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From: A BÊNÇÃO DE UM CASAMENTO SIMPLES… To: [email protected] ; [email protected]
Sent: Thursday, February 10, 2005 4:19 PM
Subject: UM MINUTO DE ATENÇÃO.
Pastor Caio,
Me perdoe por ocupar seu tempo, mas a muito gostaria de lhe expressar o quanto te admiro e torço por você.
É com muita alegria no coração que estou lhe escrevendo agora.
Faz muito tempo que lhe acompanho pela Vinde TV (a cabo), fitas K-7, Livros; e em oração.
Sou Católico desde criança… Entretanto, confesso que vez ou outra bebo de sua “fonte”. Isso porque me identifico com você em alguns aspectos, e te admiro por outros vários.
Tive uma adolescência muito conturbada assim como a sua:… crise existencial, bebida e drogas. Depois de um certo tempo e com todas essas conturbações do corpo e da alma norteando minha vida, resolvi me casar.
Certa vez minha esposa, ainda sem saber desses meus “devaneios entorpecentes”, convenceu-me a ir em um Encontro de Oração pela Renovação Carismática Católica. Penso que ali começou o desabrochar da graça de Deus em minha vida, mas infelizmente não perseverei. A misericórdia, todavia, viria algum tempo depois. Tive meu casamento desfeito em virtude de uma tentativa minha de adultério. Nessa época já era pai de um filho de 1 ano. Depois da separação, veio a certeza de que havia perdido algo certo, minha “família”, pelas incertezas do mundo. Os lampejos da imagem de minha filha dando os primeiros passos e balbuciando “papai” não saiam de minha mente. E como essas lembranças cortavam o meu coração!
Quando leio seus relatos sobre seu eterno”LukLuk”, por ser também pai, me percebo no seu lugar…; e te confesso Pastor, me dá calafrios na alma.
Certo dia, só e enveredado nos meus vícios, percebi que embora estivesse separado de minha esposa, eu não estava da minha filha, poderia estar ela onde estivesse, era minha filha.
Foi quando o Espírito Santo me questionou: “- Quando o seu filho crescer… o que ele vai dizer para as pessoas quando lhe perguntarem quem é seu pai?”
O medo da resposta ou o vazio dela me abalaram com tanta proporção, que tomei “uma decidida decisão por Deus”. Peguei o “tijolo” de maconha que ainda restava… e joguei dentro do vaso sanitário. Na hora de dar descarga minha mão tremia, pois pressentia a voz do diabo dizendo pra não fazer aquilo porque eu dependia da droga… “Eu não dependo mais”, disse; e com resignação puxei a descarga. Fui alcançado pela graça de Deus. E que Deus! Isso foi em 1993. Até hoje, para glória de Deus, apesar das provações, nunca mais tive contato com drogas. Comecei então a caminhada de conversão… Tempos depois, pra minha alegria, minha esposa me absolveu da culpa… me perdoando. Reatamos, enfim, nosso casamento.
Hoje, se perguntarem para meu filho “quem é seu pai?”,… não tenho idéia das palavras empregadas nas possíveis respostas, mas garanto que em todas elas vão estar aneladas o grande amor que eu sinto por ele.
Tenho percorrido alguns lugares pelo Brasil… pregando a palavra de Deus. Chamado que abracei e onde me sinto realizado há 7 anos. Hoje faço parte do Ministério Nacional de Pregação pela Renovação Carismática Católica.
Na minha caminhada de fé tenho vários ícones bíblicos, dentre eles os Apóstolos Pedro e Paulo, bem gente da tradição dos “Santos” da Igreja ( Agostinho, Antônio, Francisco, São João da Cruz, etc…). No mundo contemporâneo (Caio Fábio D´Araújo Filho).
Pessoas como você, embora revestido da pobreza humana, latejam na essência a divindade da alma, e só isso basta.
Querido Pastor, se possível, gostaria profundamente de receber para o meu deleite, alguma palavra sua.
Com afeto,
Um grande amigo que você ainda não conhece, mas que é revelado na graça de Deus.
W. L. A.
Resposta:
Meu querido amigo no Reino: Graça, Paz e Alegria no Espírito Santo!
O Reino de Deus está onde o coração se oferece a Jesus como morada… e só a Ele quando se sabe Dele… e só a Ele mesmo quando não se sabe o Seu nome histórico.
O Reino de Deus é livre. Não conhece fronteiras e nem autoridades. Não se importa com encíclicas e nem com credos teológicos.
E os filhos do Reino se reconhecem uns aos outros.
Fico muito feliz que você tenha conseguido fazer o caminho da simplicidade conjugal, o qual, sem dúvida, é o ideal de Deus para a existência humana.
