COMO É CULTO DE LIBERTAÇÃO NO EVANGELHO DA GRAÇA?



 

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From: COMO É CULTO DE LIBERTAÇÃO NO EVANGELHO DA GRAÇA?
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Sent: Tuesday, October 04, 2005 7:09 PM
Subject: libertação


Graça e Paz meu irmão!


Acabei me tornando um clone seu. Não que eu tenha me esforçado ou buscado, mas uma vez que seu modo de ver e de viver o evangelho era tudo o que um dia busquei. Acabei me envolvendo demais e fiquei um clone seu.

Talvez por isso você também diga: “sejam meus imitadores assim como eu sou de Cristo”; logo, assim, minha aparência no que diz respeito à mensagem e o viver existencial, tem sua origem em Jesus Cristo.

Semp
re costumo dizer as pessoas que minhas palavras são limitadas a expressar aquilo que Deus em Seu amor e graça fizeram por mim e em mim.

Anos atrás, quando preso e sufocado pela lei, acabei me “desviando” a ponto de usar certas drogas e acontecer aquilo que a gente pensa que nunca acontece. Sim, tive uma overdose. Isso tudo foi reflexo de um caminhar agonizante sob a religião.

É horrível!

Não sei se ainda lembras, mas sou o ex-pastor neopentecostal da “Igreja Internacional da Graça de Deus”, e que por algumas vezes se correspondeu com você.

Louvo a Deus por sua vida, porque através desse evangelho, que não é segundo os ensinamentos dos homens, nem intencionalmente para agrada-los; e isso conforme Paulo.

Sim, através deste Evangelho re-descobri a vida.

Agora posso respirar e viver.

Meu motivo de contato com você mais uma vez é pelo seguinte fato:

Estava disposto a viver sem a “igreja”. A me desligar de tudo e viver em paz e continuar apenas pregando nas “igrejas”; porém, sem compromisso com elas.

Mas um certo dia, encontrei meu ex-professor de seminário, um homem que compreende a graça. Quando ele fazia seminário em Brasília, a sua classe foi visitada por você. No ano passado a igreja dele tentou convidá-lo, mas por algum motivo não deu certo. Ouço que este ano ele tentará novamente. Ok! Voltando ao dilema: ele me convidou para iniciar uma equipe de libertação na igreja dele. Acabei aceitando, uma vez que a igreja dele conhece a graça; e os ensinos dele assemelham-se com os do evangelho.

Só que quando conheci a graça, acabei desprezando quase tudo o que aprendi antes, embora muitas coisas sejam bíblicas, como cura, libertação, etc… Contudo, me afadiguei dessas coisas, acabei ficando um pouco cauteloso e por vezes cético.

Passado uns dias, li um texto seu, não me lembro o tema, mas você relatava que muitas vezes antes de sair para pregar, não havia muita motivação em seu coração, mas quando iniciava a pregar, tudo mudava. Isso também acontece comigo: antes de pregar sinto as vezes náuseas, mas a mudança é maravilhosa quando falo do evangelho. Então, assim, tive um pouco de esperança em prosseguir com essa responsabilidade. No entanto, quero pregar uma libertação segundo a graça. Preciso de suporte para com alegria desempenhar essa tarefa.

Assim, eu pergunto, qual sua opinião sobre um trabalho de libertação verdadeiro?

Posso continuar fazendo a oração “forte”, uma vez que também para este fim fui chamado pelo pastor?

Tenho medo de suas opiniões irem para um lado oposto das minhas perspectivas, pois sei que acabarei concordando com você. Mas estou disposto a enfrentar e colocar a prova meus conceitos. Contudo, peço uma palavra de ânimo para essa jornada.

Não quero perder a minha liberdade de ser o que sou e viver o que creio.

Aguardarei sua resposta caso esteja disponível.

Abração, meu irmão!


Nele, que dá força ao cansado e multiplica o poder a quem não tem nenhum vigor.

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Resposta:


Querido amigo: Graça e Paz!



Inicialmente desejo dizer a você que clonagem psicológica, por mais que se vista de admiração pelo objeto original da clonagem, reflete algumas coisas ruins, como insegurança e fragilidade de personalidade.

