O MEU DIABO É MELHOR!

 

 

 

 

 

—– Original Message —–

From: O MEU DIABO É MELHOR!

To: <[email protected]>

Sent: Wednesday, July 04, 2007 6:04 PM

Subject: O DIABO NÃO É DE CARNE E SANGUE – mas seus agentes são…

 





Olá Caio!


Li “As Confissões do Pastor Caio Fábio”, e gostei. Justamente por ser uma obra de muita “humanidade”. Nessa sua autobiografia, você conta algumas de
suas histórias com o “capiroto”, essas do tipo que você conta neste texto.

 

Acho que o capiroto, diabo-homem, que você apresenta neste texto, pra mim, é mais
palatável, intelectualmente falando é óbvio; haja vista que não tive nenhuma experiência do gênero, e só posso falar do que experienciei.

 

Respeito a experiência alheia, mas admito que tenho coceira nas idéias quando se fala no assunto. Pois já experimentei sim um diabo mais imanentista, mais
antropológico, sem muitas férulas do além. Acho mais razoável este diabo-homem que você aponta. Penso que este que pode ser eu mesmo inclusive, é mais sorrateiro, e dá mais rasteiras em muita gente que se deslumbra com aqueles fantasmagóricos que vão pelas igrejas.

 

Vejo o diabo na mulher que é oprimida pelo marido, no dinheiro que compra pessoas, na promiscuidade
velada que não envolve o sexo diretamente, na não compaixão, na arrogância, na altivez, no egoísmo, etc.


Em fim, se ele existe com a aparência caricaturada pela Igreja ao longo de sua história, digo que não tenho tempo pra ele. Agora, enquanto experiência
do cotidiano, nas relações humanas, sim, este existe!

Caio, obrigado pelos e-mails, e pelas trocas de experiências, elas são sempre edificantes.

 

Nele, que nos convida a uma conversão diária de nós mesmos pela fé.

Grande beijo!



Eduardo

_______________________________________

 

Resposta:

 

 

Mano Eduardo: Graça e Paz!

 

 

Quem me dera o diabo pudesse responder aos meus gostos sobre ele; e, assim, se tornasse domestico em relação aos meus assentimentos intelectuais, antropológicos, psicológicos e sociológicos!

 

Mas, infelizmente não é assim!

 

Entendo a dificuldade de quem nunca viu nada sério, pois apenas viu esses “demônios de igreja”, os quais são apenas ataques de histeria, condicionamento prévio, sugestão, aprendizado do estereotipo demoníaco, e muita baixa auto-estima; pois, nesses casos, o individuo fraco, carente, mal amado, falido, perdido, usado, abusado, etc. — tem na figura do diabo a “identificação” perfeita a fim de declarar seu estado mental de falência e impotência, sem falar que nesse caso o diabo também serve como ponto de contato psicológico para uma alma que se vê tão mal que, a coisa mais verdadeira a fazer, é identificar-se com o que há de pior.

 

E caem…

 

Esses são os “demônios de igreja”.

 

Ora, esses tais “espíritos” somente um ser muito tolo, desesperado e alienado pode crer que sejam demônios mesmo. Eles até esperam o intervalo comercial da Record para voltarem a se manifestar no show do exorcismo.

 


Além disso, é obvio que se alguém também pensa em associar o diabo aos demônios dos cultos afro-ameríndios (ou coisas do gênero), acaba por achar tudo muito estereotipado e caricato; e, portanto, para uma pessoa mais perceptiva ou mesmo de gosto estético mais apurado ou “sofisticado”, aquelas manifestações, pela sua própria natureza de manifestação invocada, já chegam com cara de folclore, na melhor hipótese, ou mesmo de armação, na pior das hipóteses. 

 

Entretanto, meu mano, os mundos visível e invisível que nos cercam estão lotados de diabos.

 

E mais: nosso pior diabo é sempre aquele que nós não reconhecemos como tal.

 

Se eu tivesse que cometer a “ousadia” de criar uma estrutura para visualização de tais “mundos”, “camadas” e “dimensões” que nos cercam, eu diria o seguinte:

 

 

I.                     Tem-se a camada totalmente espiritual: com todos os entes que habitam tal dimensão, a qual nos é paralela, segundo o N.T.

 

II.                   Tem-se o Inconsciente Coletivo: o qual é feito das acumulações projetadas pelo inconsciente individual e que se soma ao dos demais, e que também pré-existe feito de acumulações anteriores no tempo, de modo que nele, no I.C., tem-se o banco de dados do inconsciente humano existindo como ente de energia psíquica e de memória coletiva.

 

 

III.                  Tem-se a produção de energia psíquica e espiritual dos humanos, as quais podem se transformar em “projeções” de natureza psicofísica ou apenas em “ambientes” carregados de tais energias, as quais, quando encontram gente fraca de alma e mente, ou carregadas de medo e culpa, em geral se manifestam como “assombrações”, embora a fonte geradora seja humana, e os “fantasmas” sejam apenas os “hologramas psíquicos” guardados num ambiente antes carregado de ódio ou coisa do gênero.

