DOENÇAS DA SEXUALIDADE EVANGÉLICA FEMININA: uma pesquisa
—– Original Message —–
From: DOENÇAS DA SEXUALIDADE EVANGÉLICA FEMININA: uma pesquisa
To: contato
Sent: Wednesday, January 11, 2006 12:35 AM
Subject: Crença e prática na sexualidade de evangélicas
Artigo publicado domingo passado, 08/01/2006, no Jornal do Commercio de Recife.
Bem interessante, me fez recordar sobre muitas das cartas que já havia lido no seu site.
Forte abraço.
Rui Tavares, Recife.
___________________________________________________________
Crença e prática na sexualidade de evangélicas
Publicado em 08.01.2006
Estudo de psicólogo carioca identifica contradições no comportamento sexual de crentes que pode originar algumas disfunções
As mulheres evangélicas defendem a virgindade até o casamento e acham que o matrimônio pode dar errado se o casal transar antes, mas 52,4% reconhecem ter mantido relação sexual antes de casar. Elas também acreditam que sua sexualidade deve ser regida pelas recomendações da igreja, mas 27,3% admitem ter praticado sexo anal alguma vez na vida. Mais: 56,4% das evangélicas gostam de se masturbar, porém 41,1% sentem-se culpadas depois. Essas contradições foram identificadas pelo psicólogo e sexólogo Virgílio Gomes do Nascimento em sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro.
Intitulado Norma e Transgressão da Sexualidade: uma pesquisa acerca dos transtornos sexuais femininos e conflitos entre atitudes e comportamento sexual num grupo de mulheres evangélicas do Rio de Janeiro, o estudo ouviu 400 mulheres maiores de 18 anos de cinco denominações religiosas evangélicas de cidades do Grande Rio.
“Escolhemos as denominações Batista, Adventista, Presbiteriana, Metodista e Assembléia por serem as mais tradicionais e terem mais consistência doutrinária. A pesquisa não tem amplitude nacional, mas seguiu critérios que tornam seus resultados bastante representativos”, explicou Virgílio, em entrevista por telefone.
Segundo ele, o interesse pelo assunto surgiu quando atendia no Hospital Moncorvo Filho, no Rio. Seus colegas costumavam queixar-se da dificuldade de atender pacientes evangélicas, que sempre acrescentavam considerações religiosas à explicação de seus problemas.
Nascimento, que é pastor, acabava assumindo o cuidado dessas pacientes. “Resolvi então investigar se haveria alguma relação entre os problemas apresentados e a religiosidade”, conta.
O estudo empreendido pelo psicólogo durou dois anos e meio. O objetivo era descobrir se havia uma relação entre algumas disfunções sexuais apresentadas pelas mulheres e suas convicções religiosas. “Nós concluímos que a contradição entre a norma religiosa e a prática sexual pode gerar algumas disfunções. Ainda existe muita rigidez nas questões morais, enquanto as práticas se revelam mais liberais”, observa o pesquisador.
As entrevistadas responderam 135 perguntas relacionadas a seis categorias temáticas: sexo antes do casamento, inovação das práticas sexuais, manutenção do relacionamento conjugal, comportamento assertivo e submisso-autoritário, influência do moralismo-religiosidade, possibilidade de disfunções sexuais.
Segundo Nascimento, a pesquisa abordou a concordância das fiéis com os preceitos religiosos, a interpretação que fazem deles e finalmente, o comportamento resultante.
INFLUÊNCIA – “Sobre a questão do sexo antes do casamento, pudemos perceber que a prática diverge das atitudes e conceitos religiosos. Ao mesmo tempo em que alguns segmentos, principalmente adventistas e batistas, defendem um posicionamento mais conservador, não refletem isso nos atos”, aponta o pesquisador nas conclusões de seu trabalho. A constatação se torna mais intrigante quando se leva em conta a informação de que 77,1% das mulheres entrevistadas disseram que a religião influenciava todos os aspectos de sua vida.
Entre as disfunções observadas pelo pesquisador, destacam-se a falta de orgasmo (14,5%), a falta de desejo (10%), a sensação de dor durante a relação (8%), a dificuldade de manter a excitação (6,3%) e a impossibilidade de penetração (4%). Embora não tenha feito um estudo comparativo com mulheres de outras religiões, Nascimento informa que os índices são bastante próximos. “Não podemos afirmar categoricamente que essas disfunções tenham origem nos conflitos religiosos, mas sabemos que as contradições observadas entre a prática sexual e as recomendações religiosas podem gerar problemas”, salienta.
Segundo o psicólogo, a pesquisa indica também que a mulher evangélica tem procurado redefinir sua posição em relação ao parceiro, apesar de se mostrar conservadora em alguns aspectos. Um dos pontos mais marcantes do estudo, porém, foi a forma conservadora com que o assunto é tratado nas diversas denominações religiosas.
“Tivemos muita dificuldade em levantar essa discussão junto a algumas comunidades. Alguns pastores simplesmente se recusavam a colaborar. Isso varia muito de denominação para denominação, mas também de pastor para pastor”, ressalta Virgílio, segundo quem a discussão do assunto de forma mais aberta é importante para amenizar os conflitos observados entre as mulheres.
O mais importante para Virgílio tem sido a repercussão do estudo. “Várias pessoas já vieram me procurar para ter acesso aos dados e discuti-los em suas diversas comunidades. Acho isso muito importante para derrubar tabus e tornar mais saudável a vida sexual das mulheres”, opina o pesquisador, que pertence à denominação Adventista.
