—– Original Message —–
From: A GRAÇA PUNIDA PELO TRAUMA RELIGIOSO
Sent: Saturday, June 16, 2007 1:01 PM
Subject: Dizimar: destruir ou edificar?
Caio,
Lendo seu texto sobre o dízimo, longo, bem escrito, profundo, lógico, amoroso, verdadeiro, coerente com o evangelho… vi seu esforço (o suor do seu rosto pingando sobre as páginas da Bíblia [que desperdício de energia: tantos ainda a serem atingidos pelo evangelho e nós nos rudimentos da fé!])…e lamentei; lamentei por conhecer dezenas (e eu sei que são milhões!) de “evangélicos” que dão as vísceras para suas igrejas tresloucadas e seus “Pastores Botoxcados com suas Pajeros Reluzentes e Suas Frases Feitas”; enquanto no Caminho da Graça…pastor experimentado no corpo e na alma…palavra fresca, conforme e individualizada…mas…estrada de terra…TL 1.200 (pneu careca, 04 empurrando; não sei quantos, só olhando)…será que alguém pensa que é o “Caminho de Santiago”? [se bem que do ponto de vista financeiro, bom seria a conta bancária do Paulo Coelho!]).
Pensei (e compartilho):
Do que sou, dou uma parte (uma réstia – um décimo – de mim).
E o que sou-dou?… Sou carne, ossos, tecido, coração, mente, vontade, consciência…
O que materialmente me “pertence” (pelas regras humanas), eu, pois, não “sou”…”tenho”.
Então, 1/10 do que me “pertence” ainda não é nada do que sou (1/10 de zero…coisa alguma é!).
Jesus diz: “eu sou” (tudo que “há”, provém do que “é”…).
Do que pela graça recebemos, então, demos com alegria (e sabedoria […não joguemos pérolas aos porcos.])…deixemos as lágrimas para os famintos (cujos pratos, vazios de comida e ternura, apenas espelham seus retratos de dor […serão saciados]); deixemos o cinismo do riso sarcástico para os abastados (cujas travessas entulhadas apenas preenchem seus olhos e estômagos, vazios de esperança […ainda clamarão por uma gota de água que lhes alivie a sede {do corpo; da alma}]).
Dizimar é palavra de duplo sentido: no evangelho, acho, é dar de si (no mais amplo aspecto) para construção do reino do amor de Deus; no dicionário dos homens significa, no mais das vezes, “destruir”.
Dizimar…é, sim, destruir; destruir o poder do dinheiro sobre nós (como seu texto, de modo absolutamente correto, disse [de novo e de novo…]).
Entendamos “o verbo” em questão, pois, como “O VERBO”, sinto eu, o conjuga: destruo (simbolicamente) 1/10 do que há do lado de fora para edificar o todo dentro de mim (onde a traça nem a ferrugem consomem…).
Como você sempre diz (melhor dizendo, desabafa [e com razão]): “-Não punam o Caminho pelos seus traumas religiosos”!
O vento traz lembranças palestinas (que elas ecoem no coração de todos nós): “não usem seus traumas religiosos para referendar a dureza dos seus próprios corações (dizendo ser corbã o que podiam oferecer…)”.
Bom SÁBADO (aliás, o dia está lindo!). Não descanse; não no dia de hoje (é uma questão de princípios …risos)
Abração.
Habib.
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Resposta:
Amado Habib: Graça e Paz!
Dizimar: destruir ou edificar?
Sim! “Eles”, em nome do dízimo, dizimam o pobre, o carente, o oprimido e o infeliz, destruindo nele o amor de Deus; pois, “tal Deus dos pobres”, nem mesmo aos pobres poupa de terem dinheiro para dar a “Ele” mediante as mãos de “Seus” representantes autorizados.
Daí, entre eles, o dar o dízimo ser chamado propriamente de dizimar, pois, na maioria das vezes, diz-se que o gafanhoto é que vem e dizima tudo, a fim de eles mesmos, os “pastores-gafanhotos”, serem o gafanhoto de gravata desse povo enforcado de medo e lei; enquanto eles, “os gafanhotos de gravata”, vão comendo tudo até não haver mais nada…
Nesse dia eles dizem que o dizimado não está mais na “benção” porque parou de dar o dízimo. E, assim, dizimam a pessoa em esperança, fé, amor e alegria em Deus, e a põem num estado de mendicância espiritual culpada, paranóica e neurótica.
Infelizmente, nesses casos, os pastores são os gafanhotos, mas os crentes não vêem.
Contrariamente a isto, meu prazer a vida toda foi ver o povo tão empolgado com o Evangelho e sua verdade, que, muitas vezes, desde Manaus, tive que dizer a certas pessoas que “estava bom”, que podiam guardar ou dar para uma boa outra causa, ou, quem sabe, ajudar um parente carente, um amigo necessitado, ou um estranho indicado por Deus.
Também foi meu prazer a vida toda nunca misturar a generosidade do povo em razão do Evangelho e do amor de Deus, com a minha pessoa, como se qualquer daquelas coisas tivesse a ver comigo. Por isso, mesmo quando o dinheiro era (é) meu, sempre tirei o dízimo para mim (do que era teoricamente “meu”), e dei 90%. E, além disso, dava-me grande alegria ver que quase todos que trabalhavam comigo e para mim, tinham carros e outros bens bem melhores que os meus. Aliás, sinceramente, só via ou vejo quando as pessoas, gratas, me falam ou falavam; do contrário, sou tão desligado disso que corre o risco de eu nem mesmo ver ou prestar atenção.
Mas que o povo que diz que foi usado e abusado nas “igrejas-bingo” ou nas “igrejas-caça-níquel” está agora abusando da Graça, está sim.
Digo isto porque o tempo todo vejo gente traumatizada com essas histórias, admitir que aquilo tudo não é bíblico; e até mesmo, em tais casos, vejo essas pessoas serem capazes de dizer a você como deveria ser (e se expressam corretamente a respeito), enquanto, apesar disso, nada dão; e, se por ventura ouvirem qualquer lembrança acerca de que é Graça em Deus o chão no qual estamos, mas não é de graça entre os homens — nem assim parecem se importar.
De fato, nesse aspecto, parece que ganharam, pelo abuso sofrido antes, direito à avareza e à indiferença.
Que o Senhor os cure para o bem deles, pois, a continuarem usando o “trauma” como álibi para o descompromisso, logo ficarão secos, vazios, sem alma e sem gesto; pois, é no ato de dar que educamos nosso ser na generosidade e somos curados de qualquer semente de avareza e de cinismo.
Um beijo muito carinho!
Nele, que deu o exemplo para que fosse seguido,
Caio
19/06/7
Lago Norte
Brasília