SOU PASTOR, MAS CASEI SEM AMOR!



—– Original Message —– From: SOU PASTOR, MAS CASEI SEM AMOR! To: [email protected] Sent: Thursday, October 06, 2005 4:10 PM Subject: Re: Ajuda….. Pr. Cáio, O meu assunto é simples de contar, mas de conseqüências grandes… Eu sou pastor de uma Igreja. Antes eu tinha trabalhado como auxiliar de uma outra comunidade. Me casei com uma pessoa que nunca tive certeza de a ter amado realmente. Na verdade quando me converti namorava uma menina e gostava bastante dela; e fui orientado a terminar com ela simplesmente por ela não ser crente. E no auge da minha conversão (eu achava) logo no inicio do minha caminha cristã terminei com ela. Bom, passou o tempo, e ela sofreu muito quando a deixei, mas na verdade nem liguei para isso… Aí então comecei a namorar com aquela que hoje é minha esposa. Com um tempo terminei com ela também por não ter certeza de que era ela a pessoa que queria casar… No entanto, depois desse período, fiquei sem ninguém, até descobrir que ainda gostava da minha namorada da época da conversão. Fui até ela para me expressar e então… não tive coragem de falar nada sobre isso. Bem, deixei para lá… fiquei muito tempo sem ninguém…. e me dediquei ao ministério. Fiz teologia, me dediquei até atingir ao magistério teológico, além do ministério pastoral, até ser cobrado por alguns por causa da “necessidade” de ter uma esposa… Então voltei para aquela que hoje é minha esposa. Aí foi rolando a vida… chegamos a casar.. e hoje já passaram 05 anos. Durante o tempo de namoro, noivado e agora casado, perdurou sempre essa dúvida, de eu estar com uma pessoa que não amava na íntegra… Tudo era muito difícil, sempre estranho… mas sempre fui levando… Todavia, aconselhando casais de namorados ou casados, descobri que nunca amei minha esposa. Porém, fui sempre empurrando com a barriga. Até o dia que me encontrei novamente com a minha ex (dá época da conversão). Fiquei sabendo que ela tinha se envolvido com um rapaz da igreja e que este tinha enganado ela. Ficou grávida e ele a deixou um pouco antes dela ter filho. Sofreu muito. Passou necessidades. Ao saber disso bateu algo muito estranho na minha vida… e nunca mais fui o mesmo. Fiquei doido para falar com ela, e o fiz, a ponto de inclusive mencionar aquele encontro que tive com ela, no intervalo da primeira vez que deixe a minha esposa, quando ainda éramos namorados. O que eu descobri foi que eu além de não amar a minha esposa, ainda gostava da ex… e estou em tempo de morrer de angústia. Já pensei várias coisas. Estou decidido deixar o ministério (nem que seja por um tempo), para eu resolver esse problema; pois não consigo viver desse jeito… Contraí uma doença no intestino ligado ao sistema emocional. Ou seja: tô muito mau. Sei que se eu me separar da minha esposa irei experimentar muitas conseqüências no ministério, nas amizades, etc.. Talvez só minha mãe aceite, pois nunca tive a bênção dela para o casamento da minha esposa. A ajuda que peço do sr. é a seguinte: se o sr. passou por problema semelhante (digo divorciar-se e ter outro relacionamento)? O que o sr. julgou para lhe ajudar a tomar tal decisão? O sr. deve ter tido enormes dificuldades (digo com todos) para fazer isso. Estou confuso demais. Nunca imaginei que ia passar por isso. Não consigo relevar. Imagino que deva ser muito difícil para o sr. falar sobre esse assunto, mas gostaria mesmo era de saber como foi sua experiência, digo com Deus, para tomar a decisão que o sr. julgou mais correta, independente dos outros, pois é isso que procuro. No mais um abraço meu irmão, ___________________________________________________________ Resposta: Meu amado irmão: Graça, Paz e Sabedoria! O que me aconteceu está escrito aqui no site em vários lugares, tanto em História, como em Minha História, como também em várias cartas. Portanto, procure-as no site e leia-as. Há similaridades entre seu caso e o meu, do ponto de vista de como o casamento aconteceu: muita amizade, porém, sem a pimenta da conjugalidade. Mas como a amizade e o respeito eram grandes, e a família formada por nós era uma maravilha de viver, então, durou quase 25 anos. Não passei aqueles anos sentindo falta de nada, visto que canalizei todas as minhas energias para a família (a esposa e os filhos); e para o ministério, o