___________________________________________________________
Resposta:
Meu querido amigo Rui: Graça e Paz!
Até que enfim alguém começou a estudar o fenômeno no Brasil, o qual, como estudo, eu sei, pela prática de mais de 30 anos de ministério aberto, ouvindo tudo e todos, é ainda muito parcial, visto que meus dados apenas empíricos e sem estatísticas científicas, apontam um índice muito mais grave de problemas relacionados à sexualidade em geral, incluindo, obviamente, o que acontece às mulheres evangélicas.
Trata-se de um processo de esquizofrenização da sexualidade. Sim, porque há o que se confessa com a boca, a fim de se confirmar a moral religiosa como guia, de um lado; e há a prática, de outro lado, a qual acontece como evocação natural que o inconsciente faz, mas que é praticada como “conflito com a fé”, o que, muitas vezes, implica numa desconstrução interior profunda.
“Façam o que dizemos, mas não façam o que fazemos”, deveria ser o lema “evangélico”.
O resultado, nesse caso, fica no mínimo como a pesquisa mostrou, ainda que eu saiba que a crise é bem maior não apenas em relação à sexualidade feminina, mas também no que concerne à masculina.
Relacionar sexo-em-si ao pecado é como relacionar sede e fome ao pecado.
Relacionar atos conjugais lícitos e naturais ao pecado é a garantia de disfunções variadas na sexualidade.
E mais: relacionar necessidade básicas e intrínsecas da vida ao pecado contra Deus, e, em contrapartida, fazê-las serem “pulsões do inferno”, é a mesma coisa que dizer que sempre que sinto sede o diabo está em operação na minha vida.
É pela moral falsa e hipócrita que as almas vão adoecendo cada vez mais!
Ninguém pode servir a dois senhores. Ninguém pode servir ao Evangelho e, ao mesmo tempo, à moral dos “evangélicos”; pois, no caso de amar a um, aborrecer-se-á do outro. E o resultado é falência psicológica.
No entanto, a coisa toda está assim porque quase ninguém lê a Palavra por si mesmo, pois a maioria tem uma fé de segunda ou terceira mão. Ou seja: são filhos da moral evangélica, e não do Evangelho e de seu caminho de liberdade responsável.
Leia o livro “Eunucos por amor ao reino de Deus”, e você terá um panorama histórico extraordinário das loucuras cometidas pelo cristianismo contra a sexualidade humana.
De fato conheço as implicações das disfunções sexuais apontadas na pesquisa, a qual, como é obvio, não mostrou também três outras coisas:
a) a compulsão sexual das mulheres evangélicas quando “pulam a cerca” e se tornam mais ávidas do que a maioria das mulheres (Síndrome de Gômer);
b) as mulheres mais angustiadas e culpadas em razão do sexo que existem à volta, são evangélicas; muitas delas, psicologicamente arruinadas;
c) que crescem os casos de “bestialidade” com animais, e também aumentam a cada dia os casos de “fetiches” entre as mulheres evangélicas.
E por quê?
Porque como tenho dito faz muito tempo, é impossível viver a moral evangélica e não ficar doente de alma!
Quanto mais repressão externa, maior é a compulsão sexual interior!
Assim, têm-se dois pólos: ou as mulheres ficam doentes porque fazem tudo com culpa; ou, então, tentam se livrar de toda culpa, e, culpadamente, mergulham na promiscuidade.
O caminho do Evangelho, todavia, é liberdade no que “edifica e convém”.
Ora, é somente a consciência individual que pode e deve decidir quais são tais categorias de coisas que “convém e edificam” na vida sexual, visto que o próprio apóstolo Paulo, que foi quem disse isto, não ousou ditar uma cartilha com os pormenores.
Assim, sempre que os atos, em sendo públicos, possam ser coisas que atinjam outras pessoas, sou chamado a olhar a consciência do mais fraco e respeitá-la. No entanto, no que concerne a minha vida pessoal, e às minhas coisas intimas e privadas, não posso ser guiado pela “média das fragilidades” da consciência dos outros sob pena de arruinar a minha própria alma; a qual, em tal caso, existe para dar “satisfação” ao outros; e isto da maneira mais adoecida possível, perdendo sua própria evolução, maturidade e necessidade de se atender no que é bom, conveniente e edificante.
Este é o significado de “a fé que tu tens, tem-na para ti mesmo”.
Ora, enquanto isto não for verdade para os cristãos, toda e qualquer individualidade sadia estará morta para a alma evangélica; posto que em tal caso, a pessoa confessa a moral geral da igreja evangélica como norma e lei “para fora”, enquanto, “para dentro de si mesma”, ela vai se arrebentando, e largando os pedaços pelo caminho.
Na minha maneira de ver deveria ser tudo ao contrário.
Ou seja: nenhum casal deveria ter mais prazer sexual do que aquele que se ama em Deus; e nenhuma mulher deveria ter mais liberdade sexual com seu homem amado do que aquela que se sente a ele unida por Deus.
Quem é honesto consigo mesmo entende o que estou dizendo; e quem lê o espírito do Evangelho discerne do mesmo modo.
Receba meu carinho, e muito obrigado pela pesquisa.
Um beijão!
Nele, que nunca criou nada que não seja bom se praticado em amor,
Caio