O VERDADEIRO AMOR TEM CURA?
—–Original Message—– From: Clara To: [email protected] Subject: O VERDADEIRO AMOR TEM CURA? Mensagem: Querido pastor, minhas amigas me oprimem e dizem que eu tenho que amar outra vez. Eu não quero mais, acho até que nem posso mais. Aliás, sei que não consigo e não quero. Não sou doente. As vezes me pergunto: será que é doença? Mas sei que não é. Já gostei antes, mas só amei uma vez. Tem gente que não acredita. Querem que eu saia com outros homens. Deus me livre! Não sinto falta de homem. Já lhe contei a minha história. Eu ainda posso amar outra vez, depois de ter amado como amei? Seja honesto comigo, por favor! Clara ________________________________________________________ Minha querida amiga: Paz e Esperança! Quando li sua carta a primeira vez, pensei muito. O que tenho a dizer a você é o seguinte, e é apenas a minha opinião. Sinceramente, eu gostaria de estar enganado. As pessoas me perguntam se alguém pode amar muitas vezes. Sim, podem, pois o amor tem muitas faces, formas e conteúdos. Mas o amor que arrebata todo o ser, ilumina o espírito, que inebria a alma, que faz a pele se tornar uma com o todo do ser, que vale ser… não importando a dor, que paga a si mesmo com o privilégio de ser, e não pode não ser o que é…e que faz a loucura ser bem-vinda como se fora sensatez…sim, esse amor só acontece uma vez… E poucos visitaram sua morada. Os que de lá saíram…nunca lá deixaram…pois esse lugar se instala na alma…e impede que o mundo continue a existir…qualquer outro mundo. Os que tentam viver outra vida depois disso….sofrem e não sabem mais fingir…gemem…se contorcem…e nenhum leito para tais pessoas terá outra presença se não a daquele amor. Essa cócega que a maioria das pessoas chama de paixão e amor, na maioria das vezes é apenas a distração do Vazio. O verdadeiro amor jamais acaba, mesmo quando eros anda junto com ágape. Quem tentar suportar a carga dessa pessoa que vive sob o encanto desse amor…ganhará patadas, mesmo sem merecer; e se sentirá estranho e desprezado, mesmo que entregue todos os seus bens por ele…pois esse amor não está à venda…e nem se impressiona com hotéis, viagens, riquezas e honrarias. Uma choupana serve eternamente aos confortos desse amor…se o outro estiver ao lado…como ao lado sempre está…pois vive ao lado, esquerdo, onde até o cosmos se ajeita confortável, visto que no coração as estrelas ficam ainda menor que no céu… Nada há maior que o lugar do amor…e nada é mais apertado do que ele…quando o outro anda longe dos olhos. Gostaria de poder dizer que se pode amar com o mesmo amor muitas vezes. Mas sou cético. E os que me dizem que assim amaram durante a vida…e que foram muitos os seus amores…recebem em meu olhar descrença….pois esse amor é um só…é irrepetivel…e quem um dia o beijou achará todos os demais lábios frios como os da morte. Quem não quiser sofrer, não beije quem já beijou e foi beijado por esse amor! Seu bem não tem cura! O verdadeiro amor é a cura! E quem sofre dele tem que abraçá-lo como dor, bem no meio do peito, e entregá-lo a Deus, a fim de que ele seja pura felicidade…nunca sem dor! Graças a Deus! Mas é preciso ser ter força! Sua música deveria ser “Maria, Maria…”, do Milton Nascimento. Mas repito: nem todos estão aptos a amar assim…simplesmente porque temem perder o controle…e quem ama está fora de si…no melhor sentido ter se achado. Entendeu? Amor é paradoxo. Ele vive na contradição. Respira impossibilidades. Crê no impossível. Se alimenta de sua própria verdade. Só pessoas muito fortes são capazes dessa entrega! Nele, que ama e ama, Caio 21/04/2004