O QUE É TER BOM ÂNIMO?

 

 

 

 

 

—– Original Message —–
From: O QUE É TER BOM ÂNIMO?
To: [email protected]
Sent: Monday, October 16, 2006 2:41 PM
Subject: Tende bom ânimo!


 
Caro Caio!
 

Que Deus te abençoe muito
 
Gostaria que você pudesse falar algo sobre as palavras de Jesus: “Tende bom ânimo”.
 
A seu ver, o que Jesus queria nos dizer? E que postura pretendia que tivéssemos na vida de maneira a ter o bom ânimo?
 
Como não sucumbir à tristeza, à amargura, à vida cabisbaixa ou à vida infeliz? Ou mesmo esmagados pelas aflições deste mundo?
 
Um abração,
 

Luiz


 
Resposta:


Amado Luiz: Graça e Paz!

 

Percebi que você enviou o mesmo e-mail todos os dias. Somente hoje me dei conta disso. E mesmo podendo apenas dizer que o site está cheio de textos e respostas sobre isto, dada a sua vontade (vista pela quantidade de e-mails idênticos) , decidi escrever algo a você, ainda que bem simples, pois, do contrário, de que me valeria ter um site cheio de respostas e propostas? Pois se eu tivesse que dizer as mesmas coisas, teria que fazer um site para cada pessoa. 

Jesus disse aos discípulos, em meio à tempestade, quando pensavam estar vendo um “fantasma”, que tivessem bom ânimo. Depois disse do homem que teve bom ânimo e tentou ir ao encontro Dele andando sobre as águas (vindo a afundar depois de andar por um pouco), que aquele era um “homem de pouca fé” — Pedro.

Depois, na última ceia (conforme João), Jesus disse que no mundo se teria muita aflição, mas que se tivesse bom ânimo, pois Ele havia vencido o mundo.

Assim, há o bom ânimo que é uma pequena fé, mas suficiente para por alguém com a vontade de andar até sobre as águas. E há o bom ânimo que é focado em Jesus, e na vitória Dele sobre as aflições desta existência.

No primeiro caso, Pedro (aquele que andou sobre as águas e depois sucumbiu) tomou tal iniciativa, abandonando o medo do fantasma e o pavor do poder da tempestade — baseado no fato de que Aquele com Quem ele falava era o próprio Jesus. Desse modo, ousou o impensável para, então, sucumbir ao primeiro medo que o assolara — o medo da tempestade.

Já no segundo caso, o próprio Jesus diz que a vitória sobre as aflições vem exclusivamente de se ter a Ele, Jesus, como referência absoluta para a visão da vida, pois Ele é Aquele, único, que venceu o mundo.

Desse modo se fica sabendo que o bom ânimo que existe apenas como uma predisposição psicológica e positiva para pensar o melhor, ajuda muito a qualquer um, mas apenas quando a vida está boa. Nesse caso, o bom ânimo é bom humor, e também é positividade. E há grande poder em tais sentimentos e atitudes. Funcionam até na vida de ateus (se é que tal existe mesmo). Sim, porque até mesmo bandidos positivos prosperam mais que bandidos negativos.

Tal bom ânimo (que é de si mesmo) é útil à vida, mas não anda sobre as águas; além de que foge de fantasmas.

O bom ânimo acerca do qual Jesus falou não era “o poder do pensamento positivo”. Nem era uma mera auto-ajuda. Ele ia muito além de tais coisas, por mais positivas que sejam.

Isto porque o que Jesus ensinou não se estribava em circunstâncias favoráveis. Ao contrário, o bom ânimo ensinado por Ele acontecia contra fantasmas, contra tempestades, e contra as aflições do mundo. Pois, no primeiro caso, era na direção de Jesus que Pedro andava sobre as águas; e, no segundo caso, a vitória sobre as aflições vem de se ter o olhar fixado, pela fé, Naquele que é nossa vitória sobre o pecado (o nosso), sobre as tristezas (as nossas), e sobre toda angustia (as nossas); pois, Ele é Aquele que levou nossos pecados e que levou nossa morte, morrendo por nós e ressuscitando.

Sem esse foco em Jesus, em Deus (“Credes em Deus? Crede também em mim” — disse Jesus); e sem esse andar certo de Seu amor por nós — ninguém encara fantasmas, e nem tampouco enfrenta as tempestades impensáveis (andando sobre as águas); e menos ainda conseguirá vencer o mundo, cujo maior poder é o da desesperança (no caso de quem continua honesto) e o do cinismo (que é o que acomete aquele que fica dormente para não morrer).

Paulo ensinou que o pensar em coisas boas, honestas, edificantes, positivas, e enaltecedoras — é um exercício que todos os discípulos de Jesus devem praticar. E acrescentou: “E o Deus da paz será convosco”.

Entretanto, ele mesmo, Paulo, disse que o único poder capaz de nos habilitar para a sermos mais que vencedores (e, portanto, capazes de enfrentar tudo; pobreza, opressão, perda, ameaça, perseguição, dimensões, e até qualquer outra criatura ou fantasma) — era a consciência em fé acerca do amor de Cristo por nós.

Sem que eu ande pela fé e em confiança, poderei até ter uma boa atitude na vida; mas apenas enquanto os fantasmas não aparecerem, os mares não se tumultuarem, e a vida não for feita de aflição; pois, quando é assim, somente Alguém maior que o mundo pode manter nosso ânimo, caso continuemos a olhar apenas para Ele, sem nos deixarmos possuir pelo pavor inspirado nas adversidades.         

“Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus? Crede também em mim”.

Quando se olha apenas para Ele, fé é bom ânimo; e bom ânimo é a própria fé. Mas quando não se olha apenas para Ele, então nosso ânimo variará conforme as circunstâncias. Afinal, quem de nós vence o mundo? Sim, quem de nós vence tudo o que nos relativiza, culminado na própria morte? 

Assim, meu amigo, há somente uma coisa a fazer: andar pela fé, em confiança, crendo no cuidado e no amor de Deus por nós, sabendo que todas as coisas, todas elas, contribuem para o bem daqueles que amam a Deus. Ora, o fruto desse andar é bom ânimo em tudo, pois, quem tem tal significado para existir e viver tem também um olhar venturoso acerca de tudo; visto que já está posto, em fé, acima de todo fantasma, de todo principado e poder; e de toda tempestade deste mundo. Afinal, esse mesmo já sabe que tudo apenas acrescenta valor e significado à sua existência.

Pode haver maior poder de ânimo do que este?


Um abraço.


Nele, que nos guarda nas asas da fé,

 

Caio


 

 Escrito em Outubro de 2006