UM SUPER ESPINHO NA CARNE…

—– Original Message —– From: UM SUPER ESPINHO NA CARNE… To: contato Sent: Monday, October 25, 2004 8:53 AM Subject: Calcanhar de Aquiles… Olá Pr. Caio Fábio. Verdadeiramente, só pelo fato de poder falar destas questões, e poder ser ouvido por alguém já trazem um certo alento ao coração. O que nunca tive nestes meus 35 anos de vida. Bom, frente a tudo que vc falou, gostaria aqui de detalhar mais um pouco sobre mim e as questões colocadas. Na verdade Pr. os primeiros sinais desta “distorção” na minha vida foram percebidas antes dos 19 anos, mas era algo muito lúdico, e não uma necessidade latente. Lembro que está coisa de observar pessoas do mesmo sexo surgiu mesmo em meados dos 16 aos 19 anos, antes disso lembro apenas que na escola ou ginásio, do nada, eu tinha uma atração muito forte por um amigo, e era algo muito lúdico como falei, não era uma atração sexual, ou uma necessidade de tocar, queria apenas estar junto, fazer os trabalhos do colégio, encontrar nos fins de semana no clube, e sair com os outros amigos(as), mas sempre querendo que “este” em especial estivesse no grupo e nunca, nunca mesmo, tive nada com esta pessoa além desta necessidade de estar próximo apenas; lembro-me que essa necessidade era tão forte que quando via esta pessoa ou quando ela chegava, eu era tomado por uma sensação de satisfação muito forte, e nada mais. Para mim, na minha mente de um garoto de 11 ou 12 anos era pura amizade e nada mais; tanto que eu nem esquentava em disfarçar esta satisfação por estar com este meu amigo e nunca, nunca mesmo passava pela minha cabeça a idéia de um toque, um contato físico, digo isto honestamente. Gostaria de salientar também o fato de nunca eu ter desenvolvido um comportamento afeminado, pelo contrário, sempre apresentei como um garoto vamos dizer “normal”. Outro fato também é que isto aconteceu num momento muito crítico na relação de meus pais, muitas brigas, vi muitas agressões contra minha mãe, e meus irmãos (ãs). Esta questão de atração ocorreu outras vezes pastor, só que não mais eu tinha a mente de um garoto de 11 anos; e esta duas vezes que ocorreram (em momentos diferentes) eu já sabia que isso era uma atração mesmo muito forte que surgia de repente; e eu procurava sempre estar perto destas pessoas; e era sempre alguém de um meio o qual eu estava sempre inserido; num caso trabalho, e noutro, a Igreja; mas neste dois casos sempre foi algo muito meu, não houve um retorno por parte destas pessoas; eu também não dizia nada, não era doido a este ponto. Sei que eu criava um sentimento, disfarçava o máximo, sofria muito por não ser correspondido e como nunca tive contato físico com estas pessoas… Então me masturbava muito. Aqui nestes casos eu “viajava” almejando algo também pelo lado físico. Com o tempo, veio a juventude, e surgiram os primeiros sinais de pessoas do sexo oposto se interessarem por mim. Para mim foi algo muito novo; namorei várias moças, tanto dentro como fora da Igreja; apesar de que minha experiência sexual “de fato” com mulher foi depois de casado, com minha esposa, mas depois falo disso. Nesta fase de estar com pessoas do sexo oposto (mulher) eu dei uma esfriada neste aspecto de interessar em alguém do mesmo sexo. No dia que descobri e pude tocar alguém pela primeira vez, no caso, mulher, foi para mim a descoberta de um novo mundo que eu nunca havia me despertado para ele. Então foram muitas namoradas, muitos “amassos em festas de escola”; e depois já na casa dos 25 anos, algumas namoradas mais sérias, tipo coisa de namorar em casa, conversar com o pai da moça, e sempre pastor, rolava aquelas coisas de namoro escondido; coisa que acontece, e tudo mundo sabe, mas ninguém fala; apenas diz que é pecado. E tudo acontecia numa boa, o toque, minha reação; e confesso que isto foi de fato um despertamento sexual em mim muito grande; tocar uma mulher para mim era algo muito bom, me fazia bem e eu tinha essa necessidade. Mas… os namoros começavam e terminavam… eu ficava neste intervalos sozinho, então despertava novamente este interesse por pessoas do mesmo sexo, e se pintasse uma oportunidade eu fugia, mas em casa me masturbava; e era sempre a coisa do órgão