ESTOU SUANDO SANGUE…- sou gay!

 

 

 

  

 —– Original Message —–

From: ESTOU SUANDO SANGUE…- sou gay!

To: [email protected]

Sent: Thursday, August 23, 2007 08:40

Subject: estou suando sangue…

 

Querido Caio,

 

Amo você meu irmão…

Resolvi lhe escrever e se quiser publicar mais esta cartinha, fique à vontade, pois como aprendemos com a dor dos irmãos…

Tenho 39 anos e cresci em lar evangélico. Rompi com a igreja ainda com 17 e nunca mais voltei.

Ao assumir minha homossexualidade numa partilha profunda com o pastor, além de ouvir que eu “tinha o demônio no corpo”, ainda tive que tratar disso no conselho da Igreja.

Não que ache que confissão “auricular” seja o correto (irônico…), mas minha historia estava ali: exposta, julgada e condenada…

E isso me feriu muito. Nunca mais voltei. Afastei-me da igreja e me meti em tudo quanto foi religião, e assim tem sido até hoje.

Estudei de tudo, visitei tudo, vivi de tudo. Fui monge cristão, budista, hare krisna, meninos de Deus, twelve tribes, zen, bahai, candomblé, esoterismo, etc.

E fui com vontade, se posso assim dizer!!! Fui com a coragem de quem precisa de resposta, de quem precisa de paz, de quem tem a sensação de que o inferno é o próprio coração e está dentro da gente, cheio de angustia sempre, cheio de dor sempre, à beira do desespero e chorando, como o faço agora. E assim é até hoje…

Não sou um suicida em potencial, mas só penso nisso ultimamente. Desculpe, mas a vida pra mim se tornou uma piada – e de extremo mau gosto… Onde me perdi no meio de tanta confusão.

Sinto-me destruído, vazio, em desespero. Como deixei que isso chegasse aqui?

Se sentir uma pontinha de orgulho nessa frase, é provável que esteja bem correto…

Aos 39, sou um homem que está desempregado, sem um real no bolso, nem para a merda do cigarro que me come por dentro…

Aos 39, virei filho solteirão que não sabe se cuida ou é cuidado pela mãe doente…

Aos 39, não tenho vida afetiva, pois a única experiência de viver com alguém resultou num processo no ministério do trabalho, onde o canalha que eu sustentei durante oito anos alegou que era meu funcionário e nunca meu amante…

Aos 39, passo o dia na NET escrevendo e-mails e pedindo ajuda a quem quer que seja… (hoje foi o seu dia… humor negro…).

Aos 39, me masturbo até ficar esgotado: cinco, dez, vinte vezes na frente de filminhos eróticos pra tentar aliviar a pressão…

Aos 39, não decidi se quero chegar aos 40…

Diga-me de coração: um homem desses tem salvação?

Você realmente acredita que posso continuar vivendo???

E o mais cruel é que eu só queria servir ao Senhor. Quando com 17 anos fui ao pastor, fui pra dizer que eu queria ser pastor, queria pregar o Evangelho, queria ganhar o mundo, curar a dor desse mundão estraçalhado que o Pai tanto ama…

Eu fui lá pra dizer que, entre outras coisas eu precisava de ajuda pra lidar com a homossexualidade, e esse não era o maior problema!!! Fui pra dizer a ele que eu percebia que o maior problema era que existia uma cisão, um corte, uma chaga no coração e que eu só queria ser um homem equilibrado, sereno e corajoso pra assumir meu ministério e amar o meu Senhor…

Você sabe a sensação que vem do fato da vida ter passado, você não ter mais tempo e não conseguir forças pra reagir e levantar? Estou nessa há cinco anos…

Moro pertinho de Brasília… Temos uma pousada linda aqui.

Tento ir aí pra vê-lo… e não consigo.

Que isso não “pese” em seus ombros, mas queria lhe dizer de coração:

Você é o único homem de igreja que eu quis ser…

Você é pastor do jeitinho que eu gostaria de ser…

Você me inspirou na minha adolescência com a Vinde…

Você me mergulhava em êxtase com a sua Palavra e inteligência…

Você me obrigou a virar os olhos de volta pra Igreja de Nosso Senhor durante todos esses anos…

Você me fez, volta e meia, querer saber como andavam as coisas “em casa”…

Com você, eu sofri com a merda daquele dossiê e me revoltei…

Com você, eu me irei com a porra da droga que disseram ter visto na Fábrica…

Com você, eu me separei ….e tive a vida rasgada pro mundo…

Com você eu me calei e fui embora pros EUA, quando muitos ainda achavam que era mau caratismo…

E com você, querido irmão, eu queria ressuscitar e voltar pro Caminho, cheio de graça como você está atualmente e pleno de carinho daquele que mantêm você na sua caminhada.

