—– Original Message —–
From: MEU MARIDO É VICIADO EM PORNOGRAFIA. COMO AJUDÁ-LO?
To:
Sent: Wednesday, March 30, 2005 8:21 PM
Subject: O vício da pornografia
Caro Pastor,
Tenho 29 anos, sou casada há dez. Sou serva de Deus desde os doze, e meu esposo, desde que nasceu. Temos um casamento feliz e abençoado, principalmente agora que nossa família aumentou com a chegada de nosso filho, de um ano. Meu esposo é crente fiel. Nós nos amamos de verdade, e somos aquele tipo de casal modelo, tudo certinho.
Porém, temos um problema. Meu marido luta contra o vício maldito da pornografia. Já o vi chorar e até me pedir ajuda para livrar-se disto. Além de orar por ele, não sei o que fazer. Nós nos casamos virgens e temos uma vida sexual satisfatória. Procuro ser atraente para ele; há poucos dias comprei uma langerie especial, e um perfume novo para só usar quando estiver com ele. Procuro não deixá-lo em falta.
Então, logo percebo quando ele andou olhando sites proibidos no trabalho. Conheço-o muito bem. Às vezes, coloco-o contra a parede e ele nega, mas logo confessa que olhou o que não devia e se masturbou. Isto acontece com certa freqüência; não sei se chega a ser compulsivo, porque não descubro sempre.
Fico muito magoada e desanimada. Já lhe disse que está causando um grande mal em mim, pois me sinto traída, e não suporto a idéia de ele sentir prazer vendo outras mulheres nuas. É nojento e inadmissível.
Sinto-me tentada a ficar fria com ele e não fazer mais nada para agradá-lo. Acho que não sou aquilo que ele deseja, se não, não haveria necessidade de buscar esse tipo de coisa — mas ele nega isto e diz que o satisfaço plenamente.
Detesto essa coisa do homem ser atraído pelo olhar, e, se pudesse, mandava fechar todas as bancas de jornais com fotos explícitas e queimava todo outdoor com mulheres nuas. Detesto quando as mulheres não sabem se vestir decentemente, ou as que fazem isso de propósito para atrair o marido dos outros. Na verdade, sou bastante insegura…
Meu marido nunca me traiu de fato, a não ser quando ainda namorávamos, o que foi uma experiência dolorosa. Superamos o trauma e nos casamos no Senhor.
Ele sabe que se andarmos no Espírito, não satisfaremos os desejos de nossa carne. Faço questão de lembrar-lhe isso.
Talvez exista algo que eu deva fazer ou alguma mudança de atitude que deva assumir para ajudá-lo, e assim ajudar a mim mesma. Não sei o quê.
Nunca partilhei com ninguém qualquer assunto íntimo meu. Esta é a primeira vez que me abro com alguém sobre isso.
Confio no senhor e obrigada por me ouvir e ajudar.
____________________________________________________________________________
Resposta:
Minha querida irmã: Graça, Paz e Liberdade!
Li sua carta com todo carinho e atenção, e percebi o seu modo de ser pela sua forma de escrever: objetiva, clara, limpa, direta, seqüenciada, e bem pontuada.
Tudo certinho!… conforme você mesma definiu acerca de seu casamento!
E me parece que esse é o problema: é certinho demais. Além disso, me parece ser uma relação de total ascendência sua, tanto moral, quanto psicológica e espiritualmente.
Ora, antes de falar sobre isto, que me parece ser o âmago da situação conjugal, quero perguntar a você o seguinte: De onde você acha que vem esse vício de seu marido pela pornografia?
Vejo que vocês são de igreja praticamente a vida toda; e também, pelas designações que você fez tanto de você quanto de seu marido, que você são “fiéis” ao Senhor, e são modelo para a igreja e os amigos.
Além disso, vocês casaram virgens, e de tal modo que fica até mesmo difícil para você avaliar o significado de ter “relações sexuais satisfatórias”.
Também, como disse, me impressionou a sua ‘ascendência’ sobre seu marido, a ponto de botá-lo contra a parede, exortá-lo espiritualmente com freqüência, a chamá-lo para viver no Espírito e não na carne.
Acima de todas essas coisas impressionaram-me algumas frases suas; a saber:
“…Somos aquele tipo de casal modelo, todo certinho.”—referendo-se ao modo de vida público de vocês.
“Procuro não deixá-lo em falta”—fazendo alusão ao sexo.
“Vício maldito da pornografia”—expressando seu ódio pela nudez disponível.
“…Sites proibidos…”—mostrando o nível de patrulha que você exerce sobre ele.
“… olhou o que não devia e se masturbou…”—revelando seu tom materno controlador.
“É nojento e inadmissível…”—denunciando o significado psicológico e moral disso para você.
“Sinto-me tentada a ficar fria com ele e não fazer mais nada para agradá-lo”—expressando seu poder de puni-lo sexualmente pelas ‘travessuras” do menino na internet.
“Detesto essa coisa do homem ser atraído pelo olhar, e, se pudesse, mandava fechar todas as bancas de jornais com fotos explícitas e queimava todo outdoor com mulheres nuas. Detesto quando as mulheres não sabem se vestir decentemente, ou as que fazem isso de propósito para atrair o marido dos outros.”—declaração que bem expressa seu ódio moralista e sua ofensa pessoal ante o fato de que há nudez feita pública para quem quiser olhar.
“Faço questão de lembrar-lhe isso…”—revelando sua atitude superior e matrona no trato com seu marido.