qual me ocupava de dia e de noite. Mas na véspera de fazer 38 anos — portanto, há 12 anos atrás —, me apanhei pela primeira vez chorando sozinho e dizendo para Deus que eu desejava muito não passar pela vida adulta com um “remendo” em meu coração. E isto, saiba, nada tinha a ver com minha esposa (mãe de meus filhos), com quem só tive tempos bons, e carregados de muito carinho e amizade familiar. Desse modo, nunca julguei que a culpa fosse dela ou minha, mas das circunstancias juvenis nas quais nos casamos — também em razão dos pesos da conversão e das cobranças dos crentes… —, nas quais não havia a sabedoria de minha parte quanto a entender que tais coisas não podem começar “mornas”, pois, assim, acabarão “frias”. Inicialmente tive alguns poucos anos de angustias. Olhava para aquela família linda e temia que qualquer decisão mudasse para sempre aquela química de graça e amor. Olhava para o ministério, com suas inúmeras variáveis e formas, e também para as milhares, e até milhões de pessoas, que alcançava todos os dias, e temia fazer mal àquilo que fazia tanto bem a tanta gente. Mas chegou o tempo em que minha alma começou a morrer. E quando esse tempo chegou, em minha alma, ficou certo que não valia a pena “ganhar o mundo inteiro” e perder a minha alma como ser humano na Terra. Então, muito suave e sutilmente, meu coração foi se apaixonando pela paixão. Poesia inundou minha alma. E os elementos relacionados à afetividade na conjugalidade passaram a me perturbar cada vez mais. Eu queria me apaixonar e viver, como adulto e responsável, a escolha de ficar com alguém não pela amizade, e nem apenas em razão dos filhos — os quais já estavam quase todos “criados” —, mas sim em razão de mim mesmo e do amor mais que fraterno: conjugal. Mas eu sabia que qualquer um pastor ou líder cristão poderia se separar e se divorciar — como acontecia de vez em quando, e eu sempre ajudava a acalmar as coisas —, menos eu; e isto em razão de que eu sabia que minha vida não só era “referência” para milhões de pessoas, como também, eu sempre soube, que havia uma “liderança” muito incomodada com o “equilíbrio” que minha vida e ministério forçavam sobre eles — loucos que estavam para fazer as coisas que fizeram depois que saí de cena —; e, portanto, não tinha dúvidas de que fariam todo escândalo possível a fim de me “matarem” para o futuro, como efetivamente tentaram e tentam ainda hoje fazer. De lá para cá ouço toda hora acerca do divórcio ou separação de pastores, bispos, apóstolos, profetas, querubins, etc…— e nada de escandaloso acontece; prova de que “a coisa tinha a ver apenas comigo”. No entanto, a coragem para tomar a decisão e viver com as conseqüências só chegou depois de eu ter sido perturbado em sonhos, todas as noites, durante vários meses. E, em todos os sonhos, eu tinha que passar pela catástrofe, pelos abismos dos mares, pelas correntezas, pelas montanhas inescaláveis, e, sobretudo, pela decisão pessoal, arquetipicamente “sansônica”, de, eu mesmo, cortar os meus próprios cabelos, e render o meu poder e força “aos filisteus”. Tais sonhos dariam um livro! Foi nesse período que a mãe de meus filhos me propôs separação, e tudo em razão da nossa amizade e consciência de que algo infantil havia nos unido, mas que nós não precisávamos nos fazer mal em razão disto, visto que esse não era o espírito da Palavra que pregávamos e praticávamos na ajuda a todos. Eu aceitei. No entanto, no mesmo dia, inquirido por ela, disse que em mim já havia um processo afetivo e físico acontecendo com alguém que trabalhava comigo, e que era quase membro da família, tanto pelo tempo de convívio, como também pela amizade que a unia a toda a nossa família. Então, a casa caiu… E o mais, como já disse, está falado e escrito aqui no site em vários lugares! Portanto, eis o que lhe aconselho: 1. Não havendo filhos, e sendo um casamento ainda tão jovem, não há porque colocar a você e a ela sob uma existência de infelicidade…, e, certamente, posteriormente, de infidelidade. 2. Não se separe em razão de “outra pessoa”. Se for fazer isto, faça-o por vocês; sim, por você e por ela; pois, nenhuma mulher é feliz ao lado de um homem que não a ama como mulher. 