sexual masculino o que me excitava num homem; era sempre a figura do pênis. Aqui raríssimas vezes eu pensava em sentimento, exceto quando eu sentia, no caso, uma atração por alguém, então isto mudava. Aí só masturbar não me saciava, eu queria algo mesmo com esta pessoa; e como não conseguia, isto me angustiava; e eu ficava numa ânsia muito grande querendo dar vazão a um tesão enrustido, mas como não podia ter nada com esta pessoa com a qual eu ansiava, por se tratar de um amigo, um colega de trabalho e por esta pessoa ser totalmente hetero… Então passei a perceber que esta falta me levava a observar figuras masculinas ainda mais, por onde quer que eu fosse, e sempre numa frenética necessidade de me masturbar; e até que depois de muita resistência, encontrei alguém que pudesse ter um contato físico… Então aconteceu minha primeira experiência homossexual, isso eu já tinha uns 25 ou 26 anos de idade. No outro dia, eu tive um sentimento de morte terrível, culpa, medo, pecado, Deus pesar a mão, foi traumático, mas infelizmente concluí que gostava de pessoas do mesmo sexo, e tinha que aceitar isto. Porque sempre que me masturbava, eu disfarçava na hora de criar na cabeça a fantasia, eu nunca aceitava que eu tinha me masturbado pensando em homem, era como se eu não quisesse aceitar tal situação. Depois desta primeira experiência, vieram outras; e então aquela coisa de despertar uma atração (sentimento, como acontecia no começo); não mais acontecia, era apenas sexo minha vontade agora; não pintava mais aquele lance de gostar de um cara. Então vinham as pirações, por que estava com alguma namorada e rolava todo o lance de tesão quando estava com uma mulher, e saia dali… e observava aqueles que passavam por mim, na rua, ônibus, e etc. Chegava em casa… caía de novo na masturbação. Como é até hoje, infelizmente. Bom, quanto a prática sexual no casamento, eu não tenho nenhum impedimento numa intimidade com minha esposa, pelo contrário, gosto quando ela me procura, sinto falta e procuro-a também, sinto prazer e curto a transa sem a menor dificuldade. Percebo que o que mais me excita é o fato dela demonstrar para mim que eu a satisfaço sexualmente; mas sempre gosto quando ela demonstra uma atitude onde sou a principio dominado por ela, pois gosto do papel de ser “usado” por ela; e então, quando acontece de mudar de papel, passo de “ser” dominado a “ser” dominador, e desenvolvo uma coisa de sentir prazer na brutalidade do ato sexual, (sem machucá-la, claro), mas usar de força para com ela, mostrar-me como o “bicho macho” mesmo, um coisa como que diz Nelson Rodrigues, “…voltar a pré história, e fazer sexo de uma forma meio que arcaica e selvagem.” Às vezes quando ela quer uma transa mais branda, aquela coisa meio suave, acho sem graça e tenho uma certa dificuldade para ficar excitado, e já falhei algumas vezes, mas quem nunca falhou…? (rsrsr)…Então peço a ela para fazer novamente o papel de dominadora e entro de novo no fetiche de ser usado; aí sim a coisa muda de figura, e faço todos os desejos dela. Mas preciso que ela demonstre que eu, somente eu, posso satisfazer todas as vontade dela e pode crer. Sem falsa modéstia, satisfaço TODAS. Mas, saindo dali quando ponho o pé na rua começo a ver o que já lhe falei; desperta novamente a figura do órgão sexual masculino na minha mente e inverte a situação. É como se tudo o que acontece ali dentro das quatro paredes do meu quarto não tivesse valor. Outra coisa Pastor, é o fato que às vezes fico na ânsia de desenvolver um sentimento por alguém novamente; acontece de ás vezes na faculdade, por exemplo, eu ficar observando alguém que chega de repente numa conversa, numa fila… e começo a “viajar”, imaginando mil coisas, tipo: “.. poxa.. eu podia encontrar alguém assim, e tal…” Me bate uma carência afetiva terrível, vontade de abraçar, ser abraçado, ser acariciado, é terrível. Sofro muito com isso. Na verdade nunca tive vontade de viver uma relação explicita com um cara, aquela coisa de morar junto, viver junto, casamento gay, tenho aversão a isso, nunca quis isso. Sempre sonhei mesmo em casar e ter um filho homem, pra poder amar, demonstrar cuidado, atenção, carinho, ser amigo, levar pra