Ore por mim, pois eu mesmo não dou conta atualmente, apenas queria ouvir e ver você…

Seu irmão que o ama,

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Resposta:

 

Meu mano no Amor e na Misericórdia que vence o juízo do diabo, dos homens, e o nosso próprio: Graça e Paz sobre sua alma!

 

Aqui e ali eu encontro com gays que sofrem de “orgulho gay”, como me dizem; e encontro-os sem que eu consiga entender que possível saúde possa existir em tal orgulho, como, de resto, em qualquer orgulho.

Não tenho orgulho de ser heterossexual. Apenas sou; e dou Graças a Deus que sendo fisiologicamente macho, tenha em minha alma a correspondência afetiva e erótica pertinente ao um macho da espécie humana.

Assim, sou grato que haja interação e harmonia entre minha constituição e gênero e meu sentir e desejar psicológicos; pois, o contrário, mesmo nos que dizem que se orgulham disso, é uma droga.

Outro dia eu disse aqui que a homossexualidade era uma manifestação anômala. Ora, os cães danados que desejam trucidar todos os gays da terra [se pudessem os mandariam para os campos de extermínio; mesmo] – escreveram me acusando de brandura e de anuência; e os “gays orgulhosos” me escreveram acusando-me de preconceito…  

Assim era com Jesus: cantava, mas ninguém acompanhava a canção; chorava, mas ninguém chorava junto…

Para mim essa é a prova da verdade:

O que digo não agrada a nenhum dos pólos radicais da questão; e eu sei disso; e pouco me importa; pois, o que me interessa é carregar o bom espírito do Evangelho; e não os ânimos animais e caninos desses predadores de almas — dos dois lados da questão.

Quem me dera ter o poder de curar todos os gays que desejassem deixar de se sentirem gays neste mundo!

Por mim, todo homem gostaria de mulher; e toda mulher de homem. Mas eu não tenho tal poder; assim como nunca vi Jesus curar nenhum eunuco de nascença.

A mim me parece que as anomalias “físicas e fixas” [como é a situação de um cego de nascença] estão mais susceptíveis a cura do que aquelas que acontecem num misto entre a constituição física [e ou psicológica] e as que são de natureza física fixa; como seria o caso de um eunuco de nascença; e que tenha vindo ao mundo sem o membro sexual, mas que, pela condição física, acaba por a ela incorporar o padrão sexual da animália inata.

Por isto, é mais normal ressuscitar um morto [passivo, inerte, sem desejo, sem engano, sem auto-engano, sem traumas, sem volição, sem pulsão, sem compulsão, sem mágoas, sem lembranças, e sem tendência alguma] – do que fazer um doente moribundo encontrar fé para ser curado, enquanto sua mente está cheia de todas as coisas que num morto não trabalham contra o milagre, mas que num vivo se interpõem entre o milagre e o sujeito.

Jesus disse que de pedras Ele poderia suscitar filhos a Abraão, assim como Ele poderia ter transformado pedras em pães para sua própria satisfação imediata. Mas Ele nunca fez nem uma coisa e nem a outra.

Ora, Ele também poderia fazer surgir todos os pintos masculinos onde eles nasceram atrofiados ou ausentes; ou poderia fazer com que todos os hermafroditas não tivessem o potencial bissexual; ou fazer com que todo útero fosse fértil; ou fazer com que todo olho visse, todo ouvido ouvisse, e todas as pernas andassem…; e mais: fazer com toda inteligência não virasse burrice.

Sim! Ele poderia curar o diabo; poderia acabar com os anjos traíras; poderia acabar com tudo aquilo que não fosse exatamente conforme o piloto original da criação.

Assim, Ele poderia acabar com os espinhos e os abrolhos, com a dor do parto, com a inimizade entre o homem e a serpente, com o trabalho duro e melado de suor, com a vergonha da nudez, e com a expulsão do homem do Paraíso.

