NIETZSCH NA MESA DE ABRAÃO? Que negócio é esse?




—– Original Message —–

From: NIETZSCH NA MESA DE ABRAÃO? Que negócio é esse?

To: Caio Fábio

Sent: Monday, December 12, 2005 2:09 PM

Subject: Pedro Albuquerque…………

 

 

Caio,

 

achei fantástico o texto dirigido ao seminarista Wellington a respeito de Nietzsche. Contudo, na liberdade que percebo nas diversas reflexões feitas nesta coluna, permita-me reproduzir algumas de suas afirmações, por que confesso, algumas duvidas invadiram meu coração…

 

Me refiro ao texto: “Nietzsche estará à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, no Banquete Eterno, na Festa que não tem fim, nas Bodas Universais, pela mesma razão que eu e você também estaremos lá: Pela Graça, que não vem de nós, e que é dom de Deus, e que alcança até quem não a entendeu. Afinal, é Deus quem entende o homem. Não é o homem quem entende de Deus.”

 

Creio que muitos dos se acham “dignos”do céu, sobretudo pelos estereótipos criados pela “igreja”, terão uma grande surpresa; mas independente de ser um grande pensador ou um simples camponês…

Como podemos afirmar que tal pessoa estará no céu ou no inferno?

 

Caio, corro o risco de claramente não ter entendido a sua colocação, pois para mim o que pareceu no texto é que a salvação é universal, e a reflexão profunda, que beira a “loucura” e o fato de Deus entender ( que é fato) é capaz de nos colocar na mesa do Banquete Eterno, com aqueles que se encontram com a Cruz.

 

Entendeu a minha duvida?

 

Nele que nos conduz uma reflexão lúcida e sadia,

 

 

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Resposta:

 

 

Amigo Pedro: Graça e Paz!

 

 

Eu creio que o inferno foi criado para o diabo e seus anjos, e, além disso, também creio na segunda morte como morte mesmo, não como um existir para sempre em tormentos conscientes.

 

Entretanto, creio que o inferno existe como escolha do ser que teve a chance de saber como é o céu e Quem é Deus, de fato; e que sem ilusões históricas, assim mesmo, decidiu que seu ser não é de Deus.

 

Digo isto porque se Deus estava em Cristo “reconciliando consigo o mundo”, e, também, “não imputando aos homens as suas transgressões”, sendo Jesus o “segundo Adão”; e maior que o primeiro, e mais amplos em Suas conquistas do que Adão em suas desgraças (Onde abundou o pecado, superabundou a Graça); e sendo Jesus também a “verdadeira luz que vinda ao mundo ilumina a todo homem”; desse modo tornando-se Ele “o salvador de todos os homens, mas especialmente dos fieis”; isto porque em razão “do sangue de Sua cruz ele reconciliou consigo mesmo todas as coisas, tanto as do céu como as da terra”; sendo que tal só foi possível por que o Cordeiro se ofereceu na Cruz pelo pecado do mundo; sendo Ele, também, o Cordeiro eterno, o qual foi imolado pela criação antes que houvesse mundo—sim, em razão de crer assim e em todas essas coisas, eu digo, de boa fé, que creio que a única realidade eterna em qualquer existência é o amor de Deus, e que até o inferno um dia será tragado pelo amor de Deus.

 

O inferno todos nós, de um modo ou de outro, conhecemos, visto que ele existe não apenas a partir da Terra, como também, espiritualmente, ele está em plena vigência no coração dos homens—sendo o Inferno apenas a continuidade de um estado de ser-inferno, o qual, todavia, pode ser revertido pela revelação do amor de Deus quando da ‘passagem”: “momento-eterno” no qual cada um recebe entendimento pleno da verdade. O inferno é o que se segue a tal revelação, e à negação e à não aceitação dela. No entanto, até essa “condição-inferno”, um dia também será consumida pelo zelo do amor de Deus.

 

Em qualquer Fim o Amor sempre triunfa sobre o Juízo!

 

Portanto, não é “universalismo” aquilo no qual eu creio. No “universalismo” todos são “forçados” `a salvação. E eu não creio nisto, pois creio que podem existir condições de consciência que podem ir escolhendo “mortes” até a morte; e, depois de prová-las todas, podem até mesmo escolher a total extinção da Segunda Morte.

 

Quero lembrar a você que não existe uma única advertência de Jesus acerca de se ver alguém no céu. Ele mesmo viu publicanos, meretrizes e pecadores de todos os tipos assentados à Mesa. No entanto, existe o mandamento fulminante para que se deseje aos outros todo o bem que queremos para nós, e que não julguemos a ninguém para não sermos julgados com o mesmo critério, e, ainda, no sentido de que não se ponha a alma de um irmão no inferno ou na inexistência (Raca); pois, sobre tal juízo e perversidade vem o julgamento do qual não se sai até que se pague o “ultimo centavo”.

 

Quanto a Nietzsche, não disse o que disse por ele ser o fantástico filosofo louco anticristão…, mas apenas porque vejo nas lutas dele contra o cristianismo histórico uma aflição devocional, presente apenas em quem adoraria encontrar com Jesus. Só isto! E Isaías diz que no Caminho Santo há lugar até para o louco.

 

Ora, se tal misericórdia me cobre, creia, cobre a Nietzsche também!

 

E se me cobre e cobre a Nietzsche, que não dizer de sua grandeza sobre os pobres e os seres desprezados da Terra, dos quais Jesus se diz irmão e neles também se confessa imanente?

 

Prego a Boa Nova para que os homens conheçam a Vida Abundante em Jesus Hoje, e, também, para que provem a Graça do Amor de Deus Agora. Além disso, o faço porque Jesus assim ordenou, e, além disso, porque não tenho alternativa. Aliás, tenho a mesma alternativa que um menino que está apaixonado pela primeira vez tem de não falar de seu amor.

 

Nós, os que já vimos e cremos no reino, e que já somos habitados por ele, desejamos que todos os homens recebam a mesma tão grande salvação, a qual nos põe já hoje na eternidade existencial.

 

Por esta razão somos as primícias do Espírito entre os homens!

 

Sinto que pulsa uma outra coisa em sua questão, mas sobre isto falaremos noutra oportunidade!

 

Um beijo mais que amigo!

 

 

Nele, em Quem Deus fez convergir os pecados de nós todos,

 

 

Caio