PASTOR LEGAL, E IGREJA LEGALISTA…

—– Original Message —– From: PASTOR LEGAL, E IGREJA LEGALISTA… Sent: Tuesday, October 05, 2004 11:50 AM Subject: NÃO ESTOU MAIS SUPORTANDO… Mensagem: Pastor Caio, A Paz do Senhor! Não sei bem como começar; gostaria de compartilhar com você muitas coisas, contudo sei que você não tem tempo, e também não posso ficar me martirizando depois de tanto águas já terem rolado … Há Doze anos atrás eu fazia parte de uma Igreja Presbiteriana. Aprendi meus princípios de fé nela… Fui bem aceito pela comunidade, e gostava muito dos cultos de louvor e dos estudos bíblicos… Eu era um jovem extremamente instável,“errava” muito, mas eu era um jovem feliz… Fui “ batizado ” com o Espírito Santo na época, após visitar um culto de oração de uma “ Igreja Evangélica Pentecostal “; fui ridicularizado por alguns líderes; e não tive o apoio que esperava do Pastor Presbiteriano. Me entristeci, e fiquei fazendo parte desta igreja que estou até hoje. Na Presbiteriana aprendi a nunca julgar ninguém. Eu era muito inexperiente, mas não julgava ninguém pelo vestir, pelo expressar, por estar jogando bola ou bebendo vinho… “Minha igreja“ é extremamente legalista; e fui vivendo e tentando passar para alguns membros que o vestir uma calça comprida, o cortar o cabelo, e outras coisas mais… no se que trata de usos e costumes, não interfere no quesito salvação… Em 1993 me casei. Em 1996 tive meu primeiro filho. Passei ainda um ano no seminário. Desisti por falta de dinheiro. Em 1998 traí minha mulher… O mundo caiu sobre minha cabeça… O Pastor da igreja que faço parte me tratou como se eu fosse seu próprio filho. Alguns do Ministério me ajudaram. Outros “gostaram“ porque na verdade nunca fui legalista…e era contra o que eles pregavam… Na época perdi a credibilidade. Cortei meus pulsos duas semanas após o ocorrido…Entrei em depressão profunda… estágio do ninho vazio… Minha esposa me perdoou… Continuei a caminhada. Minha esposa passou por uma cirurgia em 1999 bastante delicada. Quase que morre. Aquela situação fez com que nos aproximassem mais um do outro. Passei meu período de disciplina e voltei as atividades. Professor titular da Escola Dominical. Professor de Discipulado. Secretário da Igreja. E o Pastor jogando meio mundo de responsabilidades sobre mim. A Igreja se alegrava quando eu pregava. O Espírito da Graça de Deus era derramado sobre todos… Sabia de minhas limitações, Deus sabe… Nasceu minha filha em 2001… nosso xodó… Tenho um casal… Continuo na nossa igreja até hoje porque Deus fala no meu coração que a Sua vontade é que eu permaneça ali… Permaneci no emprego público que estou até hoje, sem nunca fazer nenhum outro concurso, porque Deus fala ao meu coração que a Sua vontade é que eu permaneça aqui … Depois de 10 anos atuando na igreja fui consagrado diácono no ano passado… Saiu o nosso único presbítero local; foi para uma outra igreja por causa de divergências com o pastor… Estamos sem presbítero desde de setembro do ano passado…e o pastor está orando pra Deus revelar o que fazer… Creio que no próximo ano haverá consagrações de Presbíteros, temos muitos diáconos. O problema justamente é este… Caio não suporto mais o legalismo! Estou com saudades da liturgia de outras igrejas… Sei agora o que é Batismo com o Espírito Santo. Sei o que é falar em línguas. E sei o que é esta loucura esquizofrênica que impera no meio pentecostal. Acabei de ajustar nosso Regimento Interno. Não suportei escrever: ”Não é permitido ao membro do sexo feminino ir a praias usando trajes sumários, usar calças compridas exceto trabalho….Cortar o cabelo… Usar maquiagem… Membro do sexo masculino jogar bola, exceto profissional…. Ter cabelos compridos… e ainda por cima citar versículos bíblicos…” O pastor já deixou transparecer que vai me indicar para presbítero no ano que vem. Não tenho visto uma resposta de Deus direta… Vários irmãos torcem para que eu seja um dos