QUEM É ESTE ESTRANHO AO MEU LADO?
—– Original Message —– From: QUEM É ESTE ESTRANHO AO MEU LADO? To: Caio Fábio Sent: Monday, September 26, 2005 3:36 PM Subject: Fale Comigo Querido Caio, Tenho andado bastante aqui pelo site e tudo o que tenho lido tem edificado muito minha vida. Tomei coragem para me abrir e falar sobre meu casamento. Conheci meu marido através de uma agência de namoro em 2000. Em 2001 começamos a namorar e desde o começo eu achava que não seria feliz com ele. Mas todas as vezes que eu tentava terminar, ele insistia que eu era a mulher da vida dele, e que “dar certo” só dependeria de nós. Enfim, nos casamos em 2002, eu com 32 anos e ele com 37. Sempre trabalhei fora e no começo como ele chegava antes de mim em casa; até o jantar eu encontrava pronto. Mas com o passar do tempo percebi que meu marido só me fazia cobranças, do tipo: “Você tem que ser mais dinâmica”; “Você tem que dirigir”; “Você tem que me ajudar com as despesas”, etc… E eu então comecei a assumir muitos compromissos financeiros, muitas vezes fazendo empréstimos na empresa em que trabalhava, só para não ter que tomar nenhum dinheiro emprestado dele. Quando eu precisava de qualquer valor e recorria a ele, sempre me cobrava um breve retorno. Em Setembro de 2002 fiquei grávida da nossa filha, e eu achei que as coisas melhorariam entre nós — digo que ele me trataria melhor —; mas, ao contrário, lidei com sua indiferença durante toda a minha gravidez, pois o único”carinho” que ele me tinha, era um desejo incontrolável, porque ele achava sexy a minha barriga. Em 2003 nossa filha nasceu e eu tive que arcar com quase todas as despesas com enxoval e etc… ele pouco participou. Nos primeiros dias do bebê em casa, ele simplesmente colocava o travesseiro na cabeça, e dormia a noite toda; enquanto eu chorava pela casa com o bebê em cólicas. Voltei a trabalhar e minha filha foi colocada em uma escola particular que eu tinha que pagar. Em Novembro de 2004 descobri que minha filha estava sendo vítima de maus-tratos lá. Eu fiquei louca e ele nem aí. Entrei na justiça contra a escola, e ele indiferente… Agora no inicio deste ano eu saí do emprego e montei uma micro-empresa, mas as coisas não estão indo muito bem. Talvez eu tenha que devolver meu carro para a financeira…; e ele passa de largo desta história. Meu marido é muito bem empregado, em uma multinacional, e é muito bem remunerado. Este mês ele esteve trabalhando em outra cidade, e eu senti muito sua falta; e pior: vi minha filha sofrer sua ausência; e isso foi difícil. Mas agora que ele voltou, parece que ele está ferido. Disse que se sentiu deprimido lá, sem nós duas; mas não mudou o comportamento indiferente. Ele diz que não vive sem mim, mas ao mesmo tempo, percebo que só recebo desprezo dele; e não amor. Fui a um psicoterapeuta e ele me disse que eu não tenho problema nenhum, e que meu marido é que não é maduro afetivamente, e que me vê não como uma esposa, mas como uma colega que tem que dividir tudo com ele. Quando olho para o nosso relacionamento, vejo que o amo sinceramente; mas ao mesmo tempo me amo também, e me sinto violentada pela maneira como ele tem me tratado. Vejo nele também um homem de excelente índole, trabalhador, responsável, muito bom caráter mesmo. Mas até quando vou suportar uma carga maior do que eu? Já tentei conversar com ele diversas vezes, mas tudo o que ele fala é: “só depende de nós”; e não muda nada. Ajude-me! Grata por sua vida sempre, __________________________________________________ Minha querida amiga: Graça e Paz! De fato, só depende de vocês, e, por ordem de Deus, de mais ninguém. Paulo disse que ninguém sabe nada sobre quem é o outro, até o cônjuge; se se converterá ou não? “Como sabes?”, pergunta ele (I Co 7). O fato é que você casou sem convicção, violando sua própria alma, casando-se com a necessidade dele em relação a você, e não pela sua própria alegria. Não dá para crer na infelicidade e colher alegrias! A gente só tem o que a gente semeia. E isto é assim, com total certeza, nos ambientes interiores. Por isso, não dava para já saber que seria infeliz, e, mesmo assim, conseguir ser feliz. É como morrer antes de nascer. Ora, até aqui falo apenas de você, pois, sinceramente, seja ele quem for e faça o que faça, neste caso, “só depende de você”. Sim, porque se você não o amava, não cria que seria feliz com ele, mas casou assim mesmo; agora, mais do que nunca, “só depende de você”. Eu diria a você para ficar ao lado de qualquer homem que você realmente amasse, e ele a você. Todavia, jamais aconselharia uma pessoa a ficar ao lado de uma outra a quem ela não ame de modo adequado à relação, no seu caso, conjugal. Se ele ama você apesar de ser grosso, infelizmente, pode até ser. Nós, homens, somos muito impacientes, e buscamos muito “compreender” as mulheres, o que, em geral, é frustrante; pois as mulheres são indecifráveis, devendo apenas ser apreciadas. Mas na ânsia de estabelecer um “amor prático” na relação, os homens podem ser muito ofensivos para a alma da mulher. Sim, a maior carência masculina é gentileza e carinho cuidadoso. Isto sem justificar nada; porém admitindo que há homens que só sabem amar no coice. Porém, na minha opinião, nenhuma mulher deveria aceitar tal coisa como normal. E quem decide ficar em tal estábulo, deve também aprender a não reclamar. Ele, em si, é um problema. Porém, o seu grande problema não é ele, mas você mesma. Isto porque você precisa decidir se o ama ou não; e se quer viver com ele, ou não. Pior do que a grossura ou a usura, é você estar ao lado de alguém que você não ama. Paulo diz: “Deus vos tem chamado à paz!” Portanto, não creio em relações angustiadas e aflitas. Todo amor que só sobrevive se houver “guerra”, é amor à morte. Paz é o que sela o convívio de um casal. Sim, eles têm que viver um amor que gere paz, não conflito, disputa, ódio e guerra. Que a atitude pessoal dele como homem e pai é menos que pífia, não há dúvida. No entanto, essa não é a questão. A questão é: Você o ama e quer ficar com ele? Você consegue abraçar o amor e a felicidade ao lado dele? Responda essas perguntas com honestidade, e sem neuroses de bondade ou com a necessidade de ser mãe de seu marido, e, assim, você saberá o que fazer. Afinal, Deus deixou que essa fosse uma “zona nossa”; embora seja um mistério para nós mesmos; sendo um desejo e uma imposição de nós contra nós; que é o amor e o desejo entre um homem e uma mulher. Sonde seu coração. E, desta vez, o respeite. E se a decisão for ficar, deixe claro que há certas coisas que são abusivas e que você não sente que deve aceita-las em respeito a você mesma. Receba meu carinho e meu abraço! Nele, em Quem sem amor nada nos aproveita, Caio