—– Original Message —–
From: SOU ESPOSA CELIBATÁRIA
Sent: Sunday, August 19, 2007 23:10
Subject: A dor da castidade
A DOR DA CASTIDADE
Caio Fabio
Já lhe escrevi anteriormente, para agradecer-lhe as respostas que as suas palavras vêm me dando nesses últimos tempos.
Agora, estou precisando do seu socorro, pois nesses 07 anos de evangelho me sinto totalmente perdida acerca da minha vida espiritual e sentimental e pessoal.
Estou com um casamento de mais de 20 anos, onde já me separei, por 01 ano e meio e onde, depois desse tempo, voltei para minha família, mesmo estando comprometida e apaixonada por outra pessoa. Estava começando a conhecer o evangelho e achava que era o que Deus queria para minha vida.
Nunca tivemos uma vida sexual normal, pois meu marido sempre teve muitos bloqueios e vícios de ordem pessoal que, com o tempo, foram se tornando freqüentes; e nós, mais distantes.
Levávamos meses sem nem contato físico e a maioria das vezes era para satisfazer suas necessidades mais urgentes. Sexo para ele sempre significou necessidade orgânica, pois ele sempre foi muito viril e dizia que precisava descarregar.
Quando decidi voltar, não sentia mais nada por ele. Estava numa fase muito feliz, e me sentia muito amada e desejada, como nunca tinha sido por meu marido.
Assim mesmo, queria dar a minha família uma nova oportunidade, pois achava que tinha que fazer a vontade de Deus.
Levei muito tempo para me reorganizar e cheguei a me violentar várias vezes.
Queria realmente, amá-lo de novo..
Isso foi acontecendo gradativamente e aos poucos fomos nos entendendo. Nunca foi uma coisa ótima, mas eu já tentava ficar feliz de termos uma vida sexual e afetiva, razoável.
Hoje, faz quase 03 anos que ele não me toca, sequer. Já tive todas as crises, os choros, os diálogos que poderia ter. Ele diz que não pode me dar aquilo que eu quero e preciso.
Às vezes fica nervoso e diz que existe um bloqueio. Às vezes, me pede para agradá-lo e satisfazer os seus desejos; e outras, se masturba; o que ele sempre gostou de fazer.
Já fizemos programas de casais com Cristo há alguns anos. Ele chegou a confessar o erro que estava cometendo comigo, tentou melhorar, evitando se masturbar, mas isso durou muito pouco tempo; e voltou tudo novamente.
Na verdade ele sempre gostou de sentir prazer vendo filmes e revistas. Nunca teve mulher na rua. Sempre gostou muito de mim e sempre foi fiel e muito caseiro.
Hoje ele diz que me ama, sente pena de mim, mais não procura ajuda terapêutica e fica deixando a coisa crescer e já não agüento mais ser rejeitada como mulher.
Se ele fosse impotente seria mais fácil; ou mesmo doente…
Choro muito sozinha, pois nunca traí meu marido, mesmo sendo uma mulher bonita e Admirada.
Não sei mais o que fazer, pois amo muito ele; admiro e respeito. Mas a dor de viver desta forma está me adoecendo e me tirando todo prazer de viver.
Você que é uma pessoa sensível e lúcida, sabe que não é do sexo pelo sexo, mas da troca, do toque, da intimidade de poder mostrar um amor pleno, por quem se ama.
Caio, por favor, me ajude!
Você tem sido um anjo para muitos…
Escrevo chorando e parando e voltando, querendo que seu amor grandioso pelo ser humano, lhe impulsione a me responder nesta minha dor.
Ele não é homossexual enrustido, nem nada do gênero.
Acho que, de certa forma, ele não me perdoou, por eu ter tido outra pessoa, mesmo sendo depois do divorcio.
Já pedi ajuda a pastores, já fiz tudo que me mandaram, espiritualmente e até sexualmente, mas nada adiantou.
A última que ouvi de um Pastor, muito conhecido, que vem aqui na minha terra, foi de que quando ele orou por mim, sentiu que tinham feito macumba para mim e que tinha solução.
Já ouvi isso antes, mas apesar de estar na presença de Deus, não entendo porque ele não opera em meu favor. Você fala no poder da Graça, e eu tenho tentado viver dela. Mas não encontro meu caminho, não me acho. Vivo nesta castidade forçada, esperando de Deus que ele termine a boa obra, pois ele é fiel e justo para completá-la.
Ajude-me com sua sabedoria, que sei que vem do Senhor.
De uma irmã fiel a seu ministério e a sua Obra.
Solidão.
Obs: desculpe não poder me identificar, mas estou falando da vida de outra pessoa e não tenho esse direito.
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Resposta:
Minha querida amiga: Graça e Paz!
Todo casamento com filhos e potencial de carinho, respeito e admiração precisa ser objeto de toda proteção e estimulo.
Assim, ter voltado para casa a fim de tentar salvar o casamento foi algo acertado.
Porém, não basta manter a instituição do casamento acontecendo. Tem que haver conjugalidade. Do contrário, acaba ficando insuportável para alguém [um dos cônjuges] no casamento; e, no caso de vocês, está ficando insustentável para você; que, além de frustrada e infeliz, ainda se sente na beirada de uma decisão que você não quer tomar que é abrir-se para alguém, fora de casa, a fim de encontrar troca e afeto; e sexo como conseqüência.
Eu creio que somente uma mulher apaixonada [sendo também bela e atraente] consegue ficar sem sexo por muito tempo ou para sempre.
