E ESSE PESSOAL QUE MORRE E SAI DO CORPO?
—– Original Message —– From: E ESSE PESSOAL QUE MORRE E SAI DO CORPO? To: [email protected] Sent: Tuesday, June 07, 2005 6:02 PM Subject: Expêriencia de quase-morte. Reverendo, graça e paz! Estava assistindo ao Larry King outro dia, e ele entrevistava pessoas que tiveram experiências de quase-morte, e todas falaram que viram uma grande luz branca, que sentiram um sensação de paz profunda e a certeza de que existe Alguém ou Algo além desta vida. Uma terapêuta que estava também entre os convidados disse que geralmente os casos assim são sempre bem parecidos com o que disse acima, e geralmente as pessoas que passam por elas passam a ter uma visão mais altruísta da vida, repensam valores e conceitos. Além disso, ela disse que pessoas que se diziam atéias passam a acreditar em Deus ou em um força espiritual maior depois da experiência. Pesquisando na internet achei relatos parecidos, uns bem misturados com simbolismos religiosos, tanto sobre o que havia no Céu quanto no Inferno. Sei que existem livros citando pessoas que se dizem ter ido no dois lugares, enfim. Gostaria de saber sua opinião sobre o assunto. ___________________________________________________________ Resposta: Amigo amado: Graça e Paz! Esses assuntos são de interesse universal desde sempre. Quem não desejaria entrevistar quem tenha voltado da morte com algo para contar? Aí pelos meus 18 anos, me deparei com um livro de um certo doutor Moody, cujo título era “Vida além da Vida”. O livro do Dr. Moody foi o precursor de todo esse debate, e veio numa época em que a ‘ciência’ ainda era muito básica em seu materialismo. Portanto, o livro criou frisson entre o publico leigo e ojeriza na comunidade científica. Na década de 80, todavia, enquanto o mundo se dedicava a banalidades — isso quando se compara aquela geração com a anterior, na década de 70 —, a ciência física iniciava seu caminho cada vez mais espiritual. De lá para cá uma infinidade de pesquisas foram feitas, e usando método científico na pesquisa, de tal modo que hoje tudo aquilo que mistura dimensões físicas com psicofísicas já não assusta a comunidade científica. Na realidade há muita pesquisa séria sendo feita sobre o tema todos os dias, e com descobertas cada vez mais fascinantes. Na minha opinião quando se está falando dessas experiências de consciência durante lapsos decorrentes de traumas da quase-morte, com lembranças e percepções do “morto” acerca do que está acontecendo à volta dele; além das visões que quase todos dizem ter durante a experiência—; não nos falam ainda do mundo espiritual real, mas apenas de projeções de natureza psicofísica, e que são ainda são parte do arcabouço do imaginário do próprio individuo, posto que em todas as experiências as pessoas “vêem” o tipo de divindade que elas antes criam; e também de acordo com o auto-julgamento que as pessoas fazem de si mesmas. Ou seja: em minha opinião tais pessoas estão no limiar, experimentando uma espécie de auto-juízo. Não que tais experiências não sejam verdadeiras. Na realidade elas são bem verdadeiras. Há até aqueles que durante a “morte” saem do corpo, e vêem tudo o que está acontecendo; vêem o atendimento e o socorro como quem observa de cima, do alto, do teto, etc… Além de que há aqueles que durante o lapso vêem o que está acontecendo na vizinhança da experiência que estão tendo. Por exemplo: uma outra pessoa morrendo numa casa ao lado; ou alguém que estava morrendo na sala ao lado; e que são realidades vistas pelo “quase-morto”; o qual, em geral, está sendo, ele próprio, objeto de grande esforço médico a fim de ressuscitá-lo. Portanto, eu creio que tudo isto acontece como realidade, porém, uma realidade que mantém ainda todos os elementos psicológicos da percepção do próprio indivíduo que sofre o trauma. Desse modo, eu creio que se trata ainda do corpo feito de energia psíquica e espiritual experimentando uma possibilidade inerente ao ser humano, mas que só se manifesta, em geral, quando a pessoa está no ‘limiar”, entre as dimensões, e como resultado de traumas. Ou seja: para mim é algo que acontece como um sonho associado à realidade da quase desconexão entre o corpo, a psique, e o espírito. A mesma experiência também é conhecida de místicos de todas as regiões épocas da história humana, só que pela via da meditação, do controle da respiração, e da indução da mente a estados mais elevados de percepção. E, em alguns casos, há os que também se ausentam do corpo. Todavia, isso não fica no nível da subjetividade de um sonho, contido ao inconsciente, porém, para além disso, é algo que carrega a subjetividade do sonho e seus arquétipos e símbolos, mas que é, de fato, experimentada como algo objetivo; e, muitas vezes, com a experiência de estar fora do próprio corpo. Assim, eu penso que nesses casos de “quase-morte” há uma quase-ruptura entre corpo e espírito, por pouco não gerando uma morte-real. No entanto, a morte-final não assumiu a totalidade do corpo e da mente, sendo apenas um trauma na iminência de virar fatalidade, mas que ainda mantém todos os elementos da vitalidade mental e psíquica em plena atividade. Daí tratar-se de um estado intermediário entre o aqui e agora e o ali e além. Portanto, tais pessoas têm toda razão para repensar as suas existências, posto que estiveram no limiar, e, de lá, verificaram que a morte física não impõe a cessação da existência consciente; antes, a aumenta imensamente. No entanto, além das experiências de visão do que está acontecendo à volta delas (reportada por muitos), tais pessoas vêem aquilo que psicologicamente projetam como sendo o mundo espiritual; e, muitas vezes, isso acontece de modo inconsciente, como é o caso de ateus que dizem confessar não haver nada depois da morte, mas, como foram impregnados pela cultura da religião, uma vez que seus inconscientes se abrem pela experiência da quase-ruptura, todos esses elementos do imaginário de qualquer ser humano, ateu ou não, aparecem com força enorme; e, como muitas vezes se fazem acompanhar de percepções objetivas acerca do que estava acontecendo no hospital, ou na esquina do acidente, muitos tendem a autenticar as experiências subjetivas decorrentes do trauma, pela via da realidade inegável de que viram coisas reais acontecendo no mesmo ambiente; e isso enquanto estavam ainda sendo consideradas mortas ou quase mortas. A mente humana não deixa a consciência do mundo de imediato, mesmo sob um trauma mortal. Assim, é como se o corpo psíquico se deslocasse, podendo pairar sobre o próprio corpo do quase-morto, enquanto ele vê tudo isso; e, um pouco mais adiante, num lapso de tempo, associa o que vê à experiência da morte; e, assim, a mente evoca todos os símbolos que, para a pessoa, se conectam a idéia daquela experiência. Já li muitos livros sobre o assunto, e já pesquisei razoavelmente sobre o tema, e a conclusão a que cheguei é essa que resumidamente acabo de expor. Espero que lhe seja se alguma utilidade. Para terminar, todavia, desejo que saiba que ao falar dessas coisas, nem se está falando ainda da morte, e, muito menos, da eternidade. De fato se está apenas falando de um afastamento do corpo psicofísico do corpo físico, e isso em razão de um trauma poderoso, de uma experiência de quase-morte, na qual o indivíduo ficou em pé na esquina entre os mundos. Nele, que entrou na profundidade do abismo da Morte, e dela saiu vitorioso, Caio