Agora, ouça o que lhe direi. Poderá ser duro, mas é com amor. E será direto porque não tenho tempo a perder com aquilo que não é pratico e objetivo quanto a ajudar você a se ajudar.
Um homem de igreja, virgem, que não teve outra experiência senão com você, e que tem em você uma figura controladora, policiadora, exortativa, doutrinária, moralista, e que tem ódio da nudez pública; e que além disso, trata o sexo como um dever, e que se dá com interesse estudado de atender a certas demandas do homem; por mais bem intencionada que você seja; todavia, para ele, você é um ‘breve contra a luxuria’; e por tal atitude existencial…, tirando da relação seu encanto, naturalidade, brincadeira, prazer real, inovações, poesia, e aquele imprescindível espírito de molecagem na atividade sexual.
Você chegou a dizer, expressando um passo gigantesco de sua parte, que você outro dia ‘até’ comprou um perfume e uma langerie a fim de ver se o atendia.
Ou seja: a vida sexual de vocês é tão certinha que não tem graça!
Se você quiser ajudar o seu marido a ficar livre desse infantilismo sexual e fantasioso, seja você a amante, a outra, a surpreendente, a tarada, a insaciável, a mulher pelada, a desejosa de tê-lo sempre…; e isso por total desejo e interesse seu… e não por causa da conjugalidade e de seus deveres e direitos.
O que está acontecendo com seu marido é simples:
1. Trata-se de infantilismo emocional. Meninos e homens infantis é que se dedicam a tais coisas. E, certamente, seu marido, pelo histórico de existência religiosa, evangélica, protegida e alienada da vida durante a adolescência, hoje, adulto, e tendo em você a esposa-mãe-professora-mestre-educadora, não tem em você a referência feminina que sexualmente lhe estimule—posto que ele mesmo não se sente desejado por você—; e, por essa razão, procura com olhos ver o que ele não teve na plenitude da sensorialidade da própria vida dele. Mas como ele é “fiel”, ele não trai; e como ele é insatisfeito com você e com o tipo de vida sexual hermética que vocês têm, a alma dele fantasia; e, nesse caso, para quem está assediado de desejos difusos, mas não quer ‘pular a cerca’, a internet acaba sendo um ‘transgressão inocente”—coisa de menino.
2. Ele certamente ama você, mas não se satisfaz com o modo como a sexualidade de vocês se manifesta. Na realidade ele não quer outra pessoa, mas sim você, toda mulher, toda descomplicada, toda oferecida a ele, toda tarada nele.
3. O que ele certamente não agüenta mais é estar casado com essa banda sua que está mais para ‘gerente conjugal e pastora do lar’ do que para uma mulher deliciosa, amiga, amante, e que tem prazer no sexo com toda espontaneidade e liberdade. Mas como ele ama você, não quer deixá-la; porém, como é homem e infantil nesta área da vida; e também sendo tratado como um infante, o qual vê o que é ‘proibido’, ou o que não se deve ver; ele se sente tanto mais motivado inconscientemente a procurar tais fantasias quanto mais acossado pela sua moralidade sexual ele é.
Se você quiser ajudar o seu marido, faça o seguinte:
1. Não toque mais nesse assunto com ele. Pare de fiscaliza-lo. Trate-o como homem, não como um filho mais velho.
2. Busque ter prazer sexual com ele; e isso só acontecerá se você se abrir mesmo, e parar com esse papo teológico de não satisfazer a carne; pois, de fato, o que ele precisa é satisfazer a carne e a alma; e isso com você, em total liberdade e plenitude.
3. Enquanto você odiar tanto o mundo, as bancas, as revistas, os outdoors, etc… a mensagem que você está mandando para ele é de alguém que tem ‘nojo em sexo’; e isso, saiba, não o desestimula em relação à fantasia pornográfica (ao contrário: abre-lhe o apetite), mas o desanima completamente em relação a poder ter com você uma conjugalidade sacana, alegre, livre, lasciva, desejosa, e intensa.
Assim, sinceramente, o grande problema de seu marido aparentemente é você!
Uma mulher livre e sexualmente descomplicada ao lado dele, certamente não estaria tendo esses problemas.
Portanto, o grande trabalho a ser realizado é em você, implicando numa desintoxicação profunda de sua mente de todo esse lixo religioso, que tem aparência de piedade, mas que não tem valor algum contra a sensualidade.
Leia Provérbios 6 e veja como a adúltera trata os homens.
Ora, você dirá:
O que eu tenho a aprender com a mulher adúltera?
Eu lhe digo:
Tudo; menos o espírito de traição. No mais, todavia, a mulher adultera de Provérbios ensina pela anti-tese o que os homens gostam de ter. E acho uma pena que as mulheres casadas se tornem tão pudicas com seus maridos, que o cara acabe por sentir a relação sexual com a esposa como um dever marital, e não como a mais doce e livre de todas as experiências sensoriais.
Assim, minha querida amiga no Senhor, desintoxique-se de toda essa religiosidade sexual e você verá que a solução sempre esteve mais nas suas mãos do que você imaginava.
Acredito que você me escreveu assim meio sem ler este site. Talvez por alguma recomendação ou comentário de alguém. Mas leia-o com interesse, todos os dias, e você crescerá para compreender o que estou lhe dizendo.
Se você não se chatear comigo e me der algum crédito, eu sei que em pouco tempo você me escreverá falando que tudo mudou.
Receba meu carinho e minha oração para que seu coração entenda o que eu disse.
Nele, em Quem toda cura começa em quem diz desejá-la,
Caio