O MACACO E O MESTRE ZEN: reflexões de um ex-pai de santo
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From: José Alfredo >
To: “Caio Fabio” [email protected]
Sent: Friday, December 24, 2004 5:12 PM
Subject: O macaco e o mestre Zen
O favor e desfavor geram angústias.
O sucesso e a desgraça são sempre acompanhadas pelo medo.
As honrarias e tribulações podem ser consideradas como condições pessoais da mesma espécie.
Porque quem espera favor paira na incerteza, sem saber se o receberá.
Porque afirmar que o sucesso e a desgraça são seguidos pelo medo?
A desgraça é estar numa posição inferior depois de sentir o gosto da vitória.
Quando obtemos o sucesso, nos vem o medo de perdê-lo e, então tememos maiores calamidades.
Este é o sentido da afirmação de que o sucesso e a desgraça são acompanhados pelo medo.
E o que significa a afirmação de que as honrarias e tribulações são condições pessoais da mesma espécie?
O que me torna passível de grandes calamidades é possuir um corpo que considero meu.
Se não possuísse tal corpo, que infelicidade poderia atingir-me?
Por isso, sem um ego interferindo: Quem se mantém liberto das prisões dos favores e desfavores, liberta-se da idolatria do ego.
Eis a razão por que aquele para o qual um Império é tão precioso como sua própria pessoa pode conquistá-lo.
Só pode possuir o Reino, quem está disposto a servir desinteressado. A esse se pode confiar o Reino.
E quem ama o Reino pelo menos como a si mesmo pode estar certo de que terá direção Suprema.
O sentido de posse e propriedade é animal, cria no homem o sentido da perda e com isso cria um muro de proteções a fim de resguardá-lo contra a invasão do outro, sendo a origem das calamidades da alma humana.
Por isso, na África, coloca-se dentro de uma grande cabaça aberta apenas
por um pequeno furo uma banana com a finalidade de se pegar macacos para comê-los. Com as mãos vazias, os macacos têm acesso através do furo à banana, porém, não conseguem mais tirar a mão de dentro da cabaça porque não se desapegam mais do objetivo; e aí servem de repasto para os nativos.
O que distingue um macaco de um homem, é que o homem pode desenvolver a capacidade do desapego; e, assim, desenvolver sua capacidade cada vez maior de dar-se, crescendo em despojamento.
Por isso, na estória da lua e do ladrão, o Zen nos descreve o que é um homem que atingiu esse estágio.
“Ryokan era um mestre Zen que levava uma vida das mais simples na sua pequena choupana ao pé da montanha. Todos gostavam dele. As crianças, os camponeses a quem ele ajudava em suas tarefas, já que não possuía bens materiais, recebendo em troca alimentação.
Certo dia, enquanto Ryokan estava ausente, um ladrão entra na sua pobre cabana e nada encontra. Neste instante, Ryokan volta e surpreende o ladrão em sua rapinante atividade. Fala então com ele tranqüilamente: “Irmão, deves ter vindo de muito longe para nos visitar. Pressinto que estás necessitado. Não deves por isso voltar de mãos vazias.” Tira então o seu velho manto e o entrega ao ladrão, que, assustado e desconcertado, foge levando-o debaixo
do braço.
Completamente nu, Ryokan vai calmamente até o lado de fora da cabana e,
olhando a lua, exclama: “Pobre homem! Como gostaria de poder ter lhe dado esta bela lua de presente!”
Toda e qualquer esperança ou receio de receber um favor ou desfavor gera a inquietação, porque nasce da fonte impura da egoidade e da egocracia. Quem não vive mais esses conflitos, vive na cosmocracia. A Fonte Infinita do Amor flui livremente pelos canais finitos: nós!
Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
Um grande beijo.
Alfredo
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Resposta:
Querido amigo Alfredo: Sendo Ele rico, se fez pobres, para que por Sua pobreza, nos tornássemos ricos!
Todas as palavras que você disse acima, belas e com desenvolvimento artístico – lingüístico, esculpidas com as belas formas das sabedorias orientais, estão cheias de todos os princípios do ensino de Jesus e de toda a revelação nas Escrituras. E o que me alegra é que você sabe disso, e, fez com que a sua conversão a Jesus se tornasse a chave com a qual hoje você entende e até filtra todas as coisas, de tal modo que de qualquer outra forma de expressão de sabedoria, pelo filtro de Jesus, passa apenas tudo aquilo que é expressão da Verdade que Ele é, que encarnou, que viveu e que ensinou—e ensina!
Maravilho-me a cada dia com o fato de que Aquele que trouxe os magos do oriente é o mesmo que trouxe você, pelos códigos de linguagem de sua alma, até Àquele que hoje você reconhece com seu Senhor e Rei: Jesus!
Um grande beijo no coração, e um Feliz Natal!
Nele, que é a Luz que vinda ao mundo ilumina a todo homem,
Caio