—–Mensagem original—–
De: CAIO, FALTA DÚVIDA EM VOCÊ!
Enviada em: quinta-feira, 21 de junho de 2007 15:43
Para: atendimento
Assunto: ESTA CASTA SÓ SAI COM JEJUM E ORAÇAO
Sim, Caio, tenho dúvida!
Acho que sua interpretação é belíssima sobre o texto. Porém, confesso sinceramente, que acho você muito convicto nas suas posições, não há margem pra dúvidas.
Muita gente já foi pra fogueira na história por causa de “tanta certeza” de alguns.
Desculpe-me a crítica, mas a receba com carinho!
Acho, por exemplo, a etimologia da palavra dogma interessante: “o que entendemos sobre isso”. Mas ela ganhou uma conotação tão rígida, que virou um axioma.
Com relação à questão do demônio, diabo, e afins; você não acha que aquilo que acontecia na época não seria uma manifestação do psiquismo humano oprimido, e hoje poderíamos usar outros termos para se referir, como, por exemplo, estreitamento de consciência, histeria, etc.?
E esta opressão não teria necessariamente uma etiologia advinda do “além mundo”, mas sim das contingências de uma sociedade, de um mundo, em que as pessoas vivem para si com egoísmo?
Um grande beijo!
Nele, que é maravilhoso mysterium tremendum.
Eduardo
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Resposta:
Querido mano Eduardo: Graça e Paz!
Sim! Ele é maravilhoso mysterium tremendum. Mas o que Ele disse que é; é; e feliz é aquele que não duvida!
Comecei minha vida de fé vendo esses fenômenos que você crê que possam apenas ser condicionados aos ambientes da psique, acontecendo todos os dias, no Amazonas — onde histeria saía no tapa e onde até hoje os Psicológicos e Psicanalistas não conseguem até hoje sobreviver; pois os deprimidos se tratam no Foro e na cama.
Há doenças e disfunções mentais, psíquicas, químicas, hormonais, comportamentais e sociais; e todas elas podem gerar manifestações que, aos que não conhecem nem uma coisa nem outra, podem passar por possessão.
Lido com todas essas coisas faz muito tempo; tratando cada coisa como cada coisa; e só dizendo que algo é demoníaco depois que todas as possibilidades diferentes foram eliminadas; e ou quando, pela experiência e pelo discernimento espiritual (sem falar que quando é demônio mesmo, não há nenhuma semelhança com essas manifestações fajutas que aos que não conhecem por experiência o tema, podem passar por “demônios”) — vejo sem sombra de dúvida (e nem você as teria, caso visse o que é de fato uma possessão) que se trata de algo insofismavelmente espiritual.
Creio que se você ler o site com vagar, verá que a quantidade de material de natureza psicológica relacionada ao que equivocadamente se chama de possessão (na indústria da exploração do diabo sobre os que os incautos) aparecer em abundancia nas Cartas e nas Reflexões.
Além disso, vejo que o que você tem como referência para o que chamo de possessão, nada tem a ver com o que eu entendo e já vi como possessão. Você deve ter visto isto em cultos manipulativos e em manifestações massivas de histeria; ou, quem sabe, pela televisão.
Ora, 99% (é um 99% simbólico, não estatístico; certo? – Rsrsrs) do que vejo acontecendo nesses casos, nada tem a ver com demônios, mas com indução e sugestão. É obvio e de tão evidente.
Portanto, o que lhe digo é que quando você vir o que de fato é uma possessão, não restará dúvida alguma em sua mente.
Ora, já vi muitas pessoas com sua visão do significado do que aqui tratamos expressarem-se como você se expressa em relação a isso; os quais, logo após terem visto “the real thing”, nunca mais tiveram a menor dúvida acerca do que é doença mental ou emocional, e do que é uma possessão espiritual.
O interessante é que hoje, em todo o mundo, cada vez mais se reconhece que existem fenômenos que em muito transcendem as categorias da Psicanálise e da Psicologia; e digo isto a você como alguém que se serve de instrumentos da Psicanálise todos os dias.
Sobre seu medo de minhas certezas ou falta de dúvidas, tenho apenas duas coisas a dizer:
A primeira é que só tenho dúvida do que tenho dúvida, mas não tenho nenhuma dúvida do que pela Palavra, pela experiência e pela consciência, sei.
Como posso duvidar do que não tenho dúvida? Sendo que aquilo acerca do que não tenho dúvida é justamente aquilo que essencialmente existo dizendo que creio?
Ora, seria assim para mim se eu fosse um “duvidoso profissional”; ou se eu mesmo fosse um “duvidoso essencial”. Mas não sou. Quando creio, creio até descrer. Quando não creio, não creio até crer. E, em geral, o que digo crer, digo-o por ter experimentado. Simples assim.
Minhas dúvidas são muitas, mas são muito pouco importantes; pois, eu mesmo não me importo com minhas dúvidas.
Eu duvido sem crise.
E quando duvido não me culpo. Não sofro com dúvidas, pois, o que me move em fé não deixa que qualquer que seja a dúvida me moleste como tal.
E o que posso fazer? Inventar angustia para mim? Sofrer por coisas que me são desimportantes? Apaziguar os que acalentam suas dúvidas fazendo-me passar por um ser sofisticadamente duvidoso?
Além disso, minhas certezas são todas sobre as certezas de Jesus. E aí, meu mano, não tenho como lhe agradar.
A segunda coisa que desejo dizer é que “dogma” pode ser dúvida também, especialmente quando a mente carrega o compromisso cientifico da dúvida, como me parece ser o seu caso intelectual.
É a dúvida como dogma!
A certeza da dúvida como axioma filosófico é um dogma.
Entretanto, todas as minhas certezas são sobre Jesus; e Ele foi sem dúvida em tudo o que disse; e Sua dúvida nunca foi sobre o que disse, mas apenas sobre a angustia de viver a hora das Horas. E quando Ele pergunta: “Por que me desamparaste?” – tal “dúvida” não o fez mudar de idéia.
Portanto, tendo minhas certezas todas em Jesus, tenho como certo que fogueira é coisa que acende aquele que quando duvida o faz por não ter certeza; e que quando tem certeza, a pratica como direito seu até as ultimas conseqüências.
Ou seja: meu medo é daqueles que acalentam a certeza da beleza de suas dúvidas acerca do que Jesus ensinou; pois, quem tem suas certezas todas em Jesus, esse tem certeza que nenhuma certeza deve levar ninguém a fazer “descer fogo dos céus”; quanto mais acender fogueiras de Inquisição. Mas aquele cujas certezas são suas; esse surta quando suas certezas se aliam a qualquer forma de poder.
Eu, porém, entendo que fé num tempo de incertezas é algo desconfortável para quem assiste sem crer.
Por enquanto fico por aqui.
Ficaria muito feliz se você lesse o site!
Receba minha palavra a você com todo carinho também.
Nele, em Quem aquele que crê não foge, conforme Isaías,
Caio
20/06/07
Lago Norte
Brasília