3. Também não faça isto em razão de julgar que a mulher da sua vida é sua “ex”. Isto porque você ainda não sabe. Pode ser que ela seja apenas o elemento catalisador de sua insatisfação como homem, mas, uma vez com ela, você logo verifique que ela foi apenas uma “projeção” sua. 4. Se for fazer algo nessa direção, saiba: é verdade que vão julgar, apedrejar, e até punir você, especialmente no âmbito da sua igreja local e denominação. As intensidades variam conforme os lugares, as pessoas, e a “referência” e “projeção” que elas façam sobre você. Isto porque o “pastor”, quando está bem, é o Totem da “igreja”; mas quando está mal, vira Tabu para ela. 5. Também saiba que as tristezas serão grandes, e que, no processo, você descobrirá quem e quais são os seus amigos de verdade. Haverá tanto “decepções” quanto também grandes e agradáveis “surpresas” de amor fraterno. 6. No mais, trata-se de um tempo de humilhações e de muita solidão. E, sinceramente, acho que você, no caso de tomar tal decisão, deveria fazer o possível para não se “ligar” a ninguém logo em seguida. Viva seu luto e deixe os outros viverem o deles. Mas não aceite intromissões, pois, a vida é sua, e somente você sabe o que agüenta todos os dias. 7. Você comerá muitos “gafanhotos”. Portanto, coma-os com mel, como fazia João Batista. Ou seja: não permita que nada mude seu coração e sua paixão pelo Evangelho, por mais opressiva que sejam os “atos da igreja” em relação a você. Em suma: não creio que casamento seja prisão ou missão. Portanto, não consigo entender algumas coisas: a) como um cônjuge força e briga com o outro que está infeliz e não quer mais ficar (não passa pela minha cabeça como alguém possa tentar forçar a permanência infeliz de tal pessoa apenas para preservar, sob os mantos da angustia, um casamento que não casou as partes); b) como a “igreja” se mete em coisas tão intimas, e, acerca das quais, não se vê Jesus fazer nenhum tipo de ingestão; c) como se força pessoas a permaneceram casadas apenas em razão da “falsidade de um testemunho” de estabilidade e coerência histórica; sendo que tal coerência histórica, nesse caso, é a mantenedora da “incoerência existencial e do coração”. Nunca ninguém quis se separar de mim. Todavia, se acontecer ou se acontecesse, eu seria o maior “facilitador” de tudo; pois, eu mesmo, não desejaria ter alguém ao meu lado vivendo infeliz. Portanto, eu creio que liberar alguém de um casamento é um ato de amor gentil, misericordioso e cheio de graça. Assim, não fale da sua “ex” com ninguém. Até porque, como já disse, pode ser que ela seja apenas o “motivador” de sua decisão, mas não seja ainda a pessoa que você irá decidir ter como mulher. E repito: faça o que tiver de fazer apenas em razão de duas coisas: a verdade (pois no coração você nunca casou com ela); e o amor (pois, amando-a como irmã, o melhor a fazer é deixa-la também livre; do contrário, você estará fabricando uma mulher infeliz e amargurada). Somente a “igreja” é que não se importa se há ou não amor no casamento, desde que as pessoas não se separem. Mas até mesmo a sua mulher não desejará ficar casada se souber que você não a ama como mulher para você. Além disso, as mesmas coisas que o Evangelho pede de nós em todas as áreas da vida, também pede no casamento. Afinal, sem amor, nada me aproveitará em coisa alguma, especialmente no casamento. Assim, aproveite que vocês são jovens e não têm filhos, e resolva isto o quanto antes. E quanto ao ministério, saiba duas coisas: não adianta ter um ministério patrocinado por um casamento falido e inexistente; e também que nem tampouco agrada a Deus que tais “sacrifícios” contra a verdade do coração sejam feitos apenas em razão da vigilância dos fariseus da religião. Além disso, eu sei que se a Palavra está em nós, nada há que possa barrá-la. Portanto, você terá perseguições por um tempo, mas logo você estará livre disso tudo; e, se no processo você for bom e generoso com ela, a Palavra será aumentada em você, e, assim, logo todos verão a verdade. Afinal, nada podemos contra a verdade (seja ela qual for), mas apenas em favor da verdade! É o que tenho a lhe dizer, mas não sem recomendar que você leia o site todo, pois, nele, há material variado sobre o tema. Receba meu carinho e orações. Sim, por você e sua esposa. Pois, se dói para você, dói também para ela. Nele, em Quem somente a verdade interessa, Caio