CAIO FÁBIO NO DIVÃ: VOCÊ RESPONDERIA? (I e II)



—– Original Message —– From: CAIO FÁBIO NO DIVÃ: VOCÊ RESPONDERIA? To: [email protected] Sent: Monday, May 30, 2005 11:32 AM Subject: CAIO FÁBIO NO DIVÃ: VOCÊ RESPONDERIA? QUERIDO CAIO FÁBIO, GRAÇA E PAZ: Seria muito cabotinismo de minha parte se eu escrevesse um texto, almejando uma réplica, daquele que não só foi um grande “obreiro”, mas sobretudo – um invulgar pensador (você)? Se possível, aguardo-o…! MÁRCIO ROBERTO _________________________________________________________ —– Original Message —– From: [email protected] To: Marcio Menon – Financeiro – Cascavel Sent: Monday, May 30, 2005 3:25 PM Subject: Re: CAIO FÁBIO NO DIVÃ: VOCÊ RESPONDERIA? Amigo Marcio: Se lhe der prazer, faça-o. Responderei com sinceridade. Beijos, Caio ___________________________________________________________ —– Original Message —– From: Marcio To: [email protected] Sent: Monday, May 30, 2005 5:13 PM Subject: Re: CAIO FÁBIO NO DIVÃ: VOCÊ RESPONDERIA? MEU QUERIDO CAIO FÁBIO: Você me desmontou completamente quando disse “se lhe der prazer”, pois essa nem de longe era a minha intenção, embora a tua resposta apenas contemple a solicitude da malícia que com grande possibilidade circunscreve o título do assunto (você no divã, nome que na verdade – é só um pretexto). Verdadeiramente, eu não tenho a mínima pretensão em fazê-lo, pois sou bicho da terra tão pequeno, que conscientemente jamais tentaria alçar vôo, nem que fosse de carona nas asas da águia. Todavia, eu gostaria muito de poder escrever-te algo, receber alguma resposta, sem contudo, parecer estranho, ou mesmo involuntariamente, melindrá-lo por alguma razão. De antemão, digo, que admiro o teu intelecto, a tua sobriedade me chama a atenção, a lucidez pedagógica com que falas dos temas atinentes ao “evangelho”, ou mesmo ao “cristianismo”; impressiona até as mais atentas consciências. Você é, e sabes que é, além de um homem a serviço do evangelho, um pensador que facilmente se distingue dos demais, não só pelos predicativos intelectuais, como pela sensibilidade quase melíflua com que tratas as coisas, pela percepção aguçada com que apreendes o dito e o não-dito, pela cultura quase erudita que se situa em qualquer campo de discussão, e sobretudo pela visão holística, transcultural e multiforme com que consegues enfocar os temas a que se propõe ou que lhe são propostos. Justamente por toda essa capacidade de perceber o mundo e a realidade, eu gostaria de perguntar: 1) É possível ser um “cristão autêntico”, “um discípulo de Jesus”, enfim, “alguém segundo o coração de DEUS”, neste sistema capitalista (que é quase diabólico), quando toda a ênfase de Cristo, era DAR, REPARTIR, ACUDIR, e a de Paulo era TER COMO SE NÃO TIVESSE, E FUGIR DESSAS COISAS? 2) Com toda a intelectualização da Igreja, das teologias, as formas sofisticadas de cristianismo, evangelicalismo e doutrinas sem fim, como fica a situação do iletrado que não tem acesso – nem por oportunidade nem por condição – à formação do conhecimento, ou mesmo, à desconstrução dele? 3) “E em tudo se resume: amarás ao próximo”. Sabendo que o amor não é apenas uma decisão poética ou um salto transcendental espiritualizado, mas por menos que possamos entendê-lo é compromisso, cuidado, responsabilidade e comprometimento, concluímos que praticamente não temos amado ou praticamente não amamos à ninguém (infelizmente falo dos crentes – de mim mesmo). Essa preocupação faz sentido, ou seria um sofisma? Amor não seria um estilo de vida? O que é o amor para você? 4) Caio, é notório pelo teu próprio testemunho, pelos desenganos que você sofreu, e principalmente pela implacabilidade com que os teus colegas de ministério de “outrora” se transformaram nos teus algozes, após a tua experiência de dissolução matrimonial, a decepção cabal que tiveste com o “meio cristão”. Diante disso tudo, você ainda acredita na “Igreja”? Quem ou o que é a Igreja? 