VOU CORRENDO PRA CASA BEIJAR MEUS FILHOS
—– Original Message —– From: VOU CORRENDO PRA CASA BEIJAR MEUS FILHOS To: [email protected] Sent: Monday, May 09, 2005 11:34 AM Subject: contato site Prezado Reverendo Caio Fábio, Eu quero dizer ao irmão, como foi bom para mim ler o seu texto sobre o seu filho que está com Jesus já acerca de 01(um) ano. São palavras dramáticas; porém, são muito mais do que isso; são na verdade as expressões de amor de um pai por seu filho. Sinto-me extremamente incentivado a chegar em casa, abraçar, beijar, agarrar os meus dois moleques, que às vezes dão tanto trabalho, mas na realidade são, sem dúvidas, expressão do amor de Deus para conosco. Eu só quero agradecer ao irmão por ter permitido que eu e tantas outras pessoas pudéssemos adentrar na sua intimidade, e ver aquilo que é importante na vida; qual seja, o amor, que podemos não somente dar e receber, mas também expressar. Que Deus em Cristo Jesus abençoe o irmão e a sua família. Um grande abraço, Pastor Marco Antonio do Nascimento Sales ___________________________________________________________ Resposta: Ah, meu irmão: como é bom ser pai! Sou membro de uma família de pais. Esta é a verdade. Meu bisavô Araujinho casou aos 70 e poucos anos, teve dois filhos, João Fábio e Maria; a esposa morreu cinco anos depois; e ele criou os filhos, viúvo, dando educação a eles, mandando meu avô para fora do Rio Purus, no Amazonas, a fim de estudar em outro Estado. O velho morreu aos 104 anos. Meu avô João Fábio teve 10 filhos, criou mais três adotivos, e um monte de outros afilhados e ‘filhos de criação’; e teve uma alma paterno-materna toda a sua existência. Acho que a presença do pai-mãe que ele teve em meu bisavô Araujinho, o marcou profundamente para o bem. Os filhos o amavam. Ele amava com amor meigo e grave. Todos os filhos dele se tornaram pais iguais a ele. Todos, sem exceção. Ser pai passou a ser um privilégio de cada homem na família. Todos os meus tios foram pais maravilhosos. E todos os meus primos homens são pais que repetem esse amor paterno-materno na afeição para com os filhos. (Falo só dos homens. É obvio que as mulheres são mães maravilhosas; e não há superlativos impróprios nas palavras que emprego) Meu pai, por seu turno, talvez entre todos os seus irmãos tenha sido aquele que mais afeto físico expressava em relação aos filhos homens (para as meninas parece ser mais ‘normal’). Os irmãos dele eram pais amorosos, porém menos manifestos no amor como toque; mas nem por isso menos cheios de amor afetuoso, amigo, respeitoso, e partícipe para com seus filhos. Além disso, meu pai me deu um tipo próprio de atenção paterna durante cada estação de minha vida; o que, até onde enxergo, não tem muitos paralelos por aí; e isso sem ser algo adoecido; porém, sadio, maduro, afetuoso, dedicado; e, sobretudo, manifestando extremo prazer em minha existência. Falo de mim não porque eu tenha tido um privilégio especial quanto ao amor dele, mas, talvez, apenas porque nós nos tornamos muito amigos, desde sempre. Acho que quando nasci já o cheirei como meu melhor amigo. Quando eu tinha sete anos de idade ele fez uma casinha se compensado pra mim no fundo do quintal de nossa casa; e me disse: “Entre aí. Ame uma mulher e tenha filhos!” Eu entrei, olhei pela janela, o vi do lado de fora, e me senti dono da casa, homem para uma mulher, e pai para meus filhos. Daí em diante a coisa que mais desejei na vida foi ser pai. Dancei quando o Ciro nasceu. Tive crises de regozijo quando tomei o Davi nos braços. Abracei o Lukas como uma mãe. Me alegrei com a chegada da Juliana como quem se tornara pai de uma princesa. Durante todos esses anos meus filhos viram que os amo de verdade. Tiveram todas as situações reais e verídicas de provar a força desse amor. Fomos aos céus e ao inferno nos amando. E eles sempre creram no amor de Deus, pois não lhes era difícil ver que pai amava incondicionalmente; e que até a disciplina é para aproveitamento, e também obra de amor. Adoro ver aqueles homões me chamando de paizinho. Gosto de abraça-los e beija-los. São machos e nenéns. E eles sabem que a diferença está posta. E a Jú, única menina, sabe que Deus ma deu para que eu a amasse sem pré-condições. Hoje me alegro de ver que meu filho Davi ama a filha assim como foi amado; e que por ela se sente movido em amor e prazer, assim como os experimentou de minha parte. Esse é o nosso legado na vida. Em meio ao meu Dilúvio, em 98, quando escrevi o Nephilim como uma narrativa ‘ficcional’, expressava numa outra camada de comunicação tudo o que estava acontecendo comigo, só que contado de um modo parabólico. Naquele contexto, conforme se encontra no livro, escrevi para Abellardo Ramez, um personagem impregnado