ESTOU GRÁVIDO DA GRAÇA
—–Original Message—–
From: Fausto Roberto
Sent: terça-feira, 24 de agosto de 2004 03:23
To: [email protected]
Subject: A Graça Está Se Arraigando em Minha Alma
Meu querido irmão-pastor Caio,
Cada vírgula do que está na carta é a verdade da minha alma. Ainda que a des-tempo, quis que você soubesse O QUANTO ME FEZ/FAZ/FARÁ BEM, pela Graça que lhe foi dada e que, de graça, você também distribui.
Em caso de publicação no site, não lhe peço nem anonimato nem a explicitação do meu nome – tanto faz!
A gente se vê.
Receba meu beijo, carinho, admiração e orações,
Fausto, discípulo de Jesus de Nazaré (dJN, como costumo escrever)
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Muito amado Caio,
Na segunda-feira retrasada, 16/08, comecei a lhe escrever este testemunho. As demandas do dia-a-dia agitado, porém, me impediram que o concluísse e enviasse. Hoje, porém, decidi fazê-lo.
Queria que você soubesse que nem uma só palavra sua – posto que se derivou da Palavra – foi em vão. NEM UMA SÓ.
Puxa, como eu quis estar no Caminho, em Brasília, anteontem, 22/08, mas as circunstâncias me impediram. Porém tenho certeza de que foi, outra vez, pura Graça para todos os que participaram de mais esse passo da caminhada no Caminho. Todavia, sempre que puder(mos) estarei(emos) lá, possivelmente duas vezes por mês.
Segue o e-mail iniciado em 16/08 e terminado hoje, cerca de 03:00 da manhã de terça-feira, 24/08:
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Meu querido irmão-pastor Caio,
No domingo, 15/08 –, cheguei, com meus amigos-irmãos, ao novo local onde, em Brasília, se daria continuidade ao “Caminho da Graça” (logo depois você mencionaria que, em 5 ou 6 reuniões, aquele já era o terceiro local onde o grupo se reunia… Eu, então, cochichei, brincando seriamente, ao meu amigo-irmão: “Cara, isso é que ser ‘hebreu’!”)
Pois bem… Aquela seria a terceira vez que eu o veria/ouviria pessoalmente. Sou paulistano, e atualmente moro em Anápolis, a uns 140 km do Distrito Federal. Havia participado das duas primeiras reuniões do “Caminho da Graça”, no Hotel Phenicia e, infelizmente, não pude permanecer até o final da série de palestras. Paciência… Restar-me-ia acompanhar algo no site, que visito diariamente.
De modo um tanto inesperado, porém, tudo contribuiu para que eu e o meu amigo-irmão & família pudéssemos ir ao DF no domingo passado. E como valeu a pena!
De cara, o pessoal do louvor musical propôs o cântico “Sinceramente”. Sinceramente, perguntei-me: “Estranho… Será que farei alguma decisão nova hoje?…” Isso porque, sinceramente, essa tinha sido a música que me marcara, indelevelmente, no dia-histórico da minha de-cisão e conversão de fato, cerca de nove anos após o meu batismo eclesiástico formal.
Explico: “Levantei a mão” aos dez anos e, pouco tempo depois, fui batizado nas águas. Mas a de-cisão na alma e no espírito aconteceu entre os meus 18 e 19 anos (hoje tenho 36). Anos depois, num livreto não publicado, e ainda com uma perspectiva muito limitada da Graça de Deus, eu a relataria assim:
“O ápice desse processo [de conversão] se deu num dia em que, aos 19 anos, dirigindo velozmente meu fusquinha (se é que se pode dirigir rapidamente um fusca 74), atrasado para o trabalho, eu ouvia sem muita atenção uma música no toca-fitas. De repente, algum dispositivo em minha alma, ali instalado por Deus desde antes de eu ser formado no ventre materno, foi acionado pelo refrão da canção [“Sinceramente”], que dizia: ‘Vou correndo pra Deus…’
“De imediato, veio-me à mente algo que eu lera dias antes, em que Deus dizia ao ser humano: ‘Você corre com seu carro, mas nunca corre para meus braços’. Ora, aquilo era comigo, era para mim. Não podia ser de outra forma! Eu não sentia que pudesse ser de outra forma: eu estava irremediavelmente cercado, encurralado, absolutamente encantoado pela graça divina. Percebi, num insight, todo o peso de minha miséria e pecaminosidade humana e, ao mesmo tempo, um banho de amor e graça e misericórdia e perdão divinos despejar-se sobre mim e entranhar-se em minha alma de tal modo que, dali por diante, eu jamais poderia deixar de pertencer a Deus porque sempre fora dele! Tanto a convicção do meu pecado quanto a consciência do amor incondicional de Deus me compungiram às lágrimas.
