—– Original Message —–
From: O LIVRO DE ENOQUE, ANJOS E UFOS…
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Sent: Friday, March 24, 2006 12:22 PM
Subject: Nephilim
Olá Rev.Caio,
Sei de sua agenda sempre atarefadíssima. Mesmo assim tomei a liberdade de escrever-lhe de novo. Vez ou outra gosto de contar-lhe um pouco das experiências e percepções que venho tendo. Estou lendo Nephilim e estou achando o máximo. Parece até coincidência eu estar lendo livro nesse momento de minha vida. Há alguns meses venho lendo muitas coisas. Sobre ufologia entre outras coisas. Alguns sites esotéricos falam sobre um tal de “Ashtar Sheran” que seria o arcanjo Miguel…, que na verdade seria um comandante de uma frota Intergalática. Também li que as pessoas que tem contato com esses seres são recrutadas para trabalhar como elo entre os alienígenas e os seres humanos. O negócio todo acaba se misturando com espiritísmo, vidas passadas, reencarnações, etc.
Sempre gostei desses assuntos e acabei criando um certa teoria comigo.
Imagino que sempre existiram seres extra-terrestres, que habitam outros mundos/dimensões e que vez ou outra se manifestavam aos seres humanos. Mas não queria dizer que esses fossem habitantes de outros planetas, mas sim de outros planos… Seriam seres espirituais (anjos e demônios).
Assim, na minha teoria, tudo que vemos agora nos levaria a desastres naturais inevitáveis. Que o homem acabaria criando tantas guerras e a coisa ia ficar cada vez mais feia. E quando tudo parecesse perdido apareceriam esses seres proclamando paz…e talvez querendo até se passar por salvadores, ou aqueles que estão acima de Cristo.
De fato se sinais e prodígios, fogo do céu descer, os homens estarão prontos para abraçarem o que vier como solução do que estiver ocorrendo. Em minha pequena compreensão, imaginei tudo isso como uma artimanha para que o reino do Anti-Cristo se instalasse.
Assim tenho conversado com amigos e tenho falado que minha única certeza é Cristo Jesus. E que não adianta vir nada diferente pois teria que se sujeitar perante o Nome do Rei dos reis. Essa é minha concepção do que está acontecendo e tantos relatos que vejo a respeito de UFOs.
Lendo o livro de Daniel em determinado momento vejo que um anjo afirma que lutava contra outro anjo de uma outra nação e que somente Miguel o ajudou. Também no Apocalipse fala sobre a guerra entre os anjos. Acabei assistindo o filme “Anjos Rebeldes” que faz menção aos Nephilins. Fiquei curioso pelo livro de Enoque. Achei-o na Internet e fiz a leitura.
Caio, fiquei deverás intrigado. O livro parece tão autêntico… tão bíblico. Não consegui entender pq não o consideraram canônico… Além do mais já tinha lido que os livros de Judas e Pedro, na Bíblia, mencionam o livro de Enoque. E se me lembro, o livro de Enoque faz menção inclusive ao Filho do Homem… Bom, por fim adquiri seu livro Nephilim e estou extasiado. Acho que muito do que penso deve estar sendo tratado no livro. Anjos, potestades do ar, manisfestações ao homem ao longo da história, julgamento final, mistérios e segredos…
Bom essas São minhas reflexões sobre o assunto. E se puder me responder, Caio, fico grato mesmo.
Você não acha que é uma pena que o livro de Enoque não seja considerado parte das escrituras?
Pode ser infantilidade minha, mas tudo parece tão real…
Qual sua opinião sobre o livro de Enoque, de fato, uma vez que em Nephilim você afirma que é uma divagação de alguém com a benção da imaginação?
Seu admirador,
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Resposta:
Querido amigo: Graça e Paz!
Só sei que anjos são anjos. Não vejo nas Escrituras nada além disso. O que se diz é que são ministros de Deus em favor dos que hão de herdar a salvação. Além disso, o próprio termo, anjo, significa mensageiro. Os vemos durante toda a narrativa bíblica, do Velho ao Novo Testamentos.
Entretanto, é possível ver que as manifestações deles mudam conforme os tempos e épocas. No V.T. há anjos tão humanos que comem e bebem, além de serem até mesmo objeto de desejo sexual dos de Sodoma. No livro de Juízes há um anjo que prega, o qual é chamado de o Anjo do Senhor.
Eles manifestam-se modos variados. Há aqueles que se mostram humanos, assim como há aqueles que são inumanos em suas aparências. Portanto, até na forma os anjos são mensageiros, posto que mudam de forma conforme a intenção da comunicação.