Do contrário, seja por que razão for, mais cedo ou mais tarde [hoje sempre mais cedo que mais tarde], o sexo se imporá como necessidade física, emocional, psicológica e até social.
Sim, porque a pessoa precisa se convencer de que é normal física, emocional, psicológica e socialmente; e, em tal caso, pouca coisa pode dar mais sentido humano imediato de normalidade feminina e psicológica para quem necessita de afirmação, do que alguma forma de relação afetiva e sexual; ou, muitas vezes, de uma amizade sexual, ainda que sem tanto peso.
Eu vejo que você ama seu marido. Mesmo quando teve o caso com o outro homem [que lhe fez sentir-se feliz, amada e desejada], ainda assim, ouso dizer que era transferência; pois, caso não fosse, dificilmente você o teria deixado mesmo em razão da conversão.
Assim, o que se impõe entre você e seu marido são as coisas que você chamou de bloqueios.
Ora, “bloqueios” são poderosos, pois, em geral, são auto-induzidos por alguma razão de auto-boicote.
Desse modo, a pessoa que bloqueia é a bloqueada; e bloqueada pelo seu medo ou desgosto pelo que teria que assumir como bom e natural.
Por exemplo: A maioria dos casos de ejaculação precoce acontece em razão do medo de intimidade; especialmente com a esposa.
Não creio que ele esteja pondo você na posição de uma Esposa Celibatária apenas porque nunca perdoou você por ter tido alguém enquanto vocês estiveram separados. Se ele diz isso, saiba: é desculpa que oculta a causa real.
A causa real pode ter a natureza de uma síndrome; ou seja: ser composta de muitas forças causais diferentes, porém, interligadas; como tudo mais em nós o é.
O que lhe digo então?
1. Que sem terapia séria, voluntária, dedicada e verdadeira, não há como ajudar seu marido;
2. Que ele se nega a buscar ajuda porque não quer ser enfrentado e nem tampouco revelar a verdade;
3. Que ele joga entre a perversidade de impor e pedir que você fique em tal estado, e os bons tratos que a fazem amar com culpa e ser fiel por obrigação;
4. Que o amor dele por você não é amor sadio; pois, o que ele pede de você somente um filho órfão de pai e ciumento pede de sua mãe: que ela cuide dele e não tenha nenhum homem;
5. Que o fato dele gostar de sexo virtual, pornográfico, fantasioso e “masturbativo”, revela que a sexualidade dele não passou do inicio da adolescência; isto no caso dele não ter outras pulsões em estado bem latente;
6. Que ele não tem o direito de pedir que você fique Esposa Celibatária ao lado dele apenas porque ele tem “bloqueios sexuais” [com você; pois, potência, desejo e ereção seguida de ejaculação; isso ele tem].
7. Que se ele ama você e está de fato interessado em continuar o casamento, aceite, busque, encontre, dedique-se e seja verdadeiro na busca da verdade nele mesmo; do contrário, ele estará propondo a você amor como doença;
8. Que você converse com ele, ou até mostre minha resposta à sua carta, e diga a ele que se ele deseja manter o casamento, então que faça o que a verdade impõe: ou busca tratamento na verdade; ou libera você para continuar a sua vida; e isto de modo muito responsável para com você e os filhos;
9. Que você não ceda aos apelos das seduções que a cercam, e que resolva a sua situação antes de tudo;
10. Que se ele não desejar cura, é seu direito separar-se a fim de não ficar doente de raiva; e, depois, de cio angustiado; e, por fim, de uma meia-idade promiscua e amarga;
11. Que ele precisa mais de você do que de fato ama você; e o modo de ter certeza disso é ver como ele reage a esse seu ultimato.
O mais, minha amiga, não é importante.
Paulo diz que o sexo é também uma proteção de natureza física e psicológica e que fortalece a imunidade conjugal contra muitos males externos, aos quais se fica mais sujeito quando a necessidade física e psicológica de sexo se manifesta como fome, como sede, e como instinto natural — I Coríntios 7.
Estou sendo simples e direto porque simples e direto é o assunto.
Se ele não aceitar nada do acima proposto e nem você honestamente ache que consegue suportar [se é que vale a penas suportar tal tortura desnecessariamente ou em razão do capricho ou covardia do outro] — então, comunique a ele que você entrará com um pedido formal de divorcio consensual; e não deixe o diabo trabalhar nos intervalos.
Jesus diria a você a mesma coisa. E por que eu sei? Ora, é que diante de um homem que há 38 anos dizia esperar uma cura à beira do Tanque de Betesda, Jesus ainda assim perguntou: Queres ser curado?
É que tem gente que vive no lugar da cura apenas para ter o álibi de que a deseja [a cura]; embora, de fato, amem as suas próprias enfermidades; pois, são tão dependentes da doença como droga e espírito, que, se curados fossem à revelia, tudo fariam para “recuperarem” o estado de doença.
E eu vejo isso acontecer o tempo todo!
Assim, se ele quiser genuinamente ser curado, invista o que puder [mas tem que ser sincero do lado dele].
Se, porém, ele não desejar, ou manipular, ou procrastinar, ou for enrolando você, então, infelizmente, você sabe o que fazer.
Minha oração é no sentido de que ele queira; e queira muito; e queira com verdade e coragem; a fim de que seja curado; e a fim de que vocês não precisem separar a jornada comum.
Nele, em Quem o que não é verdade não tem que ser mantido por imagem ou por nada, conforme Seu ensino na Figueira que Secou,
Caio
21/08/07
Manaus
AM