5) Sabemos que muitas pessoas já partiram para a eternidade sem ter sequer ouvido do evangelho de Cristo, e que ainda hoje, em culturas remotas, pessoas “dormem” sem conhecer o sacrifício da cruz. Embora seja embaraçoso, há saída para uma explicação racional, ou devemos confiar que a justiça e a misericórdia de Deus se manifeste nessas vidas? Teria alguma coisa a ver com o FATOR MELQUISEDEQUE? Que DEUS o abençoe grandemente, e se puderes responder, agradeço a atenção, o esmero, e o trabalho em si. Um grande abraço, com carinho! ___________________________________________________________ Resposta: Meu querido amigo: Graça e Paz! Obrigado pelo carinho de suas palavras, cheias de amor; e mais ainda de hipérboles. Na realidade, não sou o produto de quase nenhum esforço pessoal, mas tão somente de uma graça que me alcançou sem que eu soubesse. De qualquer forma, obrigado! Vamos, então, às suas questões, às quais, saiba, respondo mais uma vez, posto que todas elas já estão, de modo espalhado, respondidas aqui no site. No entanto, por verificar que cada vez mais me chegam questões dessa natureza, tentarei ser sucinto e responder as que você me propôs, visando também a utilidade das respostas para outros. ______________________________________________ 1) É possível ser um “cristão autêntico”, “um discípulo de Jesus”, enfim, “alguém segundo o coração de DEUS”, neste sistema capitalista (que é quase diabólico), quando toda a ênfase de Cristo, era DAR, REPARTIR, ACUDIR, e a de Paulo era TER COMO SE NÃO TIVESSE, E FUGIR DESSAS COISAS? ___________________________________________ Resposta: A Escritura diz que o mundo “jaz no maligno”; e Jesus designou o diabo como Príncipe deste mundo. Portanto, qualquer sistema humano, não só o capitalismo, está corrompido. Ou você pensa que estar sob os romanos dos dias de Jesus era algo melhor? Assim, o chamado de Jesus nada tem a ver com as favorabilidades encontradas na terra para que se possa melhor servir a Deus. Jesus pediu ao Pai que Seus discípulos vivessem no mundo sendo livres do mal. Paulo disse que se o critério fosse o da “separação”, então, teríamos que sair do mundo; e isso não só não é possível, como também não é vontade de Deus para os discípulos de Jesus. Ao contrario, todo estimulo de Jesus é para a inserção no mundo: o sal é para a terra, a luz é para o mundo, o fermento é para se impregnar na massa, e o Evangelho é para toda criatura. Portanto, não creio que seja mais fácil ser discípulo de Jesus em um lugar que em outro. O mundo não existe apenas como categoria exterior a nós; mas, sobretudo, como algo que existe em nós; tomando apenas as formas sociais e culturais que nós, como indivíduos e como coletividade, damos a ele. Assim, eu carrego o mundo em mim! Quem quer que negue-se a si mesmo e tome a sua cruz, pode seguir a Jesus em qualquer lugar da terra; não sem perseguições; afinal, essa nunca foi a promessa. Pelo contrário, o que se diz, é: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. ________________________________________ 2) Com toda a intelectualização da Igreja, das teologias, as formas sofisticadas de cristianismo, evangelicalismo e doutrinas sem fim, como fica a situação do iletrado que não tem acesso – nem por oportunidade nem por condição – à formação do conhecimento, ou mesmo, à desconstrução dele? _________________________________________ Resposta: O cristianismo nunca foi uma religião de intelectualização inteligente, mas apenas uma religião que tentou criar um sistema lógico de doutrinas, os quais, não nascem da razão, mas do dogma. A intelectualização no cristianismo é apenas a tentativa de usar os meios gregos de pensamento a fim de se construir algo que buscava ser lógico como tudo aquilo que os gregos chamavam de lógico. No mais, foi exatamente essa suposta intelectualização aquilo que mergulhou o mundo na Idade das Trevas. E por quê? Porque era uma intelectualização boba e vazia, e que apenas se cobria de supostas erudições a fim de tentar explicar o que não é explicável; sendo apenas de valor se for abraçado pela fé. Assim, uma vez estabelecido o dogma, se tentava a partir dele criar um sistema lógico. Tudo bobagem. O Evangelho opera em outro nível; o da verdade; não da lógica. Nos dias de hoje o problema é até oposto a esse. Não há nem mesmo a lógica que abre mão da lógica por uma questão lógica; posto que se está falando Daquele que está para além de toda lógica: Deus. Assim, não é o cérebro o que atrapalha as pessoas de entenderem o Evangelho—visto que ele é simples, e sempre foi entendido pelo simples de mente—, mas a burrice que decorre ou da presunção intelectual de entender Deus; ou, ainda, que procede da má vontade daqueles que lideram; e que muito mais preferem manter as pessoas na ignorância