ESTOU CASADA APENAS POR MEDO….



Olá pastor! Estou ciente de que talvez minha carta não seja respondida, mas tentarei uma vez mais, visto a importância de sua resposta em meu coração. Tenho 25 anos e estou passando pelo pior momento da minha vida. Aquele em que a esperança foi e esqueceu de voltar. Leio as cartas, sei da gravidade e a profundidade delas, e me sinto até um tanto constrangida por escrever e tentar passar a frente de pessoas com problemas tão maiores…. Mesmo assim, aqui estou . Sou casada há cinco anos com uma pessoa boa, não temos filhos ainda. O problema é que não consigo mais gostar dele como mulher. Não estou gostando de outra pessoa, não. Só que nosso relacionamento está frio demais; aliás, desde que nos casamos. E por isso hoje vivo um pesadelo. Paramos de nos falar com freqüência – ficamos dias e dias sem trocar qualquer palavra, e mesmo quando nos falamos, faltam diálogos. Ele raramente me elogia, faz um carinho, muito menos me procura. Eu sou muito chata, às vezes, e sei que isso atrapalha, mas o que mais me irrita é a comodidade dele. Ele é muito cômodo. Em tudo, inclusive em nosso relacionamento, inclusive como homem. Estou tão cansada, pastor. Na verdade, quero me separar. Estou pensando sobre o assunto há bastante tempo, mas não tenho coragem. Tenho medo de ser mais infeliz ainda. Tenho medo de colher coisas terríveis, como ficar sozinha pelo resto da vida. Tenho medo da reação dos meus parentes, pois não conhecem a Deus ainda e eu os tenho como alvos pra Jesus – meu avô é bem velhinho e adora meu marido. Tenho medo da reação dos meus sogros – eles são e-x-t-r-e-m-a-m-e-n-t-e contra divórcio, separação; ou seja, divisão numa família. Eu sei que se eu não tomar uma atitude, ficaremos “empacados”, pois meu marido não tomará. Ele nunca toma. Sei que Deus cuida de mim, que está me vendo agora digitando estas palavras… Sei que sabe todos os meus pensamentos – até os mais impuros. Só que dói cruzar os braços e esperar. Pastor, eu realmente quero ser uma mulher de Deus. Completar a carreira que Ele me confiou, mas no momento não estou conseguindo. E é isso. Um grande abraço. ________________________________________________________________________________ Resposta: Minha querida filha: Graça e Paz! Tomei a liberdade de lhe chamar filha porque tenho filhos mais velhos que você. Além disso, também gostaria de ser simples nesta resposta, e dizer apenas aquilo que meu coração falaria à minha filha, se estivesse na mesma situação. Não importa o que pensem os parentes, os sogros e a igreja, pois, de fato, a vida é sua, e é você quem tem que “fazer de conta” acerca de algo que já morreu, embora “tenha fama de que vive”. Você é jovem e graças a Deus ainda não tem filhos. Por isto, se há uma hora ainda “boa”—se é que se pode usar essa palavra para qualquer que seja a separação conjugal—, é exatamente esta; visto que não há implicados pequenos e indefesos, como filhos, especialmente quando são crianças. Você disse que teme ficar só. Mas só, e na pior espécie de solidão, você já está. E mais: a tendência dessa sua atual solidão, embora casada, é crescer para se transformar e amargura e raiva. Aliás, essa sua chatice é provavelmente fruto disso, pois, quase qualquer um fica muito chato quando se sente forçado a viver com quem não quer. Aposto que se você estivesse casada e feliz, toda chatice daria lugar a alegria e ao charme. Certamente você não ficará só, especialmente se não cair na tentação de “descontar o atrasado”, que é, de fato, aquilo que mais “atrasa” a vida das mulheres quando se trata de encontrar um outro companheiro. Se “fizer fácil”, os caras dizem: “Com ela dá pra correr uma milha, mas não dá pra tirar uma cria”. Separando-se, fique na sua, e vive com normalidade e equilíbrio. Se tiver que aparecer alguém, certamente as chances serão maiores se você mantiver o equilíbrio e sobriedade em sua conduta. Quanto a “propor a separação” e o maridão não fazer nada, procure um advogado e peça que ele mova a ação de divórcio, pois, assim, ele terá que se manifestar. Mas antes diga a ele, com toda calma, que se ele não fizer nada, você tomará as providencias. O que se tem que saber é que Deus não tem prazer em que as pessoas fiquem num casamento por causa do que os outros pensam, enquanto se sofre e geme aquela relação de dia e de noite. Casamento não é cárcere, e só vale a pena se for fruto de amor, carinho, amizade, respeito, cumplicidade e desejo. Assim, para agradar a igreja e a família, certas pessoas, ainda jovens, sepultam-se em vida, e experimentam a vida como amargor, rancor, mau-humor, chatice, azedume, ira, raiva, e muita frustração. Isto não agrada a Deus. Ele pede de nós que cultivemos a verdade no intimo. E, tal verdade, não é apenas um corpo de doutrinas cristãs inculcadas até o inconsciente, mas sim, a capacidade de ser verdadeiro consigo mesmo diante de Deus, posto que Deus vê o coração, e se enternece com aquilo que sendo verdade no intimo, é assumido por nós em nós. Você disse: “…não amo mais o meu marido”. Uma questão: algum dia, sinceramente, você já o amou? Ou apenas teve um convívio de maior suportabilidade? Se um dia você o amou, então, aconselharia a você que antes de tudo buscasse discernir o que aconteceu, e o que arrefeceu o amor. No entanto, meu sentimento é que vocês casaram um casamento de igreja, daqueles quem que uma moça que é “uma benção” se casa com um rapaz que é “uma benção”, crendo que a soma de suas bênçãos no serviço na igreja lhes garantirá qualquer felicidade conjugal. Puro engano! Também creio que seu marido não agüenta mais está casado com você, e que não o diz apenas porque morre de medo da família, para a qual não existe a alternativa do divórcio. Talvez por isto ele também esteja tão silencioso, acomodado e infeliz. Agora é um momento de muita verdade, sinceridade e honestidade de você para com você mesma. Procure o seu marido e abra o coração, com toda calma, porém com toda verdade. Por mais que doa, saiba: será melhor. O que se tornará insuportável será a farsa. Na farsa nascerá toda sorte de sentimentos ruins; daí, não raramente, haver cônjuges desejando a morte do outro, e isto apenas para poderem ficar “livres conforme a lei”. Assim, para obedecer a lei conjugal, a pessoa comete um homicídio no coração, visto que deseja a morte do outro, ao invés de simplesmente, apenas, se separar. Chega de coar mosquitos e engolir camelos! Considere o que lhe disse, e busque sabedoria em Deus, não temendo ser verdadeira com você mesma. Estarei orando por você. Aliás, estou orando agora mesmo. Que o Senhor a ilumine! Nele, que tem prazer na verdade no intimo, Caio