“Chorei profusa e profundamente enquanto dirigia. Ao chegar ao trabalho consegui recompor-me parcialmente, mas em seguida dirigi-me a uma sala onde haveria mais privacidade, tranquei a porta e dei vazão à torrente de lágrimas que ainda estava represada em mim. Eram lágrimas de arrependimento misturadas às de gratidão pela sensação de adoção perpétua. Nunca antes ou depois disso chorei tanto. Nunca antes tinha tido a plena convicção do que chamavam “experiência de conversão”, mas, neste dia, a convicção foi absoluta, total, completa. Não se tratava mais de um mero reconhecimento intelectual da realidade da salvação em Jesus e de seu amor incondicional, mas sim de uma interiorização definitiva, com implicações emocionais, espirituais e filosóficas daquela teologia que eu antes conhecia ‘só de ouvir’. Aquelas lágrimas quentes e salgadas eram, sem dúvida, o choro da vida, do renascimento.
“(…) para mim, essa experiência foi absolutamente genuína do ponto de vista espiritual, e deixou uma marca definitiva em minha vida. Nada existe que a possa anular ou minimizar. E, diga-se de passagem, não foi gerada pela ação direta da igreja–instituição, mas apesar dela.
“Agora, quando eu cantava, as verdades expressas nas letras dos cânticos ganhavam vida e me falavam ao coração; quando orava, conversava de fato com Deus; quando ouvia sermões verossímeis ou lia a Bíblia, a mensagem me falava diretamente à alma e tinha aplicabilidade prática no dia-a-dia.”
Bem, voltando ao presente…
Agora, quase 18 anos após essa experiência, e depois de inúmeras angústias pessoais e incontáveis frustrações na “igreja”, eu pressentia a possibilidade de “reeditá-la” sob uma perspectiva diferenciada… E, oh boy, foi exatamente o que aconteceu!
Você nos falou de tanta coisa édita-inédita, realizável-irrealizada em nossa alma, que foi simplesmente impossível não dar ouvidos à mensagem profundamente simples e simplesmente profunda do Pai a mim. Faltava-me, sim, uma coisa essencial: assumir e admitir, à alma, na alma, com a alma e pela alma, o meu ser-e-essência REAIS aqui, para eu ir sendo “eu mesmo transformado por Deus conforme a imagem de Jesus Cristo”.
Faltava-me, sim, aceitar de uma vez por todas que “o que é, é”, para que o que pudesse vir a ser também o fosse, posto que, em Deus, já o é. Faltava-me assumir exatamente quem e o que sou (trazer TUDO à Luz), para que, pela Graça, eu fosse salvo não só para a eternidade, mas também para o aqui-e-agora, right away! E como precisamos da salvação da alma aqui, nesta dimensão da existência!
“O cara não vê a hora de ser arrebatado, para que cessem todas as angústias que experimenta”, foi o que, mais ou menos, você disse acerca de muitos – e eu era um dos tais. Antes, olhava para a transcendência da salvação e, devido à “náusea” da vida, ignorava solenemente a imanência da salvação. O meu “Maranata!” era, sobretudo, um grito egoísta de “não agüento mais, Deus; me leve logo para a minha casa definitiva!”…
Mas aí você apresentou, da parte de Deus, possibilidades existenciais nas quais poderia haver vida acima – e apesar – da náusea desta vida, e nas quais esta vida faria sentido.
Bem, eu sou extremamente refratário a essa história de “ir à frente”. Sempre fui. Mas não há como resistir ao Espírito quando ele nos convence de que é genuíno o convite à rendição à fé, e de que a simbólica dessa convicção se traduzirá, visivelmente, pelo simples ato de “ir à frente”.
