Sou pastor, mas tô numa fria!

Nomes e todas as formas de identificação, são retirados por mim em cada Resposta que aqui eu cole. Exceto aqueles e-mails nos quais as pessoas já me enviam dando-me tal permissão ou ensejando essa liberdade. —–Original Message—– From: Nilvaldo Sent: sexta-feira, 18 de julho de 2003 To: Caio Fabio Subject: Preciso-lhe falar… Não tenho muita paciência pra escrever…. Já te falei de minha vida… sei que é muita gente… mas sou pastor de uma igreja tradicional, igreja grande.. Sou divorciado… Minha “ex” me aprontou muito… Tem transtornos bipolares…. Mente demais, manipula sempre, e tudo mais… Saí fora dessa doença que era meu casamento… Comecei a namorar. Acho que tenho este direito. Mas minha “ex” usa todas as armas pra me atingir… Agora espalhou a noticia que minha namorada estaria grávida… Fez um inferno na cabeça das pessoas… Ela usa meus filhos, manipula e joga sujo…. Já tentei falar com ela, mas sinceramente, não há mudanças…. Não posso perder a cabeça, mas fico pensando…abrir de uma relação gostosa que tenho com minha namorada para apaziguar as coisas? e aí caio de novo no jogo dela? É isso que ela quer… Como agir? Como agir com uma pessoa que manipula outros da igreja, joga sujo e usa os filhos? ************************** Resposta: Meu amado irmão, Não faça o jogo dela por nada. Aliás, não faça o jogo de ninguém. Se você fizer, o processo se tornará infindável. Manipuladores são insaciáveis. Filhos sofrem sempre com o lado que se diz mais fraco, infeliz e “perdedor”—é natural que seja assim—, mas se a gente os seguir, a “ex” sempre os seguirá a fim de impedir qualquer possibilidade de felicidade. Já entrei nessa muitas vezes. Também conheço esse barraco. Depois que tudo passa os filhos enxergam. Mas na hora, é sempre o mais equilibrado, estável, generoso e bondoso quem paga a conta. Gente louca ou que se faz de louca, ganha permissão para matar. Até os filhos caem na bipolaridade. E fazem tudo para não se aborrecer, e, então, aborrecem quem é normal, pois, o louco não pode ser transtornado. Você acaba se machucando ainda mais, fere a quem você também ama, e não consegue satisfazer a ninguém. Paciência é o antídoto contra essa enfermidade relacional. Não perca a cabeça. Seja bom com seus filhos. Mostre-lhes a indivorciabilidade de sua paternidade. Mas a mãe deles, se é assim como você descreve, não pode—e por muito tempo—participar de sua vida. O negócio de uma pessoa egoísta assim é manter o outro seqüestrado. E não adianta: civilidade e fraternidade, nessa hora são vistos como canalhice e deficiência de caráter. Infelizmente, quando essa hora chega, é preciso ter paciência. Mas deixe o tempo passar e não passe com o tempo. Seja sempre o mesmo com seus filhos. Aliás, seja melhor: faça-lhes o bem, mas não os adule, pois, eles mesmos, inconscientemente, podem vir a entrar no jogo das manipulações e no negócio de seqüestro emocional. Depois que vêem o que fizeram, arrependem-se. Mas, às vezes, já é tarde para você dar uma volta e consertar as coisas. Então, até por amor a eles, faça o bem, e não o que eles chamam de bom. Na impaciência ou na ânsia de resolver tudo de modo a “conciliar” os interesses de todos, quem se freud é sempre você! E não é preciso sofrer de Transtorno Bipolar. Egoísmo intenso e infantil produz a mesma desgraça: não vive e nem deixa viver; ou pior: vive, mas não deixa você viver! Fique ou não com quem você está agora, apenas em razão de amar ou não essa pessoa. Mas nunca por causa de manipulação. Quanto à igreja, seja claro e franco se houver necessidade. Não havendo, não transforme a sua vida privada numa “privada” de doenças e interpretações coletivas. Igreja adora fazer esse trabalho de toilet. Fuja disso com sabedoria. Às vezes, o melhor caminho é chamar logo a quem decide e tem poder de influenciar e contar tudo. Mas só você pode saber se tais pessoas existem aí. Oro para que você não tire o pior de você nesta hora. Portanto, calma, muita calma. Um beijão, Caio