Portanto, virar meu clone é assumir como ideal algo que eu abomino, pois, entre as coisas que aqui digo com insistência, afirmo sempre que o alvo do crescimento de fé em fé e de glória em glória, com o rosto desvendado, olhando sempre para Jesus, é fazer com que sejamos transformados na imagem do Filho de Deus.

Ora, tal transformação gradual e processual, nos faz tanto mais sermos conforme a imagem de Cristo, quanto mais nós sejamos nós mesmo “em Cristo”.

Afinal, o alvo final desse processo é levar-nos àquele dia quando cada um receberá uma pedrinha branca, na qual está escrito um novo nome (nosso), o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. Ou seja: o alvo de tudo isto é gerar nossa individuação em Cristo. Em outras palavras: fazer com que nosso verdadeiro ‘eu’ seja moldado conforme Jesus, sendo que o produto final é o surgimento de um indivíduo que tem um nome tão intimo que somente ele e Deus o conhecem.

Desse modo, deixe de ser meu clone, e busque apenas ser conforme a imagem do Filho de Deus, segundo o Evangelho.

Eu não teria a coragem ou a pretensão de Paulo quanto a jamais dizer: “Podem me seguir, pois, eu estou seguindo Cristo Jesus”. Sim, posso apenas dizer isto no que diz respeito ao ensino do Evangelho (pois sei que quem crê no que prego, está crendo no Evangelho de Jesus, visto que em minha boca ele nunca foi adulterado). Porém, jamais teria a coragem de dizer para quem quer que seja me seguir ou me imitar em nada que não seja na fé na Palavra do Evangelho.

Paulo disse aquelas coisas num tempo em que não se tinha a Palavra do Evangelho disponibilizada para os discípulos de modo escrito. Hoje, todavia, tenho o Evangelho bem diante de mim; e posso também, eu mesmo, ler, ver, sentir, perceber, discernir e seguir a Jesus pela Sua Palavra manifesta na forma dos textos dos evangelhos.

A única coisa que posso dizer é: “Se quiser saber como um homem caminha na fé sem duvidar jamais do amor de Deus por ele, apesar dele e de seus próprios pecados, então, olhe para mim; pois sou o maior dos pecadores; porém, o mais certo de ser amado até o fim”.

Sobre a overdose suicida que você tomou, desejo dizer que ela merece ser objeto de ajuda psico-terapêutica. Embora você não tenha dito a data da ocorrência, percebi, no entanto, que não é algo que tenha acontecido há muito tempo. Portanto, precisando de avaliação e ajuda. E não somente pela overdose, mas, sobretudo, pelo uso de drogas e alteradores de consciência com poder de matar você.

Portanto, antes de tudo, procure ajuda e suporte de natureza psicológica, pois, traumas religiosos à parte, você precisa encarar o fato de que é adulto, homem feito e responsável, e, portanto, para além da possibilidade de usar os traumas da religião para justificar seu descacetamento.

Sobre o convite de seu amigo, antes, quero dizer o seguinte. Você disse que ele prega algo muito “semelhante” ao evangelho. Ora, não existe tal coisa. Ou é ou não é. Pois no que tange ao Evangelho, não se tem a permissão para fazer “clonagem” também, criando um “sósia” do Evangelho da Graça, um santo xará, um conteúdo parecido.

Portanto, ou você não se expressou bem, ou, pode ser que você esteja entrando num híbrido ministerial, no qual se é correto o suficiente com certos chavões da graça, mas, ao mesmo tempo, se pratica o que “dá certo”, do ponto de vista da “atração para os crentes”; nesse caso, muita barganha com Deus em estado politicamente correto; porém ainda em estado de dissimulação.

Sobre o grupo de libertação, o que penso é simples: não há grupo de libertação, pois em nome de Jesus todos podem e devem ajudar a todos no caminho da libertação. Também não há dias especiais para isto, posto que todos os dias devem ser dias de expectativa de libertação e cura. Também devo dizer que quando a Palavra do Evangelho é pregada com graça, verdade, sinceridade e unção, todas as coisas acontecem.