jogar bola, ver crescer e acompanhar todas as fases da vida dele, ser mesmo um pai que faria qualquer coisa por este filho. Choro, por que sei que não tive isto! Amo meu pai, o respeito muito, mas ele não soube ser um pai para mim. Outro coisa que quero dizer pastor, é o fato de que quando acontece alguma coisa numa situação com uma pessoa do mesmo sexo, o que acontece é sempre coisas meio que rápidas, corridas, e raramente faço o papel de passivo 100%, este papel na verdade nunca me agradou, exceto….quando nesta nessa relação tenha mais que sexo, mas sentimento envolvido, aí confesso que aceito o papel de passivo e me sinto protegido, não usado, mas envolvido, guardado. Enfim, pastor, acho que pude esclarecer um pouco mais sobre mim e minhas pirações, fui honesto em tudo que disse, sou isso aí, sem aumentar nada e nem diminuir, sabe… não tenho taras por crianças, essas coisas de sado, animais; tenho aversão a isso; e nunca fiz este tipo de coisas, nunca me prostitui, nunca paguei pra ter sexo. Mas o que faço também é terrível, e quero parar com isso; mas não consigo; se há um jeito, por favor, me diga… Quero ser para minha mulher somente, e me ver livre destas pirações que me fazem sofrer tanto. Sabe pastor, nunca disse nada disso a ninguém, e não entenda a forma simplista como coloco a coisas, como algo meio que chulo, ou vulgar, estou repassando um histórico da minha vida na ânsia de diante de tais informações poder ter um orientação de alguém para minha alma. Mais uma vez muito obrigado e fico no aguardo quanto a sua resposta! No mais vou levando a vida como der, lutando de braçada contra a maré! Deus Abençoe a vida do senhor. ________________________________________________________ Resposta: Meu amado amigo no Senhor: Graça e Paz sobre a sua alma! Sua franqueza só escandaliza os fariseus, que são os doentes com a presunção da sanidade. Aos doentes-normais sua narrativa, entretanto, apenas revela a amoralidade da alma. Na realidade a alma é estranha e livre nos caminhos que escolhe, e, nós, na maioria das vezes, não temos a menor idéia de porque aquilo se formou ali. Ora, mesmo as teorias da psicológica são linhas gerais que estão longe de poder chegar nos detalhes de cada caso e cada alma. Tem-se apenas os contornos gerais dessas configurações, mas não a razão pela qual, uma determinada alma, ficou daquele jeito. Isto porque, em situações idênticas, outras pessoas fazem caminhos completamente diferentes. A relação com seu pai é um prato cheio para a “analise” da situação. Não tenho dúvida que a inafetividade dele afetou terrivelmente a você. No entanto, mesmo isso não explica o que lhe aconteceu. Há homens que nunca tiveram nada que “explicasse” o que lhes aconteceu, tendo tipo todas as coisas em equilíbrio na família, e, ainda assim, fazendo um caminho na alma idêntico ao seu nas manifestações. Portanto, essa fixação da psicanálise nas figuras parentais, ajuda como teoria geral, mas está longe de explicar o que acontece em cada alma particular. Mesmo assim, seria de grande valia e de extrema urgência, que você procurasse um psicoterapeuta aí onde você está. De preferência um que não seja religioso, e que não tenha nenhuma obrigação mais forte do que andar pelos labirintos de seu ser, com você, até chegar ao fim da linha, a fim de poder entender onde está o “nó”. De pratico quero lhe deixar as seguintes orientações: 1. Boa parte dessa compulsão vem de sua culpa moral e religiosa. Assim, querendo ser um homem sadio, conforme a moral religiosa, você cada vez se abisma mais nas compulsões, posto que nada alimenta mais uma compulsão que a culpa moral e religiosa. De fato, estranhamente, esse tipo de tesão nasce da moral e da culpa pela sua transgressão. Ora, se você sabe que em Cristo sua culpa foi tirada, mesmo que seu comportamento ainda não tenha sido alterado, o que surge de imediato é uma desmobilização do poder da culpa, e, com ele, um enfraquecimento das pulsões que se alimentam do proibido e do culposo. Desse modo, eu lhe digo: se você crer que já está perdoado mesmo que continue sentindo tudo o que sente, o problema cairá pela metade, de imediato, posto que tudo o que se manifesta é luz; e, além disso, tudo o que se manifesta e é tratado como algo que existe em você, mas não mais entre você e Deus, tende a perder a força. Além disso “isto” precisa ser apenas visto como algo que se instalou como uma “alergia psíquica”, mas não como uma maldade moral. Ora, nesse caso, na hora em que tal compreensão se apossa de nós, a culpa perde a força; e com esse enfraquecimento da culpa, surge o alívio. O resultado é que sem “condenação”, começa a surgir a pacificação da alma, e o caminho, daí para frente, é crescentemente um caminho de libertação. 