—– Original Message —–
From: VOCÊ NÃO ESTÁ FAZENDO POLÍTICA?
To: [email protected]
Sent: Tuesday, October 03, 2006 12:07 PM
Subject: Você não está fazendo política?
Caio!
Leio o que você escreve e passo a amigos e a qualquer um da minha lista. Suas opiniões mudam muitas opiniões. Creio que você sabe disso. Pergunto: ao escrever algo como “opinião” você não está fazendo política? E como diferenciar isso de política partidária?
Obrigado!
Antonio Neves
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Resposta:
Meu amado amigo Antonio: Graça e Paz!
Sim! Quando escrevo algo dessa natureza e de quase qualquer outra natureza, estou fazendo Política, pois, não é possível se mover, falar, não falar, dizer, omitir, expressar ou esconder — sem que isto não seja de natureza Política; pois na vida voto em branco é escolha Política.
Até quando o prego o Evangelho explicitamente faço Política, pois, afirmar o que afirmo implica em desconstruções de natureza Política; e às vezes até em muitas “políticas”. Afinal, Política é, antes de tudo, aquilo que concerne à vida humana em sociedade e em relacionalidade.
A morte de Jesus e dos profetas aconteceu, do ponto de vista histórico, com seus fenômenos, em e por razões de natureza política.
O Evangelho, conquanto não seja deste mundo, abala todo trono, principado e poder — seja do céu, seja da terra.
E não apenas Jesus, João (o Batista), todos os profetas — mas também todos os apóstolos morreram em razão de que seu falar do Evangelho era interpretado politicamente.
João, o apóstolo, entretanto, foi exilado por razões políticas em Pátmos, e escreveu de lá o livro mais Político da Bíblia, que é o Apocalipse — política local (do Império Romano), e Política Profética, e que teria aplicabilidade universal, como hoje se vê.
Aquele que disse “Cuidai do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes”—estava expressando algo mais que Político. Ele fazia uma advertência-denúncia. Muitas das falas de Jesus, que para um leitor ignorante dos contextos históricos parecem mansas e suaves, eram, de fato, provocações revolucionárias, do ponto de vista dos políticos, tanto seculares quanto religiosos (fariseus e Herodes, por exemplo).
Na época do Impeachment de Collor de Melo, escrevi um livro sobre esse encontro entre a Profecia e o Poder Político (“A Bíblia e o Impeachment” ); e que tratava esse tema com razoável esmiuçamento. E nele, entre tantas coisas, eu tratava da diferença entre política partidária (a qual eu creio que aquele que deseja viver profeticamente não deve fazer), e Política Profética. No primeiro caso tem-se um compromisso de casamento ideológico com uma bandeira. E, assim, pela escolha, se cria o que é “partido”. Já no segundo caso a única aliança é para com o espírito do Evangelho, sempre usando o bom senso na escolha do que, num mundo caído, seja um mal menor, não havendo boas escolhas ou escolhas ideais. Isto a menos que se tenha uma Palavra de Deus, e, em tal caso, não apenas ela será de acordo com o espírito do Evangelho, como também não buscará referendos humanos; posto que não é negociável no coração.
Portanto, respondendo, digo: É claro que o meu Apólogo, assim como quase todos os textos do site, carregam implicações Políticas, embora, nem sempre, tenham qualquer conotação “política”. No texto do Apólogo, por ter a ver com uma decisão “política” no Brasil, alguém pode ler o que escrevi como sendo “política”. Quando escrevo sobre os Estados Unidos parece ser uma profecia. “Ninguém é profeta em sua própria terra”, disse Jesus.
Porém, o que escrevi não é pró-nada, em meu coração, exceto pró-Brasil. Por exemplo, se fosse pró-Alckmin, eu teria aceitado o convite dos assessores dele para falar no programa do homem — o que eu jamais faria, nem que um de meus filhos fosse o candidato. Pelo contrário, caso um deles o fosse, provavelmente eu ficaria de todo calado.
Não tenho compromisso com ninguém e nem com grupo algum; assim como não busco favorecimentos. Apenas falo com o coração, e sem nem mesmo buscar lógicas políticas, pois, sei como funciona tal lógica; e não é por ela que eu falo; assim como não é por lógica alguma que eu prego o Evangelho.
Um beijão!
Nele, que é o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores,
Caio