. espero não tomar o seu tempo.

Quero dizer que sinto muita paz nas coisas que leio aqui no site. Mesmo não concordando 100% com tudo que leio. Tenho sido abençoado bastante. Mesmo sem te conhecer pessoalmente sinto um carinho grande por você, pelo amor verdadeiro e simplicidade que você expressa em suas palavras.

Deus te abençoe !

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Resposta:

Meu amado: Paz!

Gostaria de estimular vc a fazer dois exercícios:

1. Dizer quais são essas “coisas” que você não falou no e-mail;

2. A ter coragem de dizer, quem sabe, que seu problema não tem nada a ver com Deus, mas com sua vida, com o que você não gosta—por isso, fale: de sua profissão, de seu casamento, desse “chamado” que leva a culpa de sua presente infelicidade, etc…

Fale, meu irmão.

Um beijão,

Caio

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Olá Pastor,

Primeiramente, não posso de deixar de cumprimentá-lo pela rapidez com que respondeu o meu email. Não esperava ser atendido tão depressa.

Bom, vamos começar…. De uma coisa tenho total convicção. Meu problema não tem nada a ver com Deus. Não tenho nenhuma decepção com Ele e sim comigo mesmo. Creio que meu problema se resume em duas coisas:

1. Sou uma pessoa muito insegura comigo mesmo, sem auto-estima. Não me sinto capaz de empreender, de ser bem sucedido em algo. Tenho a impressão de que não me consigo bom em nada que faço. Quase sempre começo uma coisa e não termino. Já orei a Deus para tentar entender o porquê disso e até cheguei a algumas conclusões. Dizem que quem passa segurança a personalidade de uma pessoa é o pai. Meu pai sempre foi e ainda é uma pessoa fechada com os filhos. Nunca tivemos um diálogo e nunca fomos amigos de verdade. Grande parte da minha infância e adolescência ele passava viajando a trabalho, passando só o fim de semana em casa. Tenho certeza de que isso me fez muita falta. Não o culpo de forma alguma por não ter sido mais próximo de mim e também não tenho dúvidas que ele me ama. Sei que ele é assim porque teve uma infância muito difícil, apanhava muito do meu avô e sem ter exemplo dentro de casa fica difícil. Pode ser que essa seja parte da razão do meu problema. A minha dificuladade está em como superar isso. Sei que Deus já fez muito por mim, mas ainda não consegui vencer essa barreira.

2. Outra coisa que me entristece na minha vida está relacionado a pornografia. Desde a minha adolescência isso faz parte da minha vida. Quando me converti, passei um ano longe disso, talvez por ter sido a época da minha vida em que mais busquei a Deus, mas depois voltou. Com a internet foi ficando mais forte e isso me fazia sentir fraco espiritualmente e sem autoridade. As vezes fico algum tempo longe (meses) mais depois volta com toda intensidade. Também temnho buscado a causa desse mal na minha vida e também cheguei a conclusões. Sofri muito na adolescência com as garotas (ou melhor: a falta delas). Sempre fui tímido e não me dava bem de jeito nenhum e era muito ridicularizado por isso pelos meus “amigos” e me sentia exposto à todos por isso. Só dei meu primeiro beijo por volta dos 16 anos e só a partir daí a coisa melhorou e passei a ser “normal”. Daí estava pensando eu com os meus botões se a pornografia não era uma forma de eu ter (inconscientemente) as garotas que não consegui no passado. Será que estou certo ? Mesmo assim, se essa for a razão, também não consegui ser curado. Tenho uma esposa maravilhosa e sinto que isso possa afetar a nossa vida conjugal. Não sei como ficar livre disso !! Será que esse é meu espinho na carne ???

Espero que eu possa ter sido claro… e que o senhor possa me ajudar de alguma forma.

Obrigado pela sua atenção !! De coração !!

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Querido amigo: Paz!

Meu amigo querido, você não pode se valer de seu passado para o seu presente. Traumas existem até a pessoa poder dizer o que você disse, ou seja: a insegurança vem de meu pai, e a pornografia provavelmente vem das meninas que desejei ter e não tive. Uma vez que a gente se enxerga assim, acabou a estação do ser problemático e começou a do ‘solucionático’.

O que estou dizendo? Primeiramente, que se seus dois problemas tiverem essas raízes, então combata-as nesse nível. Como seria isto?

1. Insegurança: já que sei que ela vem de meu pai, agora estou livre para ser eu mesmo. Chegou a hora de eu saber quem sou e não hesitarei em descobrir. Terei coragem de dizer o que penso, e tratarei minha timidez como algo a ser vencido, não como algo incurável.

2. Pornografia: se ela vem das meninas que você deixou de ter—ou seja: da vontade de ter conhecido outras mulheres além da sua esposa, então, há duas coisas a avaliar:

a) Sua vida sexual com sua esposa é travada e limitada, e por isso você tem essa pulsão por “ver” outras mulheres;

b) você não ama a sua esposa como mulher, e, por isso, não se sacia apenas com a referencia sexual que você tem nela. E, se é assim, você precisa encarar a verdade a fim de ser liberto.

O que sugiro, então?

1. Que no caso da insegurança você comece a praticar ações que sejam a continuidade daquilo que você pensa—obviamente que com bom senso; ou seja: não estou estimulando você a ser uma chato, sincerista, mal educado, e que fala tudo o que passa pela cabeça. Mas estou estimulando você a falar forte, firme,, com resolução, a olhar nos olhos das pessoas, e a dizer tudo aquilo que você julgar ser próprio. Não engula nada que seja próprio.

2. Que no caso da pornografia você comece do começo. Sua primeira tarefa é ver se você e sua esposa não estão sexualmente travados e precisando de um óleo nessas engrenagens. Se for esse o caso—e eu de todo o coração espero que seja—, aconselho-o a começar hoje um processo de sedução de sua mulher, e de dês-inibição pessoal. Para que você possa abri-la sexualmente você precisa estar “desinibido”. Ora, isto nos remete para o primeiro ponto. Talvez sua insatisfação sexual—que leva à pornografia—seja o resultado da insegurança que se manifesta como inibição sexual, o que não gera real intimidade entre você e sua mulher, fazendo com que a vida sexual seja “formal”, e, assim, seu inconsciente continue buscando “fantasia”.

Portanto, fantasia agora, meu amigo, só com a “realidade” de sua esposa. Faça de sua esposa a sua Revista Playboy. Pra que a Playboy se você pode Play meu amigo Boy, e com sua esposa?

Portanto, chega de perder tempo. Você é inteligente e prático—eu sei. Agora, bote o software pra rodar e comece o processo, em nome de Jesus.

Acredito que as duas coisas estão ligadas, e que à medida que você progredir numa, você crescerá na outra. Então, comece a se desinibir com sua mulher—ela vai agradecer—e prossiga levando essa desenvoltura para o resto da vida.

Espero ter sido útil. Receba meu beijão.

Nele,

Caio