—–Mensagem original—–
De: VOCÊ QUER SER LÍDER DOS EVANGÉLICOS: o Retorno (parte II)
Enviada em: domingo, 16 de julho de 2006 12:14
Para: [email protected]
Assunto: só conversa
Pr. Caio.
Estava lendo a acusação daquele que disse que você quer ser líder dos evangélicos e dei risada. Honestamente nem li toda resposta que você deu.
Nasci em lar evangélico, e, como você, sei que realmente se quiser é fácil ser líder. Basta ser falso e ser hipócrita. Esse é o grande combustível da igreja.
Falo isso com tristeza. Sonhei muito. Esperei muito. Mas descobri que da Graça, pra essa gente, sobrou a des-graça. Hoje me contento em dirigir uma comunidade terapêutica pra dependentes químicos e alcoolistas. Gente linda, porém desprezada pelos fariseus. Também me reúno com minha esposa, filho, filha, genro, nora, netos e alguns amigos da equipe. Cultuamos a Deus, estudamos a Palavra; e isso basta. Alimenta a alma de uma fé que não necessita dos estereótipos mercantilistas e mentirosos.
Beijo no coração!
Pr. Sindulfo
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Resposta:
Amado Sindulfo: Graça e Paz!
Meu irmão querido, saiba que me alegro profundamente em Deus quando encontro gente como você, que não pergunta o que é certo, pois, em sabendo, não tem outra alternativa, senão vive-la com praticidade e simplicidade. Que Deus abençoe sempre a você e toda a sua casa! E que seu trabalho com os lindos, porém desprezados, cresça em Graça e em grande poder de cura, pela fé, pelo amor, e por sinais, prodígios e maravilhas do Espírito Santo!
Transcreverei seguir uma carta que um irmão, entre muitos, enviou a mim, sempre acerca do mesmo tema.
Leia:
—– Original Message —–
From: Flavio Siqueira
To: [email protected]
Sent: Friday, July 14, 2006 2:39 PM
Subject: o lider dos evangelicos !
Outro dia liguei a tv e vi um “pastor” com as mãos em forma de garra, todo vestido de branco, um pouco curvado e falando sobre sacrifício.
“Deus espera seu sacrifício”, dizia ele.
Mudei de canal; e no outro, um pastor arreganhava o rosto tentando parecer convincente, com um sorriso onde só os lábios se mexiam. Cabelo com gel, olhar severo, terno bem cortado, repetindo versículos de forma desconexa — dizia “ai da igreja” que não se coloca debaixo da tal “unção apostólica”.
Aí me lembrei do dia em que vi um outro “bispo”, dando tapas na mesa, dizendo que com ele “o capeta treme”.
E há aquele com Bigodão de Policial Militar dos anos 80, usando título de psicólogo pra legitimar um discurso parecido com o do Ratinho, mas com contornos evangélicos.
Eu poderia descrevê-los o dia todo.
Sempre com suas fórmulas mágicas, simpatias, ritos, macumbas, bruxarias…
Pois é, Caio! A isso muitos chamam de evangelho!
E Jesus?
Rebelde, “pecador”, dês-cumpridor de ritos e leis; desafiando gente como esses “amigos”! Era assim, né?
Sabe, não consigo entender onde a mente do povo conecta Jesus com esses nossos seres “espirituais”.
É difícil pra mim entender por que o medo exerce tal fascínio, gerando dependência e, ao mesmo, tempo “gratidão”.
Gratidão pelo “privilégio” de estar ali, de ser aceito pela comunidade que tem livre acesso a um deus vaidoso, vingativo e mau.
Seus representantes têm o direito de gerir os negócios de deus na terra (recebendo por ele), ao mesmo tempo em que me concedem a possibilidade de não ser atacado pelo devorador, vivendo debaixo de uma “cobertura espiritual” que desapareceria se eu me revoltasse. Afinal de contas, ai daquele que se levanta contra o ungido do senhor!
Seguem, de desafios em desafios, de decretos em decretos, de atos proféticos em atos proféticos, vendo tudo desaparecer.
O amor se esfria, os corações se distanciam, as paranóias aumentam, o medo debocha nos momentos mais solitários.
O ônibus para na porta da “igreja”; e felizes e gratos os fiéis saúdam o apostolo/bispo/pastor que sai de seu carrão blindado cercado por seguranças. Ele acena e entra sem dar atenção.
“Um dia eu vou ser como ele” —pensam — “homem ungido, cheio de prosperidade, que sinaliza que ali existe poder” — concluem.
Poder de manipular multidões, barganhar com políticos, ameaçar quem discorda.
Pregar o evangelho vira afronta! A mensagem que confunde os sábios e me entope da sensação de que sem Ele, nada sou!
Se é pela graça que sou, o que me resta além de seguir pelo caminho olhando pra Jesus?
Li a carta do amigo que dizia que “todos sabem que você quer ser o maior entre eles”.
Foi isso que me motivou a escrever hoje.
Como se fosse honra ser líder de mortos/vivos, cheio de arrogância, cegos e nus; e ficar atrás, não só de dinheiro, mas também de poder!?
Sempre gostei de você, mesmo quando estava entre eles, porque de todos, você é o menor.
Entre os sábios da “casa de deus”, você é o mais louco. Transgressor de costumes e dês-cumpridor das leis. Pecador. Desculpe a sinceridade, mas com esses predicados, mesmo que você quisesse (sei que não quer !!) nunca poderia ser o líder deles.
Bom que seja assim porque enquanto você for o Caio que caiu, andarei contigo nesse caminho e ficarei feliz em te chamar de irmão.
Flavio.
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Continuando:
Ora, decidi juntar as Cartas de vocês numa só porque eles andam no mesmo espírito de simplicidade e clareza.
