NÃO QUERO FICAR SOLTO…
Caio,
Desde os tempos de seminário tenho grande admiração por você. Tenho um filho, hoje com dois anos e meio, que se chama Caio Fábio—em sua homenagem.
Seu conteúdo me chama atenção. Através dele tenho sido extremamente edificado. Acabei de ler o livro “Um cântico na agonia” e de ver o slide “Deusmandamentos”.
Você não imagina o quanto foram importantes para mim, principalmente pelo momento que estou vivendo.
Tenho me decepcionado com homens que se autodenominam “autoridades espiritual” sobre mim; e, contudo, agem com injustiça, politicagem e com frieza; e sem nenhum sinal de misericórdia.
Estou com medo de tomar o mesmo caminho que Ruben Alves tomou—outra personalidade que tenho lido bastante—; e romper com a igreja institucional.
Espero receber uma palavra de um amigo—é o que te considero—sobre esse assunto.
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Resposta:
Meu querido irmão e amigo no Reino: Graça e Paz!
Primeiramente dê um beijo em meu xará!
Meu amigo, no mundo tereis decepções…
Outros também se decepcionam com a gente…
A questão é outra: é deixar os mortos sepultarem os seus mortos…
Você está sofrendo aquilo que um coveiro não acostumado sente: uma total repugnância por viver lidando com defuntos!
Rubem Alves e rompimento com a “igreja institucional”… não é problema. O problema do Rubem, de longe, me parece um outro. Ele tinha muita alegria na “igreja institucional” e foi perseguido por ser “liberal”… e se encheu de amargura. A fase da amargura depois da perseguição é normal. Mas já faz trinta anos… e homem continua apenas falando do passado. E por que? Ora, é que em minha distante e pobre maneira de ver, havia nele uma esperança que não se focava na simplicidade do Evangelho, mas sim nas complexidades da teologia. E como o fenômeno humano do Protestantismo é algo inesperançavel para qualquer alma adulta, o que fica é desesperança com o sistema; mas tal desesperança, quando se está cheio do Evangelho, não deixa a alma amargurada por muito tempo, pois logo o coração considera o “opróbrio de Cristo”, e, assim, prossegue a jornada, mesmo que seja contra faraó—quanto mais contra o império protestante da heresia ortodoxa, que é apenas a “heresia que prevaleceu”.
Parece-me que com a “morte da igreja institucional” a alma do amigo em questão ficou sem elo, e, por não conseguir se ver livre se sua sensibilidade, poesia e mística, acabou por enveredar pelo caminho da “religião dos fenômenos psicológicos”, mas ainda muito distante da simples confissão do Evangelho. À mim me parece que na alma dele o Evangelho e o Cristianismo são a mesma coisa.
Ora, se você não entrar nessa tolice, e, se souber fazer a distinção não intelectual, mas sim existencial entre as coisas, o choque com a “instituição” não tem o poder de tirar a alegria da fé do coração.
Seja sábio e crente no amor de Deus!
Se você tiver uma oportunidade de ficar livre desse mal, como disse Paulo, “aproveite a oportunidade”. Se ainda não tiver tal chance, sirva a Deus apesar dos homens que lhe oprimem.
O importante é separar o que é obvio: o Evangelho de Deus dos fenômenos religiosos—incluindo todas as formas de “cristianismo”. Quem assim faz dentro de si caminha sem escândalo e sem medo. Tudo é simples quando o Evangelho é simples em nós.
Ame a Jesus e ao Evangelho e você sempre estará seguro!
Um beijão amigo!
Nele, que olhava para o Sinédrio e não via Deus, e olha para o pagão, e dizia: “Nunca vi uma fé como essa!”
Caio