Deus é misericordioso, e, por causa da dureza de nossas percepções, nos permitiu o divórcio. Todavia, essa é apenas uma concessão em razão de nossas doenças de percepção… tanto na escolha…e na decisão do casamento…. quanto nos equívocos relacionais.
Nada pode ser melhor para um homem do que amar e viver com a mesma mulher toda a sua vida; amando-a, e com ela tendo todos os seus filhos; sendo herdeiros e consortes na mesma graça de vida; sendo também eles aqueles que fecham os olhos um do outro… conforme a ordem da partida.
Ora, casar-se bem, especialmente na juventude, é aquilo que melhor preserva a alma de um homem e de uma mulher neste mundo, bem como é a única paga que se pode ter na Terra pelo suor derramado, conforme o Eclesiastes.
A maioria dos que se casaram mais de uma vez pode testemunhar que a maioria não consegue ter mais a mesma simplicidade de alma para re-inventar a vida de amor… e nem tampouco a mesma certeza de vida inteira…, como costuma acontecer com as almas jovens.
Uma vez rompida a barreira do primeiro divorcio, em geral, os vínculos seguintes não chegam de ‘saída carregados’ do peso do primeiro matrimonio. A maioria chega ‘torcendo’ para dar certo… Mas pouca gente se apresenta com aquela certeza própria da infância do amor.
Reconheço que sou um bem-aventurado por estar casado pela segunda vez, e, experimentando harmonia e felicidade, tanto no vínculo conjugal como também na vivencia de amizade e irmandade que existe entre minha mulher e a mãe de meus filhos; bem como entre nossos filhos entre si, que se admiram, se gostam, se curtem e se divertem juntos. Também já choraram juntos, especialmente quando da partida do Luk-Luk.
O que tenho a dizer a você, sei que você já sabe, mas repetirei assim mesmo.
Ame sua mulher, e nunca a trate apenas como “esposa”… esposas amam ser tratadas apenas como ‘mulher’…
Trate-a sempre com doçura e pimenta; com gentileza e também com instintualidade; com carinho, mas também com desejo ardente.
Todo relacionamento tem dificuldades. No entanto, todas elas são fomentadas pelo ‘ego’.
Briga-se muito no relacionamento quando os egos competem. E tais ‘competições’ podem ser de todas as espécies, sendo que a mais comum de todas é saber ‘quem tem razão’, ‘quem é o certo’, ‘quem é o mais amado’ ou o ‘menos amado’.
Afora isso, se pode dizer que a ‘vingança’ sempre ronda os relacionamentos. E também se vinga de muitos modos, desde os mais grotescos até os mais sutis… como o jogar na cara uma ‘lembrança ruim’. E tudo se esconde atrás da justiça… quem é o justo e quem é o injusto… Ora, existe justiça e injustiça; porém, ficar viciado na busca da justiça no relacionamento conjugal é a receita certa para o legalismo relacional.
A amargura é o demônio psicológico que mais conhece o caminho do coração, especialmente nos relacionamentos conjugais.
Ou seja: os piores inimigos do casamento são as pequeninas coisas, os humores que podem ‘despejar’ aquilo que fere, e as memórias que guardam ressentimentos.
Então vem o silêncio que instala o ‘humor’ do relacionamento… e tudo cheio de pensamentos que se transformam em ‘energias’ que se tornam clima, modo, gesto, e muitas falas silenciosas…
O humor é o meio pelo qual tais demônios se veiculam. De fato, um casamento com mau humor… se não acabou ainda… está no caminho da auto-extinção.
Por isso, lute com todas as suas forças para ser gentil e não dar lugar ao ressentimento e nem às grosserias (que sempre são desrespeitosas); e, mais que tudo, mantenha o bom humor e torne tudo simples e leve.
Estou cada vez mais convencido pela observação que os casamentos felizes são assim.
Quanto a usar alguma coisa minha em suas pregações, por favor, sinta-se livre e desinibido. Meu anseio é que todos usem o que aqui está sendo dito, visto que sei que é conforme o espírito do Evangelho de Cristo.
No entanto, quanto a me colocar naquela lista de pessoas tão maiores, saiba: sinto-me acarinhado por você, embora eu mesmo saiba que não tenho a estatura humana e espiritual daqueles a quem você mencionou. Todavia, sou o que sou; e ando conforme me foi concedido; buscando cada vez mais que a graça de Deus não seja vã na minha vida.
Receba meu carinho e minhas orações em seu favor.
Um grande beijo!
Nele, em Quem há um só rebanho em um só Pastor,
Caio