Além disso, é impossível não perceber que eles também se “adaptam” aos contextos históricos. Por exemplo, os seres que aparecem em Daniel são bastante parecidos com o que os Persas chamavam de anjo. Ora, se assim for, os anjos acabam sendo também seres condicionados pelo tempo histórico e pela imaginação humana.
Na vida de Jesus eles estiveram sempre presentes de modo muito discreto. Aliás, em quase todas as aparições de anjos em relação a Jesus, vê-se que Ele estava só. E quando um anjo o conforta no Getsemani, os discípulos estavam dormindo. É somente nas narrativas da Ressurreição que eles aparecem cara-a-cara aos discípulos. Jesus, entretanto, não recorreu a eles em tempo algum. Sempre que eles aparecem em relação a Ele é para serví-Lo.
Nas demais narrativas do N.T. (Atos), os anjos chegam para socorrer. No Apocalípse eles são o que o nome diz: mensageiros. Paulo, todavia, adverte quanto ao “culto aos anjos”, que era uma prática infantil que começava a se desenvolver nos dias dele. Assim, anjos não são uma questão para os homens. Sim, porque em Jesus eles são apenas aqueles que cumprem ordens divinas.
O tal “anjo da guarda” é uma construção pagã, e que não deve ser objeto de nenhum tipo de invocação nossa. Pois Deus mesmo os envia conforme Sua vontade. Os salmos garantem que o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra. Portanto, é o temor do Senhor o que cria o ambiente para o “acampamento” deles entre nós.
O Livro de Enoque é um texto escrito cerca de 300 anos antes de Cristo. Sim, nele há coisas muito belas. E além de coisas belas há muita verdade espiritual também sendo afirmada. Também não há dúvida que o que se diz dos anjos no Livro de Enoque afetou profundamente a visão dos escritores do N.T.
Paulo, por exemplo, quando fala de “céus” (3º céu), está aludindo a algo que é apresentado no Livro de Enoque. Também não há dúvidas de que tanto Pedro quanto Judas se inspiraram nas histórias de Enoque. Judas chega mesmo a mencionar explicitamente o texto. E, a meu ver, eles assim o fizeram porque no Livro de Enoque há uma mensagem verdadeira sobre significados espirituais.
Entretanto, embora creia que há muitas coisas verdadeiras em Enoque, também creio que ele não faz falta na Bíblia. O fato dele ser citado ou usado pelos apóstolos, não necessariamente deveria fazer com que ele estivesse nas Escrituras. Jesus, pelo menos, não sentiu falta dele. Mencionou as Escrituras e, em momento algum, reclamou da falta de que qualquer que fosse o livro-ausente. E foi assim porque em Jesus anjos são apenas anjos, e não seres para serem objeto de nossa preocupação especial. Sim, porque qualquer tentativa de criar uma relação espiritual com os anjos, segundo o espírito do N.T., é pagã.
Sobre Gênesis 6, quando se fala que “os filhos de Deus” possuiram as “filhas dos homens”, o que se deve dizer é que até Agostinho era opinião unânime, tanto no judaísmo como também entre os discípulos de Jesus, que se tratava de anjos mesmo. Foi depois de Agostinho que começou a “interpretação” de que os tais “filhos de Deus” eram os membros da descendência de Sete; filho de Adão. Nesse caso, tal “mistura” teria sido entre humanos: os descendentes de Sete com os descendentes de Caim.
Pessoalmente eu não tenho dificuldade alguma para crer que se anjos podem comer carne e aparecerem de modo humano, podem também manifestar-se de outro modo; ou seja: podem ter relações sexuais. Além disso, eles também podem ter possuído tão profundamente humanos daquela geração pré-diluviana, que algo especialmente denso pode ter afetado a própria constituição dos humanos; daí os filhos que geraram terem sido “gigantes”.
O que não se explica é “como” os Nephilims sobreviveram ao Dilúvio, visto que, na sequencia da história bíblica os descendentes deles ainda estão presentes até os dias de Davi.
De acordo com o Gênesis o Dilúvio aconteceu para salvar a humanidade da desconstrução humana que tal “mistura” havia produzido. Resquicios de tais narrativas são encontrados em quase todas as culturas antigas da Terra. Os gregos, por exemplo, colocam os Gigantes (Titãs) na base de sua mitologia. E Flávio Josefus escreve nas Antiguidades que os Titãs dos gregos eram os Nephilims do Gênesis.
