NATAL EM CONFLITO: ESTOU COM DUAS MULHERES, E AGORA?



—–Original Message—– From: ESTOU COM DUAS MULHERES, E AGORA? Sent: terça-feira, 23 de dezembro de 2003 14:19 To: [email protected] Subject: PELO AMOR DE DEUS ME AJUDE! Mensagem: Servo de Deus: Conheci seu site, e dou graças a Deus por ele, pois foi lendo as cartas que encontrei coragem e, ao mesmo tempo, penso ter encontrado um amigo/irmão com quem eu possa me abrir. Sou dirigente de uma pequena igreja onde as pessoas têm grande respeito e estima pela minha pessoa. Amo a todos. Estamos juntos há quase três anos juntos. Tudo corria muito bem. Sentia-me alegre, disposto, e feliz em estar ajudando ao Senhor na condução desses irmãos. Sou casado, tenho três filhos, e o último está apenas com seis meses. Há uns nove anos atrás tive uma queda, e me relacionei com uma outra mulher por quatro meses. Minha esposa ficou sabendo e quase acabei com meu casamento. Mas ficaram as marcas, e marcas profundas em minha esposa; pois em toda oportunidade que ela tem o assunto é lembrado, e eu tenho que ouvir tudo o que ela diz, não só de mim, mas também de minha mãe, minhas irmãs…enfim, tudo que possa dizer, ela diz pra me ferir. E isso continuou durante todo esse tempo todo. De uns dois anos para cá, as discussões, brigas e farpas começaram a ficar mais agudas e fortes. Nesses momentos tomo uma postura de cautela, sem revide e me calo. De repente algo aconteceu na minha vida. Envolto nessas circunstâncias, fragilizado, apareceu uma outra pessoas na minha vida. A história aconteceu como na primeira vez. Uma mulher muito bonita, atraente, carinhosa, atenciosa, compreensiva, passando também por um momento delicado, recém separada, e aí nos encontramos. À princípio não tinha nenhuma intenção de um relacionamento com ela. Mas o contato, o dia-a-dia, os encontros foram ficando mais freqüentes e acabamos na cama. Pouco tempo depois soube que minha esposa estava grávida; e em seguida a pessoa que conheci também engravidou. Fiquei desesperado! Já estava pressionado pela situação, me sentindo a pior criatura do mundo, pois não tenho o direito de trair pessoas que me amam, me admiram, e que me estimam muito (A igreja). Também não tenho o direito de trair minha família, minha esposa, minhas filhas, e um filho prestes a nascer. E sobretudo, trair ao meu Deus, a quem recorro todos os dias pela Sua grande misericórdia. Reverendo, como se não bastasse, soubemos ainda no ventre dessa pessoa que haviam gêmeos. As crianças nasceram. Meu filho (com minha esposa) e minhas duas filhas (com a outra pessoa). São crianças lindas, todas saudáveis. Me apeguei a todos, e agora me sinto numa “sinuca de bico”. Meu filho agora está com seis meses, e minhas filhas com três. Sinto o peso do pecado sobre mim. Não posso contar pra minha esposa, e não posso contar a igreja. Estou contando ao Amado. Diga-me algo, me ajude. Saudações em Cristo. _______________________________________________________ Resposta: Meu amado irmão: Paz, Graça e Misericórdia sobre a sua vida! Sua carta é uma das mais difíceis que já chegaram aqui. Há casos que são “cabeludos”, e por isso mesmo são fáceis de se opinar a respeito pelo fato de que se tem muita alça onde pegar. Um legalista sem coração lhe diria facilmente o seguinte: “Meu irmão! Você está em pecado! Deixe a segunda, e fique com a sua esposa. E dê pensão a ela e às filhas gêmeas!” Quem dera fosse tão simples! Sei que você já teria feito isto, em silêncio, se seu coração não estivesse atolado nisto até o fundo. O legalista o aconselharia facilmente porque ele pede um “documento legal”. Quem tem, fica; quem não tem, parte… Já aquele que respeita as coisas que são—as que acontecem no coração—não pergunta por um documento, mas sim pela verdade. Suas opções são todas auto-flagelantes! Não nenhuma saída indolor desse dilema! Você disse que ama os filhos. Todos eles. Só não disse o que sente pelas mulheres. Se seu amor é pelos filhos que gerou, e não pelas mulheres, sugiro que se separe de ambas. “…deixará o homem pai e mãe, se unirá à sua mulher, e tornar-se-ão os dois uma só carne…” Aí não se fala em filhos, mas apenas no homem e na mulher. Casamento é um encontro de um homem e um mulher, e os filhos que daí decorrem deveriam sempre ser os filhos do amor. Mas nem sempre é assim. Quantos podem dizer que quando seus pais os conceberam estavam além de sexo, fazendo também amor? Ou que se amavam ardentemente? A maioria não pode fazer tal confissão. Pode-se falar de filhos legítimos e ilegítimos, mas tudo baseado no “documento”, não na validação do amor. Filhos são todos legítimos! Casamentos é que nem sempre o são. E os mais ilegítimos são aqueles onde não há amor, embora muitas vezes haja “documentação”. Senti sua angustia pelos filhos, mas não consegui sentir o mesmo peso pelas mulheres. Até mesmo acerca da mãe dos gêmeos sua descrição não falou de amor. Leia-a outra vez: “Uma mulher muito bonita, atraente, carinhosa, atenciosa, compreensiva, passando também por um momento delicado, recém separada, e aí nos encontramos. A princípio não tinha nenhuma intenção de um relacionamento com ela. Mas, o contato, o dia-a-dia, os encontros foram ficando mais freqüentes, e acabamos na cama.” Para mim é pouco. Você falou de estética, circunstancias, e conseqüências, mas nada de amor. Quanto à sua esposa, imagino de duas uma: ou você a ama, de algum modo—afinal, como você agüentou os 9 anos de massacre?