Por isso é que fui. Não sei – objetivamente – o que você disse em sua oração por nós. Eu sabia que Deus já a estava ouvindo e a atenderia. A minha única oração, portanto, era somente esta: “Paizinho, em nome do Senhor Jesus, torna real em minha vida a oração do Caio por mim, e também em favor de cada um de nós aqui”.
E ele, que é fiel, atendeu, está atendendo e atenderá… A Graça começa a gestar vida não mais apenas no meu intelecto, mas nos mais profundos abismos, porões e cantinhos recônditos da minha alma – os lugares mais inacessíveis da essência!
De morrer nunca tive medo. Agora, todavia, estou começando a saber o que é não ter medo de viver.
Que Jesus de Nazaré, o Filho do Deus Vivo, aquele que é, se impregne cada vez mais entranhadamente em sua alma, querido irmão-pastor! SEI que assim o será.
Ah… E OBRIGADO POR VOCÊ SER VOCÊ!!!!
Um caloroso abraço e um beijo bem fraterno,
Fausto, dJN
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Resposta:
Meu amado Fausto: Que a Graça floresça desde nossas vísceras!
Simplesmente não é possível crer que Jesus tenha dito que teríamos a Sua paz, que viveríamos com bom ânimo, que para nós a fobia da morte já estava abolida, que nossa existência experimentaria a alegria de ver a mão do amor de Deus cuidando de nós, e que teríamos vida em abundancia já aqui neste mundo, e, APESAR disso, vivermos do jeito que a gente vive.
Ou seja: para mim quem sempre esteve errado não era o Evangelho, mas sim a mensagem dos evangélicos.
De fato, a gente vê também Paulo usando e abusando da promessa de paz com Deus, dizendo que poderíamos provar a paz de Deus, e que o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, mansidão e domínio próprio, ao mesmo tempo em que vivemos o oposto, ou seja: ódio, amargura, angustia, culpa, mesquinharia, arrogância, e um total descontrole emocional—sem falar no medo do diabo e de seu poder em nossas existências.
Ora, alguém está enganando alguém. E não é a Palavra, mas sim a doutrina da culpa, e que é fruto de quase dois mil anos de legalismo, moralismo, e toda sorte de doença proposta como verdade de Deus e sã doutrina.
Minha perspectiva é simples: como sei e creio que Jesus é a Verdade, e que o Evangelho é Boa Nova de vida e liberdade—especialmente da fobia da morte, que é o que mantém as pessoas sob escravidão por toda a vida (Heb 2:14-14)—, então, o que me sobra como conclusão é que não dá mais para dar crédito às doutrinas do “cristianismo”, posto que fazê-lo, é a negação da própria verdade de Jesus, visto que tal credito à religião acontece como negação de que o que Jesus disse e prometeu que nos aconteceria seja verdade, visto que depois de dois milênios de experimento, poucos foram os que provaram e viveram os benefícios de tais promessas de vida.
Sinceramente, o cristianismo teve dois mil anos de chance apenas criou bruxaria cristã, inquisição, perseguição, culpa, controle, medo, opressão, e abuso da alma humana, forçando a existência a acontecer de modo anti-natural, e pernicioso para a saúde da alma e a alegria da vida.
Portanto, o que nos resta ver é que existe uma falsificação na mensagem, posto que os resultados obtidos pelo cristianismo, não fizeram a alma cristã nem melhor e nem mais pacificada do que a alma de qualquer outro ser humano na Terra.
E pior: é trágico notar que pessoas, por exemplo, do Taoísmo, vivem em muito mais paz e harmonia interior que a grande maioria dos cristãos, e por uma única razão: não se alimenta a culpa humana nessa pratica filosófico-religiosa. Ou seja: não precisa ser verdade, basta não ser uma mentira agressiva contra a essência do ser, que a alma existe em mais tranqüilidade.
Nós estamos tendo, como discípulos de Jesus, a chance de experimentar, sem medo, a plenitude da promessa do Evangelho. Mas, para tanto, temos que ter a coragem de deixar de lado todo esse sincretismo a que chamamos de “cristianismo”, e mergulharmos de cabeça apenas e simplesmente no Evangelho da Graça de Deus.
Seu testemunho é bálsamo para o meu coração!
Receba meu beijão mais que carinhoso, e minha gratidão a Deus por sua vida.
No Caminho,
Caio