CAIO, COMO É NA SUA IGREJA…?–Questionário

Amigo querido: responderei dentro de sua carta. Um beijão, Caio ________________________________________________________________________________ Carta e Respostas: Querido Pr. Caio Fábio Conforme conversei com o irmão, a respeito do meu aluno, o qual também lhe apresentei pessoalmente, estou lhe enviando algumas perguntas dele, e que fazem parte de um trabalho da Faculdade. A disciplina é Teologia Pastoral. _______________________________________________________________________________ 1. Na sua visão o que é Teologia Pastoral? Resposta: É o exercício da Psicologia da Graça no trato humano. Portanto, o nome nem deveria ser “teo-logia”, pois se é acerca do pastor e das pessoas de quem ele cuida, não se está falando de nada que não seja antropológico e psicológico. Na minha maneira de ver a primeira coisa na Psicologia Pastoral é crer que tudo na vida é parte do trato de Deus para as pessoas, e que não há situação que não possa se tornar em bem para a alma. A segunda realidade é o espírito de misericórdia. Misericórdia cura. A terceira é honestidade com sua própria condição humana, a fim de que se possa condoer dos que sofrem. A quarta coisa é um olhar sem julgamentos e proibições, pois, o moralismo impede as pessoas de se enxergarem—atrasa e impede toda cura de alma, visto que apenas reprime, mas não liberta. E a última é ser esperançoso e não ter pressa, pois, deve-se saber que a Palavra da Graça sempre produz fruto de vida. O pastor que mais ouve é aquele que de fato mais diz. 2. Sua Congregação é missionária? Resposta: No sentido de enviar “missionários” passei a minha vida toda—tanto como pastor local, como também na condição de dirigente de para-eclesiásticas—, enviando e sustentando missionários. No entanto, nunca alimentei o “espírito missionário”, pois, na maioria das vezes, sempre o achei muito explorador dos medos do inferno, e das culpas dos que não têm vontade de sair por aí. Para mim a missão é a vida conforme o Evangelho. Onde houver pessoas vivendo no espírito do Evangelho a missão está se realizando como propósito divino. O resto, Deus mesmo faz. Ou não é Ele que faz até fezes de passarinho andar carregada de sementes colhidas em terras longínquas? Ou não é Ele que sopra onde quer? A grande missão é ser sempre. Então, onde Deus nos semear, seremos. 3. Qual a orientação à sua Congregação em relação ao Código Civil no tocante ao aborto autorizado e ao casamento de pessoas do mesmo sexo? Resposta: Nenhuma orientação. Os que me ouvem sabem que essas são Leis de Concessão, não de obrigação. Portanto, é questão de cada um, e não uma obrigação geral. Só me levanto contra leis injustas, e que são aquelas que tornam as escolhas caprichosas de uns poucos, uma questão de obediência para todos, ou traga obrigações e implicações para todos. Nesse caso, seríamos nós, os cristãos, que nos julgamos sadios e normais, aqueles que proíbem as coisas para todos. Desse modo, por mais “justa” que julguemos seja a nossa lei, em se tornando uma lei de obrigação, e que diga respeito apenas ao âmbito da vida pessoal de cada cidadão—sim, nesse caso, os que cometem a violência somos nós, posto que a lei do aborto não é a lei de Faraó, mandando que todo primogênito seja abortado; nem a lei do casamento gay é uma lei como a dos Medos e dos Persas, que todos na terra tinham que obedecer. Os que me ouvem são estimulados a viver de tal modo que suas vidas apenas tenham a ver com o que concerne ao Evangelho. E aprendem que só se levanta a voz quando imposições são feitas contra os direitos de cada um. Não ao contrário. 4. Como são encaminhadas e orientadas a adolescência e a juventude na sua congregação? Resposta: Sempre pelos pais. Nunca cri que a “igreja” deva ser a substituta da família em nada, exceto para órfãos. O ensino onde quer que eu ensine é sempre sobre o conteúdo do Evangelho, e não sobre moral ou regras para viver. A Palavra é ensinada. O Espírito é livre e soberano. Deus é vivo. A Graça é eficaz. E a promessa é que Deus mesmo inscreverá na consciência de cada um a Sua vontade. Portanto, eu faço a minha parte: prego. E se alguém me procura, ouço e oriento. Mas cada caso é um caso. Assim como para cada idade e estação da vida deve haver uma palavra própria. 5. Qual o seu conceito sobre o crescimento das Faculdades Teológicas e a implantação de Cursos Profissionais em seu meio, concorrendo com Faculdades e Universidades Publicas e Privadas? Resposta: Acho interessante. Pelo menos “mistura” um pouco mais as coisas, e diminui a distância entre a ensino teológico e a vida real. 6. Como é descontruir o construído ao longo do tempo, quando coisas se cristalizam, e forma uma visão teológica incompatível com a atualidade? Resposta: Eu não sei como é desconstruir. Nem tampouco como é construir. “A terra por si mesma frutifica”—disse Jesus. Eu apenas lanço as sementes. Mas o crescimento vem de Deus. Ou seja: para construir ou desconstruir, o melhor é não tentar fazer nenhum dos dois, mas apenas deixar que a pequenina semente cresça, que o insignificante fermento levede toda massa, que o sal desapareça em sabor permanente, e que luz após luz o ambiente seja iluminado, e cresça sem estardalhaço; e pleno das boas obras da misericórdia. ____________________________________________________________________________________ Desde já agradeço sua boa vontade em responder a este questionário. Resposta: O prazer foi todo meu, querido amigo!