de mim—se bem que no livro há vários outros personagens cumprindo outros papéis relacionados a dimensões de meu ser—, um Testamento dele para o mundo, no qual seus filhos são o tesouro que ele deixa. Eis o texto: MEU TESTAMENTO! A vocês, que amo, deixo o baú de minhas esperanças. Vivi muitas vidas até aqui. E é de cada uma dessas vidas que lhes deixo herança. De minha infância e de suas riquezas, deixo-lhes um legado de fantasia e imaginação. Não deixem que as responsabilidades do mundo chamado adulto, aleije ou mate esses ambientes infinitos. Sem fantasia e imaginação sobra apenas a aridez das lógicas que só enxergam o que parece ser, e que nada produzem para a eternidade, pois, na eternidade, tem-se, também, o que o coração concebe em imaginação e fantasia. Com as riquezas da fantasia e da imaginação infantil, vocês poderão visitar os mais fascinantes mundos disponíveis a qualquer um, e os mais profundos de todos: os universos do coração. De minha adolescência, deixo-lhes minhas angústias satisfeitas e minhas insatisfações felizes. E com elas deixo-lhes a certeza de que prazeres existem, mas podem embriagar e anestesiar a alma, se forem em excesso. E quando isto acontece, somos forçados à satisfação, e é aí que nos tornamos escravos daquilo que deveria ser deleite. Portanto, vivam e gostem de viver. Mas não deixem que a tirania da satisfação escravize suas almas à dor da busca de prazeres que jamais dizem “basta”, e nunca deixam de insistir em que a próxima experiência será a final. Desse modo, lhes digo: comprimindo-se na vida mais emoção que ela suporta, pensa-se que se viveu, mas um dia o coração reclamará a chance de viver tudo outra vez, só que com desespero de já não poder fazê-lo em paz, pois nada substitui um dia após o outro. Mesmo os dias mais escuros, se vividos por inteiro, trazem ao fim sua própria luz. De minha idade adulta e produtiva, quero apenas estimular-lhes ao seguinte: Se sonharem, levantem para realizar o sonho. Se tiverem fortes emoções, transformem-nas em energia produtiva. Se virem o necessitado, se compadeçam dele e o ajudem. Se crerem em algo, lutem por sua realização. Se estiverem tristes, chorem. Quando alegres, não escondam isto de ninguém. Se tiverem raiva, a expressem. Nunca guardem amargura no coração. Não temam as crises. Elas são mais salvadoras que destruidoras. Só depende de vocês. Reverenciem o tempo e amem a eternidade. É lá que todos as lições se processam. E não esqueçam: oração e prece são meios mais efetivos para alguém ser bem sucedido, que correrias e atropelos, e também não esqueçam que há muitas formas de ser bom. Por isto, há ninguém julguem! Respeitem as necessidades do coração. Portanto, busquem alegrias que cheguem ao espírito, e dêem a seus corpos apenas as sensações que os tornem gratos e satisfeitos, por isto, não exagerem. E não esqueçam que prazer não é sinônimo de felicidade e que felicidade não é um bem duradouro. Portanto, busquem Alegria, ou melhor, não a resistam, pois ela sempre aparece. Mas de tudo que posso deixar a meus amigos, deixo-lhes uma herança viva: meus filhos. Eles são, sem dúvida, as mais importantes obras de minha vida! Ah!, meus filhos! Deixo-lhes a certeza de meu amor em qualquer lugar em que eu exista no universo. Saibam disso e creiam que não importa o que aconteça, vocês sempre terão pai. Aos demais, deixo um único legado, que é a esperança de que algum dia, em algum lugar, cada um experimentará a alegria de estar vivo e de ser quem é. Aqui também me despeço, mas não me des-peço, pois tudo que lhes peço, lhes peço, e desses pedidos, não me des-peço. Peço para ficar, mesmo indo. E peço para voltar, mesmo que não volte. Peço que não me digam Adeus, apenas me desejem a Deus. Volto quando o caminho de ida se tornar caminho de volta. Não antes. E todos os caminhos voltam, só não percebemos porque o caminho de volta, mesmo sendo o mesmo, é sempre outro aos nossos olhos. E sei que, como existimos, nos encontraremos outra vez! Este universo é grande demais para que se não busque conhecê-lo, e pequeno demais para que nele eu me perca de vocês. O amor sabe o caminho. Extraído do Livro Nephilim, de Caio Fábio, ESCRITO EM 1998 ______________________________ Assim, meu amigo: vá pra casa e dê muitos beijinhos nos seus filhos; e lhes dê tempo; ofereça atenção; aprenda a gostar das brincadeiras deles; curta os sons que eles curtem; proponha prazer e alegria a eles; mas não negligencie a manifestação do amor que é incondicional, e que, justamente por essa razão, também é sério, grave, e capaz da disciplina e da admoestação. Tratar assim os filhos não gera trauma em ninguém! Receba meu carinho! Nele, em Quem amar filhos é como cuidar da herança de Deus, Caio