Entretanto, não é assim…

Alguns são curados, mas não todos; alguns se tornam sinais de milagres; outros, entretanto, tornam-se sinais de paciência em meio à dor e à impotência…

Ora, eu nasci um “menino de família” que viveu como moleque, na rua; entre todos os moleques de verdade. E vi meninos já nascerem mulherzinhas [sem indução alguma e sem argumento de disfuncionalidade familiar a justificar o desvio]; e vi outros serem “moldados” pelo uso que os mais velhos faziam dos mais novos [até que o menino se acostumava a servir… e passava a gostar…]; e vi outros, já mais que adolescentes, partirem para a brincadeira de saber como era…, e nunca mais voltarem; e vi homens [um dia meninos e meus amigos machos] aparecerem tarde na vida dizendo que haviam fugido de si mesmos a vida toda e que não agüentavam mais…; assim como vi vários se matarem de dor, de vergonha, de angustia, e de terror – ante o pânico do juízo, da culpa infundida, e, sobretudo, em razão da impotência que sentiam pelo fato de não conseguirem mudar o que sentiam, nem tanto o que faziam [pois, deixar de fazer é possível; o que parece impossível é deixar de se sentir aquilo que a pessoa constitucionalmente nasceu sendo…].

Do mesmo modo posso dizer que conheço praticamente todos os “testemunheiros evangélicos” de cura gay. E, aqui, desafio a todos eles [todos; marquem o dia e a hora; e vou…] a me dizerem em público o que me contaram e contam em privado; ou seja: que pararam…, mas nunca deixarem de sentir; ou que param um tempo, e depois emburacaram outra vez; que testemunham a cura a fim de se convencerem acerca de sua suposta cura; que matam um leão por dia para não transarem até com os meninos das igrejas onde vão dar testemunho de libertação; e isso sem falar que as pobres esposas deles sofrem horrores, sempre vendo a angustia do marido gay que dá testemunho do contrário; e isso ainda sem falar dos casos e mais casos que me chegam de pregadores anti-gays que são gays; de cantores do fogo e do poder, que transam até na casa de seus hospedeiros [com seus acompanhantes de honra]; etc.

Ora, se de pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão, de gays ele pode suscitar heterossexuais. Mas eu nunca vi acontecer de fato. Aliás, nem um e nem outro.

O que vejo são pessoas tendo uma empolgação, assumindo que já não são…; casando sem tesão, tendo filhos; e, logo adiante, receberem o refluxo da sombra reprimida; e, assim, vêem estourar o balão da alma, deixando vazar em estado de erupção toda a lava acumulada na suposta dormência do vulcão sexual.

Nesse mundo de realidades ambíguas [a natureza é caída; o mundo é caído e doente, e jaz no maligno], desejar que alguém que tenha um dado sentir inato deixe de tê-lo, é tão irreal quanto pretender que o meu desejo sexual cesse por autodeterminação. Posso até conseguir, mas me aleijarei na alma, a menos que seja uma vocação divina [celibatária]; do contrário, posso nunca mais fazer sexo, mas jamais deixarei de sentir a pulsão sexual enquanto meu corpo for sadio e minha alma for viva.

Transformar pedras em pães sempre foi uma grande tentação a ser praticada em nome de Deus no deserto das tentações do diabo.

Jesus, entretanto, disse: “Nem só se pão vive o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus”.

Assim, o que Jesus fez foi rejeitar o milagre que ia contra a paciência, contra o processo, contra o tempo; pois, era provocado pela pressa da solução para a necessidade de comer o que não se deveria comer: pedra.

Alguns dos homens de Deus mais celebrados da história foram gays; gays que se fizeram eunucos por amor ao reino de Deus. Mas não se casaram apenas porque não conseguiriam… Como um dos mais famosos e sérios teólogos do mundo me disse: “Eu fiz essa renuncia por amor ao reino, mas não sentia que em mim havia a capacidade de amar fisicamente uma mulher!”.

O respeitadíssimo teólogo e monge Henri Nouwen [Henri Nouwen – Wikipedia, the free encyclopedia] foi um desses “Profetas feridos” que viveu essa ambigüidade em Deus até morrer.

Fez-se eunuco por amor ao reino, mas jamais deixou de admitir, na verdade, que era homossexual nos afetos, embora mantivesse tudo sob o controle de sua consciência dedicada a uma causa maior.

Jesus se fez eunuco por amor ao reino de Deus; mas isso não significa que como homem normal Ele não tenha sido tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.

Assim, meu mano, na verdade só tenho a dizer que Jesus ama você; que deseja ver você crescer na Graça; que deseja pacificar seu coração; que deseja ter você na comunhão dos santos doentes que estão em processo de cura; que há espaço para você e para todos os que queiram uma sombra na Árvore do Reino; e que você pode, sentindo-se ou não gay, e, ainda assim, encontrar um ponto de saúde psicológica e de paz, a partir do qual a culpa essencial dá lugar à Graça; e, assim, as pulsões gigantescas, filhas das sombras e dos recalques raivosos, saem de ser; e dão lugar a um estado de paz que foi o que Henri Nouwen experimentou como pacificação a vida toda.