presbíteros… Enfim a minha pergunta é: Será que é realmente a vontade de Deus que eu permaneça ali? Por que depois de dez anos estou me martirizando? Por que eu não saí antes? Me sinto uma andorinha só; e andorinha só não faz verão… Compreendeu? Se eu sair, o pastor vai morrer de tristeza… Ele me ajudou quando precisei dele… A vontade de Deus pode imperar no meu caso? Será que meu caso é exceção? Tenho que permanecer numa igreja legalista por que é esta a vontade de Deus? Ou será que fui eu que insisti em achar que todo este meu tempo numa igreja legalista era a vontade de Deus, apenas na minha cabeça? Deus me mostrou numa revelação em 1996 que um dia seria também um pastor…Tenho uma chamada para este ofício…será que terei que ser pastor desta igreja? Sou uma pessoa equilibrada teologicamente, contudo já deixei há muito de discutir dogmas, doutrinas e posições teológicas deste ou daquele teólogo… Aprendi que ser cristão é viver pela fé…é não se deixar modificar pelo sistema religioso que é ensinado no meio evangélico, que na verdade é tudo fachada… Claro que tem muita gente boa por aí, que ainda não deixou se envolver… outros permanecem com este modus vivendi por pura ignorância… é o caso de muitos de minha greja… Não estou suportando mais…quero ficar livre… quero fazer parte de uma igreja sóbria… que veja Cristo como Ele é… e não como é visto por muitos por aí: uma visão estereotipada… Li seu texto sobre a vontade de Deus, e fiquei pensando muito… Deus impõe sua vontade contra a nossa? Ou essa vontade que nós achamos que é de Deus é produto de nossa religiosidade? E agimos por impulsos…? Qual o melhor caminho no meu caso? Se eu resolver sair, como deverei agir? Sempre oro por você Caio! Abraços, ___________________________________________________________ Resposta: Meu amigo amado: Paz e Liberdade! Eu não consigo entender as coisas assim. Para mim tudo é muito simples. A gente serve a Deus de coração, e sem constrangimento. Pessoalmente eu jamais ficaria em lugar nenhum onde meu ato de culto significasse um estupro à minha consciência. Se você me permite, gostaria apenas de dizer o seguinte: é sintomática a sua insistência em ficar num lugar que contraria tudo o que você crê, quando, também, nesse lugar, você vê chance de se tornar “pastor”. Não seria essa vontade de se tornar “pastor” justamente aquilo que o faz pensar que deve ficar aí? Não seria também isto o que move você a pensar que se sair terá “perdido tempo”? Sei de sua gratidão pelo pastor, visto que apesar de todo o legalismo da igreja, ele foi humano e amigo na hora da necessidade. No entanto, amor verdadeiro não seqüestra; e consciência e gratidão também não geram seqüestro e endividamento. Você pode ser amigo dele e grato a ele para o resto de sua vida, sem que isto implique em ficar atormentado… para sempre. Caso você sai de lá, mas não deixe de ser amigo do pastor, pois, provavelmente, você poderá ajudá-lo muito mais como amigo verdadeiro e próximo. Uma última palavra sobre o “ser-pastor”. Meu amigo, ser pastor não é algo que os homens fazem, mas sim que Deus faz. Quem é pastor é pastor; e não há nada que ninguém possa fazer para que ele não seja. Mas se para você ser pastor é ser ordenado por uma denominação e carregar um título, então, sem dúvida, você vai precisar de alguém que ponha a mão na sua cabeça e diga: Agora ele é pastor! Você sabe o que eu penso. Quem anda por aqui sabe que eu não considero “pastor” alguém que carrega um título; mas sim alguém que carrega um dom. E para exercer o dom, não é preciso ser formalmente ordenado por ninguém. Um verdadeiro pastor é sentido e visto como tal, mesmo que todos digam que ele não é pastor. Pense e ore. E leia aqui no site o texto: “Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa?” Está nas Cartas. Meu beijo amigo e minhas orações. Nele, em Quem o pastor é aquele que ama a Jesus, e, portanto, cuida de Suas ovelhas com amor, Caio