do que ajudá-las a caminhar, em fé, com as próprias pernas. Portanto, o que falta é a simplicidade do Evangelho; e, também falta bom senso e inteligência espiritual; posto que o Evangelho é discernido apenas pelo espírito; conforme nos ensinou Paulo. ___________________________________________ 3) “Tudo se resume em: amarás ao próximo”. Sabendo que o amor não é apenas uma decisão poética ou um salto transcendental espiritualizado, mas por menos que possamos entendê-lo, é compromisso, cuidado, responsabilidade e comprometimento; concluímos que praticamente não temos amado ou praticamente não amamos a ninguém (infelizmente falo dos crentes – de mim mesmo). Essa preocupação faz sentido, ou seria um sofisma? Amor não seria um estilo de vida? O que é o amor para você? _________________________________________ Resposta: Amor é pratico e se transforma em ação. O Evangelho responde a essa questão com a história do ‘Bom Samaritano’. No fim, quando o perguntador queria saber quem era o seu próximo, Jesus disse que o próximo é sempre alguém que eu vejo. O mesmo disseram Tiago e João. A ênfase dos três textos (Jesus, Tiago e João) é no “ver”. Portanto, não há filosofias quando se trata de amor ao próximo. A resposta existe bem adiante de você: na vida e no mundo, na multidão de seres que lhe são semelhantes. Paro aqui porque o site está cheio de opiniões minhas a respeito. Procure e você as encontrará em Cartas e Reflexões. _________________________________________ 4) Caio, é notório pelo teu próprio testemunho, pelos desenganos que você sofreu, e principalmente pela implacabilidade com que os teus colegas de ministério de “outrora” se transformaram nos teus algozes, após a tua experiência de dissolução matrimonial, a decepção cabal que tiveste com o “meio cristão”. Diante disso tudo, você ainda acredita na “Igreja”? Quem ou o que é a Igreja? ______________________________________ Resposta: Meu amigo amado, não posso responder a esta questão, pois, de fato, a mera leitura de meu site já diz tudo o que penso sobre “igreja” e Igreja. Repetir me é impossível. Leia o site. _________________________________________ 5) Sabemos que muitas pessoas já partiram para a eternidade sem ter sequer ouvido do evangelho de Cristo, e que ainda hoje, em culturas remotas, pessoas “dormem” sem conhecer o sacrifício da cruz. Embora seja embaraçoso, há saída para uma explicação racional, ou devemos confiar que a justiça e a misericórdia de Deus se manifeste nessas vidas? Teria alguma coisa a ver com o FATOR MELQUISEDEQUE? ____________________________________________ Resposta: O Fator Melquizedeque é algo que está posto em todas as culturas da terra como porta de entrada e contato para o Evangelho. De fato, a salvação é em Cristo, e para todos os homens. E Jesus é Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquizedeque. Ora, isso significa que Ele é sacerdote para além das limitações históricas, étnicas, genéticas, raciais, ou genealógicas de Israel; visto que o maior hebreu, Abrão, se curvou diante de Melquizedeque, mostrando que estava diante de algo maior do que aquilo que nele, Abrão, nascia para a história. Leia Hebreus, e você entenderá. Quanto ao mais, e acerca desse tema, o site também está cheio. Leia e você ficará sabendo; se é que você não sabe. Receba todo meu carinho; e, sobretudo, meu estimulo para que você leia o site; pois, se suas questões são essas, aqui no site há muito mais que lhe possa interessar. Nele, em Quem tudo e todos têm sua razão de ser, Caio ___________________________________________________________ —– Original Message —– From: To: [email protected] Sent: Tuesday, June 07, 2005 3:21 PM Subject: DO DIVÃ ÀS DIVÃ-GAÇÕES…! PREZADO CAIO FÁBIO, A PAZ DO SENHOR: Em primeiro lugar, deixe-me esclarecer que as “divã-gações” são minhas, e não tuas; aliás, ainda que você faça idas e venidas sem número, em um sem número de assuntos, o termo divagar carrega um certo sabor pejorativo e de marotice, como se quem divagasse não tivesse nem norte e nem coerência – e talvez não tenha, o que definitivamente não é o teu caso. É a segunda vez que te escrevo (sou o mesmo do CAIO FÁBIO NO DIVÃ), e só me permiti a isso, por ter percebido pela leitura do site, que não há restrições da tua parte a pessoas que escrevem mais de uma vez. Se não for enfado para ti, eu gostaria de falar um