SONHEI COM VOCÊ!



—– Original Message —– From: SONHEI COM VOCÊ! To: [email protected] Sent: Monday, June 13, 2005 3:13 PM Subject: Sonhei com você, que sonho!!! Caio, Estive ontem na Catedral ouvindo mais uma vez a palavra de Deus sendo trazida até nós sem rodeios, sem nenhum preconceito. Que palavra! Deu até vontade de te bater (de abraços de beijos, se é que posso assim colocar); eu e meu esposo ficamos com essa vontade. Vai pregar assim nem sei aonde. Foi tão assim, tão assim, que não temos palavras. Que Deus continue te usando meu amado Caio. Mas estou escrevendo não só para falar sobre a mensagem e sim sobre um sonho que eu tive de sábado (11) para domingo (12). Não sei se sonhei porque já tinha programado o meu final de semana, em ir vê-lo na Catedral, mas como o sonho está me incomodando, resolvi cantá-lo. Sonhei que você estava pregando numa igreja e logo que terminou a pregação se dirigiu para um quarto ao lado da igreja, e lá tinha um colchão no chão, preparado para você deitar. Eu me aproximei e vi que você se contorcia de dor, virava de um lado para o outro; e dizia: Eu não estou agüentando de tanta dor! Neste mesmo cenário estava o meu pastor sentado no colchão próximo, aos teus pés, e falava para você não deixar de orar por uma irmã da igreja dele que estava passando por um grande problema; e outros já estavam esperando para lhe falar algo. Eu me aproximei mais ainda e perguntei: Caio, quando você estava pregando lá no púlpito sentia essas dores também? E você me respondeu: Lá é o único local que a minha dor cessa. Não sei porque sonhei, se tem algum fundamento, só sei que estamos orando por você por toda a sua família. Nele que em tudo nos esclarece. Beijos para você e para a encantadora Adriana. Jô e Marco Aurélio ___________________________________________ Resposta: Queridos Jô e Marco Aurélio: Graça e Paz! Que cartinha doce e amiga! Sabia que faz falta? Minha alegria é em Deus por tudo o que vocês disseram, pois, eu sei de onde vem o influxo que é maior do que eu, e que, por vezes, me precede até no pensamento, como se eu tivesse apenas que correr atrás da mensagem, a qual corre adiante de mim, como se nada tivesse a ver comigo. Portanto, recebo tudo com toda naturalidade de quem sabe que a procedência do dom, e, nele se alegra com gratidão e quebrantamento. Dor? Deixe-me falar de minhas dores! Quando eu era menino meu me dizia que temia que eu sentisse muita dor na vida, posto que me via freqüentemente até derramando lágrimas por mendigos e pobres que eu via na rua. No entanto, todo esse sentir não me oprimia, pois, de outro lado, eu era completamente alegre, feliz e exuberante como criança. As primeiras dores que senti de modo continuo foram as que me acometeram entre os 7 e 12 anos, quando meu pai e minha mãe estavam separados sob o mesmo teto (ele com outra mulher); o silencio reinava; meu irmão engordava; minha irmã quebrava o braço em muitos pedacinhos, e estava ameaçada de ficar sem movimento no cotovelo; papai era submetido a um inquérito militar pela ditadura; os jornais estampavam a foto dele como sendo suspeito de acusações dos milicos; ele decidia sair do meu paraíso, o Amazonas, indo para o Rio; minha mãe ficou grávida dele e começou a quase morrer, e teve que ser transportada para o Rio; meu pai entrou em depressão; um espírito de suicídio o rondava e eu sentia, de modo que neuroticamente orava de dia e de noite pedindo a Jesus que não deixasse meu pai se matar; a favela do Pavão-Pavãozinho caía bem adiante de meus olhos durante as chuvas de 66; e tudo à minha volta parecia cinza, até o mar azul de Copacabana. Numa daquelas noites meu pai me salvou de pular do 10o andar, da janela de nosso apartamento. É que eu sonhei que estava pulando na piscina do Botafogo, só que eu estava do lado de fora, já projetado da janela, contando decrescivamente de 3 para 1… Foi quando papai acordou, ouviu e me pegou no pulo. Então mudamos para Niterói. Meu pai se encontrou com Cristo, e tudo mudou. Fui muito feliz em Niterói, até que papai decidiu ser pastor nas barrancas do Amazonas, e renunciou a tudo quanto tinha—posses, bens, direitos, dinheiro, etc—, e me levou no tranco de volta para Manaus. Sofri muito antes de ir. Uma vez lá, a fila andou! Voltei a sentir muita dor antes de me converter. Era uma angustia de morte que me acometia. A conversão me salvou da morte, mas não me livrou do stress. Isso porque me converti já tendo que lidar com todos os tipos de demônios, gente aflita, e muitas situações ante as quais um sentimento de impotência ou de compaixão me tiravam o sono, e me punham horas e horas em jejuns e intercessões. Depois de uns 7 anos eu fui me tranqüilizando. Daí pra frente minhas dores eram apenas decorrentes do ministério. E foram muitas. Mas dores de doer, eu só voltei a sentir quando comecei a ver que possivelmente eu viesse a me separar da mãe de meus filhos. Era dor de todos os lados! Quando aconteceu, aí então é que doeu mais do que eu sabia que poderia doer. Logo depois veio a dor angustiada, esmagada e perseguida do Dossiê Cayman, misturada com a perseguição escandalizada da “igreja”. Senti muita depressão! Então, vieram outras dores: o que fazer da vida? Como prosseguir o caminho? E havia também decisões relacionadas ao mundo afetivo e relacional, com todas as implicações de eventualmente não ficar com a pessoa em razão de quem eu havia me divorciado. Eram as culpas dobradas de ter tomado uma decisão que eu não estava tendo como bancar. Houve as fortes dores que tive com Lukas. Ele, como já disse, foi meu grande companheiro, e eu fui seu pai-amigo em todas as circunstâncias. E ele teve muitas dores, e, em todas elas, eu sofri mais do que ele. Então ele se aliviou, e, gradativamente, foi provando a Graça de Deus. Até que foi levado no melhor de seu ser em Deus. Sinto muitas dores e saudades em razão da ausência dele. Há horas em que sou rasgado de dentro para fora. No entanto, minha existência foi feita de muito mais alegria do que dor até aqui. Minha mulher, meus filhos e neta, meus pais e amigos, e as alegrias decorrentes de ver o Evangelho pacificar pessoas, me enternuram, e me enchem de gratidão e amor o coração. Isso é felicidade. Sobre seu sonho, acho o seguinte: Você estava preparada para ir me ver pregar, e, por muitas razões justificáveis, você apenas projetou o que você sente a meu respeito: um homem de muitas dores, que descansa no intervalo das pregações, e que sente dores permanentes de alma, embora não tenha sossego para sofrer suas próprias dores, visto que é solicitado a lidar com a dos outros o tempo todo, tendo alegria absoluta, entretanto, quando prega a Palavra. Houve um tempo em minha vida em que só parava de doer quando eu pregava, que foi no ano passado inteiro, quando senti os apertos da partida do Lukas me estrangulando de dia e de noite, tendo eu alívio quase que somente quando pregava. Daí ter pregado quase todos os dias no ano passado. Mas esse não é o padrão existencial de minha vida, posto que freqüentemente sou visitado com muitas alegrias e gozos. Na realidade pregar a Palavra me transporta para todos os mundos, em viagens de gozo e amor arrebatadores. Pregar a Palavra é minha maior alegria, e, em mim, sinto que Deus sente alegria quando falo Quem Ele é. Recebam todo o meu carinho! Nele, que nos fez para o que lhe apraz, Caio