—; ou você ama os filhos de tal modo que a suporta como mãe dos filhos, uma pessoa da família, a quem você quer bem, ainda que não a ame como mulher. Num certo sentido, ficar 9 anos sob juízo e acusação esmorece a alma de qualquer um. Sinceramente, se fosse comigo, e se tal perdão não abrisse mão das acusações, eu não teria jamais suportado o tempo que você agüentou. Quando aconselho aqui no site que tudo o que se puder resolver nesses casos, sem que o outro saiba; digo-o justamente em razão de que muitas “reconciliações cristãs” de casamentos deixam o “culpado”, culpado para sempre. E tal situação também é indigna. Minhas sugestões a você são as seguintes: 1. Peça um “tempo” nas suas atividades na igreja. Não será possível você cuidar do povo com a vida e a alma nesse angustia. E se entendi bem, você não depende financeiramente da igreja. Portanto, faça isto o quanto antes, e sem alarde. 2. Fique quieto. Busque se afastar um pouco. Se tiver uma chance viaje só. Fique uma semana longe de tudo isto. Faça isto para pensar e orar. E também para olhar e ouvir a voz de Deus e seu próprio coração. 3. Se você não ama mesmo a nenhuma das duas mulheres, então, não fique nem com uma nem com a outra. Seja pai, mas não fique seqüestrado dentro dessa situação de “bigamia” no mínimo “psicológica” apenas por causa dos filhos. Você pode ser o pai de todos, mas não deve ser o marido das duas, e de nenhuma das duas, se seus amores são apenas os filhos. 4. No caso de você descobrir que ama a sua esposa, deve também perguntar se ela ama você. E mais: existe a possibilidade de que ela não ame você. No mínimo, eu diria que ela não admira você faz tempo, e que vive em profunda amargura ao seu lado. 5. Sua permanência com sua esposa será quase impossível. Pois se ela tratou o caso de sua traição anterior do jeito que tratou, como você acha que ela tratará a presente situação? Somente um milagre de Graça, criando um genuíno perdão, poderia curar a alma dela. E ela teria que querer mesmo, além de amar você de verdade. 6. Se, todavia, você ama a mãe das gêmeas, então, separe-se de sua esposa, e assuma todas as responsabilidades paternas e ex-maritais que um homem bom e digno tem que assumir com quem já fez e sempre fará, de algum modo, direto ou indireto, parte de sua vida. Dê um tempo. Cuide de seus filhos—todos eles. E depois case, conforme a verdade de seu coração, se for esse o caso. 7. Devo também alertá-lo que não deve contar com nenhuma compaixão por parte da sua igreja, enquanto a igreja privilegiar o pecado e não a graça do arrependimento. Por isso, trate disso, o máximo possível, com sabedoria e prudência. Do contrário, além das desgraças presentes, você ainda sofrerá algo pior: as maldições, opressões, juízos e sabotagens dos “irmãos” contra você. De qualquer modo você deve saber que sua igreja já não será composta pelas mesmas pessoas. Você terá que entrar em outra comunhão de irmãos, pois, em sua atual igreja isto não será possível, nem tampouco aconselhável. 8. Por último, desejo dizer a você que de fato essa é uma “sinuca de bico”. E também a demonstração de que um abismo chama outro abismo. Às vezes, a manutenção de um casamento amargurado como foi o seu, somente leva as pessoas para circunstancias cada vez piores. No entanto, quero dizer que sei que você não é um cínico, nem um homem sem caráter. Cínicos e sem caráter não amam os filhos como você ama. Olhe para Aquele que pode lhe socorrer. E o Seu socorro não significa que a se vai conseguir agradar a todos e deixar a todos felizes. Este mundo é caído, e nele as soluções que acontecem em circunstancias ambíguas e contradizentes nunca são indolores. Nunca! Sempre há gente que fica sofrendo, embora a gente as ame ou queira bem. Neste mundo caído ninguém se satisfaz com as formas de amar que alguém demonstra na expectativa de tornar um mal já feito em um mal menor. Minha oração por você é por um Natal de Paz e sem Confusão. Não fique no buraco só porque é Natal. Natal é lembrança de Graça e Verdade, quando se beijaram em Jesus. Natal não é um dia de Sábado. Saia do buraco. Saiba que há uma soberania de Deus em tudo. Um dia você entenderá. Nele, que nos visita com Graça, Caio