pouco do conjunto que me descreve, já procurando situar as particularidades dentro da esfera psicológica, filosófica e teológica que percebo no cuidado com que tratas os teus argüentes. Praticamente nasci “evangélico”. Durante 13 anos freqüentei uma congregação, dir-se-ia tradicional, mas que lançou os primeiros alicerces da minha fé. Então, movido pelo influxo de um “avivamento”, cujo mover orientava para o resgate de alguns princípios como o do primeiro amor, a família, a comunhão entre os irmãos, a unidade espiritual da Igreja, tratamento de caráter, além de outras coisas que se balizavam naquilo que se podia conhecer por virtude, comecei a andar junto com alguns irmãos que já se reuniam nas casas, de cuja comunhão veio o crescimento, e com este o começo de uma comunidade como congregação (instituição). Sempre houve, também, grande ênfase aos DONS e ao DISCIPULADO, coisas que se compreendidas com liberdade na grandeza e essência do seu significado, a sua práxis, no meu modesto ponto de vista, traz algo de muito precioso à vida da Igreja, bem como à vida daqueles com quem a Igreja se relaciona, que podemos chamar de o próximo. E aí já se vão mais 15 anos. Para chegar logo onde eu pretendo chegar, testemunho com alegria que nunca houve na trajetória desta congregação, nada que pudesse ser lançado à concepção matreira de escândalo, “algo” envolvendo a liderança, ou mesmo “algo” envolvendo os irmãos, embora aquilo que primeiramente chamei de virtude, tenha vindo se desvanecendo com o tempo no seu conceito e definições. Isso parece paradoxal com o que vem a seguir, mas mesmo nos paradoxos a verdade se funde com independência – obviamente se estiverem orientados pela própria verdade. Em suma, vivemos um estilo de vida moralmente correto; todavia, parafraseando um certo baiano, “há no fundo inclemente do gênero humano resíduos perpetuamente renováveis”, que em algum momento acabarão se manifestando, e em algum momento a manifestação se dará em detrimento de outrem. É muito difícil dissertar sobre, sem que estilhaços involuntários estejam neutralizados; mas, de coração, não é o meu objetivo. Almejo, unicamente, ouvir uma voz imparcialmente sóbria, a fim de acalmar as muitas vozes que relutam em confundir a voz que quero fale em minha alma. Caio Fábio, tenho tido muita dificuldade para aceitar o exercício das autoridades espirituais (conforme Hebreus: “…obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles”), que inapelavelmente acabam sendo as mesmas autoridades eclesiásticas. Eu queria muito estar sujeito, sem, contudo, perder a minha individualidade no conceber, e a liberdade de expor a minha visão de “reino”, que em muito pouco se parece com o modelo vigente. Tenho consciência de que a verdade não é monopólio das minhas convicções, e nem tampouco gostaria que fosse a última instância da palavra. Haveria quem dissesse: “ -mas por que não fazes o reino a partir de você?” Simplesmente porque também estou cativo ao sistema, e as suas algemas além de quase inquebráveis, são também quase invisíveis, não obstante tenha buscado a luz e o amor do Senhor para os meus passos e as minhas ações. Afinal, ainda que eu tenha convicções que acredite procedentes, mesmo assim preciso interagir (o outro também terá), não sendo de outra forma que se canalizem as idéias, e estas se estreitem em Cristo, e se alarguem nas consciências. A grande dificuldade, para não dizer a impossibilidade, está em poder exprimir-se na igreja (não no púlpito), sem parecer rebelde, instrumento do inimigo, espírito de Jezabel, fogo estranho. De modo nenhum quero que a individualidade das minhas opiniões prevaleça sobre o coletivo; mas, o que considero de fato importante, é a liberdade em Cristo, de poder trocar profundezas de alma, conhecimento da palavra – não como letra morta – mas como vida em nossas vidas. Se possível, aguardarei um pronunciamento. Preciso encerrar, pois o tempo é o nosso verdugo! Oportunamente, estarei escrevendo, e com a Graça de Deus, poderemos estar recebendo edificação. Que DEUS o abençoe grandemente. ___________________________________________________________ Resposta: Meu querido irmão: Graça e Paz! Eu também queria muito que fosse assim. Sim! assim como você deseja, sonha, vê e busca. Mas não é. Infelizmente não é assim. E por quê? Porque o homem é o homem quando Jesus não