PASTORZINHO, TÁ TÃO BOM QUE TÔ COM MEDO…
Meu pastorzinho,
Fico feliz em saber que está ai, e que nos ouve, e que faz de tudo para nos responder e ajudar, e abrir nossos olhos para real graça salvadora de Cristo para vida.
Falei com o senhor já umas duas vezes…
Falei sobre ficar com o “motivo” de minha separação e, depois, derramei um MONTÃO de desarrumações psicológicas em outro e-mail.
Hoje estou indo… As mágoas e brigas do casamento só agora voltam a doer. Parece que a vontade de me livrar dele me deu um alívio inicial tão grande que fiquei eufórica.
Hoje lembro de certas citações dele, do tipo: “Hoje só queria uma vagina para ejacular”. E, então, me pergunto como consegui me maltratar tanto, deixar que me machucassem tanto, com a desculpa de que eu é que era muito sensível, que me incomodava com tudo, e de que esperava um homem perfeito…
As coisas agora voltam na minha cabeça e posso lembrar de cada frase agressiva seguida de flores e chocolates no outro dia.
Foi uma história! Acabou! Só falta parar de doer! Só falta jogar no lixo o que foi tão ruim, e talvez guardar o pouco de bom!
Tudo ainda está mito superposto, pastor.
Enquanto jogo esse lixeiro fora… consigo deitar na cama com alguém com quem, pela primeira vez, tive prazer… Alguém que me escuta e me acolhe, que me incentiva e vibra por ser quem sou.
Interrogações e interrogações pairam na minha cabeça. Não estaria eu apenas amando o amor dele? Não estaria eu amando por “ter que amar”, como o senhor falou no e-mail anterior?
Cheguei a um ponto que não sei o que é amar, pela insegurança tão presente em minha vida.
Cheguei a um ponto de ter medo de esperar para sempre um homem ideal, um príncipe encantado, aos quase trinta anos.
Será que as coisas não podem ser simples, eu gosto de sua companhia, de conversar com ele, de deitar no seu colo, de escutar Marisa Monte e Guilherme Kerr quietinha com ele, sem falar nada, só para ouvir a música e descansar no seu peito.
Ele não é meu príncipe encantado, tem dez anos a mais que eu, não é dos crentes, apesar de crer em Cristo como salvador e começar a descobria a Bíblia como Palavra de Deus, e a igreja como reunião daqueles que crêem. Ele não é um Richard Gear (assim q se escreve?)… mas tenho prazer em seu corpinho quando nos amamos.
Será que temos que fazer tantas perguntas?
Será que temos que ter tantos medos?
Será que temos que esperar o homem dos sonhos pra sempre?
Por que não descanso e me deleito no que é bom? No que me trás alegria, no que vem me completando?
Porque não posso dizer bem alto para ele: EU TE AMO? Por que não sei amar? E quando amo?
Disse que eram interrogações demais.
Por enquanto estamos juntos com a benção dos familiares e dos amigos mais sinceros e próximos.
Por enquanto estou vivendo os melhores dias do meu tumultuado ano.
É isso, meu pastor!
Quando vou saber que amo?
De sua eterna menininha….
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Resposta:
Minha querida: Paz e Alegria!
A vida é simples. De fato Jesus disse que viver deve ser algo muito simples, se possível algo que se reduza na grandeza de uma só coisa. Sim, Ele nunca disse que existir era complexo, mas mandou que nos alimentássemos de coisas simples, visto que a força da vida é fé, e sua alegria vem da paz.
Para Jesus tudo se resumia a “ter bom animo”, a “crer em Deus”, a “ter fé como de um grão de mostarda”, a saber que “todos os cabelos de nossa cabeça estão contados”, e a não andarmos “ansiosos de coisa alguma, pois nosso Pai Celeste nos sustenta”. Sim, Ele ensinou a não temer tragédias, nem aqueles que apenas matam o corpo e nada podem fazer contra a alma.
Para Jesus amor era tudo. Até mesmo quando se tratava do amor de uma pecadora que lhe beijava os pés em devoção grata e sofrida. “Ela muito amou… Estão perdoados os seus pecados… Aquele a quem pouco se perdoa, esse pouco ama”.
Jesus nunca se preocupou em qualificar o amor. Para Ele era obvio que o amor com o qual se ama o inimigo não é como aquele com o qual se aprecia uma amizade, e nem tampouco como o amor de homem e mulher. Mas, não importando a relação, o que Ele ensinou é que só se vive bem movido por amor, mesmo quando se tem que enfrentar o inimigo.
Os conselhos que lhe deu antes, você lembra quais foram, e em razão do os dei e como os dei. Mas apenas para relembra-la, eu disse basicamente duas coisas: a 1a era acerca de não tornar a “pessoa” a causa de sua separação, posto que não era verdade; afinal, seu casamento já inexistia pela existência dele em desamor e desrespeito de seu marido para com você. A 2a razão foi ligada ao fato que, em geral, nessa horas, a mulher tende a se entregar ao primeiro cara “bonzinho” que aparece, apenas porque não agüenta mais o troglodita que a chamava de esposa. Todavia, isso não significa que seu atual companheiro, e que coincidentemente entrou em sua vida um pouco antes de você ter acabado de vez o seu casamento, tenha que carregar o carma de ser apenas o “catalizador” que deu força e motivo para a sua separação; e nem tampouco tem ele que ser apenas o “bonzinho” de plantão.
Pode ser que ele seja o amor de sua vida, seu amigo e seu homem, seu companheiro e seu sócio de esperanças…
De fato, minha querida, o coração humano não amargurado tem potencial para amar muito, e de muitas maneiras.
Nenhum amor é igual ao outro…
De modo que o amor só se revela como amor, e, portanto, como experiência na vida.
E quanto a essa historinha de “Príncipe Encantado”, nada pode haver de mais nocivo e falsificador da realidade. Aliás, são essas histórias justamente aqueles que mais se perpetuam como instrumento de ilusão feminina, até porque os “bons malandros” sabem como chegar impecavelmente de “príncipe encantado”, e, as santas candidatas à princesa, sempre caem em todas. Somente depois vêem que tudo era caô…
Onde há alegria e paz… saiba: aí há toda sorte de coisas boas. Portanto, não espere ouvir sinos tocando, nem trombetas anunciando um advento de amor… Basta a paz e a alegria se fazerem anunciar!
Preserve o que você tem! E viva com simplicidade. Ouça suas músicas em paz. E curta-o com alegria. Não fuja do que trás paz. Ao que trás paz a gente diz: Vem, bendito do Senhor!
Receba meu carinho e meu beijinho!
Nele, em Quem a vida é simples,
Caio