 

IV.               Tem-se a junção dos três planos acima mencionados, pois segundo a Bíblia, a serpente (1ª dimensão) se alimenta do pó da terra (2ª dimensão) e, assim, se expressa aos humanos mediante a mídia e os temas oferecidos na 2ª dimensão, posto que o diabo está condicionado dimencionalmente a agir nos limites da “fronteira” do pó da terra (2ª dimensão),

 

 

V.                 Tem-se a manifestação de espíritos que podem ser da 1ª dimensão, porém condicionados pelos meios da cultura humana (pó da terra- 2ª dimensão).

 

VI.               Tem-se a manifestação de “scripts” produzidos a partir da 2ª dimensão e que são praticados por pessoas sensíveis e indefesas, tanto espiritual quanto psicologicamente.

 

 

VII.              Tem-se a ação direta de poderes da 1ª dimensão agindo em alguns seres humanos de modo muito especial.

 

VIII.            Tem-se a ação indireta dos mesmos poderes, os quais, encontrando resistência humana, manifestam-se com fúria, conforme as narrativas do N.T.

 

 

IX.               Tem-se o diabo-humano, que é a pessoa entregue a si mesma, aos seus caprichos, desejos, instintos egóticos, e, por fim, pela própria maldade crescente que qualquer pessoa egoísta e entregue a uma disposição mental reprovável vem a desenvolver.

 

X.                 Tem-se o diabo mesmo, o qual anda e passeia pela Terra; ou, no dizer de Pedro, “como leão anda em derredor..”; ou ainda, conforme disse Jesus, ele “é o príncipe deste mundo…”. 

 

 

Assim, o que tenho a lhe dizer é que declarar seu gosto ou não acerca do que seja diabo, ou acerca de sua palatabilidade em relação aos diabos mais sutis e sofisticados (especialmente o diabo-humano), em nada muda o que é.

 

Sim! Seria como um arqueólogo negar a existência de escavadores de buracos no chão apenas porque o arqueólogo acha a escavação sem propósito e sem a devida graça de uma escavação cientifica. Entretanto, nem por causa disso os cavadores de buraco deixam de existir e nem tampouco os buracos que eles cavam deixam de servir para que o arqueólogo desavisado nele caia. 

Se eu usasse o seu critério de palatabilidade para definir o que é e o que não é, saiba: o mundo só comeria tambaqui, tucunaré, matrinchã, jaraqui, pacu, pirarucu e de vez em quando um camarão e uma picanha. E mais: pelo mesmo critério eu diria que todas as demais comidas que não gosto (do gosto ou da cara), não existiriam. E o que mudaria? Ora, a única coisa que mudaria seria o tamanho de minha alienação em relação ao todo.

 

Jesus mandou dar o dízimo do ortelã, do cominho e do enduro, sem deixar de dar o dízimo do amor, da justiça e da misericórdia. E concluiu: “Devíeis fazer estas coisas sem omitir aquelas”.

 

Ora, o que digo a você é idêntico!

 

Sim! Porque seus preconceitos culturais, acadêmicos, científicos, racionalistas, ou mesmo de natureza bíblico doutrinária, em nada mudam coisa alguma, do mesmo modo que o que você me disse não muda nada em relação ao que sei que é.

 

O que hoje acho muito interessante é perceber que o mundo está cada vez mais aberto do que os crentes reformados; e até “cientificamente” mais aberto para tais realidades e “fenômenos” do que os crentes-históricos. Provavelmente por medo de serem identificados com os loucos neo-pentecostais, o que os “históricos” fazem é chamar de feio o que os “neo-malucos” fazem; e, com base na fajutice deles, acham que, por exclusão estética, o que eles dizem que ser diabo, não pode ser diabo; e, portanto, em razão disso, dizem: O diabo não existe.

 

Eu, todavia, só gasto este tempo aqui em razão de que me parece louco alguém estar numa guerra multidimensional dizendo que é a apenas um lugar de alguns conflitos contra homens arrogantes; e que todo esforço seria no máximo homem-a-homem.

 

Sim! Enquanto se nega que “do lado de lá” haja milhões de inimigos invisíveis, nos vendo em nossos dias e noites, e infiltrando os “seus” no acampamento dos que foram para a guerra achando que poderia virar um pic-nic — o diabo faz a festa!

 

Por enquanto é isto. Mas entre no sistema de Busca do site e escreva “Inconsciente Coletivo”, “Diabo”, “Principados e Potestades”, “Assombrações”, etc. — e você verá a grande quantidade de textos que poderão ampliar o que aqui resumidamente lhe disse.

 

Enquanto isto abra o olho, pois, para quem só vê demônios em tudo, o diabo envia o diabo-humano; e para quem só vê diabo-humano, o diabo envia a si mesmo, sempre com cara boa, até mesmo cara de ministro de justiça ou anjo de luz. Lembra de Paulo aos Coríntios?

 

No mundo espiritual a estética só trabalha para o engano!

 

Receba meu beijo muito carinhoso!

 

 

Nele, que venceu o mundo, com seus diabos-humanos, e venceu os principados, potestades e todos os poderes, a fim de que nenhum homem vire diabo, caso queira e creia,

 

 

Caio

 

05/07/07

Lago Norte

Brasília