ROMANCEANDO A PRÓPRIA SOMBRA DE DESEJO

 

 

 

 

 

 

 

 

—– Original Message —–

From: ROMANCEANDO A PRÓPRIA SOMBRA DE DESEJO

To: [email protected]

Sent: Sunday, April 15, 2007 10:08 AM

Subject: Aflição de Alma

 

 

 

Amado Caio:

 

Que a paz e a graça do nosso Deus  continuem abundancia em sua vida!

 

 

Tenho lido várias cartas no seu site, procurando alguma que se identifique comigo, porém não encontrei. Resolvi te escrever por que não tenho a quem me reportar. Não confio em ninguém a ponto de revelar algo tão sério e que tem me abalado muito emocionalmente. Minha preocupação é com o outro, pois não quero falar de intimidades onde estão envolvidos terceiros.

 

Caio, tenho 58 anos, e trinta e seis de casada. Até os 15 anos de casada não tinha muitas queixas, apesar do meu marido ser muito controlador e nunca gostar de lazer. Nunca me convidou para um passeio e sempre pairava em mim a  inveja dos meus amigos que curtiam férias, etc.

 

Mas ele sempre  disse que era apaixonado por mim. Nunca tive outras experiências com outros homens e nem namorei antes. Era muito certinha, dentro dos padrões exigidos pela minha “denominação”. Só podia namorar com rapazes da mesma denominação. E eu observava tudo direitinho…

 

Após 15 anos de casada os conflitos aumentaram. Meu marido adquiriu síndrome de velhice, com apenas 55 anos.

 

Começou a se afastar de mim aos poucos…

 

Vivia assistindo filmes na TV até tarde. Quando eu ia dormir ele nunca estava perto de mim. Quando acordava, ele já tinha levantado. Chorava muitas noites sozinha querendo uma companhia para conversar. Falava com ele sobre a situação, ele dizia sempre que ia mudar, mas não conseguia. Propus separação por várias vezes e ele sempre reagia, dizendo que não poderia viver sem mim. Dizia que ficaria louco e não suportaria a vida sem me ter ao seu lado. Ficava com pena e permanecia ao seu lado. Acho que ele, por ser Pastor, sempre temeu um escândalo.

 

O casal perfeito aos olhos do povo, se separar? Um absurdo!

 

Apesar da minha idade sempre fui muito jovial e comunicativa.

 

Nesse meio tempo um pastor amigo nosso se apaixonou por mim e fiquei também balançada, Mas a responsabilidade espiritual freou nossos impulsos. Ele é 25 anos mais novo que eu.

 

Sempre foi assim. Tenho muita facilidade de ver os homens se apaixonam por mim depois que se tornam meus amigos. Mas sempre procurei agir com responsabilidade, pois, tenho uma família.

 

Agora o caso ficou mais sério.

 

Estou trabalhando com uma pessoa (Pastor também). Depois de algum tempo ele se apaixonou por mim. Ele sempre foi uma pessoa que tinha um respeito muito grande por mim, sendo difícil admitir esta paixão. E tudo que podia ele fazia por mim. A nossa amizade era muito grande e ele sabia tudo da minha vida — o lado financeiro, as decepções, meus problemas… sempre compartilhava com ele. Sempre muito atencioso, não podia sentir que eu precisava de alguma coisa que providenciava tudo. O seu carinho me cativou.

 

No inicio só gostava dele como amigo, não sentia nenhuma atração por ele. Atualmente sinto-me atraída por ele e nos envolvemos sentimentalmente. Amamos-nos muito, porém já conversei sobre a impossibilidade de um relacionamento sexual, pois somos casados.

 

Perdi completamente o amor romântico com o meu marido. Amo-o como a um amigo e irmão. Não suporto que ele me toque. Ele, às vezes, se insinua, mas se tornou impotente. Não temos relações sexuais há mais ou menos dez anos. Beijo de língua nem pensar… Somos dois irmãos que dormem na mesma cama.

 

À noite fico a pensar… Se ao meu lado estivesse quem amo, dormiria virada para o outro lado?

 

Como é terrível sentir desejos sexuais… Às vezes tenho orgasmo dormindo e acordo com a sensação de estar tendo uma relação  real… Horrível a frustração.

 

Meu amigo apaixonado por sua vez diz que sou única na vida dele. Manda-me cartas lindas de amor todos os dias e telefona várias vezes ao dia. Sou gentil com ele e, às vezes, até um pouco fria para não alimentar mais esta paixão que já tem 3 anos. Mas ele sofre muito. Sei que também quer preservar a família dele. Porém, diz que não sente mais nada pela esposa.

 

Trabalhávamos num mesmo local e abri mão do meu emprego, pois, ele não suportava me ver sozinha que me abraçava, beijava. Aos empurrões ele conseguia dominar-me para uma relação. Feito isto, ao término, não conseguia ficar com raiva dele. Sempre me pedia perdão, dizendo que era mais forte que ele. Perdoei sempre, pois gosto demais dele.

 

Minha razão dizia ‘não’, mas o meu coração sempre diz ‘sim’. Sei que não devemos, mas o que fazer com este amor que nos devora, que nos arrebata?

 

Meu esposo tem comportamento de velho, mas acho uma velhice precoce, pois tem apenas 66 anos. Vou fazer 59 e me sinto com bastante energia e vigor. Faço academia de ginástica e estou de bem com a vida.

 

Que fazer Caio, por favor me ajude!!!

 

Realmente estou numa situação difícil.

 

Olha esqueci de te dizer que temos orado muito sobre este assunto, eu e ele.

 

Esperamos em Deus uma solução.

 

Um abraço da amiga de alma aflita.

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Resposta:

 

 

Minha querida amiga: Graça e Paz!