Também creio que tais seres se alimentam das produções do imaginário humano. Ou seja: o ambiente deles é o que Jung chamou de Inconsciente Coletivo (você pode ler um longo texto meu sobre o assunto aqui no site). Daí eles sempre chegarem “vestidos” com os elementos da cultura humana na qual se manifestam. Ora, neste sentido, não seria uma “viagem” pensar que muito do que se vê por aí… sejam manifestações de tais seres; os quais, à semelhança dos humanos, podem ser bons ou maus.
Jesus advertiu quanto ao fato de que haveria muitos “sinais dos céus”…, assim como disse que haveria “sinais nos céus”. Mas não diz “como” seriam tais sinais.
Também creio que anjos são espíritos com poder de materialização; e isto especialmente em razão do fornecimento humano de “vestimentas imaginárias” para eles. Assim, cada geração vê os anjos que concebe; ou vê os sinais celestes que acha possível.
Os anjos de Ezequiel, todavia, fogem a tal regra; posto que se menifestam de modo diferente, visto que aparecem com cara de algo que, para nós, parece com aparatos semelhantes ao que chamamos de “discos voadores”. Entretanto, pode ser que a própria informação de Ezequiel, presente no Inconsciente Coletivo dos humanos (especialmente os ocidentais), tenha pré-condicionado as aparições dos “aparatos” que muitos dizem ver nos nossos dias.
Digo isto porque tais aparições são reportadas especialmente entre culturas de aparatos tecnológicos. Indios, por exemplo, não falam de “discos voadores”; mas os americanos, mais do que qualquer outro grupo, afirmam tais manifestações.
Ora, não seria a projeção tecnológica dos humanos contrutores de aparatos aquilo que estaria provocando tais aparições preferencialmente com tais formas?
É claro que nestes tempos estranhos e “do fim” acontecerá de tudo. Por isto, quem crê no Evangelho não tem que se impressionar com isto, pois Jesus disse que é por tais impressões que muitos se apartariam da Verdade.
Sim, crendo que eles são espíritos, também creio que eles são dimensionais; e não criaturas vindas de algum lugar do Cosmo Físico, conforme o concebemos.
Vale, todavia, lembrar que Paulo disse que mesmo que um anjo de luz anuncie mensagem diferente do Evangelho, que seja anátema!
Assim, creio na existência de anjos, do mesmo modo que creio na existência de muitas formas de criaturas de Deus. No fim, havendo Deus, como de fato há, toda e qualquer criatura é feitura de Deus. E do mesmo modo como os humanos escolhem caminhos de existência, os anjos também mo fazem, pois são seres livres e auto-consciêntes.
Jesus disse que “os pequeninos” tinham seus anjos sempre “vendo a face do Pai que está nos céus”. Assim, nesta menção especifica, não se sabe se Ele falava de anjos que mantinham uma espécie de correspondência intercessória diante de Deus representando “os pequeninos”, ou se eles são “projeção” dos humanos diante do mundo espiritual.
Assim, ando com Deus pela fé. E deixo os anjos para a gestão Soberana de Deus.
Eu, todavia, já tive muitas ocasiões nas quais senti a presença deles. Além disso, o escritor de Hebreus nos diz que muitos, sem o saberem, “hospedaram anjos”.
Já me vi vistado por pessoas que chegaram de lugar nenhum e me disseram coisas que só me seriam ditas por um mensageiro de Deus. Também já fui salvo de acidentes nos quais senti que o que aconteceu não teve relação de causa e efeito com que o impacto físico demandava que houvesse. Por exemplo: uma ocasião, em Manaus, um Jippe vinha explodir na minha cara, dando-me tempo apenas de gritar “Jesus” — para, então, sentir que o Jippe explodiu contra uma barreira invisível, deixando a mim, meu amigo Heraldo Rocha e o carro, completamente intactos. Simplesmente não deu para negar que o impacto fora contido por algo invisível, porém mais que real.
Bem, por hora é o que tenho a lhe dizer. Mas, sobretudo, quero incentivar você a não se tornar impressionável com nada disso. Ou seja: trate os anjos conforme o Evangelho os trata. Afinal, o próprio Livro de Enoque, em razão do culto aos anjos, acabou por produzir uma seita chamada de “Os Enoquianos”, os quais dizem que no Livro há fórmulas para que se “controle” as manifestações do anjos; e, tal seita, infelizmente, é completamente diabólica nas suas práticas e na visão que têm dos anjos e do mundo espiritual.
Receba meu abraço!
Nele, que está acima de todo Principado, Trono e Poder,
Caio