MINHA AMIGA FOI ESTUPRADA E CULPA DEUS
—–Original Message—– From: MINHA AMIGA FOI ESTUPRADA E CULPA DEUS Sent: segunda-feira, 12 de julho de 2004 16:58 To: [email protected] Subject: ELA DIZ QUE ELE VIU TUDO… Querido Pastor Caio, Nunca tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, mas você não pode imaginar o quanto já me ajudou e ainda ajuda quando leio as respostas às cartas que recebe. Que Deus o abençoe muito! Estou escrevendo na verdade por amor a uma amiga que conheci recentemente na igreja na qual, finalmente, me encontrei. Estava separada quando resolvemos formar um grupo de separados em nossa igreja, para nos encontrarmos, estudarmos algum assunto que achássemos interessante, etc… Neste grupo conheci esta amiga a qual me refiro. Ela teve uma adolescência com um grande problema: foi estuprada e, pelo que sei calou-se. Já era cristã e bem ativa no grupo da igreja. Com muitas dificuldades continuou a vida e casou-se com uma “pessoa cristã”, que freqüentava ardentemente a igreja, vivia sob a Lei, coisas deste tipo. No entanto, sexo que era bom, nada. Ela veio a descobrir que ele vivia em sites pornográficos e que ali satisfazia seu desejo. Ela pirou. Eles se separaram. Como era de se esperar, tudo voltou a sua mente com grandes dores: o estupro, a traição… Ela já tentou o suicídio anos atrás. Agora vem dizendo que vai se matar se a sua vida não mudar. Eu converso muito com ela, mas ela me coloca em cada “fria” que eu não sei responder. Segundo ela as coisas acontecem em nossas vidas por vontade e plano de Deus, ou permissão Dele. E pergunta: Como pode Ele, com todo seu amor, ter permitido que eu fosse estuprada? Ela disse que todo tempo em que ocorreu o estupro ela orava a Deus para que aquilo parasse. Depois reclama que quando se casou buscou muito em oração a orientação de Deus, e procurou um homem cristão. Na minha opinião ela sofre duas vezes, uma emocional, eu nem imagino a dor e as conseqüências psicológicas que uma pessoa tem ao viver um estupro; e sofre por outro lado também um conflito espiritual: ela é uma filha de Deus, mas não O perdoa! Às vezes ela me olha com muita raiva, e diz para mim : “Ele estava olhando e não fez nada! Aí ela se acha culpada por esta culpando Deus. Enfim, eu não sei o que fazer. Eu não sei se as indagações dela são coerentes, e as vezes eu fico confusa mesmo com essa coisa de permissão e vontade de Deus. A Bíblia nos diz que qual o filho que pedindo pão, o pai lhe dará uma pedra. Quanto mais nosso Pai que é Santo? Ela me diz: ‘Que pai aqui na terra vê sua filha sendo violentada não faz nada?” Realmente eu não consigo conversar com ela, e ainda por cima eu começo a embarcar nas dúvidas dela. Por favor, se você puder comentar esta minha carta em seu site eu agradeço. Um abraço, Ley ____________________________________________________________ Resposta: Minha querida amiga: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste! Diga para ela que não tenho nada a dizer. Que ela descubra as razões diante de Deus. Que brigue com Ele, se desejar. Mas diga também que eu falei que foi graças a Deus não ter feito nada, quando Seu Filho morria na cruz, e clamava em angustia, que eu sou salvo. Sim, graças a Deus Ele não fez nada quando Jesus morria por mim. A crise dela é a típica crise do crente ensinado que Deus é um Pai que só prova Seu amor se nos livrar de calamidades. E também só o servimos porque Ele tem que nos poupar mais a nós mais que aos outros, que não o servem. Diga a ela que se ela quiser jogar a culpa em Deus, que isso pode servir a ela de consolo negativo, de um soro depressivo. Afinal, ela não está sozinha na calamidade, pois Jesus sofreu calamidade também, e se sentiu desamparado. Diga a ela que se ela não crê no benefício de absurdos e calamidades, ela não pode ser discípula de Jesus. Pois Jesus aprendeu a obediência palas coisas que sofreu. Também diga a ela que se absurdo não tem sentido, então não faz sentido dizer que se é salvo pela tragédia de Jesus. Puxa, é uma loucura total! Sim, porque crer na salvação em Jesus, é crer