o impede de ser homem contra o homem. Se Jesus não estivesse presente e não tivesse impedido, Pedro teria fundado a Teologia da Prosperidade logo após dizer: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus!” Isto porque a declaração dele de que Jesus não iria para a Cruz era a declaração de toda teologia da prosperidade que já existiu. Na seqüência, se Jesus não estivesse presente, e não os tivesse impedido, eles teriam brigado feiamente para ver quem era o maior, para decidir quem teria ou não o direito de falar em nome de Jesus, caso não “seguisse com eles”; teriam colocado fogo numa cidade samaritana; e criariam um esquema de segurança tão exacerbado para proteger Jesus da multidão, que nem crianças poderiam chegar perto Dele. Se Jesus não tivesse resistido, provavelmente, todos eles aceitariam a oferta dos gregos, os mesmos que pediram a Felipe que os levasse até Jesus. Uma tentação tão forte se estabeleceu ali, que Jesus expressou o significado da hora com toda gravidade, conforme João 12: 20-46. Enfim, se Jesus não os tivesse barrado na hora, eles, todos eles, desde sempre, teriam criado aquilo que passou a ser o normal no resto da história do Cristianismo, que é a história dos Atos dos Cristãos sem Cristo. Desse modo, quando vejo todas essas coisas que os “discípulos” evidenciaram o potencial de “manifestar”, e que acabaram por se manifestar em profusão no resto da história da cristandade, vejo que elas só não aconteceram nos evangelhos apenas em razão da presença de Jesus. Portanto, não me parece impróprio pensar que onde Ele não está, elas se manifestem naturalmente, posto que esse é o potencial humano; e não deixaria de ser assim apenas porque alguém diz que crê que Jesus é o Deus dos cristãos. Desse modo, meu amigo, não tenho muita ajuda a lhe dar quando se trata do que fazer com uma comunhão de cristãos sem a consciência do Evangelho instalada em seus entendimentos. No Cristianismo é assim mesmo! Quanto à sua fobia de congregação e seu repudio emocional à idéia de ter alguma autoridade sobre você, saiba: isso só aconteceu porque até hoje você ainda não encontrou a verdadeira presença de uma figura humana em quem a Palavra não seja só um discurso. Não levo a sério também autoridades que eu não sinta que são de fato autoridades. As verdadeiras autoridades não se anunciam, e podem ser sentidas onde quer que cheguem; posto que a autoridade que carregam é fruto de uma consciência mergulhada na certeza da fé, e que vive em confiança. Esse exala e vibra seu ser onde quer que chegue; e quem ama a verdade tem prazer em reconhecer tal autoridade, que é apenas e tão somente o exalar da vivencia da Palavra. A “igreja” é assim conforme você a lamenta. O que fazer? Vale colocar remendo de pano novo em vestes velhas? Vale colocar o vinho novo em odres velhos? Há sabedoria nessa tentativa de casar o novo com o velho? Qual foi o veredicto de Jesus sobre o significado dessas metáforas? Jesus disse que ninguém que seja viciado no vinho envinagrado dirá que o vinho novo é melhor, pois já está acostumado ao antigo sabor. Você deseja tanto que a “igreja” seja um lugar aberto, no qual você possa se expressar, ao mesmo tempo em que tem grilos com a idéia de se congregar e de obedecer aos guias na fé. Ora, o problema não tem nada a ver com a epistola aos Hebreus, posto que na visão da epistola, um verdadeiro guia é essencial, porque guia; e uma genuína congregação é fundamental, porque congraça as almas. Assim, quando é verdadeiro, é inevitavelmente bom, e, por essa razão, deveria ser também desejável. Se eu fosse você não gastaria energia com nada disso, pois é mera perda de tempo, e não leva a nada, a não ser à distração do ser em relação ao que é essencial. O que eu acho ou o que você acha a cerca da Igreja ou da “igreja” de nada valem enquanto ficarmos apenas dizendo o que gostaríamos que as coisas fossem. É assim que nasce a Sociedade dos Profetas Mortos! Se você crê, então ouse! Se você gostaria, então busque! Se você acha indispensável, então empenhe-se por fazer acontecer. Quanto ao mais, continue lendo o site, pois, de um modo ou de outro, cada um de seus interesses estão aí tratados. No caso de você ler mais, e sentir desejo de indagar outras coisas, saiba: estou aqui, de todo o coração! Receba meu carinho e meu abraço! Nele, em Quem a esperança produz, Caio