MINHA VINDA AO CAMINHO DA GRAÇA— Cláudia Cristina
—–Original Message—–
From: Cláudia Cristina
Sent: segunda-feira, 12 de julho de 2004 18:58 To: [email protected]
Subject: MINHA VINDA AO CAMINHO DA GRAÇA— Cláudia Cristina
Pastor Caio,
Há alguns anos, quando ainda vivia com meu “marido”, passamos por muitos conflitos, pois o sentido de casamento, marido para mim era (e ainda é) muito mais amplo do que o que me foi apresentado por ele. Dentro de minha cabeça acreditava que precisava mudar alguma coisa naquilo que se mostrava como sendo meu casamento, mas que eu não conseguia aceitar, pois não me completava como mulher nem como ser humano o viver sob o mesmo teto sem partilhar a vida. Pedia sempre por uma conversa para dizer-lhe dos meus conflitos e ele sequer ouvia. Pensei que se minha filha completasse 10 anos e eu ainda me sentisse desta forma deveria tomar uma decisão que mudasse realmente a minha realidade. O tempo passou e a separação foi inevitável. Não por não ter força para lutar pelo melhor na minha relação, mas por não conseguir dentro do meu ser me adaptar ao que o outro acreditava ser a melhor relação. O meu eu era maior e mais forte. Desejoso de sair, se expor e viver o que era de meu merecimento (assim acredito). Fiquei muito abalada, acreditando (como muitos) que meu mundo havia desmoronado, que não conseguiria sobreviver àquilo. Me sentia só, vazia, sem merecimento e tudo o mais que nos coloca no chão (acreditando ser ali o nosso lugar). Sempre que me sentia triste ou “pra baixo”, ouvia hinos de louvor (hábito criado durante os cursos de LIBRAS e nas escolas onde desenvolvemos trabalhos com surdos, e com uma amiga especial, a NINA). Os hinos me acalmavam o coração e os dias passavam. Pude perceber então que as palavras ali cantadas me elevavam há algum lugar que não imaginava. Um acolhimento que não sabia explicar. Um deles me marca até hoje: Preciso de ti. (E como eu realmente preciso D’Ele. Todos os dias invariavelmente.). Os louvores ainda escuto com freqüência. E é tanta a freqüência que minha filha diz que nem Deus agüenta mais me ouvir. Doce engano.
Me remeti a estes fatos (altamente resumidos e graças ao Pai já superados) para explicar como cheguei aqui no “Caminho da Graça”. Minha vinda se deu de maneira muito singular (glória a Deus sermos todos seres singulares, ímpares, únicos). Nunca participei de Igreja alguma. Sou católica de batismo (seguindo os desejos de minha mãe). Participei da catequese e sequer me lembro de algum ensinamento. Ia à igreja quando precisava acompanhar minha avó, fato que muito me incomodava, pois ali sempre via a hipocrisia das pessoas. Cidade pequena, sabe como é: Todos se conhecem e ninguém conhece ninguém.
Desde cedo tinha aversão ao momento de se desejar a Paz de Cristo. Coisa muito mecânica (como tudo o mais ali) sem sentido para mim. Via muita falsidade entre as pessoas. A única vez que realmente fiquei à vontade foi numa missa para surdos. Os sentimentos deles são aflorados e externados de maneira muito verdadeira.
Os cânticos de louvor me preenchiam e eu sequer sabia de onde eles vinham. Sentia na verdade, uma necessidade de preencher esta lacuna aberta em mim. De uns tempos para cá tenho conseguido, fazendo leituras, conversando… mas ainda sentindo a falta do encontro com pessoas, estudo, troca, partilha…(algo que nunca vivi). Pedi então ao Senhor que me levasse para algum lugar onde a Sua Palavra pudesse me preencher. Onde eu me sentisse liberta. Sem amarras. Acolhida. Já havia participado de reuniões com a Silvia na AMO, acompanhada de minha amiga NINA, quando da minha separação e morte de minha mãe. A possibilidade de lá voltar se oportunizou novamente este mês. Fui, desta vez sozinha e somente desejosa de sentir a presença do Senhor em meu coração. Uma espécie de confirmação de que eu estava trilhando o caminho certo, na minha busca (feita de maneira intuitiva, visto que não tive ensinamento à respeito). Senti-me grata ao perceber-me em “casa”.
Soube então de sua vinda, mas sequer ouvira falar em ti. Movida pela curiosidade que tenho e o já falado desejo de preenchimento vim na sexta-feira, vi e ouvi. Voltei no sábado e no domingo. E voltarei. Se antes eu trilhava meu caminho e pensava se estava indo de maneira certa, hoje agradeço não ter participado de qualquer igreja, não ter me “viciado” aos que pregam um Deus inexistente. Agradeço por ter em meu coração a certeza que estou no caminho certo. Achei, acredito, meu lugar de busca. O Caminho da Graça.
Adélia Prado diz que o que amas de verdade fica para sempre, o que amas de verdade é sua herança verdadeira. Acredite, tudo o que ouvi ali ficou em meu coração e portanto será minha herança verdadeira. Aguardo o domingo com alegria de que mais uma vez minha herança será reafirmada. E novamente e sempre, sempre, sempre…..
Deus o abençoe. Sempre.
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Resposta:
Querida Cláudia: No Caminho sempre há sempre!
Que boa coisa para a minha alma foi ler a sua carta. Senti que ganhei uma irmã de verdade, e companhia de gente boa de Deus na jornada.
No Caminho a gente logo vai descobrindo a beleza de todos os processos, e como o amor de Deus por cada um de nós, nos sujeita à vaidades de diversos caminhos, apenas para que cada um, de seu próprio cantinho de ver, veja a mesma Graça que nos resgata a todos, e a celebre com gratidão própria e única redenção que recebeu.
Me encanta ouvir relatos de jornadas, e me alegra imensamente constatar, todos os dias, como a mão de Deus nos conduz, e de como Ele mesmo chama a todos os que são Seus. E sempre de modo único e próprio. Coisas Dele.
Nem direi nada sobre a situação da separação. Primeiro porque senti que você já está pacificada quanto a isto. Depois, porque sei que você sabe e sente que eu entendo a dor pela qual você passou.
No Caminho da Graça, como sempre, há sempre, sempre.
Assim, a vida só está começando a ficar boa, e na Graça de nosso Deus ainda terei o privilégio de ver você ser surpreendida mais e mais pelo amor de Deus.
Receba todo meu carinho, e até domingo, com a Graça de Deus.
Nele, em Quem os filhos de Deus se encontram e celebram,
Caio