—– Original Message —–
From: A PROFECIA E O MARIDO PORTUGUÊS
Sent: Saturday, September 01, 2007 23:16
Subject: Buscando certezas, além do aqui e agora…
Caro Caio Fábio,
Sempre fui sua admiradora, desde os tempos da Vinde, das suas pregações na TV. Você sempre foi um ótimo referencial para as minhas convicções cristãs. Em mim também habita Aquele que É e que sempre Será, pouco importando o que os outros seguem, o que pensam ou fazem para nos acorrentar as doutrinas que mais nos sufocam do que nos salvam. Amo Jesus de Nazaré, e, em Cristo, digo que amo você, como referencial, como pregador, como irmão.
Meu problema, no entanto, é um pouco sério. Será? Também não sei definir. Fui casada por nove anos com uma pessoa que me maltratava muito e há 15 me divorciei. Tenho um filho e duas netas. Há três anos, conheci um português, com o qual me casei há dois anos. Antes de conhecê-lo, porém, um irmão profetizara que eu conheceria um europeu, com o qual me casaria. Disse também que me via na Espanha. Outro irmão, de outra cidade, também profetizara aliança matrimonial em minha vida.
Confesso que não dei muita importância a tudo isso, uma vez que creio que o Deus que fala com um, fala com todos e, tenho lá minhas restrições a profecias. Não diria que estou com a razão. Mas, de uma forma inexplicável, as coisas foram acontecendo, tal qual os irmãos previram. Em novembro de 2004 fui passear em Londres, mas só encontrei uma passagem com conexão em Madrid, onde fiquei por mais de 24 horas. Chegando a Londres, conheci este português, com o qual me casei, sendo que o mesmo é mais velho que eu mais de 11 anos. Tenho quase 53 e ele já completou 64. É uma pessoa fantástica, boa, educada e diz me amar muito. É também honesto, trabalhador, correto.
Embora sejamos casados, nunca pude ficar em Londres mais que três meses, pois trabalho no Brasil e faltam apenas quatro anos para eu me aposentar por tempo de serviço. Não posso deixar meu trabalho agora, senão por licença sem vencimento, já que sou funcionária pública. No entanto, confesso que está desaparecendo dentro de mim a vontade de voltar pra Inglaterra, mesmo sabendo que tem alguém que me quer muito, de que iria para um país civilizadissimo, poderia ganhar muito melhor… Não sei o que está acontecendo comigo, pois me vem uma sensação de pânico, quando penso em viajar pra lá, mesmo já tendo ido várias vezes. E não é por medo de avião, porque graças a Deus não tenho medo.
Já orei a Deus, mas não encontro respostas. Quando estou lá, morro de saudades daqui, do meu filho, das minhas netas e do meu povo. Por outro lado, quando estou aqui, fico nesta angústia, porque sei que assumi um compromisso com alguém. Sei que Deus quer que cumpramos nossas obrigações, mas confesso: fico, literalmente, entre o mar e o rochedo… Aqui, fico muito solitária, numa casa enorme, já que meu filho, embora com apenas 22 anos já está casado e tem sua vida com a família.
Por favor, querido irmão, ore por mim, me ajude a achar esta certeza, para que eu tenha paz! Valerá a pena deixar de viver com um esposo bondoso, num país mais civilizado, para se debater.
Em solidão aqui neste nosso Brasil, onde já fui até assaltada com revólver no rosto? Deus me perdoaria por deixar meu filho e netas por longos períodos?
O que teria que fazer para driblar a saudade daqui?
Estarei esperando sua resposta.
Naquele que nos ama e nos consola,
Um afetuoso abraço,
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Já pensou que se você mudar para lá isso acaba logo?
Já se imaginou sendo feliz com ele todo dia em Londres?
Enxerga essa possibilidade?
Ou teme que com o convívio você logo veja que essa profecia tinha muitos pretendentes, e que você apenas encontrou o primeiro?
Só sei uma coisa: daqui você olha para lá como obrigação e de lá você olha para cá como saudade.
Assim, e se não tivesse profecia…
Você estaria ainda com ele?
Sinceramente eu creio que não!
Sua carta revela que “é Deus” o cupido e o mantenedor desse “vinculo” pela via do seu medo moral “de Deus”, o qual, supostamente, é “um Deus” que prefere ver você agarrada a uma profecia de um casamento que não casou você a ninguém, do que ver você andando na verdade, e não no engano ou no auto-engano.
Sim! Porque se dependesse da Verdade de Deus em você e não dependesse do “Deus das obrigações” assumidas, então, saiba: você não estaria me escrevendo esta carta.
Além disso, esse casamento sem freqüência de convívio tem sua psicologia também. Ora, em geral ela [a psicologia] é ótima quando duas pessoas querem ter uns tempos bons de vez em quando; e, como são “sérias”, GOSTAM de assumirem-se casadas; mesmo que isso não implique nada além de um compromisso oficial de só “ficar” com aquela outra pessoa.
A pergunta que fica é:
O que significa esse peso?
Sim! Porque você pensa nele como obrigação e peso. Ora, eu tenho certeza que você sabe que nem mesmo a “profecia” está mais com poder psicológico de manter você nessa “viagem” por mais tempo.
Assim, leia o que lhe sugiro, pense no que lhe disse; ore; e decida você mesma. Uma carta é a melhor maneira de explicar que não dá mais.
Um forte e carinhoso abraço!
Nele, em Quem somos chamados à Verdade,
Caio
02/09/07
Manaus
AM