2. A luta moral e neurótica contra isso apenas serve banquetes para a compulsão. Sei que é difícil separar as coisas depois de anos de condicionamento moral-religioso. No entanto, a única saída para fora disso começa e termina na Graça de Deus; com a confissão em fé de que isto faz mal; mas que não é nada mais que um mal que você faz a você mesmo, assim como quem bebe em excesso, fuma em excesso, transa em excesso, fica religioso em excesso; e qualquer coisa em excesso… Você terá que encarar isto como uma disfunção instalada, como se fosse um problema no coração, no fígado, nos rins ou nas vias respiratórias. A questão é que doenças no corpo não são julgadas moralmente, mas disfunções na alma são sempre vistas como pecado, cinismo, doença e safadeza. Fuja disto. Tais interpretações, eu lhe digo, são do diabo; e apenas a ele interessam e servem. 3. Não fique grilado com seus desejos pela sua esposa, ou pelo modo como você gosta de ser desejado por ela. Na realidade, o que você gosta—ser “usado”, desejado, implorado, e “agido” pela mulher—, é o sonho de consumo de todo homem. No entanto, isso tem seu lugar; mas não pode ser o padrão de todo o desejo sexual. Entretanto, por enquanto, vamos viver com o que temos. Seria complicar demais tentar tratar tudo de uma vez só. Portanto, parta para dentro de sua esposa (veja se você não a prejudica em nada; especialmente proteja-a se protegendo…), e transe com ela todos os dias, se possível. E abra com ela sua intimidade, não essa que você me narrou; mas sua necessidade de transar com ela do modo como excita a você, já que isso não implica em violência, mas apenas em sexo mais agressivo. Todavia, tome a iniciativa pelo menos umas três vezes por semana quanto a ser “agressor”; aquele que procura, e acha; e que sente alegria não apenas em dar prazer, mas também em ter prazer. 4. Quanto ao estado mental, saiba: a mente é como músculo: se você exercitar, ela cresce na direção do exercício metal. Ora, assim como o músculo cresce pela repetição de movimentos, assim também a mente se desenvolve conforme a repetição dos pensamentos. A questão é que um cara moral como você, toda vez que pensa, se culpa; e quanto mais se culpa, mas pensa; visto que ao invés de abandonar o pensamento, você tenta enfrentá-lo com auto-justificação; ou com uma luta de enfrentamento, o que faz com que o pensamento se fixe cada vez mais profundamente, visto que a única maneira de vencê-lo, é ignorando-o; o que você só conseguirá no dia em que deixar o pensamento apenas passar… e não ficar nem lutando contra ele… e nem mesmo, como você faz, “viajando” nele. Trate isso com indiferença, como mosquitinho, como uma coceira rápida, como um resfriado, como um espirro… Para se fazer isto, tem-se que estar completamente confiante no amor de Deus e em Sua Graça, na certeza de que Deus não é o diabo. Digo isto porque, psicologicamente, o “Deus” dos cristãos é o diabo. E isto digo em razão dos humores diabólicos que se atribui a Deus; sim, esse “Deus” que esmaga a cana quebrada e apaga a torcida que fumega. Esse não é Deus, mas apenas a criação de uma divindade perversa, e que em nada se parece com Jesus, mas sim com o diabo. Estou meio cansado de mandar as pessoas lerem o site, mas é que sei que se você entrar aqui, e ler sobre quem é Deus e como Ele nos trata em Graça, conforme o Evangelho, boa parte desse problema acabará; e o que restar, será também equilibrado em sua vida. Você não é gay. Gays não são como você. Você é apenas um homem com disfunções de natureza psiquico-sexual. Ou seja: é algo a ser tratado, com grandes chances de pacificação para você. Receba meu carinho! Nele, Caio