VIVENDO O PARADOXO:TRISTEZAS ALEGRES, ALEGRIAS LACRIMEJANTES



—–Original Message—– From: Atilio Cruz Junior Sent: sábado, 1 de maio de 2004 02:57 To: [email protected] Cc: [email protected] Subject: Alegria que vem do alto Oi Caio, Em um trecho do livro “Volta do filho pródigo”, do Henri Nouwen—que estou lendo—lembrei de você. Eis o texto: “As pessoas que vieram a conhecer a alegria de Deus não negam o infortúnio, mas escolhem não viver nele. Sustentam que a luz que brilha na escuridão é mais confiável que a escuridão em si e que um pouco de luz pode dispersar as trevas… Tudo o que o Pai tem é meu, diz Jesus. Inclusive a alegria de Deus sem limites. Essa alegria divina não elimina o divino pesar. Em nosso mundo, alegria e tristeza se excluem. Aqui embaixo, a alegria compreende a ausência de sofrimento, e o sofrimento a ausência de alegria. Mas essas distinções em Deus não existem! Jesus, o filho de Deus, é o homem das dores, mas também o homem da total alegria…” Parece loucura ou utopia para o Homem sem Deus, viver a alegria na tristeza. Vejo em você, por tudo que tem passado, essa alegria que vem de Deus. Só Ele sabe o quanto seu testemunho tem sido benção. Um abraço, Junior ____________________________________________________________________________________ Resposta: Meu amado amigo: “…e todos começaram a se alegrar…” Jesus ensinou que o feliz, o bem-aventurado, chora…é perseguido…e vive insatisfeito com a falta de justiça na terra…enquanto se regozija e exulta. Ou seja: em Jesus, a alegria de ser e o choro de ver e sentir, não existem em compartimentos separados, mas antes, fundem-se numa só coisa…onde alegrias são ungidas com lágrimas, e lágrimas são enxugadas pelas próprias mãos felizes daquele que as derrama. E tudo isto é doce! Isto porque temos este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não da nossa parte. Assim, em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos mortais. Ora, temos o mesmo espírito de fé, conforme está escrito: Cri, por isso falei; também nós cremos, por isso também falamos, sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará a nós com Jesus, e nos apresentará com todos os irmãos. E isto é assim, para nós, apesar do paradoxo, porque agora sabemos que tudo existe por amor de nós; isto para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de Deus. Desse modo, sabemos com certeza que todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação. Este é o caminhar existencial de um embaixador da Graça. A vida com Deus é paradoxo que se faz sua síntese na fé! Essa alegria de ser Nele convive com todo tipo de contradição. Por isto se demanda que caminhemos em muita perseverança nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nas agressões de todo tipo, nas polêmicas, nos trabalhos, na pureza do ser, na humildade no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus; usando armas de defesa e de ataque; por honra e por desonra, por má fama e por boa fama; como enganadores, porém verdadeiros; como desconhecidos, porém bem conhecidos; como quem morre, e eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; como entristecidos, mas sempre nos alegrando; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, mas possuindo tudo. Num mundo caído não há outra forma de ser feliz sem ser cínico! A saúde existencial e psicológica convive com o paradoxo; pois é assim o caminho de Deus num lugar que já foi um Jardim e hoje é um deserto de serpentes abrasadoras e onde o que mais cresce são espinhos e abrolhos. “Jesus chorou…Jesus exultou no espírito…”—são formulas existenciais completamente harmonizadas Nele. Para nós, os filhos do Benefício, haverá sempre a memória da “terra distante” a fim de que haja sempre a grata alegria pela “Casa do Pai”. Nossa consciência da Graça é quase sempre do tamanho de nossa consciência de nossa própria Queda. O Espírito que geme por nós é o mesmo que nos enche de alegria! Receba meu beijo e meu carinho. Nele, que nos ensina a felicidade até quando a gente anda chorando…sem perder a alegria de ser. Caio