 

 

 

Se você não é ainda avó, em breve o será.

 

Se você ainda hoje está fogosa, em pouco tempo já não estará.

 

Se hoje você gostaria de “beijar de língua” para descontar o atraso, em breve o atraso será ter terminado o casamento para dar tais beijos.

 

Se você acha que dormir com a pessoa que se ama faz a gente dormir pro lado dela, saiba: só se for sei jeito de dormir, pois, não sendo, depois de um tempo o corpo procura a melhor posição.

 

Se seu marido ficou impotente, mas mesmo assim procura você e você o rejeita, saiba: a impotência dele é você.

 

Se os homens se apaixonam por você e você (como deixou claro) espera isso como algo normal em relação a sua pessoa, saiba: é porque a sua energia sexual vaza para os homens como um cio…

 

Se você pensa que está apaixonada por ele e ele por você, deixem tudo e vão viver juntos, para em não mais do que alguns meses você descobrir que o amor dele por você habita “uma alma” entre as pernas…

 

Se vocês não suportam tal idéia de separação, então, transem, e você logo saberá que o que você e ele queriam mesmo era sexo, e nada além disso…

 

Se você tem a esperança de que ele seria diferente de seu marido, fique com ele, sob o mesmo teto, bebendo a mesma água, pagando as mesmas contas, lidando com os mesmos problemas e muitos mais que viriam em razão da separação, e, assim, viva para saber que crise de adolescência dá também em gente a caminho da idade da razão e da sabedoria… Mas que as conseqüências são desastrosas.

 

Se você nada fizer (não se separar pra ficar com ele e também não for pra cama com ele, como vocês dois desejariam muito), saiba: viverá nesse engano para sempre, ficando velha dentro de um caso de masturbação idosa. 

 

Esses são os cenários!

 

Paz, desse jeito, você jamais terá!

 

Se ficar com ele, logo saberá que fez a coisa errada.

 

Se transar com ele, logo saberá a mesma coisa.

 

Se não fizer nada, mas continuar “nesse esfrega psicológico”, envelhecerá adolescente, perdendo o melhor de sua idade, que é a paz para curtir os filhos adultos e os netos. Sem falar que, possivelmente, fazendo qualquer que seja a ruptura com seu marido, os seus filhos nunca a mais a vejam do mesmo modo.

 

Entretanto, pra quem está em estado de paixão aflita e cheia de cio, toda palavra sensata soa como perversidade.

 

Devo alertar você que um caso como o seu — enquanto não consuma o que na alma já está feito, e feito até nos sonhos —, acaba por se tornar um vício psicológico altamente danoso para o ser, posto que literalmente deixa a pessoa na angustia do “não trepa e nem sai de cima”; a qual, a angustia, é um agente criador de fixação do desejo pela via da impossibilidade feita sonho todos os dias.

 

Na realidade o que está acontecendo com você é que você está de caso com a sua sombra.

 

Sim! Está romanceando a sua sombra e tendo um caso de paixão com ela. Isto porque na realidade você está com tesão no seu próprio tesão e no que você sente que você provoca nos homens.

 

Assim, saiba: você morre de tesão em você.

 

E como você não se deu fisicamente a nenhum homem que não seja o seu marido, e vê os homens desejando o seu cio, seu coração fica com a frustração adolescente de não ter corrido algumas outras léguas…; ao mesmo tempo em que aleija o seu marido a fim de ter a justificação para fazer o que faz e como faz… até aqui.   

 

Enganosa é a alma!

 

Assim, com toda sinceridade, é o tenho a dizer a você sobre o assunto!

 

Talvez você me diga: Mas e a verdade de meu coração? O que sinto não conta?

 

Ora, é preocupado com a verdade que é sobre o seu coração, a verdade que é a verdade, é que disse tudo o que acabei de dizer, pois, o que você agora chama de sua verdade, amanhã, com certeza, dado ao contexto presente de sua alma, você chamará de “meu engano”.

 

Todos os sentimentos da alma, mesmo os mais falsos, são para ela verdadeiros. A verdade não se instala nas águas agitadas da alma, mas nos abismos silenciosos do espírito.

 

Desse modo, saiba: você tem todas as alternativas e todos os cenários já pintados como possibilidades anteriormente; porém, apesar disso, agora, diante de Deus, dobre seus joelhos e busque a verdade (não a massagem de seu ego), e pergunte-se: De fato, na verdade, o que eu quero? Mudar de vida, ou ter uns tempos de prazer sexual, culpa tesuda e angustia orgásmica? — a fim de poder dizer a mim mesma que essa mulher pela qual os homens se apaixonavam com facilidade não foi desperdiçada na cama impotente de um pastor aleijado?

 

E mais: você disse que está orando com o outro pastor para saberem a vontade de Deus sobre esse negócio. Que oração vocês fazem? Em seu coração, lá no fundo, você já desejou que seu marido impotente vire um finado pastor a fim de abrir o seu caminho ao amor, ao beijo de língua e ao dormir pro mesmo lado do homem-amante todas as noites?

 

Sim! Digo isto pois sei que na maioria dos casos a pessoas começa a desejar ficar “viúva”. De gente muito sincera ouço isto o tempo todo. Entretanto, pergunto: Está Deus nos desejos da morte?

 

Esta é a questão. Responda-a com sinceridade e sem escamotear, e, então, você estará tratando da verdade com verdade.

 

Pois nada podemos contra a Verdade, senão em favor da própria Verdade.

 

 

Com o carinho com o qual escreveria a uma de minhas irmãs de sangue, e Nele que é nosso chamado à realidade e à Verdade que liberta da aflição que vem das confusões da alma,

 

 

 

Caio

 

16/04/07

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