que somos salvos pelo fato de Deus deixar que todas as coisas possam acontecer, e ainda assim tudo o que acontece vir a trabalhar para o bem de quem o ama. Como é que pode se ganhar perdendo? “Quem ganha a sua vida neste mundo, perdê-la-á; aquele, porém, que perde a sua vida neste mundo, preserva-la-á para a vida eterna”. Diga a ela que infelizmente ela só vai começar a descobrir os benefícios das tragédias delas—e que estão acontecendo neste exato momento com milhares de pessoas na Terra—, quando ela parar de sentir pena dela mesma, pois enquanto ela pegar essas coisinhas como desculpa para fugir da felicidade, sua existência será muito infeliz, e que ela terá material sempre de sobra neste mundo caído para ficar botando a culpa em Deus. Ela tem é medo de viver. E ela tem medo de viver porque ela ainda não conhece a Deus, mesmo. Ela apenas precisa de Deus como saco de pancada e como álibi pro medo dela de se encarar, e dizer: Graças a Deus Ele não fez nada! Nesse dia ela será liberta. Nesse dia ela deixará essa desculpa para trás e mergulhará no amor de Deus, e encontrará a felicidade como sacramento, como contentamento, como confiança, e como certeza do bem de Deus para ela. Mas enquanto ela estiver fugindo de encarar a vida, se escondendo atrás dessas “folhas de figueira”, a infelicidade lhe será uma certeza. Adão disse: “Foi a mulher que tu me deste…” Ela diz: “Foi o estupro que consentiste…” O que alguém como ela precisa fazer para se libertar, é dizer o seguinte para si mesma: “Eu confesso que tenho medo de viver, que sou insegura, que não consigo confiar, que me escondo de me encarar atrás de alguns acidentes de minha vida no passado, e que tenho usado a Deus para expressar a minha raiva contra alguém que não irá argumentar comigo, e que é o culpado perfeito para mim, pois está na posição de impedir, mas deixa acontecer; ao mesmo tempo em que é alguém de quem não se pode deixar de negar a existência e nem a culpa. Por isto é que Deus me tem sido tão útil. Pois ponho a culpa toda Nele, e Ele não se defenderá. E, assim, eu posso manter para todo mundo a minha eterna dor, e não terei que viver e me enxergar, pois temo buscar a felicidade”. Quando ela fizer isto ela começará a ficar liberta. Mas se ela não quiser, diga-lhe: jamais haverá cura para ela. Se ela, todavia, desejar ser curada, então, eu lhe digo: ela será curada, e poderá ainda experimentar alegria e contentamento nesta vida. Meu filho, Lukas, morreu há três meses, às quatro horas da manhã, atravessando uma rua. Hoje sei que foi uma menina de 18 anos que havia “afanado” o carrão do pai, e que voltava para casa apavorada e acelerada quem acidentalmente o atropelou. Eu estava dormindo. Mas Deus sabia de tudo. Deus viu. Ele estava lá. E Ele não impediu. Sabe quantas vezes eu me perguntei o por quê? Nenhuma. De fato, estou em Deus, e sei que todas as coisas só cooperam para o bem de quem ama a Deus. Portanto, como fui salvo porque creio que Deus deixou Jesus morrer, e porque Jesus quis morrer, eu vejo salvação em tudo, especialmente nas calamidades. Eu creio na ressurreição dos mortos. E se creio na ressurreição, também creio na vida. É por isto que sei que seja na morte—de onde ressuscitarei—ou na vida que ainda vivo, todas as coisas têm que ser vividas como quem morre e vive…o tempo todo…experimentando muitas ressurreições antes de morrer; e ressuscitando mesmo depois de morto. Ou seja: quem crer em Jesus não teme as estações, e toda calamidade é material para ser transformado em outra coisa…e muito boa. Mas, infelizmente, isto ela terá que experimentar por ela mesma. E só acontecerá como um passo-salto de fé no amor de Deus, e como de-cisão de romper com esse álibi que ela vem usando muito bem a fim de não se deixar salvar para uma nova vida. Mostre a ela uma reflexão aqui do site onde falo que “O importante não é o caminho, mas ‘como’ você anda nele”. O mais, sinceramente, é com ela e Deus. E sei que se ela quiser, não terá explicações, mas poderá ter frutos de vida. Receba meu carinho e minhas orações pela sua amiga, Caio