Uma coisa sei: quando a pessoa se aquieta em Deus, e sabe que para cada anomalia ou disfunção humana há uma Graça própria, então, os monstros se afugentam, e a alma vai descansando… Até entrar na paz profunda.

O Caminho da Graça é Para Todos.

É para todos… Até para homofóbicos raivosos; e que também precisam se converter de sua fixação gay; pois, todo homofóbico sofre profundas pulsões gays experimentadas como ódio; o qual [o ódio], não podendo ser do individuo contra ele mesmo [geraria suicídio], passa a ser do indivíduo homofóbico contra os gays, os quais passam a ser o objeto de transferência das pulsões sentidas por esses paladinos dessa causa que faz o diabo babar…

Mas o Caminho da Graça é Para Todos.

Todos os cegos, coxos, paralíticos, leprosos, mendigos, perdidos, desamados, marginalizados, desprezados; e para todos parias dos homens e da religião. Sim, todos são bem-vindos.

No Caminho os servos mentores devem ser maridos de uma só mulher, conforme a Palavra.

Mas, entre nós, todos, significando todos mesmo, são acolhidos como partícipes dos encontros e das reuniões; e quem tem dons, pode e deve exercê-los em amor, dignidade e reverencia.

E não há pressões a serem feitas sobre ninguém; exceto se a pessoa desejar fazer de sua condição pessoal uma ideologia a ser ensinada como “orgulho” a outros.

Quem, porém, vive em reverencia e discrição em relação aos que pensam e sentem diferente acerca de sua condição, esse tem todo espaço para ser e respirar o ar do amor e da reverencia.

Do contrário, ele, ela, eles, todos eles, de qualquer tipo ou tendência, sejam heterossexuais nazistas em seu ódio contra os gays; ou sejam gays orgulhosos do que não é alegria; todos, sem exceção — caso tentam ideologizar o que quer que seja contra o Dogma do Evangelho, baterão de frente comigo; e nunca vi ninguém bater e gostar; pois, amo até às vísceras, mas não permito que ninguém tente fazer do que não é Graça, justiça e verdade, um padrão a ser imposto sobre ninguém.

Entre nós somente o Espírito Santo é o Espírito Santo!

Aí, meu amigo, caso um engraçadinho sem a Graça deseje ser o diabo do irmão fraco ou aflito [ou de qualquer irmão], então, creia: suicidamente eu enfrento o mundo todo; sem medo e sem hesitação, mas esse bicho não ficará lá praticando esse espírito. E creio que ninguém tem qualquer dúvida a esse respeito.

Há vários gays nas reuniões do Caminho, mas ninguém vê ou nota, só eu, que os conheço; pois é comigo que eles se abrem.

Nenhuma família é ameaçada; nenhum menino é induzido; não há pedófilos; não há sedutores; não há ninguém com bandeira na mão.

Onde há verdade e amor não há tara e nem lugar para opressão!

O Caminho da Graça quer ser também uma Cidade de Refúgio e uma Gruta de Adulão, assim como Jesus era a Cidade de Refugio e era a Gruta de Adulão de todos os que, marginalizados, o buscaram.

A maioria, entretanto, não tem nenhum desses problemas, mas apenas todos os demais problemas.

Assim, a ordem é a mesma que aprendi com Jesus: Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!

Todavia, o meio “evangélico” está cheio de nazistas. Hitler é o modelo de muitos líderes. Mengueli é o “médico psicólogo” desses coitados. E a lei deles é a da severidade sem Deus. Aliás, eles acham que receberam um mandato divino para destruir os “gays-cananeus”, não deixando nem raiz nem ramo.

Literalmente jogam pedras porque são espécimes advindos das grutas da pré-história da revelação do amor de Deus em Cristo!

São Flintstones sem graça e sem a Graça!

Ora, todos eles comparecerão perante o Tribunal de Cristo, e todos serão julgados pelas obras de seu desamor canino.    

Digo isto a você apenas para dizer que não tenho solução para o seu problema, mas que vejo no amor a solução para tudo aquilo para o que não se tem solução; pois, o amor cobre multidão de pecados; e sei disso porque cobre especialmente os meus.

Desse modo, estando tão pertinho, convido-o a vir sem medo, pois, lá, todo Pitbul foge; visto que o Leão do Amor anda entre nós; e põe para correr aquele leão estelionatário que anda em derredor buscando a quem devorar.

Este é o espírito do Evangelho como Rocha e Pedra de Esquina. Quem tropeçar nele, se arrebenta; e aquele sobre quem essa Perda Viva cair, esse vira pó.