Com relação à carta do Flávio, que é perfeita na analise e na percepção dos estereótipos e realidades — coisas tão obvias, tão claras, tão explicitas, tão chocantes, e tão claramente inexplicáveis quanto inaceitáveis, quero apenas dizer o seguinte:
Eu nunca estive entre eles. Nem quando era “Presidente da AEVB”. E a prova é simples: se eu fosse um deles, quando disseram que eu “caí” (mal sabem que minha maior queda foi ter perdido meu tempo e alma com eles!), teriam me “coberto”; pois é assim que a confraria dos Cavaleiros Loucarios age quando se trata de proteger um comparsa, mesmo quando se odeia. Entretanto, para eles, é uma questão de proteger os da própria espécie. Simples assim. De fato, fizeram o carnaval de minha morte apenas pela certeza de que eu era um alienígena em relação a eles, que denunciava conceitualmente os seus surtos, mas que era amado por todo o povo. Por isto, enquanto me consideravam vivo, me adulavam (por medo do povo); porém, quando me julgaram acabado, mostraram o que a meu respeito sempre sentiram: desconforto, raiva e inveja (não do que eu dizia, mas do amor e respeito que recebia do povo).
Posso dizer, como meu Senhor, que vim para os meus, mas os meus não me perceberam. Então, pedi ao Senhor para me libertar daquele “meio”; pois, saiba: a pior angustia que senti nesta vida aconteceu quando me senti tendo que “receber” para conversar um monte de gangsters que faziam negócios em nome de Jesus. Pensei que morreria de angustia. E isto era apenas julho de 91; meses após ter sido eleito “Presidente” daquela organização bem intencionada, mas que tinha de lidar com um monte de vampiros disfarçados de pastores. E ali eu vi um mal e uma potestade maior do que aquelas que, em nome de Jesus, eu enfrentara, como diabo, durante toda a minha vida toda.
O que eles não sabiam que “aquele mau” vinha da parte do Senhor, para o meu bem, para o bem de minha alma, e para minha libertação e livramento; pois sei que Ele me ama!
O que segue, explica (apenas como leve ilustração) a certeza de minhas convicções e motivações.
Em Janeiro de 1999 eu já estava separado conjugalmente da mãe de meus filhos há 10 meses.
O mundo político também já havia desabado sobre mim — todo desabamento posterior foi aftershock.
Naquela ocasião ouvi o seguinte sonho a meu respeito e que me foi contado por alguém que à época estava passionalmente magoada comigo. Por isto, o sonho ganhou ainda mais significado para mim.
Ela contou:
“Era uma praça européia, com cara de coisa antiga.
Eu e duas amigas nossas estávamos lá.
Havia uma feira e muitas frutas.
De súbito um alarido.
A multidão correu.
Uma grade alta impedia a passagem do povo para o pátio.
Ao fundo um paredão de fuzilamento.
Então entra você.
Cinco de você.
Você como eu te conheci aos 18 anos.
Você aos 30 anos, alto, imenso, um gigante, só que nesse teu rosto
havia um espelho, quem olhava para você enxergava a si mesmo.
Você era o rosto de todos e todos viam seus rostos em você. Depois veio você como você hoje—janeiro de 1999.
E depois de você com cara de hoje, veio você mais baixo, mais magro e muito mais sólido—apesar de sofrido.
Por último veio você-seu-pai. Você velho, manso, sábio e pacificado.
Vocês cinco foram levados para serem fuzilados.
A praça se revoltava contra o ato.
Eles apontaram para atirar.
Mas você-de-hoje levantou a mão ao céu, exaltou o nome de Deus em palavras que ninguém entendeu, e trouxe a mão ao peito em solenidade.
O que você não viu é que seu braço direito havia se tornado em espada e que atravessou seu coração.
Uma criança ao meu lado chorava o choro de muitas gerações. E perguntava: Quem vai nos falar de esperança agora?
Foi quando eu vi que você-hoje morreu para que você antes e você depois pudessem viver.
Você vai ficar um velho sábio e pacificado”—ela concluiu.
Psicológica, histórica e existencialmente esse sonho tem sido profético para mim.
E, à época, vindo de quem veio, pareceu-me tomado de total soberania.
Seja como for, quero ficar velho e sábio.
Sonho que Alda teve em 1998. Escrito no site em maio de 2003.
Assim, o que eles não entendem, e pensam que é amargura minha, sem entenderem que é amor e misericórdia pelo povo — é que o que digo, o faço como alguém de fora de todo o sistema, mas que nunca deixará de ter misericórdia dessa gente boa, porém enganada por tais vampiros vestidos de pastor, bispo, apóstolo, etc.
Como foi dito, para ser líder nesse meio, basta aceitar o suborno!
Aquele moço da carta que vocês dois leram, me respondeu de modo patético, dizendo que era um absurdo que eu, que já fui o homem procurado pelos governadores e grandes da nação, estivesse vivendo sem os privilégios de uma vida sem influencia e nem liderança. E tudo por causa de minha “rebeldia”. E mais: disse isto como se profetas de Deus fossem acháveis nos palácios do reis; ou como se Jesus não tivesse dito e que o que é elevado entre os homens, é abominação aos olhos de Deus.
O que eles não sabem também é que essa moçada considerada por eles como sendo “importante”, cada vez mais volta a me procurar ou ouvir; e justamente por eu não ter nada a ver com “eles” — os vampis!
Sim, eles não sabem que são usados; pois, para essa tal moçada importante, eles já se tornaram os palhaços mais idiotados do circo.
Eu, todavia, quero, e sei que serei apenas parte de uma geração que não quer nada além do Evangelho!
Um beijo para vocês dois!
Nele, que nos dá o mesmo Espírito,
Caio