A Palavra cura e liberta. Porém, eu creio e pratico a oração com imposição de mãos para cura e libertação espiritual, também conforme Jesus nos evangelhos. Mas isto é tão natural quanto qualquer outra coisa. Afinal, era assim com Jesus. Ou seja: veja se Jesus marcava dias de curas… veja se Ele distinguia uma coisa da outra… veja como Nele tudo acontecia sempre, porém com total espontaneidade e senso de propriedade.

Para mim, todas essas reuniões especificas de libertação e “oração forte” (como se houvesse tal coisa que pudesse ser praticada de modo deliberado e mecânico), alimentam o espírito do qual você diz estar fugindo. Eu sei que pessoas podem ser curadas em tais ajuntamentos. Porém, é muito melhor ver as curas acontecerem conforme “os modos de Jesus”, e não conforme a “cultura neopentecostal”, visto que ela é pagã em suas expectativas e ensinos em relação a Deus e ao Evangelho.

Todas essas coisas da religião são como “sacrifícios de bodes e touros”. Ou seja: têm valor de uma catarse psicológica, gerando uma sensação de alívio; mas não produzem a libertação mesmo, sendo apenas um paliativo psicológico.

Digo que são “sacrifícios de bodes e touros” pois não realizam a obra do descanso na fé e na Cruz, de uma vez por todas, mas apenas criam gente viciada em se “libertar” todas as semanas; assim como uma beata vai a uma missa buscar uma “remissão de pecados” para aquele dia.

Quando a verdadeira consciência do Evangelho da Graça nos possui, a gente passa a crer e ver que a Verdade, sendo pregada e praticada, produz toda sorte de libertações. E a verdade não é apenas a Verdade que se prega, mas também a verdade que o Evangelho faz as pessoas enxergarem nelas mesmas como revelação das causas de suas opressões, as quais, saiba: na maioria das vezes são produto dos “demônios psicológicos” que as almas culpadas, com baixa auto-estima, cheias de insegurança, e viciadas na barganha com as divindades, criam em si próprias a fim de culparem “um diabo” exterior, enquanto elas mesmas não se enxergam, e, por essa razão, nunca ficam libertas.

A obra do diabo é criar cultos mágicos de libertação que apenas usem o nome de Jesus, mas não libertem as pessoas do medo de Deus, que é o que as impede de se confessarem, e se entregarem de vez ao amor de Deus para cura de suas vidas.

A maioria dos demônios que se manifestam nos cultos evangélicos de libertação são “entidades próprias”; e seus donos são os que pedem para ser libertos enquanto não desejam que a Verdade os cure pela revelação da verdade acerca deles mesmos.

Assim, o diabo leva a culpa dos pecados dos crentes, e ainda é feito culpado das culpas dos crentes!

Se tivesse que comprar eu diria que o diabo é o bode expiatório no “arraial dos crentes”. Porém, somente o Cordeiro de Deus ‘tira’ o pecado do mundo!

Na realidade eu vejo que quanto mais “libertação”, mas “possessão”. E, como não falo em demônios apenas porque tenha lido a respeito da obra deles em alguns livros de “libertação”; mas sim porque os vi, discerni e enfrentei e enfrento muitas vezes em nome de Jesus, é que digo que os verdadeiros demônios preferem não se manifestar nos cultos evangélicos; visto que os próprios demônios da “produção religiosa evangélica” já fazem a obra do diabo a contento, infernizando as almas dos crentes.

Assim, diga a seu amigo para fazer tudo sempre conforme Jesus fazia, visto que Ele pregava, ensina e curava. E tais coisas não aconteciam em dias marcados, mas sim todos os dias.

Com isto, não desanimo você ou seu amigo, mas apenas os convido a discernirem melhor o significado do Evangelho, bem como o poder de Deus, o qual não está condicionado aos “vícios e doenças de libertação” evangélicas.

Receba meu carinho e meu abraço!


Nele, em Quem a Verdade simples simplesmente liberta,



Caio


Obs: Leia aqui no site o texto, em Cartas, acerca de discernimento espiritual. Creio que é “Conferindo coisas espirituais com coisas espirituais”.